Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950

. Dómingo, 19 de Novsmbro de 1950 FOLHA DO NORTE ·- ·Jmoooularid·ade Da.ArteModerna .Crise No Cinema - ..i - • I . . . . .t. L.- NQBRE DE MELO · Conclusão da la. pagin, . RIO - Em toaas là.S épocas po e na.o conhecem fronteiras. certeza. razões transcendentes, ato consciente aecorre assim, te. Deveríamos, muito antes, <la História da Arte, à exceção De o;,de resulta que a obra de . que se ligam ao ato da percep- em certo s~ntido, do Cf:>nte~do falar da crise de "exibi~ :talvez do Romantismo, houve arte ;. 1 ão vale tão somente pelo ção estética, em si mesmo, e empírico de seus dados imedia- ções" que atravessamos, grl– .sempre certo desac-ordo entre o que ela é em si mesma, mas que respondem pela persistên- tos. Do mesmo modo, pois, que tando, não contra os direton, gosto do público e as criações • pela prog~essão dos seus efei- eia dessa dissociação. não se pode conceber forma e os produtores e 9 trangeii-os, artísticas ditas de vanguarda; tos. Pelo modo como repercu- · Volta-se aqui à velha questão sem conteudo, este, por sua vez, mas contra os nossos exibido– l-Tunca, porém, essa dissociação · te graças à faculdade comple- de formá e conteudo, postulada. também influencia. os detalhes res, aos quais, ao que tudo in– :se _fez tão viva e persistente m~ntadora da GESTALT. desde Aristóteles. Sem dúvida, daquela mun jogo reciproco e dica, só interessa. ga.nhar dl• mo em nossos dias, frente ao Eis por que o movimento ~o- a obra ':le arte deve_ se imJ?ôr permanénte de interferências. nheiro fácil. que se denomina "Arte Moder- mântico não encontrou res1s- pela sua presença. Na.o prec1~ Isso equi1•ale a afirmar que é Tomemos um exemplo pró, na", em qualquer de suas ma- tência da parte do público. An- significar coisa alguma. Em um ideal utópico, análogo ao ximo, dos mais interessantes nifestações expressionais. ·Em tes pelo contrário, teve su~ princíoio, 0 conteudo da obra da "arte pe:a arte", nunca al- que •existem. 'l'odos nós co– ,. vão se tem procurado esclare- imédiata adesão e simpatia. E de arte é sempre secundário. cançado em sua plenitcde.. nhecemos a lista· de filme,; ·cer o público sobre o significa- que O Romantismo correspon- Há todavia, formas artísticas i: indi~cutivel que o artista franceses ou italianos de real ·do dessas mensagens, de modo deu a um estado de espírito do 'conteudo imediato, como a pode disrúr de uma lib~rd:ide interesse que, desde O fim da ' a facilitar a sua recepção. Evo- pré~ex-istente, facto que se pode música e a arquitetura. E há formal r~lativa para expressar ílltima guerra, vêm se acumu– -cam-se, à guisa de advertência, fàci'lmente verificar pela sim• outras, co""o a pintura, a es- os ·dados de sua realidade ex- , d t t t ••• h d lando sem _cbe~arem até nós. os eqmvocos esconcer an F ples conside~ação do momen o cultura, á ~sii:i, -. artes c a- peri,encial autóctoria. Tudo e- Poderia citar· vinte ou trinta ·do passado, especialmente as histórico-social do seu a.pareci-:. madas de rmitaçao ou - de pende da dignida<;te com que ilutas do Impressionismo· na mento. · reprodução dos elementos na- saiba usar dessa liberdade, ao dt>les, sem pe st anejat. No en– ;pintur a e do Simbolismo na A - importância da faculda- turais _ para as quais as re- sabor de seu virtuosismo indl- tanto. temos. 