Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950
Domingo, 3 de Setembro cf1;1 1950 FOLHA DO NORTE CASTRO ALVES ... 1 . NCRIM1NANDO-SE Cas- assim um 1a.wr de .ô:inamica: ~' · tro Alves por ausencla de re.stde paradoxalmente no cix– ml11terios, quer-se, com culo de vibrações, para o qual ls"o; submeter um épico ar- convergiam todas as suas e- EUGrNIO GOMES mil, ora ao norte em inet,s- Alves erfl um '1nàíce de seu sante e febril mobilidade, não extraordinario poder d1·amati- :!tado a todos os excessos nergias de moço, renetindo a lo romantismo a uma es- realldade de sua existencia. eala que não lhe é propria de Nisto, estava a força e tam– maneira alguma. Quer-::e, en- bem a debilidade de Castro AI- ' fim exigir dele o que escapa- ves. Porque, a corresponfüincia va 'francamente à orbita de entre o espacial e o psiquie!o 11 uas volições de condor: a em sua poesia resulta às cla– J)Oesia pura. Esta é que per- ras daquela <!Datação - a que mitlria. o clima. hermetico, a aludiu Ortega y Gasset - da penumbra, os meios tons, a personalidade Intima, fazendo– irubjet1vidade, que se procura a irradiar em todas as direções, erradamente em Castro Alves. em detrimento naturalmente Era ele sobretudo um visual, de sua. cqncentração interior. voluptuosamente empolgado Mas, se como quer Dilthey, à !)ela intensa claridade d<ll'!I tró- . raiz do pensamento· de Aristo– :picoe, donde a nitidez com q1.1e .teles, a base de toda verdadei– ;as arvores se recortavam no ra poesia é a vivencia, a expe– lbçrizonte de suas vis~s. E riencia vivida, com os elemen– quaisquer que sejam, as suas li- tos de toda especie que entram IJ!itações, em consequenc1a dls- em relação com ela, como con– to Castro Alves tem que ser deriar Castro Alves ·por ter o– julgado em si mesmo e náo bedei:ldo. a esse imperativo ír– ll)Or qualquer preconceito ex- refugível de sua propria exis– elus!vista de escola ou de outra tencia? ·Justifica-se portanto natureza. que sua poesia seja tão fert!l .E' portanto 'indispensavel a- em imagens do movimento. E é tompanhar seu "beau désor- precísamente a atmosfera erta– dre" principalmente com o da J>Or elas que lhe imprime oi>Jetlvo de compr~nder o que " r~tm,o dinamico da vida, em sua poesia de v4<>s largos re- razao do que tem podido atra– l)resenta como "substractum" vessar os tempos sem pen:ier o àe uma experlencia humana. prestigio correspondente aque- lc que sõ o desfruta a mocida– de. E' realmente a poesia de Castro Alves com-o um corpo jovem, jovem e va-ronil, sem– pre em ação, sempre em mo– vimento. Toda ela é uma su– gestão palpitante de vida {!Ue se irradia por todos os meios, e não somente em .:função de um idealismo moral ou polit1- co, como se tem procurado fi– .xá-la, restringindo-a à esfera de sua e:tusividade messianica. Sem a compreensão disto tal– ·ve2. não se possa tinar com o segredo de sua superioridade sobre as modas literarias. Não é apenas a beleza for-mal, que lhe assegura t?ssa vitalidade, Nem 08 temas, embora alguns dEles correspondam às mais nobres aspirações latentes :de qualqut?r época. E' sobretudo pela força dinamica, que o es– pírito de Castro Alves não dei– xava de impôr a seus versos, fazend-o-os :repassar pelo so– pro da vida ao ar livre. Isso é o que se depreende a um estu– do mais demorado de suas i– magens, quando u observa que as suas vivencias mais podero- 0 que tem sldo feito superfi– cialmente, com a biografia r~– :11:ulando as pesquisas, some~ para ilustrar a historia já de– l!linteressante de seus amores. Por isso, quando é identificada ~ inspiradora de um de seus E11trevistando • • • Vonclu..