Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950
FOLHA DO NORTE· OS. PLAGIOS ••• {Conclusão da la. pág.) moUvos e formas já ·caHsadas ela arte européia". Essas de- -maETOII 'l'Al_O MARANHAO -ARTE_,S 1SUPL!EMENTOj_LET-RÂS C~.AlldRADORH • ,monstrações, bastante convin– centes, vêm acompanhadas de· dratribes contra Gregório, la– drão e plagiador, e contra to– d-os aqueles que te1mam em considerá-lo grande talento 41rigina},, ou exp~essão car~c~e– ristica .do espl1'1to brasileiro ou baiano. Ot. ~LftM, - 4hlll50 uueni., BenedUo Nanee, Bruno de lteunea, Uaal>J Crm. C6cU Melra, Clfe Oernardu. Uanle.l Coelll1 d1 douaa. li' Paulo llen– dea. Ganbalcll Bnsll. ~•rolde Mara11111.à Lcvt &IJ :Se tlour• Mano. Cuolu, Mano t'allll1J.Jle, Ma:x Marttru. Nat.lbclo NcwbcUo, Nunee Pereira, Orlando Bilar. Otavto llendooea Paole Pllnlo Abrea. Jt. lle Soaa Moura. IUbamar dt lloara, &U1 Gullber– m• ISara~ ltw CouUDbe I SuJ&au LnJ •ClllleJD• l>laU ou WO: - A.lvaco Lllla. Au,-ic, P'rt'dertee lcJI. mtdl. AureUo Buarqae de Uoland-, CarlOll onun. mond de &ndrade. C...l&no Ricardo, ·Céc:Wa Hei• reiea, Cyre d• ,'I.DJol. Fernando IJablao. l!'e,_Dd• . F 'r.rl 'etra de t.eanda. <WNrto IP'reyre. IOH Uni de lle,-o.• Jorgt de U11111, Lfdo 1-.-. Lalll!a MJpet Pe. reira. Maria da :Jaadade Cortedo. r.tarqu..., Bebei~ Manuel Bandt-lra. Maria Jalftta Dnmmen._ llut,. to Mendft. Ot\o Maria Cu,,taws. Paule 11611111 • Rachel de Quelroa. DI!: 8 PAULO: - Domlnps Cllnalbo .. 80.. •L Edgar Cavalhetro. llolff 8uUde e !Urcte lllllld, IJE BEi.O UOIU%0NTE: - Alpbo- l9e 0111- maraem -fflho e BDCM de lllvera . OE CIJIUTIBA& - Dalton Trntaan • tvllNa llbrtina UE PORTO ALEGllBi - WU.On Cba.... OB FORTALEUt - Ae&n!o Gldo a.n... Alafslo '9eddr-, llrap IIGD&naepo. .Joio Cl1- Bezern e J01t Stenle l.o9ea. NO·TICIÁRIO CINEMA. E LITERATURA • O diFetor. Alberto Ca•alean, ti, que e11tá rodando em São rauJo as duas primeiras pro– duções - einematograficas da Vera Cruz, e nome mundial– mente conhecido, espeeial– mente na Inglaterra., onde rea– llwu grandes r.Jmes, ·tem so– licitado a coJabora~ão de inu– meros escritores brasileiros - programa de reallsações que um tle traçar. Entre oe pro– je~ ,le eavaleãnti assinala– mos: ." O Irmão· das Almas". a.dapt~ão cinrn,ato~afica da comedia de 1'1arlins Pena, eom ,cena.rio de Gustavo NODDen– berg e diá1oges de AnniW Mad1.ado. Carlos Drnlll.JDelld de Andrade e Rodrigo Melo Franco· de Andrade; "A Vida df' S;,ntos Dumont", em es– crito do romancista José Mao.. ro de Vaseoncelos, e final– mente "0 Escra.vo da Noite" f,\ vida de N(lel Rosa), histo• ria do reporter David Nasser com cenariz~ão de José Mau– ro de Vaoeoncelos. • Só recenteme11te o escritor itallano Malaparte foi revela– do ao leitor brasileiro, que fi– r.•,-,,1 conhecendo um elos gr!"Ul– r..~s romanees do nosso t em- ))O: "Kapput". Infm·ma-se a– gora: o majs recente livro de Malaparte, •" A Pele", foi J)OIS– to no lndt:x pela Igreja. Tan– to na França como na Italia. os periodlcos literarlos se dhri– sfram na apreciação do fato. • Enquanto isto, Arthu! Ko– estler, romancista ,. ~n,;ai,;ta da mesma linha de Jl,falaparte, ttm ile adaptar pai-a e tea– tro seu Une ..O Zero e o ln– finite", ol>-ra t,á tratlnzida DG Brasil e a mais fau:osa de aa– lor de "O logoe ~ • Comis- sário". • . • E por falar em teatro: Je– an-Paul Sartre está preparan– do uma nova peça t1ue se in– titulará. ."La passion". · • Jemais lendrinos a:ouneiam o proximo lançamento de am neve remanee de Cbarlee Morga"llt, "A Pasiagem ". Mor– gan é inegavelmente •• tlH escritores in«leses mais apre- . eiadN entre eõs, .!""5 ~ oit seus romances Ja apareei– ilas n• Brasil - eom eicet;áo de "Retrato num Espelhe'" - ti•eram mais de ama edi– ~o, notadamt.nte "A Via– trem" cae eimtl.noa sendfl • lhro preferiff · pelo Jeiter. aa– elenaL As traduções e imitações de Quevedo descobertas por Silvio Júlio encontram-se nos sone– tos A •itla seli&ária, (2) A uma da.ma sobre um sonho amerese 4ue e Autor teve com ela, (3), Ae rio Caipe (4) , A 'BDla dama flue se queiiou de não a ..