'rell'Ularmente. um poesia. Estetas e críticos no de complementadpra da GES- lações de significado não se vidual sem cair no equivoco de serviço dP exihicin de filmes sentido de explicar por todos TALT se mostra evidente, por estabelecem A PRIORI, mas uma ar' te humanamente inc_o_n- lle"sas nacion"-lid,.. .=tes. Que s11- . · 1 · por argu te .,., i t"~a 'ed 0 cede, norém ? Simnlesmentl' os meios, 1nc us1ve • exemplo, na ar u_ a car ca ~ , em função de suas propn ~- seq".er 1 te. vem dai a opos1cao t d d té · a li i t ços ~ i~so : slío raros o~ film,.s exi- men os e or em cn1ca., em que bastam ge ros ra des extrínsecas. tenaz que se tem feito ao da- t . 'd d ti t· temporã 1 co · t re bidos, frl'.nl'leses on -italian'ls. a 1vi a e ar s 1ca con - especffieos para que ogo re -. Pois é precisamen.e em .- dai·smo e ao abstracioni~mo no t últ . mais â nue mt'r!'cr.m SP"' rí'nsiderados nea. nheçamos a figura repres~n. a- lação a estas" m~as_qu~ mundo · artístico contem 1 1or - A despeito de toda essa ca- da M-as é sobretudo na musica se acentuam as resistenc1as da. neo até mesmo da parte de de primeira n•m.Jidade. F.m ge- t d t · á · a de · t d" · ·t t "fun • ral, temos filmes medíocrf''I, equese ou rm ria e apes r e na poesia, que a en e~ci& massa". A arqm e ura . - alguns dos pintores mais avan- -~.á. transcorrido quase meio sé- formadora. da GESTALT im- cional" de um Le Corbusier, a.s çados da atualidade. escolhidllS anenas em funçio- 1 d E 01 .,., Paris a d · · b h ô · con d:o. 11rov,ív,..1 bilheteria. E isso. o a se a u.e , põe influências ec1~ivas so re liberdades arm nicas ou . • É óbvio que se o artlst~ D?-º· 'Jnaioria do públic.o continua. a a maneira de exper1ment.ar os trapontísticas de· um Stravms- --"erno deformº as aparenrtas sobr,.tudo. ilen11ls que um cer- - d A t o t t •- ·t · f-' ..... ~ to fH-.ue francês. rer.f'fltemente nao compreen er a r e m • seus aspectos es ru ura..... ca- ky se mostram mui o malS .,.. sensíveis é porque .n. elas proje- .., t d h til · 01sa Pvibi,111 e · característica.mente ....erna, mos ran o-se os ou racterísticos. · · . ~ ctlmente intuíveis, oomo e_ tº a sua subJetiv1'dade. Ess& • d'f te · l riaçoe·s 1 • ' çao posição ~ "forte" (e. aliás. de qualidade ~n 1 eren ague as e • A · articu a.çao e cooract1:a . artística, que uma co!D projeça·o. todavia, não se rea.• O · ul 'd d con ·ncia d K d ns"' ou h'\sbnfo re"'ularl incendiou 11 ra, essa 1mpop ar1 a e • dos sons de uma . seque logogrifica e . an 1 ~3 1 1 ·z~ arbltr-'r·1amente. E -muito " f . t· •- · o ta 1 um - ,. ima~inacão rle a1'!11ns colegiais . Ula o ar is.,.. a um perigos melódica nos comurucam es - de Salvador Da i, ou que m,enos, .,_or um frio mecanismo · l · · d - f • d · • 1· res" ., e senhores de Made. conquis- JSO ac1omsmo, e vez que reo- dos de · alma, em unçao a poema em ";;ssociaçoes 1v da i·nte1 1·ae·nci·a. Nesse caso. não . t · 'b'lid d d d e d F ando ., t:>.ntlo um núbllco reirular I" rmge as suas poss1 1 . a es e nossa recept'yida e, e n& m • de Apollinaire ou e ern ~º trataria de Arte autê1.1t;l"8._ · - à · · · · te m "" r.'>nrlescendente nue só ia ao comumcaçao mmoria ms1g- dida em que desper m, e. Pesso&. rrias de artifício, de contraf!I• if . t d · · · d • f t· i d · t d catego- cine_Jl'l!I. par'.>. assistir "nenas" ,. n 1can e os 1mcia os. nós, a••ocia_çoes ·.ª e 1v_as n. 1- É q"" d1_an e _essa . ,. 30-, de qualquer coisa, entim. t · ..,., GES ...,, - ti t as .., não filmeq, 'Protiuro,1-!'