<:áo da iiltima )lal'ina) -il{iemas, parece não haver malll de la Francesca. . . hâ pontos «> que considerar nesse poema... de contacto evidentes entre os ~ nenhuma poesia vale ou grandes..• pode subsistir apen&S como - E' verdade que o senhor uma especie de correspondeu- somente trabalha sob inspira– da amorosa, dirigida à musa - ção? de carne e osso. Muitas vezes, A est.a ·pergunta, Chagall se justamente ai é que está o la• toma comovido, éheio de sim– tio vulneravel do poeta, por e- plicidade infantil, de doçura. feito de mais pronunciada ten- - Graças a Deus eu recebi dencia a seguir uma tradição uma certa dose de inspiração llrica sedimentada pela fraseo- que jam.ais me fa.lta <pensa um logia convencional. E' o lugar moment-0. a cabeça calda oo– eomum da felicidade verbal bre o ombro): r.!corda acaso ciue quase todos cons-eguem esses versos - "Mon coeur est eem correr o risco · de inova- · un lut suspendu: sitôt qu'on ~ capazes de violentar o le touche il resonne?" eosto generalizado. Esse tipo CIIAGALL E OS NOVOS tJe felicidade, raros no Brasil a "~TIERS" DA tiveram como o elegantisslmo PINTURA itfr1co de "Boa Noite". Haja A seguir, falo sobre as a- vista O resultado de rumoroso guas-fortes e a ceramica.. Ele ooncurso destinado a apurar me diz: flUais os mais belos versos bra- - Comecei a fazer agua– eileirOl!I, recaindo na escolha de forte há dois anos. Elas me wn dístico de Castro Alves pareceram tomadas de uma consagrado à · nossa bandeira. necessidade absoluta de luz, Pois, esse virtuosismo, de al- não de côr. A luz fecha nela gum modo prestigiado pela. Ie- todas as palhetas imaginarias genda galante do poeta, tem do mesmo modo que a côr au- 111do gabado ou combatido qua- tentica traz nela toda sua luz... ee · indiscriminadamente. r~ria Novamente · senti ✓necessidade ......,eivel fugir a esses amavios, de fazer aguas-fortes· por oca– ,,,__ sião de meu retomo dos Es– tornando por outros caminhos? tados Unidos. Por que? Se eu Claro que sim, Varios cam!- ' ~)los podem levar à compreen- rei, se sempre soube o que fiz de castro Alves: 0 da é porque eu acredito que :não men!agem civ1ca ou soei~ so- farei nada fora daquilo. Tudo o que fazemos é procura de bteleva todOl!I os outros, para verdade. Mas é díficil fálar e f>S que nele querem buscar o ,.u me fecho em minha arte llomem de ação. · Uns. prefe- como em uma caverna. Uma JleID o lirlcll da ternura. e não me envergonha estar entre e- caverna, entretanto, que é um ;Jes·, outros, 0 condoreiro de ri- templo, onde pretendo ofere- cer meu sacrifício: mas campanudas; e outros en- Insisto ainda uma vez: fim o polltico, o profeta da re- - Tenho feito alguma ce- volução, sem fazerem caso da rn.mica, que considero O re– qualidade de seus versos. · sultado 'de minha vida no Me- O perigo ~essas discrimina- i<l-Dia; lá se:qte-se uma gran– ~es é que Castro Alves acaba de significação deste velho 11endo considerado de maneira "métier". A propria terra, so– ~ncompleta e parcial, com um bre a aual a gente pisa. é ~m ~ :rótulo para cada aspecto. E O i1 luminosa e- nos olha como eta integral, aquele que es- 8e estendesse um apelo. E te– no centro de todos os mo- nho, às· vezes, a impressão de rimentos do homem inquieto estar ouvindo a voz de minha t destemido, solicitado pelas cidade natal Vitebsk ... 