Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950

1 ' 1 -kJo.-ungQ, : t.ii .cie Úu'l'ui>ro "e • Y)V Clarice Hispector (Copclusão dà la.. pág.) FOLHA DO NORTE objeto.:\ a dizê-los.•• Era o que ela, com paciência. de muda, parecia. desejar. Sua. imperfei– ção vinha de querer dizer; su& dificuldade de ver era a. de ) CONCLUSÃO DA l.a PAG. ;.. _.I DEFESA • (C.onclusão da õlUma pãglna) pintar". E o seu destino é esse para a fr_ente,. no e'.'ame ~• · _mesmo, o destino de Lucrécia. doutrinas . do novelista. -NB4 rio - tenho a impressiio de que obriga--p,<>s a defi;o_n~ar-nos com aqui identificado <:om o da ro- existe uma concepção filosófi~ o trocadilho era tão ineren- ~to.que à tolice' ê a frivolid' t1.e se tornou muitíssimo mais ela o problema que hoJe traz per- mancista: ao invés de ver os ca que não traga paràlelamen- te à eloquência' eultista que o daquele ·ambiente arisb::rc.·áti- própria. Que é o "monplogo turbados (J_uantos se querem objetos - dizê-los. te uÍn ideal ótico, , concorde, Padre Antonio' Vielra, no pró- co. interior" senão o'prime-iro pas. mante·r acima rias contingên- Existência em·-si-mesma., a correlativo, indefectível; e não prio Sermão da Sexagésima em so para a metamorfose do ro- das da modernidade pela mo- cidade, constr~da a todo o existe, por sua vez, ideal étlco que condena. co·m veemência os mance realista. em roniarice dernidade. Com efeito. a arte momento, através do que a que não determine ideal poli- requintes verbais dos pregado– " existencialista" ? moderna, quer na literatu~, romancista dela diz, eis que tico. Qual, pois, a sociologia. res da época., sucumbe à ten- Não vem para o caso desçer- quer na pintura, quer na mu- não tarda que a própria Lu- que corresponde à metafisica. tação e classifica-os em dois mos a minudências auanto à . sica, coloca-nos perante ~ste crécia Neves passe a ser para do novelista ? A sociologia de grupos : uns "com mais Paço" essência do "existencfalismo". facto consumado: que o artista, a cidade, a cidade que aos seus Baroja é a sociologia de Gra- (os de preferências munda– importa apenas que tomemos hoje, não PI"9Cura sug.erir O olhos foi adquirindo a. mobili- cian, de Hobbes. de La Fontai- nas), outros "com mais pas– como ponto de referência isto : real, mas criar '!ma nova rea- dade do que existe para-si- . ne, de La Rochefoucauld, de sos" (os de vocação apostóll- -enquanto a filosofia não-exis- lidade. Mais evidente no ro- mesmo - do para-si-mesmo - stendhal, de todos os pensado- ca). · Poetas · Da Minha G~raçao (Conclusão dl!. últ. pág.) tencial -estabelece uma hlerar. manée ou na pintura do que .um objeto bruto, uma realida- res pessimistas. La Fontaine a. o que liquidou com o uso quià em que o pensamento so- na poesia ou na. música, esta de inalterável, .uma coisa em- expôs, numa \)reve frase: "La literário, "nobre", do trocadi– brepuja a vida, lançando sobx:e tendência pressupõe.•da parte si-mesma. -Sitiada. a cidade, raisoi;i -du plus fort est toujours lho, foram provà.velmente os ela o facho dos seus conqéitos, d~,leitor ou do amador d-e a~- pois que Lucrécia Neves a sitia la muilleure". "O que se ven- abusos de preciosismo. Em guerra. Não tendo as demorHt• nos quais a ' sua imagem se tes plá.sticas · um desprendi- criando-a em-si-mesma. sitiada ce _ diz Baltazar Gracian - vésperas da Revoluçii-o, os fre- cias conseguidp isso. deiXou de fixa, discursivamente: -na .filo- mento compl~to dos seus hábi- se • torna a própria Lucrécia não necessita de dar satisfa- quentadores dos salões de Pa- existir a situação ·em aue era sofl a "existencial". pelo