<ft renetir Ostentar menosnrezo, em ais ferenciadas, mediante as • ri·a de mamfestaçoes ar s ic • ""~stnnte nróxima da extrava- - · · ·• d p t to ,.,_ , o sucesso inicia] ·(aflhal. alem- circunstâncias p~la opm1ao o T•TTEN correspondentes. or cinde-se mais fo_rtemen __e o a gíl.nci·a i·ntencionºl, pura . ex- • •• - · lit' • ,,..., há d t t em ~ hran,;a de "A Mulher do ::1:"a- vulgo, além de ma po ica, na.o isso, a música de Chopin e da contemplaça.o_ es, e_1~ . 1;resslio de originalidade · pro- 1nassa. na maioria das vezes, de ser sempre romíl.ntica, a de dois- momentos v1venc_ia~ d1s- c.urada. . del."o" ainda est:lva viva r.m ,... • · • Tod d t ntui todos) e até o tít11lo prnvoca.n-· racionalizaçao rngenua. a Debussy caleidoscópica, a e tintoo - o da cap açao 1 • Essa projeção da scbjetivl- t · · t· · f e o te se bus~ou imitar. Tivemos -0bra de ar e aspira s1mpa 1a, Wagner, grandiosa e imponen- cional das armas puras. dade na objetividade obedece, - 1 E' bem d t d - · 1 d 1gni uma le.,;ão di, "ei;r.ravas do -eompr~ensao, ap a uso. - - te, para os homens e º. as as da atribuiçao rac1_ona. _e s • na·o n cânones est.éticos, mas a .,. pod ·t d t t ura .. amor" e de "n~rdid"s" 11ue .:verdade que se em ci ar raças, de todos os meios, e ficado. Enquan .o 11:1 Ulf,I&O P ! leis psicológicas fixas e imu- centenas de exemplos de ar- todos os continentes. • a obra de arte se impoe por si táveis O que dá em resulta- nada ficou i,eve nd0 à<c esn'\- :,tistas excepcionais que viveram Certo, a emoção estética qu_e mesma, desde que seja, _é ela- do conf'i·gurações oníricas. tais nholadas e mcx~canadas das · f t A Maria Antonlcta Pons do mun- ínteiramente ignorados ou m- no.s transmite um poema nao· ro tecnicamente per e1 a. como as que se observam em · é • .,., ' e é · do inteiro. compreendidos em sua · poca. está no próprio poema. n~o u~- perfeição técnica com ~u . muitas composições expressio- Os pintores realistas e impres- corre das palavras pelas quais executa~ constitui o maior ~n- nistas e surrealistas. o desapa- Julgar os diversos cinema!! sionistas dos fins do século ele se exprime e se representa. centivo para a sua captaçao. rec1·mento das relações têmpo- estrangeiros oor essas amostra• • li ó d · · t é que f l que temos tido, não me pa.rf! ne l);l.ssado foram n o s espre- Está, digamos, no arranJo in e- No momento, por m, e~ . ro-espacials do mundo vJs ve . justo. Obras de valor re al, n ós ,za.'Cios pelo público como escor• rior d:i.s palavras, no que elas se estabelece no esJ;?fri~o do a supervalorizaçlio do símbolo • f f .i 1 é f - in b as temos visto, sem duvida, . raçados pela cr tica oi ca • sugerem ou evoci1.m, na s r1e contempla.dor a re ere~cia - na designação sintét_ica deª . 3_• t 'd tin d d b to ele nt'\S é ·de qnando em quando. t <Jourbe persegui o como um de imagens aglu a as, e tenciona! para um o Je , trações, a acentuaçao propos1- • t R · c h sua ninguém sa'be por oue eg111von criminoso. Mane , eno1r, e- sons · vagos e obscuros. que a entre. em e oque com a t tal de certos traço.s ou ma!,)• ou mercê de oue favor divino. :zanhe, Monet e tantos outros sua leitura desperta na pep.ux: n- própria realidade anímica, an e chas a serviço da expressa.o . recusados, pelo Salão Gaugi,lin bra. da nossa sub-consciencia, 0 confronto do que é represen- afetl~a interna, t do isso at!ª· Assim. dos gra nd es dlreteres -e Van Gogh. os dois sucessores e que constituem -;: )?Or qc.e tado com as estrutura~ Pi::é· vés de contornos <ie preferen- euro11eus. nue conhecemos, T1Ós -do Impressionismo de maior não dizer? - a essenc1a mes- existentes em sua consc1ênci11.. eia retilfneos ou suavemente senão um. dois no máximo. 