Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950

IJiberdade PAUL EHM R.D S obre os cadernos de es– [ccla Sc,bre a carteira e nas a rvo- . [res Sobre a areia sobre a neve <,,.-avo .o teu nomó Se bre as paginas já fülas K:iàre as paginas-cm branco Pt-dra sangue papel cinza Gr.a\'o e teu nomo E:e°!Jre as imagens doiradas Sebre as armas dos guerrei- . [ros Eobre a coroa dos reis Gravo o teu nome Sobre a jungle e no deserto Sobre os n inhos e nas gi- [esta.s Sobre o éco da minha in– .Uancia .Gravo o teu nome Sobre os êncantos da noite Sobre o alvo pão dá man.hi Sobre estações enlaçadas Grave e tea nome Sobre os trapos azulados Sobre e tanque sol metado Sobre e !age lua vha GraTO • tea nome Sobre os campos no Hori– [zonte Sobre ·asas de passarinhes ~ se•re o melnho das sem– r•ru Graye o teu nome So))re a Tlraçãe da aurera !Sobre o mar sobre es na- [vlee So))n a montanha demente ~raye • teu nome Sobre a espuma das nuveas Sobre o suor das intempe- Elfflt &bre a cbul'a espessa e in– [sipida ,--------------- Considerocões p -R-OC ESSOS ·oo 1 CLJLTt.SMO . J O Poeta ..... obre_ Ri mbaud TOMAS SEI XAS Na Obra de Gregório · de Matos p ERCO-ME em divagações ao imai:inã-lo mutilado no hos- forte. J'aural de J'or • - , e don- em ·rnce de um insulto como de na realidade voltou estropea- es,;e não sou eu e sim o severo, do, mortalmente abatido, tra- o sevel'issimo sr. Daniel·-Ro9s zendo apenas um punhado de que vem em defesa de Rim– ouro angustiadamente, acumu- baud: "C' st n'est pas une r ai– lado e já agora quase inutil em son pour que nous le jugions. suas mãos feridas. Imagino-o a Nolite judicare... J amais se ne repetir em pleno delírio, com fu t ' plus vrai qu'avec ce mau– grande magua ou como um pos- vais en!.lnt. Nous avons touts sesso que a c.;r avana ia par tir no- les droits sur lui. Nou: sommes vamente e que - embora nele dans la no1·me, la vie p aisible, ninguem quisésse mais acreditar le bonheur et la !oi. Ne nous - fôra r ealmente por delicadeza enorgueillissons pas trop : il e,;t ~ue tinha perdido a sua vida. , . m oins pharisien que nous. li est Sim, à semelhança: de Claudel eu mené par sou sana, ~omme di– sou um daqueles que continuam sait Rainer Mrria Rilke de 11 acr editai· sem vacilações nas Charles de Témér aire ; il Jaissait pital de . La Concept!on de Mar– PAULO RóNAI seille, de volta da A!rica don– de,._ imaginara voltar rico, pode– ro~o. e com um corpo de ferro - "Je r eviendrai, avec d es membres de fer, la peau som – ,bre l'oeil furieux ; sur mon masque, on m~ juger:1 ct'une rece A m·lgin:illdade niío era ne– nhuma característica nem siquer dos m e~1.res do cultismo . GianbattJ.sta Marino imitou ou copiou Claudiano, Homero,. Lu– ci:.no, Teocrito, 'J'.