con- tos mentais. A réo.lidade que n Neves, uma vez que o seu.exis- ções, nunca se perde a repu- ris deliciavam-se com quoli. possível produzir-se semelhan– trário, a vida antepõe-se ao · romance lhe porporciona · só tir- para-si-mesmo a pouco ,e taQão quando se alcança o ob- bets e admiravam entusiàstica. te poesia e. consequentemente. pensamento. a existência ·pres tem de comum com a realidade pouco se transforma num exis- jetivo". Quer dizer, não existe mente o Marquês de Bievre, a própria poesia perm.anere cede a. essência e, portanto, em que ele vive um único pon- tir - em si-mesmo, forma imó- uma norma ética definitiva, que tinha o: gênio do gênero e presa às circunstâncias cl::mde pensar a vida corresponde. de to: a sua própria capacidade vel que é, de maciça, para a nem uma orientação funda- fazia novelas com personagens surgilL cet·to modo, a uma identifica- de .se identificar consigo mes- cidade-coisa então já com mental ou uma verdade ina- como Mme; la Contesse Tation * ção com ela. · mo onde quer ·que esteja. Eis existência de criatura. movível; quando se triunfa. a (c9ntestation), l'Abbé Quille e Todavia, · os . jovens noeb s Parece-me que não é difícil, a grande diíiculdade a vencer 1: o destino de Lucrécia Ne- razão, a moral e me-smo a bele- l'Abbé Attitude (la béquille e que, nas cerca_nias dP. 19::!0._dei- peca.nte isto, aproximar a téc- para que os novos caminhos da ves. a cuja-progressão assisti-' za ·está com O que triunfa. o la béatitude), l'ami Nut e I'ami xaram · Oxford e Cambridge. nic.a novelística entronizadora arte venham a ser aceitos po:r mos como se ele não fosse, de êxito traz em si mesmo sua Graine (la minute e la mi- enfrentaram com bravura e 11.o -"monólogo interior" de uma aqueles que não podem deixar facto, um destino humano. sanção; uma secreta e mlste- graine), lenda sobre Saint-Axe mesmo alegria. um mundo de concepção existencial ·do ro- de intervir na objetivação dos mas qualquer coisa como a riosa polarização de vontades e Saint-Phonie (syntaxe e crise industrial, de tinnia n:i– mance; é na fusão do pensa- esquemas mentais. que ·são. no angústia que nos toma quando e de intelig-ências se faz sem- symphonie), e c;.ontos de fadas lítica e ameaç9. de guerra. Em mento e da vida. na fluidez da fim de contas, todas as obrai! descobrimos que os objetos que pre, e indefeetivelmente, em acerca de Ia Fée Lure e l'Ange torno de certos críticos ~ Edi– própria consciência, só. cons- literárias ou plásticas. No do- • nos rodeiam têm uma existên- torno do aue acaba de triunfar. Lure (la fêlure e l'engelure) .. tores liter~·io.s, cresceram al- .<:iêp.cia na medida em que é minio do sono, a consciência eia independente da nossa pró- Tal é hoje. como nas ·idades Ai já nii.ci era mais pqsslvel ~umas antologias e revistas que vid.a. que o romance de um Ja- do sonhador. não tem outro re- pria. não o vemos. esse destino primitivas, 0 grande problema: levar .a coisa a sério, e o nos- juntavam aos seus títulos. qua~ mes Joyce ou de uma Virginia médio senão acompanhar O - dizem-no-lo. O mundo que vencer na batalha da vida. o so Manoel Inácio da Silva AI- se sempre, . como expressão de Woolf, encontram a' sua justi- fluxo heterogêneo das imagen 3 envolve Lucrécia Neves é um mundo pertence aos vitoriosos. varenga exprime uma repulsa novidade . 