Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950
Arte~ a ~ _trasl f ,,... ,-------------~-----------~•---,-_____;_d--1~9_0_______________...,,__:-N::--.-: 0 -:1::-:6;;:2 PARÃ-BEUM Domingo, 17 de Dezembro e 5 ------------ - - ---------_-_-_-_-_-_-_-_:-_-_---_:-_- -_-_-_:::::::::.:.-----:._-_-_-_-_-_-_-_-_- SILHUÊTA NO RIO .. " Ilustração de Yll~n Keri Con ervo a plástica do primeiro a~c,rme mas vivo para nmuJ' o gésto do Ri.o tõo agitado que adormece sobve m im : 'J'..enho uma ânsia que é toda minha sem o gozo que me pode estrangular , nas esleras nun·c:a esculpidas . Não brinco com o transitório do dia.. · o despedida da primavera se enai N longo da silhuêta semi-virgem A ·YO.ntade de usar a força do gigante • quando periétra em todos os sentidos ' t;az o éco pobre como eu mauácrado como o Yida de ,ontem ' apoiando a haste seriamente inclinado . . Hoje para morrer rompo o calendário sem conhecer ó variante d'a rimo como quem se lançá do último ae1dar , Centenário - De Balzac Na França. Bernardo Gessen FARIS, 06 ~ois anos de co– ,memorações do centenário -da morte de B-ah:ac ainda estão lon– ge do encerramento. Entre as últimas bome.1agens em data fi– g uram um filme de curta me– tragem - vinte minutos de pro– je!)ão - atualmente exibido nos principais cinemas desta ~apital, d-ois novos números especiais de– dicados ao romancista; uma se– mana de conferências na Sor– QO!lne, mais duas edições da Co– média Humana, uma de Debate Público a Royamont em t?rno <la person.ilidade do romancista, e, após as diversas e,rposiç.:ies . <le ínic:'iativa privada que assis– timos :ité agora, uma imp,irtan– ti.. «sima Exposição Oficial nos re– cintos (radicionais da Biblioteca Nacional. UM FILME SOBRE O "AUTOR DA "COMED IA HUl'.1ANA" O filme <le curta metragem ~ n primeira expe1·iência no ter– reno da historiografia literária. Toda a existência e a obra do "maior dos ·romancistas fran– ceses" são passados em revista~ atr.wés. _de objetos evocadores, de ambientes car::icteristicos, d~ palugens Impregnadas de re- continua na 2a. pagina lJM POETA · \ Tristão de Athayde RIO _ Quando, hã tempos, dentro dela, a poesia ~t.roduil me ocupei, em dois artigos su- um elemento de paradoxo, de ee:ssivos, com "o poeta",_ era imprevisto, ile eomblnaÇo de minha intenção completá-los elementos tão sua, t-ão inde- com um terceiro, em que as pendente das exii;éneíaf!_. do mundo exterior, tão mál'avi– idéías desenvolvidas se aplicas- lhosamente criadora que cbe- sem a um poeta moderno bra.- ,,,,. por caminho$ setls ao mes– sileiro, em carne e osso, o Sr. ..- d · t 1 que Ca .ssiGno Ricardo. VieraJD, po- mo ccração o mtS er o a ~ chegam os estados misticos.. E rém, acontecimentos sociais e por isso é fNe poesia e oraçao políticos. de caráter preme_nte, s_empre andaram. jUntas o_u e como sempre, a poesia ficou t pois L lado. Mas a po•sia é pacien- próximas, uma da ou ra, ""' "' ambas «:hegam ·a uma verdade te, como o amor. E aqui está que transcende 0 ., nossos _ se~– ela, de novo, depois da tempes- tidos, como a nossa propraa. .tade, para fazer ouvir ~ s,~a voz razão e que só a intuição ou de silêncio ou o seu silencio so- a revelação nos dizem que é nora. Pois a poesia. é a conci- · a ma.is alta e a mais profunda Ilação dos inconciliáveis, é a realidade das coisas. unidade das contradii;ões, ê a Eis por que os místicos e os harmonização de todos os coo- poetas serão tão eternos quan– trastes. Ela não destrói nenlm- to a natureza humana. Eis por ma daquelas distinções que a que um poeta é sempre alguma análise filosófica encontra no coisa de único, de diferente, de ser; ela não abole nenhuma altamente respeitável e de mais das leis que a ciência des obre necessário ao equilíbrio do no universo; ela não su dme mundo e das próprias iD!ltitul– nenhuma. das estruturas com ções sociais, do que os homens que. a nossa ação introduz a práticos, sem visão poética da ordffll entre os homens para vida. tornar possivel a convivência. o sr. Cassiano Ricardo vem Mas, em face da realidade e sendo, nestes trinta anos da ,,.___________ ________________ mais recente vida cultmal bra- Papini Escrevendo ·Urrt sileira, um ilos ~andes epol– mentos vivos dessa inalterabili– dade da poesia, quando autên– tica, no -melo dos aconteci– mentos mais desorde ados e ell.