-er o poet.â sei:µnda vez, t5) ,Efeites contrarios do amor, (6), nos tercetos de Os Vicios, ('1}, no. epigrama Ao Confessor t1o Areebisro, D. Frei João da Madre de Deus, (8) ; nos ro– mances Satiriza ategóricamen– ta a 'l'ariOs ladrúes d.a Jlepú-· bliea, (9) E Betiea a bom mato ,-ens (10) ; Das déchr.as de Estamos na eriswndade (11) e de outra poesia que 11ão conseg-.rt identificar <e ende se lêem os versos "Não porque càsta vivesse, mas por- 11ue fez muita casta''). No que diz respeito a. Góngora, a.pon– ta o soneto A Maria de Po•os nà fotura esposa (12), decal– cado em dois sonetos deste; ]>Or outro· lado, procede pela primeira vez a um exame de a 7 cusação antiga do Padre Lou– renço Ribeiro e conclui pela aua · comp1eta proceElencia, ·mostrando como o s-oneto Ao Arcebispo D. Fr. Manuel da ltessarrre~• (13) é efetiva– mente tradução quase literal de um terceira soneto gongó. rico. Por fim, levanta justi':– cada dúvida quanto à origina– lidade do· soneto A Jens Cris• tu Nesse Senhor (H), por ha– \·er sido encontrado num an– tigo codice uma variante es– panhola do mesmo, atrj.buida a Sá de Miran1la. Acrescid-Os tais emprestimos a,.;:, anteriormeate anotade5 por Ol1tros pesquisadores.e não hesitou Silvio Júlio em afir– mar, no seu estilo tempera– mental, que "os fiefenseres da propriedade intelectual 'Dão achariam exemplo tão frisaa• te de violação em nenhuma li– teratura do resto do globo". Sua filipica, no entanto, pa– rece não ter oonvencido a Pedro Calmon, para quem "O que hé. de belo na obra hete– rogênea de Gregorio de Ma.tos extme-,o da falta que certa– mente não foi dele senão de quem lhe compilou as poesias misturando autores. de passar po-r plagiário- ou tradutor de Gôngora, Quevedo e outros s].ássicos. Oumpre--nos separar o j-01& do trigo". (15). Mas Pedro Ca-lm&n não empreende t.l seJ)aração a ponto de in– dicar como 1,1m dfls mais be– los poemas de Gregório um dos menos orjginais. Ao mes– Ill-0 tempo pareet!-nos simples de mais inculpar o compila.- dor por um fenomeno que era - racteristieo de toda uma es- LETRAS~ - eola !iteraria. • • ,-:1clusão da iltima pagll~) ____ Por sua ~z, Segismundo Spina, selecionador de uma antologia dos poemas de Gre– gório, entra 0 m aberta discus– são com Silvio Júlio, afirman- lwra bri!hante é pronunciada diante de testemunhas, ou . é divulgada, mas existe uma forma de tomico que é inócua, e preciosa ao diplomata: o! hu– mor. O homem de espirito zomba dos outros; o humorls– ta wmba d'e si mesmo. O em– baixador que ..tem o senso de humor, em lugar de irritar-se 1núltilmente com as desmesu– radas propostas de um cliefe de governo muito apaixonado, :sorri tnterlonnente da veemen– cia de seu interlocutor, e con– serva, assim, a sua paz pes– soar, que lhe ajudará a conser– var a do mundo. O sentido do humor dev:eria ser exigido dos candklatos à carreira. Por todas essas razões, pa– re-ce que os dotes de homem de Jetras e os do diplomata são mais JU menos os mes– mos, e qlie h-á afinidade entre ambas as carreiras. Creio qu~r se encontrará., esttldando a historia da diplomacia, nu– merosos exemplos dessa dupla vocação. Chateaubriand· é um dos mais brilhantes. Embaixa– dor em Roma, em .Berlim, em Londres, gosta da missão e de– -sempenha-a bem. Jamais o embaixador esquece o homem. ê ~ letras. e foi durante 3 sua permanencia em Lond:res que redigiu uma parte de suas "Memoires :i'Outre Tombe". Outros tornaram-se escritores ~Àe MROBelltadO!