0 voráb•1lo "new": ficação. · · por mais absurdas e irreais mundo de alucinações, onde a E, depois disso, se quisermos universal ao · anatematizar os New Sigi1atuns. New Writin, No seu .primeiro livro - que elas se lhe afiguram. · A vida é mais "viscosidade" que precisar mais e determinar o New -Country. . New Verse - "P.erto -do ooração· selvagem" Identificação da consciência do "liberdade.., para .adotar a regime polltico que se deduz Equívocos · malvados. frívolos ·para mencionar ap 0 nas ale:nns , - Clarice Lispector. através da homem consigo mesma, perde- terminologia de Jean - Paul de semelhante concepção da • [trocadilho!!, deles. Michael Robert&. John eoI).Sciência da sua heroína. se por completo. Mas.. p.os do- Sartre. sociedade, veremos que não po- Vós do péssimo gosto os mi=.is Lehmann e Geoffrey Grigson "pensava" o mundo por ima- mínios da arte, as coisas ·pas- "Uma ·vez fôra ao museu derá ser outro senão O de um [pesados filhos... (poetas, todos eles.. acidenh~- gens. A vida realizava-se na sam-se de outro modo. O leitor estadual e tivera medo de es- poder forte. audaz. incondicio- mente), foram os editores m'.11~ sua consciência consoante as é sempre leitor. consciência tar de guarda-chuva molhado nal, C'llpaz de impor-se ·ao · Dlr-se-ia· que a Revolução destacados que lançaram o imagens que ela ia ·projetando distinta da do criador. Para que num Jtrnuseu. Assim sucedera. desconcerto univnsal das von. matou O calembur; quando. por movimento que . constituiu no "écran" do romance, e. este possa: aderir à realidade Tinha medo· de ver, num mes- tades e das paixões. "Na con- vezes, reaparece, tem um sa- uma inovação. No teatro. um realizando-se-lhe na consciên- que aquele lhe proporciona, mo olhar. um trem e um pas- dição da natur,eza _ dizia bor melancólico· de coisas pas- Ru;>ert noone levou à e.ena ai eia. realizava-se ao mesmo algo tem de hav.er capaz dl'! sarinho. E de um homem com Hobl)es _ a potência certa e sadas de ~ncien Régime, peças espasmôdicamente pol-– tempo no pla.no da realidade: servir de chave com aue o pri- anel de brilhante no dedo:-Ma- irresistível legitima O direito como' as pretensas últimas pa- · tlcas, satíricas . e e_ivadas dE objetivava-se consciencializan- meiro desvende o ení~ma que teus. Seria. Imobilizada se esse de dominar os que .não podem lavras de Luis XVIIl, que, Jen- "jazz-", da autoria de Au-den E doase. Método muito· diferente o segundo lhe propõe. Bem dedo a apontasse. Também a resistir". "Para O Estado _ do na fisionomia de seus mé- de Isherw/\Qd . do método clàssico, no roman. · certo que ante uma decoracão um movimento seu na cama escreve Baroja _ 0 costume dicos não ·haver mat!s esperan- Tanta atividadE\ a principio ce objetivado pelo -"monólogo árabe - um arabesco prôpria- formava-se às vezes nas rosas deve estar sobre a liberdade, ça, ·1hes teria dito: Allons. ·fi. aclamada pela geração mai.~ interior". ainda não há. toda- mente dito - algo sentimos · da. parede um ser aleijado e a lei scbre O costume, a auto- nissons-en, Charles attend, o velha como uma nova aurora, via, divórcio oompleto entre a indeP.endentemente de qual- contente - então ela se arri- ri'Clade sobre a lei". As roes- que aludiria, a um tempo, à de coloràção auase inevltàvel– forsna novelística tradicional quer• significação lógica 1;u _piava como . o cachorro late mas premissas levara'm um e sofreguidão de Carlos ~ em mente avermelhada. incorreu. -rte pintar o mundo - compón- · conceptual. Mas a impresc:!'