111111 . significação para a pintura mo da poesia. E experimenta, consequente- arredondados: são algumas des- seus filmes mais recentes? Se -moderna.. mergulhados. .a vida No facto estético, portJl,nto, mente, um sentimento de des- Sºº caracterfsticas oniroldes. fà,- vimos 11 m "Co~denado" (Odd li ...., J\lfan Out". de Carol Reed, niio inteka, nem abismo de silên- criador e contemplador se • prazer. cilmente identificá.veis, em mu- vimos. e já sabemos que difi- ,cio. É sabido que. tais equívocos gam pelo. mesmo aci:>nte_cl_men- Deve estar s.eguramente_ _ne~- meras composiroi>es de Pie-asso. · · · t · • d d d · nc ..,_ t d rilm4'11te v4'ref'los, "The Fallen <le.apreciação e julgamen o sao to estão sob o dommio .º sa descontinl!-lda e a vive ia de Matisse, de Rouaul , e ldol" e. sobretudo. "The Third igualmente frequentissimos na mesmo mecanismo. Daf ~ ev 1• estética o sentido da _controv~r- Portinari... • Man". Se vimos "Roma Cidade literatura universal de . todos dência de que, para se impôr sia Kane-Hegel, de 11ue prov~m Mas fora .dessas llmltaçoes 1 b es Aberta". "PP.tsà" e "Strombo- -0s '- temPl)S. Cervantes era su- ao consenso universa , & o ra respectivamente as concepço psicológicas que restringem as •- bestimaêl'.o -pelos seus. contem- . de arte deverá c.onter elemen- de Arte - como atividade sub- liberdades formais do artista li", de Rosselllnl (e is.... ~ra– porâneos. Stendhal não teve tos_ de tudo is_so. que exp_erl- jetiva pura e de_sinte·r~ada, ªO âmbito do humanamente 41as ao conhecido rscândalo... l · 1· b ou r ou '" será que algum dia veremos -publico •para os _ seµs 1vros. menta.mos e nB9 sa emas ou como expressa.o ma.19 . ·possível, será duvidoso . que se "Germania Annn Zet·o .r ou -Baudelaire foi negado por Srun. nã-0 pod~mos representar. E menor dessa totalid9,de do •lcance algo mais que um& k i · l t· t i .. "Amore"? Se Yimos "LP Si• -:te-Beuve. Hõlderlin"g e Kaf a dai também, a rec proca .me u- munido que o ar 1s a . ncons- Arte estéril e efêmera., sem · · b "· t que · d - Uª lence Est D'Or", de Réné Clair. -vivel'llm obscuramen~e e~ meio tável•de que a o r& ,.,,e ar e cientemente apreen e em · s .. esperança de posteridade e sem ,de .l!.IIia ·· mul.tidão apressada e se divorcia dos seus fundamen- inspiração e volun.tá.ria ou in- tnteresse de cría"io.·Mero tec- que ttrob'ab, illda.de teremos de ão t " Yer "La Beauté du Diable", de desatenta., ·que nem siquer sus- tos humanos e n en r_il ex:n . voluntà.ri ,amente traduz nas nicismo estilfstico atuando no -peitou de sua existência. Isso, - comunicação plena com o P~~- suas ériações. Deve estar tam~ vazio. . . . : ~n.J;retanto, apenas p_rova a fa• . blico terá traido a sua própna bém possivelmente nessa mes- . Admitida. por consegmn,te, a ·libilidade dos juizos estétieos, esl!êr{cia. terá falhado em s~a. ma cisão do mecanismo p~r~ep- condição básica e e~sencial de mesmo os ·._ mais . aufprizados. finalidade natural. e iman~nte. .tfvo, em dois momentos·ps1co- uma EINFU!ILUNG. tudo será. que tanto bem se fala ? E a.in • da h:iverá quem tenha espe– rança de assistir o exttaordi– ná.rio "Dles Ira.e" e as recentes produções de Dreyer? -iOu o º'Processo", do novo Pab~t qne dizem operoso e ressurgido ? Ou os quatro ou cinco filmes que nos faltam da obra. com– pleta da dupla F.:niilio Feman– llez-Guilherme Figuerôa ? Ou a. nova produção sueca, i,>rinci– palmente aqaela a cargo llPs• se Alf Sjoberg, cujo r,,cente "Hets" nos entusiasmou: tan– to? E os russos, alguém ainda SP. lembrará que elPs e~tiim ? E será que n" Itália, aléin dos Rossellnl, dos De Siccà, do~ Blassetti e dos Zampa. <.