õ. J/1-uito.S diplomatas esereveram suas memorias e o fizeram com ta– lento. Na Academia Francesa, igualmente, sempre houve _um ou varios .ruembros provemen-: tes Ili!\ dipltimacia. Alguns em- - ba-ixad~res que tinham esses dotes, sacrificaram-nos às suas funções e prodigalizar.aro ma– ravi-lhas de estilo nos despa– chos destinados aos respe-cti– V61! chefes. Suçede ainda, as vezes, descobrirem-se trechos de antologia em alguns Livres Brancos ou Amarelos. A des– crição, por "Sir" Eric Philip– ps ou por André François, dos primórdios do nazismo repre– sentam notaveis documentos hlstoricos. O Quai d'Orsay, quando al! imperava PhiJip'pe Berthelot. era o paraíso dos poetas. Foi esse o tempo da grande carrei– ra de Paul Claudel. As mis– sões do embaixador proporcio– nam ao poeta paisagens e ima– gens. Nessit ocasião o sedutcr Giraudoux foi inspetor de pos– tos diplomatícos, enquanto A– lexis Léger <em poesia Saint– John Perse) escrevia o Anaba– se, e todos se preparavam para ser secretario geral. Não se perdeu ainda semelhante tra– dição, e cumpre esperar que r.ãc se perca nunca. Qua.nc:lo os embaixadores conhecem o pe- 50 das palavras, os povos têm oportunidade .de. ~nheoe: a ~-. ........ do que "só a noção da !lllen– sidade literária do bardo faz naufragar esse suposto des– -recimento de sua obra" (16) . Á seguir passa a expor que os pretensos plágios deste não diferem na habitual utili– zação de um tesouro poético universal "numa época em que não se fazia a menor idéia do (!Ui! fosse honestidad-e literá– ria,.. Talvez se pudesse aceitar essa argumentação (embora muitos dos emprestimos assi– nalados consistam em mera tradução de poesias inteiras) se os d-ecalques · de Gregório de Matos parassem aJ. Ainda há pouco, mostrflu Clovis Monteiro com um dos sone– to.; mais famosos de Gregório, Buscando a Cristo não é de– le, devendo <:er atribuido com toda a probabilidade ao poeta português Manuel da Nobre– ga <17). !Assim dGs três ce– lebres "soneto! do arrependi– mento" de Gregório <18), que figuram em tantas antologias e tantos eJogiJs mereceram dos críticos. atualJLente só um. & Jesus Cristo Crucificado per– manece no seu ativo, pois do terceiro. A Jesus Cristo Nosso Senhor. Silvío Júlio já apontou a J)l'Ovavel fonte castelhana) . Começando a respigar. por minha vez. na extensa produ– ção de Gregório, não deixei de enoontrai: _ ®U!Otl _ ez,emplos nagrantes de arremedo. As– sim, nas quadras do soneto A rôgo de uma. dama que se rio despreza.da 11.e seu , a– mante (19), encontram-se uma das rimas e part.e das pala– vras do inicio de um S{)neto de Quevedo. Gomo tant:is ve– zes, Gregório só copia_ pala– vras: a idéia fjlosofica de Quevedo, tão caracterist1~a ~a escola. conceptista (a vitoria do amor sobre a pretensa li• bel'dad-e-- da alma) desapare• ceu. Em outro soneto, Rttpon• de a. um amigo em matéria amoros.1, (20) subsistem a a– presentação, o tom didático e até o nome do amigo a quem o poeta dá uma aula ~obre- o amor;· mas perde-se a substan– cia da aula, e é melhor assim pois como um poeta do tem– ,veramento de Gregório pode– ria adotar a tese platônica de que a J,)0sse afela