â cio, Heliodo– r o Lucano, Apule10, Dante, P e– t rârca, Sannazarro, Vida, A – rlosto e muitos outros; Gongo– ra lembrou-se de 'l'asso, San- 1,azaro, Groto, Arlosto,· Tausll– lo; Quevedo t!eleitava-se em _ I– mitações confessadas de Marcial ma~ às vezes 'su1'J)r ee11d.ia- tse t r:iduz!nclo Camões sem dizer agua vai. O que prejudicou a Gregorio de Matos foi os i;eus incidelos s erem exclusivamente castelhanos. A semelhança ex– cessiva entre os dois idiomas, a JlOl,s.lbllhdade dle se utilizarem as mesmas rimas e os mesmos estribilhoo c:onvldavam-no ao decalqúe. Costuma-se ale1ar em sua c:ie– fesa que a.:; Ideias da éJ)Oca a n si;>eito da pr opriedade intelec– tual eram dilerentes. Mas que os· seiscentistas sabiam cilsUngulr entre imitação e pla(!io, cle– menstra-o não somente a sati– r:i. jA, citada do Pndre Lourenço JU'lleiro contr a G rc~orio, como 1ambem um sonb.o cnste "A certo doutor Ignorante rnostran– J)Or suas tH»as deeimas que se entende eram de Antonio Fonse– ca &ares• Gregorio a debkte– rar contra um :e?aaiador n.llo deixa de ter graça sobretudo quando se considera · ·que nem islquer dessa vez soube aer ori– ,rinal, J>Ols J)edlu emprestadas a Quevedo todas as rimas do 110- 11eto, U), Uma unica vez admite · Gi-e- 1t0Jto , esta.t traQAJ:nb!do ovtro auto-r, quando anota acima ele 11~ elos sonetos Na D. Angela•: NE' tradução de eut:ro soneto, com11oeto J)Or Filipe IV, Rei ela Espanha• (2) Dlr-se-ia 11ue pre– tende -e!conder propositadamen– te e nome de seu prlnd11al mo– delo, 1>ols o ori1iJ1al ni'lo é tle FHtJ>e JV, e 111m de Quend.e, Tal requinte é ri:petido em na– da menos de' trf,s poemas das "Obras" de Gregorio (6) - um (Ccntinua na 3a. página) POEMAS DE MAURtCIO SOUSA FILHO . ANSIA EMBALDE O CANTO SE PERMANEÇO LONGE EMBALDE O MAR SE O VENTO DO ACASO ME LEVA PARA . [A REGIÃO DO NUNCA. QUE FAzim NO MOMENTO GRAVE SE CRESCE A FLOR [PROFUNDA NA ESCURIDÃO DA NOITE? COMO VOLTAR AO ANTIGO SE O PASSARO SE CONFUN- CDIU COM O ANJO NO SEU RITMO DE ASA? CAPTAR A PUREZA PERDIDA NA FONTE E RETOif.NAR COM A ANSIA DAS ONDAS DO MAR. suas palavras , eu sou um,. daqui!- transparaitre dans sa vi<. ,e que les que continuam a acreditar d 'entre nous diss!mu!1;nt au fond .sem vacilação na sua delicadeza. inavouable de Jeur coeur. Jusque Que razão suprema o teria lc- dans la boue dont il aime à s e v ado a abandonar para sempr e a barbouiUer, il y a le témoign2 ge poesia depois de haver r asgado d'une pureté per due dont nous au– J)ara a mesma horizontes Inteira- rons à voh: que le drame a elo– mente novos? Talvez Rimbaud ha- miné sa vie, et dont tant d 'emre ja sido maloré lul um 1rande ·eeux que le m éprlsent n'o:it mê– exemplo da lição divina de que me 1>as !e plus petit s oupçon". nada nos deve prender de f.or- Durante suas constantes .vaga– ma definitiva a este mundo. bundagens de sonambulo pelo• Sim, talvez seja esse o motivo 1>rlnclpais centros da Europa inu– por que a sua poesia nos conduz mcras·vezes Rimbau , deve s e ter à rea!ão dos m ais bélos e ao 5entido na mesma situação do ESSE DESEJO DO ANTIGO ESSA MUSICA VIOLENTA E DESESPERADA DESMANCHANDO A AURORA EM SOM PERDIDO COMO DE NOVO AMAR SE.m INATINGIVEL E ÀUSENTE? MüSICA IMPRESSENTIDA E A MUSICA- VEIO NA NUVEM E A. NUVEM ROLOU SUBITAMENTE EM MEUS OLHú8 DESPERTANDO A ESTRANHA FLOR DO. ENTARDECER inesmo tempo mais tristes pen- Orestes, de Sartre, quando se per– ..amcntos. E, quais são ·afinal uS gunta: "Que sui-j;:? J'exi&te à 1 ulUmos 011 os verdadeiros destr- peine: · de touts !f'S fantômes que nlos dessa poesia que tanto con- rôclent aujourd-hu1 par la , .ne tradlz · e confunde · os criticos? aucun n'est plus fantôme ~ ~ue