-e cm ' pudemos fazer uma val!'à•id 'h 11elos poucos filmes aqui exibi– dos), na Itália, pois, sei;á qu" não existem os Visconti. com . os seus filmes famosos, o$ Vcr– gano, com um "li Sole Sorge Ancora", os de Santis. com um "Riso Amaro" (P. aquele "Trá– gica Perseguição" que vunos há algum tempo. que n<i.o ~ns permitia prever?). os Cast<.-l• lani. os De Roberti. os Soldati, os Pahtr.cl? E os tb Inirlater– ra, os Carol Reed. os Davill Lean, os Basil Dearden. o,; Charles Oricbton, os Michael Balcon, os Robert Hamer, O'I Thorald Dicklnson. os Michael Powell, os Harry Watt. o~ Frank La.under, os Anthonv Kimmins, os Lawrence Hunt– r.ltlnson, os Pcter Ustinov. os Clla.rles Fren, os dois Boulting. e tantos outros, por que nos são eles tio parcimoniosamen– te mostrados ? E os france.,;As, novos e vcllloc;, por que vê'l1 até nós tão itesordcnada, tão c:,,nticamente ? Convém, ))ois. ao falar da atual crise do cinema, usar '1e muita cautela. Mas. que isto não nos leve, também, ao ex– tremo onosto. isto é : a ne~ar a existência da crise. Pois é questão for(l dP. dúvida que o cinema atravessa, em ouase to– dos os países, nma crise real, indisfaTçávr,J. Nada de decisi– vo, nada dr muito sério, ma• qualquer coisa diante da qu:il nácl se pode fechar os olhos. Multo eu !."Ostaria de exami - nar a.quí cada uma dessas t'ri– ses particulares. condicionadM JIOl' fatores gerais e locais. m:ts hem sei que ii;:so irla estendct demasiadamente esta pequen'\ nota. Fica 11ara o futuro 1 .i>ni• tando-me h,ole, apenas, a cha• mar a ateneão para o exagêr!I com que muitos estã11 encaran– do uma crise «me nada tem qul' ver com o t'jnema mundial r., sim. é determinada. quase 1111c ·.,:1.CJusivaJl'IPnte. pela ,:-anând dos exlbirlorr,s e nela má ed.-i– r.a~o artistica' dó nosso pú- '.bllco. Demonstra apeµas qlle o julga- . Objetar-se-ia, com relaçao à lógicos distjntos... a razao _de talvez simples questão de ajus– :mento das:multidões é, muitas ·Arte . do nosso tempo, .11ue há ser da reaçao popular às ~na- tamento e ac<;>modação recípro– -vezes. · arbitrárió e -. c~prichoso. sempre,, um período de ad~pt~- . ,ções artísticas de nqssos d1~. ca. de realidades internas, na Mas tão somente isso. At.é por, . §ão ,e , ajustamento d!- cnaç~o É ·que a aspiraçao de. a.u· meldida da ,permeabilidadf: te!- . '.que,.em -todas ás· artes, conhe- artística. à compreensao do pu. tonomia. d&. forma, de sua mal de cada artist& à proJeç:10 -<:emsse exemplo's em· contrário ··blico. Há· que oonsiderar. por . independência do conteudo, sentimental do contemplador. Berrtaréi ·Shaw EO não menos numerosos. ,\ consi. outro lado, que as qific';!ldades constitui exatamente_um&. das Desse modo, é de crêr ..que a dera.ção do público não prova e . sutilezas da produça-0 ar- caracter[sticas mais gerais .e form& artfstica contemporânea náda contra o. artista: As obras . tfstica •contemporânea exi_gem constantes da Ar!e contém_po- possa agir sobre as faculdades . de um ;Holbein, de . um _Rem- maior esforço de intel~c~ao e nnea. A libei;taç~' c~o~á.tic!';- receptivas do públ,tco com a br9:ndt, de ·cm . Goya, de um mais · apurada receptividade. inaugurada peJo fauv1smo , mesma facilidade e espont.anei- . Velasque.z sempre se. impuse- . Por. isso . a Arte moderna não e a rebelião dos contornos, de- dade de qualqcer obra vazada. 