o amor, en– quanto a pretensão insatisfei– ta o embel-e-za1 As expcrien– cias mais diretas não provo– cam no poeta reaçães subje– tivas, mas sim reminiscencias: tal acontece no soneto A.o honoroso cemeta que a.pare– ceu na. :Bahia., (21) fenomeno que leva Gregório reproduzir as reflexões de Quevedo p1·0- vocadas por outro cometa; as– sim no ••epigrama" <esse ter– mo na coletanea de Gregório se refere não raro a composi– ~ões extensas) Aos eavaleires (JOe eorreram Da luta. d.as rirgens do ano de 1&85 (ZZ}, cujo assunto parece vivido e estrita.mente local, e. que no élntantt> é a imitação às vezes literal da Flesta tle ter• c:on rejones ai pfincipe de Gales, do mesmo Quevedo. Com a descoberta de taJs originais poder-se-ia retificar algum traça do retrato de Gre– gório, que passa por um boe– mio inçorrlglvel mas ao mes– mo tempo por um homem de vasta cultura. O exame das pa– lavras e citações lati.nas inl'-lul– das em seus poemas faz sus– peitar, por _exemplo, que .de latim ele mal conhecia os ru– dimentoo e uns poucos frag– mentos do .uso aclesiastico; suas alusões a autores anti– gos, visivelmente de segunda mão, confirmam esta suspel– ta. Veja-se o começo elo Re– trate do Governader An'6nle de Sousa de Menezes chama– do o Brato de Prata (23), em 11ue esse inimigo do poeta é tão cruelmente ridicularizado. Eh, não te espantes, não [dom Antomo. Que se atreva a Bafa Com · espremida voz, com [plectro esgu10. Cantar ao mundo teu rico [feitio, Forque é jâ velho em poe– Itas elegantes O cair em torpezas seme– [lhantes. Da pulga acho que Ovidio . [te:qi já eBcrito, Luci,ano do mosquito, Das rãs Homero, e destes [não despre:zo, Que escreveram matéria -de [mais peso Do que eu, ql.k! canto coisa. [mals delga:ta, Mais chata, mais sutil. ma1s [esmagada. Dlr-se-1a que Gergório está invocando autores sabidos de cor e salteado para aniquilar a sua infeliz vitima. Nada dis– so: o que ele faz é apenas tra.– duzir uma das · eanciones · de Quevedo, A Una. Mujer Flaea: No os espanteis, senora No- ' [t.omia, Que me atreva este dia, Com exprimida vez conva– [leelente A cantar vuestras partes a [la gente; Que de hombre-s es, en ca– [sos importantes, EJ caer en flaquezas seme– [jantes. Cantó la pulga Ovidio, ho– [nor romano, y la mosca LuCil!JIO; De las ranas Homero; Yo [oonfieso Que ellos ca.ntoron cosas de [más peso; Y o escribiré C'Om pluma mas [delgada Materia más sutil y delicada. A leitura do origjnal escla– rece, aliás, algumas ~xpressões um pouco obscuras da tradu– ção. Talvez o "dom Antonia" do pl'imeirn verso seja apenas uma corruptela da "senora Notomia" do espanhol. que porven tura Gregório não en– tendeu ("Notoniia" é fo-rma pot>ular d1! "anatomia") E' possível que os conheci– mentos de italiano at.ribuidos a Gregorio não pas.sam tam~ beSl de uma piedosa lenda; pe– lo Plenos lá onde.ele dwginde,. bomingo, ~ de Setembro de 1950 ; --------------,-...... ·· -li ., " _Uma Lição De Valéry. CConculsão da l,ª pagina) tema, eram um meio de mo– dificar ·pela reação a persona– lidade do autor, enquanto que, na opinião geral, são um fim, quer correspondam a uma necessidade de expre1;– são, quer visem a. vantagens ou gloria. "Assim, era de or– dem intima a sua objeção ini– cial vinculada ao desejo de ·a– perfeiçoamento do espirito pelo exercício gratuito de suas faculdades. E haverá au– tentica vocação intelectual sem esse amor, um pouco e– goísta, pelo espírito? Quem não o quiser cultivar por si mesmo-, nunca foi tentado pelo demonio da i!lteligeucia. Mas logo outras dúvidas ocorrem, trazidas