.o para um guaro.a-chuva". outro es~ritor a idêntico coro- subir ao trono e à inépcia dos em breve, na ojúiza que ~e do .quadrns em que a vida, as recebida é meramente óptica. . ~ nesta atmosfera de estra- Iárlo polltico. facultativos (charlatans). tem. às "igrejinhas". Os escn- . perJmna~eris. as coisas. as ações Unia arte meramente· óptica nheza - uma estranheza que Mas avancemos outro passo . Mas O trocadilho tem sete tores de ' "uma· geração anti-no- representàm como que. coisas não pode aspirar às transccn- não provém de circunstâncias no exame da obra do roman- · fôlegos e, quando _parece mor- lítica, purista, e . m~is velha en..soi. como diria Sart.re :- e dência.s do significado de uma anormais do destino de Lucré- cista : a uma tal idéia moral e to, ·ressuscita mais forte; dcs_- consideravam descmdado e a forma adotada pelos "exis- arte realista ou filosófica. E, eia Ne·ves. pois Lucrécia Neves metafisica há de· c-orresoonder sa vez é verdade. menos como frouxo o estilo dos T'.ovos, tenda.listas" fran.:esea. espe- assim. encontramo-nos pera.n- · tem um destino trivialíssimo : um meio de expressão ad-equa- meio de expressão dketo que_ traindo.. com ·frequência. os cialmente Sartre ·e Simone de · te este diflcil passo - evitar · é moça, casa com Mateus, o do- do. Não há forma nem fundo; como reC'Ursó de caracteriza- mais eleva.dos ,p·adrões .de iso– J3e~uvoir. Que·r em ''Les cii.ê:. que à arte moderna se encerre anel de brilhantes, e enviuva tudo é uma coisa só. com- ção. Foi. de' ·certo. Balzac um lamento · estético. permitind()' mins de la Liberté ". auer em num hermetismo apenas aces- - mas do simples facto de ela preenderiamos, por exemplo, -o dos" primeiros ' ·a:• descobrir-lhe . que motivos políticos p~p.etras- " L'Invité ". especialmente nes- • sfvel a iniciados. Lendo "A ci- estar constantemente sujeita. r, "Leviathá.n", de Hobbes, no essa, · capácldade e a va~er-se sem em seus esctitos criadores. , .., · t.e .r·omance. pois · Simone de 'dade sitiada" fui pensando que metamorfose que as coisas im- estilo ético e l\cadêmico ·de Fe- dele fartitment"e. ora nos tolos _ Essa crltlca era, em parte. jus~ Beauvoir;" 'discínuia. · cai mais Clarice Lispector não deve ter põem ' à éonsciência humana, nelon? Admitir-se-ia o :•Rou- gracejos estereotipados da pen- ta e, em· pai:te, impensa~a. · . long-e do que Sartre. mesk~. encontrAdo niuitos leitores no quando â consciência ·humana ge et Noir''. de Stendhal_ na são vauquér (onde a voga mo- - l!: verdade que · os .escritores ;· qualquer coisa mudou substan~· •BráslL E a razão ·está.à vista: se dá con'ta de que . as coisas prosa humanitária .e a.mpl!fi- mentânea ' dás "panoro.mas" da , geração mais. velha. como •. ciaJmente. Eis a grande revo- 0 seu romance cria.cão de uma nãó só têm uma re·alidade em cadora de· Geore:e Sand ? Ro-.. fazia os convivas acre.sce.nta- ·E. M. Forster e Virglnia Woolf, luçio a qµe Clarice Lispector · nova reaOdad~. realidade· her- si-mesmas. mas que ela pró- mances, como "La lucha ,por remo sufixo rama a qu:,.lquer .e dlt'gerai;ão pouco T"lais recen- ; roe parece Particularmente -sen- · 'mética de .fundo conceptual e pria, consciência humana, pode la vida". deviam ser escritos substantivo), ou· nos prQv,ér-~ te . comô Evel:vn Wangh. Al• : ~ível. Já níio é um quadro aúer · mistfcri, apenas -pe>4e ser des- ser para. elas, para as cq_isas mim estilo enxuto, impessoal, blos deformados ·tão grato aos d~us ;Eluxley,_IÜi,yinond Morti• 11lttovertido:- quer extrovertido, vendado enquanto representa- brutas, . como que uma coisa livre de hipérboles e de lirls- · píntores (Les bons comtes:font mer, David -Gardner e Cyrit ' oue. o romance nos oferece. o ção de·Jma -expei:~ência huma- bruta também - uma "liber- · m.o: frio. impassível.·e assim o Jes -bons ·tamls ·em vez de Lés Gonnolly, ~ssufam ·um'.