't:am. à . admiração U!JÍversal, é ,nem pode ser p<;>pula.r: · flagrada pelo cubismo., fo_ram nos moldes d!'- tr_adição estéti– Sl\m ,.que se desmerecess~m _com Fàcilmente.se .~oncebe que .a no dómfnlo das ' artés pl,st1cas, ca. caso contrário, ver-se-á o essa. popular.idade. Rodin sabe existên!:!ia desse ·esfórço de ln• as. primillr,&S manifestagoes ex- artist11, cond_enado a<;> desespero -sir grande e popular, a um só ttiecçlio representa o maior plfcitas âessa aspira_çao, ·_que de um11..solidão irrecorrível. .. tem~o. . La Font;üne, . Huç-o, obslác~lo à difusão da Arte, culmina. n& .negação cJ,e todo . . 1: 0 · que parece estar sendo, Dickens, :zo111, e quantos mai.s . · contemporânea.. ~1! ao _lad-0 .conteudo, como suc~de, em ljlr- finalmente. presse:iitido _pelas conquistaFam · as graças · do msso e talvez por ili~ mesmo, ga· escala no dada1smo, _e ~m jovens gerações poéticas. Já. fa– gra ll,de . público, se.m que- isw dada a sua pecuUa,r f1siono~i11., grau extremo_, !1º iibstraci?h 1~,- tigadas tios desJIIandos de uma ;,ul>tral~se q~álqu~r ,valor às é aq\lÍ mais manifesto o ~er.!~º mo '. dito "nao: .figurativo • .poesia elementar. não elaboi:_a– ~uas criações. . • · , · . do charlatanismo. da m1stifl- Também n& poesia moderna, é da nem ret.ificada pela razao. t · Oçioso será, portanto, c~lti- caç.ão da impostur1;1,. Basta que patente a aversll.o a tudo que Essa revalorização a que esta– !Var em nome do estetismo, uma nos lembremos de quanta be,- represente· escravização formal mos assistindo, das formas tra– atitúde artística aristocrática n;,,í.idade. tio. tumulto de nossa à liberdade criadora do ~.ta. dicio~ats· da poesia, inclusive e, hermética, que desdenha dos al;ualidade artística, tem .sido Dai; o banimento da metric& do soneto, sem prejuizo de sua critérios gerais de· avaliação discricionà.riamente promovida e da rima, a execi:acão à for- essência poética. denuncia bem pará somente ambicionar a à . c:1tegoria ee obra de arte. m& tradicional do so•,eto, ten- claramente um recuo nece•sá– ,aprQvação dos eleitos ou a con~ Assim nada maú. .lógico e na- dências que conduziram , ao rio dentro do senso estético · sagraçãQ dos pósteros. Essa a.ti - tural que o 11úblico leigo ~ te- exagero de uma poesi& pura- de' nossa época. Renunc.1ando tudl',. aliás.. quase -sempre sofis- mero~o se c:lefenda, por uma mente caric&tura ou anedótica,. a uma ilusão de liberdade, que 'ticada, 1mcerra. em si .m,esma, atn'icsfersi ·fêral de suspeição e em muitos casos, a mero leva ~ ao . isolamento. busca a um~ contra.dição chocante: ·. ou • de repulsa. - E . ante a jÓgo .. verbal de expressões ono- pÓesia, desse modo. reintegrar• • qom ~feito. ~ Arte é, antes aclamação entusiástica., de cer- matopáicas. .' . se no grande concerto das in– de ,mais naqa, um fen9meno tos SNOBS, sabidamente des- Não se preci~a dizer que tais . terdependências humanas. Es– -de {ntersub.ietividade transcen- · providos de formação artís- tendências refletem · inegàvel- tamos com isso, caminhando -dental. .o facto estético nasce tica e sem nenhuni _espírito mente as .características espt- para ~ma espécie de néó-sim- jus~amente dessa corrente de · critico, atire o ridlculo fácil rituais •do ambiente histórico- bolismó. ainda oue fortemente EMPATIA. que se ·e3tabelece, das pilherias irreverentes. Corn social do nosso tempo. Re:;taria. impregnado de é·ofrito moder– em·dado ii;istante, entre o cria. isso, priva-se, no entanto, de entretanto, indagar. antes de no. E dai - quem sabe?