pelas relações entre os elementos espirituais e a ·prá– tica de uma atividade "que se pode quase definir pela per– petua con:fusã-0 entre a vida, o pensamento e a profissão de quem a ela se entrega. ( . ..) O escritor consome tudo o que é e tudo o que o toca. Seus pra– zeres e seut males, seus nego– cios, sua infancia, sua mulqer, seus amigos e seus in:imigos, seu saber e sua ignorancia, tudo se precipit.a p a r a o fatal papel; há quem busque aventuras, irrite algu– ma úlcerã, cultive infelicidades para ter assunto, e depois que se inventou a "sinceridade" como valor de troca Jiteraria (do que já é de admirar no imperio da ficção), não rest.ou tara, anomalia. segredo que não se haja t.ornado precioso: uma confissão equivale a uma idéia". Talvez Valéry levasse um pouco longe o pudor, que estará porventura na raiz do hermetismo de sua poesia; tal– vez se- revelasse excessiva~ mente cerebral, desdenhoso dos fatos, ao afirmar que só guardava na memória as idé– ias e algumas sensações. Mal! convenhamÓB que há hoje · al– guma demasia nas confissões se Ao rio Caipe, memora••• pelos •erses •• Poe&a, a!ISim como o ficoa senti• o 881'&':& pe– los do Petrarca (24), ncs faria admitir influencia italiana di– reta, está apenas. e bem servil– mente, copiando mais .uma vez o seu Quevedo, como já o mos– trou Sílvio Julio. 1) E.ilvie Jalie, Penhaseos, -{)a)vino Fo., Rio de Janei– re, 1933, pp. %45 a. Z59, e "~ações na litera&un bra– sileira", Lin. Antanes,, Rio, 1938, pp. ltZ-131. 2) .. Obras" de Grecorio de Ma.tos, &I. t1e Aeade– mia Brasil.,ira 4ie Letra11 vol. II, p. 1'18. 3) .. Ibidem", 'fel. J0. .. 3%. 4) "lbidem", 'fel. D, p. Z't. Sl "Didem", 'foi. D, p. 33. 6) "Ibidem", 'f0L D, p. 3f. 7) "Ibidem", 'fOL, IV, •· .u. 8). "Ibidem•, •oi. IV, p. Z97. !I) "Ibidem.., .'fel. IV, p. 242. 10) "Ibidem", 'fOL IV, p. H3. 11) "Ibidem", 'f0L V, p, zu. lZ) -"Ibidem", 'foi. n, p, 3L 13) .. Ibidem", ,-oL D, p. 7t. H) "Ibidem", ••l 1, paf. 91. 15) Pedro Calmou, ..Histo– ria da · Literatura ·Bahia– na", 2a. ed. Livr. José O· Jympio, ·Rio, 1949, p. 34, 16) VoL D da Pequena Biblioteca ele Literatura Brasileira: "'Grtgório de Matos" Intreduçãe, sele– ção e notas por Segismun– do Spin:.. Ed. Anchieta, S. Paulo, s. d., p. M e ss. 17) Clovis Monteiro: "A margem das obras. poéticas de Gregório de Matos", no n. de 13 de janeiro ie 1950 do "Correio da. Manhã". 18) "Ibidem". vol. :r:, pp. 91-93. 19) "Ibidem", vol. 11, p. 44. O soneto corresponden– te de Quevedo leva o titu– lo segui-lte: "Que de Lisi el bermoso desden fne la prision de su alma libre" 20) "Ibidem" vol II p. 68. Em Quevedo: "A um cabaHrro que se dolia dei dilatar-se la pesesio: · 1Je su amor". 21) "Ibidem ", vo}. JV, p. 69. Em Quevedo: "Desacre– dita la presuncioo vana dos cometas". Z2) ''Ibidem", vol. JV, p. 316. Z3) "Ibidem", vol. IV, p. Z65. Z4) "Ibidem" .voL !I, p. u. . - '--- -...J plÍblicas, que v1c1am escrllo– res e leitores, aqueles caln_do– na facilidade das recordaçoes e da:s anedotas · pessoais este~ viciando-·se em ver na ob~a apenas um meio de descobrir o homem, _de deliciar com suas fraqu-ezas a curiosidad1; tão comum pela miséria alhei..a. Não é porém apenas essa. quase impossibilidade de res– guardar-se quem vive de • para escrever que parece pe• rigosa a Paul Valéry; como profissão, "a literatura oon– tém apesar de todos os es– for~s em contrario, quer o qu-eiramos quer não, uma_ ~s– pecie de política, competíçao, idolos numerosos.- uma com– binação infernal de sacerdo– cios e negocios, de intimid;ide e publicidade ( .