1rn.;Jheres e pela tribuna públl- Mas este sentido da terra não ea? Serà a soma destes varios ,;e capta facilmente. Vivemos Castro Alves que assegura a num tempo de bombas. pode– pern1anencla daquele único e remos talvez morrer. morrer fascinante poeta que, sem Ir- todos, não se sabe quando, e ritar nJnguem. põde vanglori- às vezes sinto um incontido ar-se: "Posteridade. és mi- desejo de me confundir com nha "' esta bela terra · cheia de fogo. Que é que esti.belece a sua E a ãbstra:i;ão? Não será magnifica unidade? A ação no tambem isto matéria para sentido aristotélico deste ter- abstração? ou se trata de fa– DM> relativamente à poesia. ser literatura? Verdade1ra- 14as. acontece que, quando se mente, a materla é sensível. ·iàla nisso, o que se tem em A qualidade é abstrata. o a– mente é exaltar a vocação re- mor é abstrato. 't'olucionar!a de Castro Alves, Falo sobre sua volta à A– refletida em seus versos can- merica. Haverá possibil!dade? dentes de combate e reivindi- - Como não? Basta que eu eação social. O impulso :·o- seja convidado. Sempre me ma.ntloo seria outro elemento comporto como uma criança: de ação. vamos dizer automa- ~ necess.ario que me convidem, tico. Porém, quando tudo fos- que me guiem e acredito que ee investigado· nesse particu- todos nós somos mais ou me– lar, uma coisa ficaria pairan- nos assim. Não há verdadei– do sobre as metáforas e as ros Hércules. No fundo somos imagens com que á retórica t.odos erianças, com um forte do "romantismo convulsivo" o desejo de sermos guiados. Há ajudou a levantar as suas mais dois anos, quando minha mu– eusadas construções: aquela lher morreu, acreditei que prodigiosa mobilidade que vi- tambem eu la morrer Parecia nele de legitima eufonia irremediavel. Porém, ericon- L · trei minha nova mulher, que 4, unidade de Castro Alve,; 6 ane renovou a inspiração, meu desejo de 't'iver. · Pensei ent-ão que minha antiga mulher que– ria que eu continuasse a tra– balhar e eis tudo ... - Seus proximos trabalhos? - nustre1 l'l! fãbulas de la Fontaine, faa multo tempo, mas os manuscritos e ilustra– ções estilo metldo!c! num sub– terraneo de Budapest, e at estã o motivo da demora. A– parecer!\ em breve, creio, uma edição dã Bfblla. com minhas ilustrações. Gostaria de dizer aos leito– res . desta entrevista que este serà o maior livro ilustrado . deste seculo :xx; mas - _per– gunto a Chagall - que dramas oorder-se-iam escolher na Bl– blia? O pintor sorri e me res– ponde: .- Bà 105 ilustrações ... 105. - E além disso. no que tem trabalhado ultimamente? -Na America fiz "décors" para ballet. Para o "Passaro de Fogo", de Strawinsky. A– qui, entretanto, não fiz nada nesse sentido. Vou voltar n Vence. - - Conhece os pintores bra– sileiros? - Tenho grande curiosida– de e vontade de conhecê-lós. _ Fico muito satisfeito quando encontro qualidades nos tra– balhos dos outros e tambem me alegro ouando eles julgam meus trabalhos. Mas se eu conheço pintores brasileiros? Sim, conheço um pouco Por– tinari e Cice.ro D!a!c!. Porém, ir.ostaria de conhecê-los me– lhor. Estamo.s no fim -da _entre– vista. Chagall agradece a sim– patia que lê nos meus olhos, e após· dedicar-me seu ' livro me · acompanba, - pronuncian.: do .novamente - "schpassi– bo". Antes do· 1iltimo aperto de mão oferceu-me um poema que escreveu na Russia e que nesta pagina estã sendo divul– gado pela nrimelra vez. Efeti– vamente nã.o devemo acrescen– tar considerações ao poema, pois ele é a imagem precl.