- tal– dor. e o contemplador. Ambos apreciar ,_algumas autêntic~s mais nada. até que ponto se vez possamos assistir, dentro em fori}lam; por assim dizer, uma obras-primas e um sem nu- pode conceber a _forma sem breve, no campo da estética ao GE~TALT, uma configuração mero de ·obras valiosas ou sim- conteudo. Do ponto de vist_a alvorecer de uma nov& visão .total indivisível, que ·será tan- plesmente curiosas, tanto pela estritamente fenom.e no\ógico. do mundo. à b1se da restaura. to mais . intensa e duradoura nrrôjo de concencão como pelo poderiamas responder · com cão de velbo-s r:•·incíoios. de há qu~nto maior for a · correspQn• imorevlsto dá. feitúra. Husserl' que t'rida ::i consciêne-i,;1 •muit-0<: a b it•"",:,:-~ Ni\o , fõr,1 dên_cj;, ePt.re ·o·~ue é.'. sugerido e . ~b.6_,a:tora essa . atitude pre- é .;em "cori:,~' ""º':1 - r1 e al~r- " •··rda<l<> · ,.,.,. a Histórin d~ 0 gue· é .experimentado. Tal conceituosã. e sect.tí.ri , n.11~ {,. . A i11f1'nri · •· 0 .. · 1 • , 1 a /, ;._,r i<:•r l\rj.o t ~ • .... •':''n, " " "'?t 0 Pll' -rs., ocorre com os valores clássi - em ·verdade meramer:•e·_~;_,._ r'eilnito nr~ 1::1·,· ., ,_. •'!•···,.,, 0 • ,,;,., 1 cc-m) a História• clf!s <."Os · que se superpõem ao ·tem- cúnstancfal, há de haver, com d:i. c011Sci~nola. A·-qua'. .éi1de d= P 01•03 . • Sentido De Sua Obra Conclusão dá la. pagina .todos os valores da nossa eivi– li~açlio. lt u.m anarquismo vis– ceral, completo. Entretanto não se pode dizer que, pretendendo demolir tão vasto ediflcio, não proporiha ;i lançar as bases de uma reconstrução. Essa ·re• construção residirá tia prãtica de uma moral de simplicidade ascétjca, para disciplinar o amor, a família, o futuro da espécie, sob a lei de um bom .senso e de um sentido "eugê– nico" capaz de fazer do · "su– per-homem" uma realidade biológica e próxima. 3haw não é.materialista: é vitalista. Re. eonl\ece ele no fondo do' uni- .verso uma "força de vida", semelhante. & principio, à von– tade de Schopenhauer, identi– ficando-se. depois, ao "elan" vital de Bere:son - espécie de corrente divina no fluxo fatal dos acontecimentos Convém notar qu·e, tendo tido uma educação protestan– te, Shaw nunca dela i;e di– vorciou. inteiramente. Assim. "Back to Methuselah" mari:ou () início de uma fase religiosa ni sua obra. O HOMEM · DO TEATRO No -entanto, não foi e· socia- Usta, o anarquista, o polemistA. qu,e o público.aplaudiu !'\O bea– tro, mas o. autor côni ico de um humor insuperável. Shaw co– tihecla admiràvelmente· a arte dr;i.mática e ~abla construir um11. ,peça. de mapeira a tra'l!cr presa. do começo ao fim, a atenção dos espectadores. E essa mestria técnica lhe per– mitiu sair sem dificuldade apa– rente. ·das situações menos ve– rossímeis. l!: ele alndà. um mp~. tre do diálogo. admirável de verve, rico de "trouvailles " . de réplicas tmprevistas. propor– cionando-nos srmore extraor– dinário Príl i."r intelectual. Seu~ paradoxos IPmb~am constante– mente os d 0 Wilde. Mas nos diálogos d e Shaw não existe somente espirit a graça: hã também mtúta íntellgênch. Shaw é. acima de tudo. l!JJl autor inteligente. De onde a escassez de emoção que crftl– cos apontam comf'I il narte fr11- ca dessa. o):>rn nr,tii ··•t De fat.o, Shaw sub~titt1 í • ª · r:iro. • emoção pel:J i r ' · ·- ~:'\ ma~ numa d.e ,11a, r• · .. f,ime~ - te. isso niío , " ·· · ' · •~rimo. nos à "C:,111,l' •:- ·~dadt>i!"II obra· pr.lma <i ~ - -l1·11mãtica. banllad• por . llll' . clarão de beleza m1sler1osa e comovente.

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