\. pm·e. rorqance;- Mora. oferece-nos 0.1 · na· e de um conce\tn rq.et ,t11l, dade 1' ·congelada; uma ilha que estão, realmente. Cómo Sten- bon comptes ·ront les bops · za 'de •es"\.ilo · jania_is atingida •t<?s ~a~ pers~nagens e o se.u ' pelo leitor. com~ persistência o oceano do "nadá." circunda dhal, BaroJa não confunde amis, e muitos outros da mes- ··pelos seus sucessortfs ;deste sé– propriq ··s11miflcado. Ao inves e· a · sutileza. suficientes ~para - é nesta atmosfera estranha seus afetos e aversões com·sua ma. espécie; uma de suas •no~ oulo. J}esde ·1930 'v~m-se · verl- .da qescriQã-o da realidade, r9. acompanhar a sila leitura com · que o romance se desenrola e obra : "limita-se · à narrar. To- velas, Uma Estréia na Vida, é ficando , um. r.e.al 'de_clínio em ·man:)e "existencialista". pelo a _chave que -a s!1a intu,Iç!i_~ ou o _leitor as!!iste· ~ crlaçio de dos , os acontecimentos. bons toda ela,. pqr assim diZ«:r; ~li- estilo. e 'o ,:i:foantiiº 'dos antigos menos· tal é'omo o realizam ·os a sua acuidade f1Iosóflca·se3am uma realidade inteiramente di- ou maus. tristes ou .alegtes. são .• cerçad& ·nessa. brincadeira), e quase punca'.11,if r _econauistad<>, ~ai~- representativos ••eicii,tén·- cape.;i;es de lhe propor.ci?n~ r. . ferente da realidade que co- r.olocados no mesmo -plano. ..cuja. moda chegou agpra ao pe1o·estil_Õ)n-ilhante.·violento.e ' cial!stas" franceses. e tal como Não é um romance "A cidade :nhece. · • , sem hierarquias sentimentais Rio com essa·s historJetas· que apaixonado· doi;_qu_e ·os segui- o realiza a autora· de "A ci- • sitiida"? 1:. E como? Coqio é 1: difícil aprender o que. nem efusões filantrópicas; são · acabam ·com··a moral 4a fábu- ram. . . · ' dsde sitiada". proporciona~nos romané-e toda " obra literária ocorre em "A cidade sitiada"? pãginas semelhantes . a de um la";· o autor da ComécUa ,Jlu~ , Entretanto~ foi injustiça acu– um conceito · da realidade. erri que se··representa um des- 1:, Por vezes torria:-se, . mes- código- ou d'! uma algebra. mana era _mestre ·em inventar . sar · os . jovens · ·é!!critores - Vivido: como vida. como e·xls- tino situadô num mundo··em •. mo, , angustiante. De ·onde .em E nisso se estribá a força desses · trocadilhos que · exp;ri- como ·o fez Viripnia Woolf. ntl lência. ·a · vida no ·romance que o tempo é siinuftaneamen-· onde perdemos a.tê o . oontaoto extraordinária do nov.elista. a mem o caráter inteiro de uma começo de · 19~0. em '.:tetter te, 1 "exi$ten.c-ialista-" é fixada con- te· lugar de ação e· conteúdo _ com_a intenção dil. romancista. intensa emoção dessas visões e ..l)ersonagem. Em Uma FUha !le à younc· Poét ·._ de não dai ·. ceptualmente: ao invés de os delá. Qual o destino que "A O · mundo gue ela cria - um ·paisagens; _que· í:obre t.al fundo Eva, a .,Condessf!, - ~~ria de atenção às grándP.s· realiza. · atos 'das suas personagens e os cidade sitiada" representa? ·o mundo criado por conceitos, em de -filosofia. implacáve.l apare- Va!}deneS$e, se_percebe_o perl- _ções 'tradiclop11is. E. mais O\lt - movítnentos da sua consciência déstino·de Lucrécia Neves. Mas que a forma das ·coisas e · dos cem ·:rápidas · na sucessão das go que estava cptrendo-ao ~co- injusto, níi,o fo_i inteligente -re– aguardarein a. · hltert5"retação·~ quem· é_Lucrécia Nev~? · Al- _sêres é a. sua própr~a substãn- · pá-itinas: · interiores _ obscur-0s, lher ·a côrte ' de'. Raul Nathan, prochá-los pot cuidarem de' ' oue "a crítica ·ou o leitor_inte- guém que não pode conceber- eia. - não pode ter· duas inter- asilos, cárceres. subúrbio~ mise.