A despeito d a · sua forma auda- mo!. J'ai connu des amou1·s de ciosamente m oderna a J)Oesla fantóme, hesitantes e claisec·més ele Rlmbaud lembra a arte ane- comme des vapeurs. E, ainda co– dieval, as estatuas de pedra, as mo Orestes Rlmbaud acaba •· em– catedrais g6ticas, e arte .,erdi- brouillé dans sa destméc commo da dos vitrais e das m ais J)U• les chevaux éventrés is'embr onil– ras iluminuras, um saudosismo lent les pattes dans '.eilrs lr.tell• artistlco de seculos - "quel lliê- -tins; et m aintenant quelque mou– cle à maln" - a· irostalllia pro- vement qu'Jl !asse, il faut qu 'il E A MUBICA VEIO NA CAVALGADA BRANCA DE POEMAS ACORDANDO ·O SONHO TOMBADO - NO PERFUME. A MUSICA DESPERTARA LEMBRANÇAS RISOS AMAR– [GURAB E Só .A AUSENTE SE PROLONGARA NO SJLÉNGIO FRIO E NA MANSAO DIBT.Ai-."'TE ONDE DANSAM AS BAILARINAS DO CREP(TSCULO. OüVIDA NAO ·SEI PORQUE ESTA MELANCOLIA ESTA ME CC>lq'– ITAOJANDO. lt. SOLIDÃO DE ROSA ABANDONADA E T:\l,ISTEZA DE NEVE NAO CAIDA SOBRE O TELHADO INVADINDO MEU CORAÇÃO 1unda de um passado remj>to. s 'a rrache les entrallles". Não sabemos, não poderemo11 jamais saber, se Rimbaud re- Talvez nlm'baud haja ;;4o o lll• ;\)mente converteu-se ou se per- timo e mais .for te representan-. maneceu tncrcdulo até O fim te da Idade edla i.um mundo (mlstique à l'état sauvage). espiritualmente decadente, lsso Mulkls dos ttus críticos e adml- talvez explique um pouco o n u · redores, baseados sobretudo no misticismo selvagem ou o .-eu · deJ)Olmento de Jsabele, aceitam desespei-o. · Os raros espíritos sua conversão final ao catoli- que o compreenderam um pou– clsmo: conversão muito J>0UC0 co eram tambem, mais ou m e– provavel. Pretiro admitir que nos, uns !naturais como ele: Ver– Rimbaud tivesse morrido incre- laine, Ger m:iin Nouveau e alguns .dulo, ateu indomavel. E como outros: a ultima e talvez m al11 Entre os, estrib!,lbe11 tle decl- GraTe e iea nome mae que Greaono deve a Que- vetto anotamoir- mais este: • Es– ta. é a justiça que menda el Sobre as fermas . eiDWaa• Rei• - no castelhano: "Esta e5 flfGIA a Nlels Lybne agonizante endc.- bela floração da alma francesa reço-lhe ae ma1»1tlcas palavras da Idade Media desgarrada na de Jacobsen: •Se eu ,_ vlda moderna como verdadei'!'as J)eus preferiria conceder a Al- carlatides escapadas da penum- vaçllo eterna aoe que morrem bra de Relms, Cbartrcs e Notr e 1em acreditar. Dame, melancolicamente er ritn• _ Essa "fagu)ba de ouro surgi- te■ através das br umas de Pa• da da luz da Natur eza• é ainda ril, SURGIU UM.~ NECESSIDADE DE POESIA [ks la justlcia que m andan · ba.er" VEIO COM o SUSPIRO DA SOMBRA UM RrrMO ABSOm– [TO DE EVASAO, -Sobre a musica da9 eons C3). •NASCEU A POESIA ..,_ fis'-- d d Em todos os casos clt:wos até a mais bela lamJ)ada do cami- Insisto ainda uma vez em Jlllo da . poesia moderna e ne- consider ai-lo um f'spirito m edle• lGhum ,rande poeta moderno 111- val des•arrado cm nosso t em- -oubre a ..,.. Ter a e . acou, 8 imitaçllo é feita no ge. E SEU VULTO :PE CAV!J-,0 DA AURORA • Grave e ieu Jleme llHe> dl> poem'I imitado: - soneto DESPERTARÁ OS SONS MOLHADOS DE TRIBTEZJ. ·'!;obre as sendas acordadas ·sobre os ca1ninhos aberte!