~a da pintura de Chaga.II e od ho– mem aue ele é MEU PAtS Marc Chagall Meu.; apenas O país que elliste em minha [alma. Entre nele sem passaporte Cemo se fosse em minha Ele vê minha tristeza E minha solidão Ele me faz dormir [easa. E me eobre eom uma JtN)ra [perfumada. Em mim flereseem jardins, Minhas F1ores são inventa- [das, Minhas ruas pertencem-me, mas nelas não há casas, Destruíram-nas desde a ln- [fancia. Os habitantes . vogam no ar A procura de um abri,o. Eles moram em minha alma. Eis por que sorrio Quando o meu sol mal bri– [lha, Ou ehoro como leve · chova [noturna. Bo~.t q , Jem:M r.m ~~e• .se confunde com a retórica u- co, revelado em tantas compo– sas eram aquelas que só podl- sual do romantismo. Um dos sições, às .vezes incidentemen• am ser traduzidas em 1ma• melhores exemplos disto é o te. gens do movimento. poema "Aves de Arribação": Veja-se o poema "Dedicato-. Como Shelley, Castro Alves "Viajar! Viajar! A brisa morna r ia", com que abriu as suas estava cedo de que nada é Traz de outro clima os eheirO!I "Poesias Lixicas", onde descre– mais duravel do que a muta- (Provocantes, ve as intempéries a que seu li- bl:lidade: "Nought may endu- . A primavera desafia as asas, vro estaria sujeito; ou, ainda, re but Mutability"... E, se, Voam os pa!ISarlnbos e 09 . quando manda distribuir "li- em Alvares de Azevedo, pode [amantes! . .. " · vros livros a mãos cheias...• colher-se uma estetíca da Outro Ilagrante, não jà de Num e noutro caso, vêem-se os morte, por efeito de .sua mor- Impulso de ambulatorio, mas livros, não con~o coisas inertes, bida inclinação para as coisas propriamente- da estética do mas impulsionados por uma estátlc!lS, em Castro Alves a movimento em Castro Alves, força generosa .que lhes dá vi• estética do movimento ou da , está nuns versos de "O Hospe- da, calor, animação. mutabllidade, enquant-0 expres- de" comumente citados co- . Quando Castro Alves disse, são de energia vital. é o que mo um exemplo de tirtuosismo noutro poema, "o sanguç__ ga– prevalece geralmente, envol- iµ-tistico ou verbal, mas que· lopava-me nas veias", não · vendo até mesmo os temas que transcende francamente esse criou uma imagem tão ousa– soment_e sugerem imobilidade e limite: · · da; querendo, porém, descre• q_uietude; 1.' certo que o ro- "Quando a fanfarra toca na ver um calafrio recorreu a um mantismo deu especial relevo [mon~nha símile imprevisto: a alguns temas da mobilidade; 4 matilha dos· ecos te à.eom- como o de Ahasverus, respon- (panha "Qual munele do penhasco à savel por expN?ssões como Ladrando pela ponta dos pe- [borda "viajor erra.nte" e outras qu'e nedes... " Empina-se e uavando as terra- mais ou menos todos os ro- i!' raro encontrar-se uma [daras manticos usaram para expri- imagem que, como essa. cons- Morde e eM.arcéu; mir 8s angustia do absoluto ou titua tão · viva transposição ·do Um calafrio percorreu-lhe os do infinito. Em Castro AlVf''I, som em termos~ movimento, [museules. ••"· encontram-se tais chavões em associa.ndo-o .com tamanha Serà uma imagem de gostQ abundanc!a,' mas o que corres- propriedade a um ràpido tro- du:l'idoso, mas é certo que ex-– pomleria mt?lhor às suas viven- pel de cães de· caca. prime aquele senso do movi– elas de ,11;enio prófugo. ora ao o sensó di11amioo de Castro mento, levat:o embora a uma ,Lucida Poesia. • • (Coneu.lsie da L• i,agina) descortina-se-lhe a "ilimita– da paisagepJ do morto"; insi– pida, à força de nada lhe fal– tar. Justament.e por ~e mo– tivo requer a ternura mater– nal do acalanto. Que é· um morto, afinal, Aquele que "esgotou ó miste– rlo da vida" Na .