· quando a atriz Flori.Ila;_aÍnan- desemprego.. da justiça · social lige[\.té possam .vír 'a faze.t de- se. a,. si -mesma- independente- pretações..A sugestão; uma-das., rávels-; tavernas-;· es-pe-1-uncas te· deste·, últ~. -_ao _de~ol-ver--' e da pàz; mundial. e de- pro- . les; é o · própril> ·romancista ménté· de -S-•.. Gera,ldo,- a -cidade · forças do romance•·'.clássico; é -hor-rid,as; crepús,cu-los vistos do lhe· o pacote de suas •cartas.de • curarem, tirar dessas ·preocu-·' ouem- se encarrega_de nõ-los sitiada, o arrabalde. essa. at- alhe~a . a esta técnica, uma • alto sobre o mar . enegrecido·· amor ao'.· jornaijsta, lhe ofei:ece . pacões· a sua insoiração. dar. , slmultânéàtnente. cpmo mosfi-ra cuja história · futura técnica que -não pinta, , cllz. dos telhados. _per1>pt!ctiva~- de também•-um -:facão de; cozinha . , Se eles foram 1ulli:1;dos c9mo nt.os e movimentos de corisclên. · "ser!-a apenas a história do que Está tudo. dito neste livro, e o cemitérios distantes. est-Pndidos para abri-lo, dlzenao. :•. C'est. tendo andádo ·e 'àgido cqnjun– cià e como. conr.·ettos ou inter- se tivesse vist-0". O en-soi e o que nele não fôr interpretado sobre colinas ·ermas. Silhuetas avec cela_qu'op ._ég~rge Ies J)ClU•· tamente e·m "igr!!iit:hai;". ·foi p~etações filosófi<!as. Evidente- pour-soi dos •~exlstencfalistas" tal q~al como, está dito - são da grande ci-dade. aoarecPndo · Iets. (a última palavra, alé_m porque essa· assoctaçao. existia mente que são muitos os peri- jogam - se. · perm9:nentemente, · <:onceitos das_\ coisas, não as confu~as ao· longe, quando a de ."frangos", ' significa tam- ,mais nô _éérebro dos escritores gos que rodeiam uma tal em- neste destin_o. destmo que em- coisas aue_estao perante nós - manha vai romper P a luz fria bém ~•carta ·de amor:,'). ,'~Essa e· fornalistiis· do qüe na su11. presa: são tanto inaiore1l ·quan- si-mesmo e para si-me_smo é nada dirá. O esforço· do· leitor e opaca dos focos elétricos co- ·. palavra fez,-' a -condessa ~stre- própria . mente. Bom · exemplo to ·r"ais ... filosófica" a menta- como todos • os ·destinos - tem de .ser herculeo: el-lo que meca a dissolver-se na ·c1arl-' mecer e expliçoµ-lhe , . ; a pro- . disso for o agrupamento de lidadP , do· ·romancista. isto é, • qualquer coisa de variável, de ergue, penos:,, .e incessán_temen- <fade tênue d(l · r.li1L · fundidade do :abismo onde . es- 4',l.Íden Day Lewis P da minha ouanfo mais enfeudada a um frágil, ·de ir):consistente, conti- te, os alteres das frases sibili-_ ~itos. Há nele · um revolver caoara de .mergulhar". · próprià pessoa, tendo nós sido sistewa. ,Eis oor que não· póu- nuamente sujeito a não. c9in- nas de Clarice Lispeétor à al- Pode citar:se outro exemplo, rons-idetados coino role!!'as in- cas 1>ágim.s de Jean-Paul Sar. cidir .consigo próprio; e que, no tur!I- da razão. Mas os braços ----------- lgualmenté sugesti~o! de Marcel separáveis.· Na ·realidade. Au- tre e ·grande númeto de Simo- entanto, a todo o momento fatigam-se. a razão enfada-se, . 11ue estavalhos habituados a Proust, em Le cote de chez den. ·Day" Lewis · e eu nunca ne de Beauvoir se nos apre- pode ser visto como um e11-soi, e os co?ceito.!! lá ficam, por v_e- ver condensar uma .história. Swanne. A Duquei;a, de Ǽuer- estivemos Juntos '11m só mo– sentam a uma luz de tal modo isto é, precisamente o inver- zes, imnterpretad9s, verde.dei. Clarice Lispec-tor pode não tPr mantes, ao saber que o sr. de mento durante tod·a a década abstratá que os seus romances so:: uma exis~ência bruta; !n- .ras_C?isas em-si-mesmas, má~i:; leitores que a acompan\1em da Charlus, para a:mofJnar _ (ta- . dos 30. e somente em setembro se despojàm daquela concreti- variável, maciça, cheia, com- pas, imóveis, rigldas, que sao, primeira à última página do quiner) .UDJ.B. par~µta, deu-lhe de 1949 esse encotit.ro se rea– zação indispensável ao l)roces- cidindo sempre e por completo âesde que nos mostremos in- seu livro - símbolo -.u alep:o- um esplêndido castelo de que lizou. qili).ndo acontecen estRr– so recreativo na consciência do consigo mesma. capazes de as mebilizar. 