\J Sobre ~ praças transbor– [dan~ 'Gravo o teu nome -so•re a candeia que se ·- ' [cende Sobre a candeia que se •· (pag-a '8obre minhas casas jwn1a9 -G!'ave e teu nome Sobre o fruto dividido De· me11 espelho e meu {QUarto Sobre meu lt;ito nz.io Gra.l'o e teu nome Sobre o cão guloso e fie] Sobre suas orelhas fita.'!J Sobre sua pata canhestra Qravo o teu neme Sobre a soleira da porta Sobre objetos familiares Sobre a onda do fog-o puro Gravo o teu nome Sobre a came possuida. Sobre a fronte dos amigos Sobre a mão que a mim se [estende Gravo o teu nome Sotire o vidro · das sorpre- . Isas Sobr e os labios atenciosos Bem acima do silenci• Gr~vo o teu nome Sobre refugios destruidos S1Jbre meus fareis por tena -Sobre os muros do meu . [tedM Gravo o teu nome So~re a ausencia sem de- [sejo Sobre a n ua solidão Soltre as esca das da morte Gravo o teu nome Sobre a saude cobrada Sobre risco dis,;lpado ~ bre a esperança sem me- . Imoria Gravo o teu n ome I! ao poder de uma paJaua Recomeço a minha "rida NàScJ para conhecer-te ~ JLhaP!~·B· Bberdadeit . uamlo · este é soneto, lh!cim,l  N G ü S T I  quando eate· é NJetnlla", e as- COMO ..,..., ,.....,.UZIR O ,..,,....,.,, 0 DES"'c.p·mADO «iu ao 6eu lnfiuxo. Em face do • tempo permanecem ee-tranha• po, dadas sua eêde de verdade, mente vivos todos 09 sorUleflos aua angustia inaplacada, sua ina- 4'4!ec clarividente tantacsmaao- daptaçllo ao seculo em que vl– n ce e como uma Jlção ou ad- veu, suas alucinações duespera- sim per diante, o que é mau ..,. ~ ......, .1. = "'° um indicio de arremêdo servil. COMO PROCURAR MUSICA ESTATICA Só encontrei uma exceção a es- SE ESTOU ENVOLTO EM DENSA BRUMA !!~~n~ ~!:~°.:e~ic\ 1 :1~ e~!- · Só A NOITE SE CUMPRE PARA A CARICIA INEFÁVEL, t i das e a unçíio de natureza qua- ver enc a para os q11e vieram ,e rel'dioea "'Ue são ver dade;roa deJ)ois às, suas tristes alucinações • .. J10v.ada" 14), em que a borbole- [DA AURORA, ia. f!ue mone ,iue\mada, 61mbolo Bõ A CANÇAO DO ·PASSARO DE FOGO e o seu infinito desespero. Refe- i mpulsos 1clvacen.s para uma es– rlndo-se Rlmbaud escreveu pccle de fé mal definida cuja■ :Mauriac ser absolutamente -im- .rau:ea, de certo modo cristãs :IA ele amor 11recloso, ê compan<ta à 11alam:rndra e A fenbr, outras DlVADE AS ROSAS LOUCAS DE TERROR. tantae imagens que tse en~on- ONDE A PAZ DOS LIRIOB possivel r efazer 8 trajctoriá de foram admir avelmente r,~stas em t l E _. _, relevo J)or Claudel, uma es r e a, ~,r...a para 11lls, E' J)ossivel que a imensa e tram juntas numa "silva-• de E O SILENCIO FRIO Quevedo, Mas a junção dos qua• SE ESTOU ENVOLTO EM DENSA BRUMh. • • tr& slmbolos era tão fl,equente · e llbvla na •imagerie" coneeJ)- P O É M  para outros um evadido da vi- secreta sé<M: de amor desse co- 3a, um vo,vou um oul-taw ou jalvez coi.s;, pior. ração revoltado se tivesse apla- Não havendo se submetido a caclo um pouco ao contacto com tista que a colncldencia 11.!lo PERMANECEREI JlEessupõe necessariamente· co- INDIF.,,..,......._......,, AO ,n-Tn,,.,. .nTo DAS ONDAS 11eJfãO direta entre os dois poe- ..,....,,..,. ,u,, _u.._u....... a natureza e com a vida prl– frlnclpio moral nenhum, 11ubor• mltiva da Africa, par a onde ilnado que foi m iateriosamente • b torças m ais desordenadas da !Ora levado pela inquietaç;io (los rnrne e do espir.to brutalrr en- seus pés "aux semelles de vt>nt•. te condensadas nele, que direi- Mas quem poderá jamais sabn :o tem afinal os filisteus de me- ao certo dos seus sentimentos, mas bet~rogeneos, NAO SENDO A SOMBRA QUE SE ESVAIU EM TUAS MÃOS. Outros- J'aatros de Influencia MIRANDO A FACE DE ANGUSTIA :~ªf~r::a qu:e uc~: 0 :1?