Ígentes. Novo Fausto Na sua casa de florença, o autor de 11 .l'umno ; 1 init•:" fala, com tristeza, do mundo moderno Não foi n,em quis ser um poe~ r, ro. Sempre foi um ho– mem incorporado aos a.conte– ciment s. Tomando parte nê– Jes. "Enga.g,é", como diz.cm os existencialistas. i\fas sua par– ticipação na vida militante do Bmsil agitado dos ultimos seis lustros, não lhe apagou jamais o fogo_poético~ Um dos crité– rios -prã.ticos da poesia ou an– tes do Poeta autentico é o fô– ieg11. Os poetas "bissextos"• como os chamou Manuel Ban– deira, são criaturas- visitadas por vetes pela poe ia., como tGdos são nesta vida. Eles ape~ nas souberam captar o pas!!aro ele vôo incertQ. retê-lo uns mi– nutos em suas mão e desse contacto morno com as asas r palpitantes guanlar, nnm poe– ma efêmero. nm momento de eternidade. Os poetas verda– deiros são aqueles em quem os passaro.s fazem ninho. ão se limitam a passar de leve. Fi– cam. Voltam. Os poetas têm o dom. E tê.m à insoiração fre~ quente. E completam essa du• ~ graça, .como diziam.os no11 a.rUgo.s citados (D. de N. 9\16- Vll-1950}, com a .consagração (Reportagem ds LUIZ WIZNITZER.) FLORENCA - Tenho vindo, .tão frequent.em~ mte, à Floren– ça, ~!!e conheço melhor suas vitla, e seus· becos do que os {le C.cpacabana e de Saint Ger– main des Prés. Inúmeras vezes flanei com jovens escritores florentinos a,o Ionro do A1:no; Mala.parte já me levou a to– mar café ao ar livre, no Gilli. · ·na praça da Repúbli$!a: nas -vielas por detrás de San Firen– ze procur.ei os rC1stos meus c-:>– nhecidos da "Cronaca -dei Fo– yeri, Amanti ", F ratollni. A.gora, chegara-me a vez d-e a vist.ar -me com P:l,pini. Não se abordam as p essoas em Flc!'en– c;a, como em nova York. Não ba:Sta um telegrama para coTJ – .seguirmos uma entreviste. E ' preriso ter certa convivência, amigos, uma comunidade de tradições. 4--SSim me levaram pel.a.s ruas c;lo lado de Fiesole, a um bairro tranquilo, onde .casas fechadas, com um ar se– -ereto. parecem abrigar rn:.adro~ e estatuetas. Aqui, o Ar.no t quase rico e as .criança,; correm.. chapinhando num fi ete d<? água. Abre-se uma. porta e um velho de ca.belelra. leoniua, om– bros largos, aparece. Dir-se-ia um diabo da Idade Média, uma daquelas -0abeças ·monstruosas -da catedral de 0 112.rtres. Logo às nossas primefras pahvras,. exclama ele, severam~nte: -"Parla piu forte• .sm1-0 sur– do e non posso vedere ruente". Cego e quase sc.rdo l . . - Atravessamos d o í sa1õ~ com !ivros enfileirados até o ~~ . 1JM NOVO MIGUEL A1 ELO -O stmhor acaba de es– crever uma "Vi&! de Miguel Angel-0.., baseando--se t-m do– eument.os novos que lhe per– mitiram eompôr uma biQ8'1•afia mais rlea do que as a.ntet•fo– ;r~. Seri. ela diferente da d~ Grimm de Syneor.s, de Romah1 Rolland? - Rer n:-e v1vl. em Flo nça - '"e~pon -~ Papini - Aq~ lla~l'l ~ · - multo te , 'P'> ao, l)é d, ~ de '14iguei.An~lQ;' cresci, posso dizer, à ~omb~.a dele e ele se t-orn.ou meu amigo. Meu esta'do de alma. foi sem-· pre muito diferente do d-os tu- · ristas curiosos, que vêm de fong;e visitar essa casa. A m'iior parte dos escrít-ores t~m visto em Mij!uel Augelo uma erpécie r.e titã desesoerad _ "::-nlUJ'fü!<=nd0-.se na solidão. A t"ansfig•iração do artist11 nnm •''" ,, 0 veJ. insoclâvel e mis~,erio-– .so não cor!:"esponde à~ lem– h,·1,,ca-,, dos aue o conhscera.m. N., ,.;da c-c-tioiana não era e,, 1\1' •11,,,tropo. Conviveu íntima.– Y'lente. sH-.;iu e amou muitos ,,os seu~ contemporâneôs_; pa– nas. princip::s. artistas, aven– t ,frf.il -.o.s e ;;,,<:rál'ios inoldestos. F~01"ev€.ndo-lh~ a vida, Jro,-:urel pint-ar r.m .grande fresco do– •i!~n10 XVI. :::;ue to!. para. a Itália, um_ grande sécu!o <le (ContiRnil na ia. Pa~ina), LJNI DADE Minh'alma estava Fora de mim, longe, muito Ion_ge. Chegaste. E de repente foi verão. O verão com as suas palmas, os seus morma $, oi (seus ventos· de sôfrega mocidade. Debalde os teus afagos insinuavam o quebranto e O instinto de penetração, já despertadP Era como uma seta de fogo. Foi então que minh'alma veio vindo .••. Veio vindo de muito longe. , • Veio vindo . .. Imolí9ie ! . Para de súbito entrar-me violenta e sacudir-me t,;xlo No momento fugaz da unidade, . Manoel Bonde~
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