-ida, sim, estA o mlsterlo. A crispante visão fio morto querido comu– nica-lhe a exatidão, na mA– xima slmpllcidade: · "Dos inome.-áveis vêws que es vivos rompem ou a. . . [ceHam, rettam para o mono, apenai, um vêa aderido ae rest~ Er.tre a vida e a morte, 1U11 [vla. Nada mais do que. wm •éa... Na lembr1U1ça em forma '1~ poesia, volta o morto a f'.l[is– tlr. Quem o conheceu, reco– nhecê-lo-é., nessa repetição de -vida, em n1tido retrato: ".~s eàl o -eneontraram je'riaL dialogava com o paflllarlnho [da pioJa Quamlo, sem tempo _de QOel– [xar, morreu". A figura é muito mais que um fantasma evanes~nte. Nit!do, nos -longes da sauda– de, ·atinge a força ··de presen- ça. . Nem por isso, a exlstetlcla evocada desfruta de autono-. mia. A que ficou se identifica com o morto. A "comunhão" 11onalidft, mostrou-se capa:a de isolar a poesia, insistamos, .. a unica 1orma de ser". J!! eXJ)erlmenta a sensação de maturidade. Pensava tal– vez em pl~ .ltude. Pelo. me• ~. tal impressão logo se apo– dera de quem se entreg_a à trui<:ão de sua mensagem. Nlo tarda, porém. en.: verificar que a autora mudou profunida– mente depois do terrlvel en– contro com a morte. Bem po– de ser que aaora se esteja ini• cfa.ndo outra fase de sua vida literaria, Jà mlsteriooament.e antecipada no livro anterior. Certo é que rema.te não há, nem coroamento, quando as pos~ibilidades do artis!a, dis– J>Ofit0 a renovar-se. sao ver– dadeiramente ilimitadas. Em forte lucidez, não isenta de suave conformidade - veja.– se o e:1:traordinarlo poema "Vem. doce morte" - "a que exalou o último suspiro" e pela primeira vez se contem– plou ao espelho inofuscado, tambem a outra: Ofélia- que "chorou nas praias ,últimas", sentirá que, no alto pensa– mento a que o estro atingiu, inevitavelmente, oom a mes– ma fatalidat:e dos fenomenos naturais, "o rio flvl, desco– nhecendo o cadaver de suas proprias aguas mortas". não à move o gosto de culti- ';'1\IOBY DICK" DE var a Ilusão ·de ainda o ter; antes 'essa é a sua ma.ne1ra de XELVILLE sofrer-lhe a dura aul!Cl'nria. Vitoria sob!'e a mesma dor. • Iniciativa editorial dipa de na extremá sobriedade, sem : um registro à parte é a do la.n– Remidps sen_timentruis, _se11i çamento de "Moby Dick", de descabelamento,- mas em do; Hermann :llel-..llle. Não ape– profunda comunicativa. atn- nas um dos maieres romances c!a no intimismo poético; Pe- · ·da literatura americana, mas minil, na voo de confidencia. ainda um dO!I grandes livro, A sobriedade da expressão. .as da literatura lllliversal, a lüs– imagens duras e angulosas. &orla da Baleia Branca, em um tom de arestas despolidas, !!Da versão brasileira, foi apre– tudo isso constitui a novidade senta.da pela "Coleção Fogos a nota esoacifica do grandt? Cruzados" em tradução, de livro de Henriqueta Llsboa. Berenice Xa-..ler. Pttfaclando Alguma vez. o crente es- "1\loby Dick" Rachel de Q-.Jei– tranharà a ausencia de mis- ros observa: "Diu.m os e!!ltu– .ticlsmo consolativo. Os acos- dlosos ila obra de MelYille tumados aos olhos dagua tal- tJ.De ao escréver essa aven,tura vez façam reparo ao coração no mar a intenção do autor de mulher. Observarão melhor foi pôr em · ·.mbol09 o. eterno e hão de- verificar aue fé e conflito entre o homem e o seu lagrimas são expressões dife- destino - a balela represen– rentes. Para se dar toda à tando o mal infinita do uni– arte, no anJ?ustioso sotrimen- verso e Acab a voniade do to, essa poettsa depurou a ex- homem que se opie a essas pressão, impregnou-a do