•. ). A atmos– fere. literaria é vá, conte-n– ciosa, agitada por ambições d-os mesmos premios, e :_:ior movimentos que disputam a superfície de opi~lão · pública. "Chega a discernll' nela uma atividade semelhante A. da 'Ból:• .. sa com valores que se intro.:. · · dJzem, se exaltam, se rebai• · . xam, como se fossem -merca• .. · do! 'i.as . "O resultado é que re• ·: :side nas pessoas ou .nos. no- · mes nas especulações neles.. bas~adas, ijas postçóes a eles atribuídas, o intedesse desse. mercado: e -não nas obras,_ que deveriam ser apreciadas: _em completo isolamento um.as das outras, e independentes de· seus autores. O anonimato se– rla a condição paradoxal que-· um tirano inteligente impória t.s letras". Outra consequencla fune.sta de ta-1 situação é, segundo Va– léry, a preocupação da novitla– de, da originalidade, de cada geração querer ser diferente das que a precederam: " A "contra-imitação" tornou-se um verdadeiro reflexo. Faz de– pender as obras, não do esta– do de seu autor, mas do e-sta– do do meio. Como sucede, po– rém, em todos os efeitos de choques, o amortecimento se opera rapidamente; vi, em cin– quenta a.nos, não sei q.iantas originalidades surgirem, quan– tas criações a contrario luzi– rem, ser.!m devoradas por ou– tras,,se reabsorverem no esque– cimento: se alguma coisa fi_– cava era graças a qualidades estranhas a esse proposito de novidade. A sucessão apressa– da dessas buscas do n·ovo a to– do pre,ço conduz ao esgota– ment.o real dos recursos da ar– te. A ousadia das •idéias. da linguagem, e mesmo das for– mas, é preelosa~ é indispensa– vel à resolução dos problemas que o artista tem dentro de si mesmo. Neste caso ele inova inconscientemente. A ousadia sistematica é que é detesta.vel Tem uma perigosa. influencia -scb::e o público, no qual deter– mina a necessidade, e em se– guida o têdio do choque, ao mesmo tempo que engendr;;, a– preciadores superficiais, !Jlle admiram tudo o que lhes dao, contanto que sejam os primei- . ros a fazê-lo. Tanto oontra a acilidade :,omo contra os requintei: ai-ti– ! íciais, contra os anseios de confessar~se como contra as solicitações dJ momento ou as– emulações, contra a ambição de gloria como contra is de lucro, alerta Valéry os escri– tores. E não-são estes, no pla– no interior e no exterior, o.s riscos que correm todos? . Sem dúvida, para os .evitar de todo. seria necessario o iso– lamento completo. Ele mes– mo confessa que os caminhos da perfeição !iteraria só se a– tiLgiram na quietude orien– tal ou no retiro dos claustros media.veis. Mas dá. dois con– selhos de avisada sabedoria. O primeiro é estético, refere-se ., necessidade de disciplina. de de re-speito às regras de com– posição que, por isso mesmo di– ficultam a criação, a fortaleza. "Seu objeto profundo oonsi3- .;e em conduzir o homem com– pleto e organizado. o ser feito para agir, e que perfaz rm re– torno. sua propria ação. a a– firmar-se na produção das o– bras do espírito" Vista ..s– ,im como uma ação recriada conscientemente. a atividai[Je liter&ria · adouire um sentido proprín e p1eno embor:i :.O se desligue da. realidade. O outro é mais ético: " Esconde o teu deus, pois, como é a tua / força. enquanto é o teu maior segred-0. é a tua fraqueza, auando outros o conhecem". Isto é. não te vulgarizes. não te derrames, resguarda aque• la pon ta de misterio sem a qual. na vida como noo livros, a-s criaturas perdem logo o interesse. Não será esse um dos regredos do prestigio perma– nente de- Machado d.e AssisJ
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