1!: ria? - mas o que não há dú- ela não gostava. alcunha-o de ·mos tod·os juntos no PEN Clu- leltor do fluxo da viáa. maté- Lucrécia está só no seu quar- certo que nem tudo se perde vida é que não r.onheço outro Taquin le Superbe. com o nome be de Veneza. ria · fundamental do romance tó, e ·pelo seu quarto começa a quando se não consegue levar livro nas letras de Jfn~ua por- levemente deformado do últi- Nada obstante, os poeta1 como gênero literário. construir S. Geraldo. a cidade, o alter at.é ao plano da razão. tuguesa em que a tentat.!va .de mo rei é'e 'Itoma. O aue impor- de 1930 tinham muita coll!le Clarice Lispector não receou o arrabalde: E refletia·: "quan- Mas, n·esae caso, sujeito à ano- criar uma sunra-realidade não ta ao romancista não é. evi- em comum. Sofriam as m@s• • subst.ituir o "monólogo irite- do uma coisa não pensava, a malia · dos ·conceitqs que não será Clarice Lispector, no fim · dentemente, o calembur (um mas influências, reagiam con• rior" - introversão do mundo forma que possuia era o seu entende, o leitor ·passa a ver de contas. supra-realista (sur. desses que desesperam os tra- tra circunstâncias semelhan, em imagens - pela expressão pensaÍnent.o. o peixe era o úni- apenas o que lhe fõra dado réaliste) ? se revista de uma dutores) , mas a sua histói;la tes, apoiavam causas idênt.icu conceotuol da realidade - o co pensamento do peixe". Ora para entender. E tudo se pe- tal frescura e ganhe tamanha ulterior, pois mostra-o . repeti- . e foi R comparticipação no! mund,; introvertido em ooncei- como a cadeira, a mesa, a flor trifica então a dentro do ro- pujança. Pode acusar-se a au- do pelo Duaue de Guermantes, acontecim'entos aue os reunic tos. E: assim, ei-la que nos ín- no Jarro apenas existiam se mance. Estamos num mundo tora de "A cidade sitiada" de que gostct de exibir o espírito em um movimento. Escrevian' trodul>: numa atmosfera huma- ela as cri.asse, se ela lhes desse ni:>vo, numa existência lunar. hermetismo - o que se nlio da mulher, de-eols, acolhido à sombt·a de um poema - na em que o humano já não a mobliidade que elas não po. A ação de "A cidade sitiada" pode é considerar o seu her- com estática adm ação pelos "The WRste La.nd "'. de Elio1 é senão uma mera criação con- diam ter· enquanto existências apenas vale como slmbolo·. O metlsmo estudado ou cabotino. fãs da duquesa, afinal divul- - que havia l&nçado nrofundc. ceptual. Enamorada das mais em-si - eis que Lucrécia Ne- estilo. do romance é feito de 1": um hermet.i~mo que tem a gado e comentado nos dêmais desafio n toda n ~ern ção. e modernas formas de arte. Cla- . ves princiüfa. a criar o mundo conceitos qu_!! se tornam factos. consistência do hermetismo salões, prolongando indefj.nldá- eram don11na os por um e_scrt– r ire Lispector. como seu ro- em que viye. "Que dirla então ide factos que se tomam con- dos sonhos. Haja qupm lhe en- mente suas repercussões e.-r. tor de exnepcionál talento - mance "A · cidade 'sltiacia", · se pu esse ·passar de ver ds .j\e all,o a bal~ 'das !eis em l! ·"\ke a , ch~ve, · · ·,.' vindo 'comó" que de ped.h. d~ W. IJ,J\U~eQ- - •

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