mais forças. Será talvez assim, Mas fntimo e singular da sua per- . acontece entreianto que "Mo- by Diek" tem a par disso uma [tinha doas ea~as, srandeza proprla, que não ca- Hoove um tempo reee de simbolos para se lm- 1.i:m que estes dois res&oll pôr - antes transcende de Se eobriam de am orvalho qualquer aJe,:oria e a-tinge [amoroso uma especle de reaUdade "pes– E se derretiam como o per- soai": - na 611a impiedosa fc- [fome de uma rosa. roeidadf' da é uma eolsa em A,ora me parece fli,.. Que mesmo qnande recoo t.embramos que no inqueri- Avanço to promovido por esta seção Para um alto Portal há aipos anos. "Moby Dick" Atrás do qual se estendem foi considerado por 'um gru- [muros po de escritores brasileiros co– onde dormem trovões es- mo um dos UI maiores ro- [üntoe mances da literatura •1Diver- E relampagos partidos. .eaJ. Aliás, não las molto o no- Meu é apenas •ellsta inglês William Somer- D paía 11oe e:nste em minha sei Maugham expressava em J--.:;: -- · _Iabna- arii.ro a. _mesma opinião. -~ amplificação extravagan~e. . Onde isso se torna mais s1g– illificativo é em presença de coisas e representaçõés estàti• ca:11. Uma imagem indireta do Bono, o sono de uma ave, no poema "Um raio de luar", mostra, de um lado, a percep– ção do poeta atraída pela .no– bilidade, e, de outro lado, o seu admiravel poder de obser• vação que procw·ei aliàs sali– entar em outro estudo: " ............ Come ireme Ne seno asa de vemba, assim [tremia-lhe O ressonar". Outzo naarante é o "Bino ao Sono", onde o tema é tra– tado de modo a projetar o so– no como um · viajor sutil, a :fronte .entrelaçada de "lan· guidas papoulas". •. Observa– se que, embora o poeta esteja a desejar esse balsaioo para suas atribulações, somente i– dealiza o sono em movimento e até lhe pede que o faça er– guer-se prontamente assim que sua amante . adormecida abra os olhos... "Mas 41aancle, ao llrilho rniilo Do dia deslumllraute; Vires a mJnha amante Qae •olve paza mím, Então er,ue-me súbito . .. " Enfim, o sono é mostrado coe mo um agente ativo que, caute– losamente, pela noite -a dentro, v:ai espremendo aqui e ali as suas dormideiras... E' uma imagem dinamica do "irmão .ia morte". Tambem a morte e os mor• tos inspiraram-lhe imagens dessa natureza, aliàs, seguin– do uma tendencia natural do romantismo, como no poema •Quando eu morrer .. . •• "Ei-la a nau do sepulcre - • ' · [eemiterio,_ Que pevé esiraaho ao porão · profundo! Emigran,ea sombrios tJ.Dé se [embarcam Para as pla.gas sem fim de ou– uo m1lDdo''• Embora entusiasta do movi– mt-nto, Castro Alves não se mosirava resignado a partilhar daquela emigração e, sempre absorvido no sjmbolo da ave errant-e que aparece continua– mente em seus versos, consola– se, observando: , " . . .Meos amigos! Notai_, bem [como _lUD Jtassaro O coração do mono •olta ao [ninho! ... " Qu"ando pensou em um tú– muio PªLª si, pediu, com o pensamento imerso na para– gem sertaneja: "Companheiro! Uma cruz n.'\ [selva eorta E planta-a no meu iosco mo– [nomen to Da chapada nos ennos . .. [(O qu'importa!) Melhor o Invento chora . .. e c,eme • -..ento, E Deus para o poeta o céu de– [saf.a - Semeado de lagrima.s de pra– fta! . . . .. Quer1a desse modo Castro: Alves dormir perpetuamente, onde a natureza sacudida pelos 1 ventos dos gerais. constitui es– petaculo perene de mutabilida– de, em consonancia com o rit– mo da vida. Simbolo tambem de sua existencia. efêmera e ardente como um meteoro.
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