ª~~=~ E NA F.SCURIDÃO DA NOITE VISITAREI O ESPELHO terizam bem o falso crlterio de PROCURANDO REVIVER A IMAGEM PURA DA INFANCIA J)&esia não eomen·~ do noai.:, [ADORMECIDA. J>Oeta, mas d'e t oda. a sua éJ)oca . CANTAREI CQM RITMO NOTURNO DE FLOR QUE SE Num dos eonetos atribuldos · a de paz ou de prostração c,L. ~osJ)rezar um ser que em !tido mesmo de revolta ainda mai• e por tudo se lhes escapa 7 d t Quando nm Benjamin Fonta- exacerbada, uran e essa sua na apllca a Rlmbaud O ep!teto outra voluntaria temporada nes- se outro inferno africano? Gongora contra os admiradores [CUMPRE PA_RA BELEZA, ~e voyou isso me J)arece tllo A partir da s ua fuga deíinl– intoleravel quan · , ouvir um tiva da E uropa (" Je regrctte " grous-bonnet" chamar de m a- l'Europe aux anclens parapets ") landro a um av·enture!ro fracas- - friamente t raçad:i ou brusca– ,:ndo ou de J)alha,:o a um Char- mente dccidlda? - . sua vida tal– les Chaplin ele Carnm,aI. M:i.s, vez se tenha convertido um pou- de Loi,e de Vcga, (5) o autor RECEBEREI A INEFAVEL PRESENÇA DE ANJOS 11um excessivo artl1lcia.lismo, INDIFERENTE AO " KTTDMúRIO DE AMARGURA E SO abarrota 011 versos· com os titu- · ' ,.,.._..,,.. • los de dez comedias veguianas. { LID.AO . 'FUNÇAO DA LINHA SIRGIO MILLIET 41. PAULO - A linha é a nu- E ssa estreita intimidade é que Ilida , afh•ma P aul Xlei!. E u di- deve ter em vista o pintor , quar– ria.: a linha é a expressão, J)<)r- q uer que .seja a sua escola. To– c;iue a linha é a m elodia . Por das as soluções que não levem certo ela tambem é m edida, • m. conta esse tr ulsmo destl– .m as em r elação ao espaço que nam-se ao malôgro, por comu– delimita. Assim uma diagonal a - nicarem insuflcie11tem ente a 1ravessando a tela de 13onta a mensagem do artista. ponta marca a fronteira entr e E is uma tela de Rub ens. E' duas BUJ)erficles cujas m edidas J)ela llnhn ondulante, voluptuo– concomitantemente estabelece. sa, que ele transmite a emo– Não estl\, porem, nessa funçã o ção sensual, mas o que dâ pie– a sua importancla e sJ.m no que na força a essa comuni cação nvela do a rtista. A linha, des- são as cores quer.tes de que a– a,e modo, se aparenta à letra busa. E m Da Vinci a suavida– que, na s ua forma m anuscrita , de dos tons une-se à doçura do J)Õe a nu o temperamento do desenho. E em Picasso de escritor. Ora mole, sensual, ora "Guernica" são as linhas que– humilde, fugidia, ou aspera e ·bradas, as retas vertiginosas e angustiada, ou m istica, ou se- os angulos bruscos que con– vera e rut ida, a linha exprime jugando•se aos cinzas m ornos, l'!empr e uma emoção a menos criam a atmosfera de sarcasmo que, com o a letra dos caligra- e tr!lglcidade, Em Flex01·, que los, obedeça às convenções aca- ora expõe no Museu de Arte demlcas. Moderna, eu sinto uma nova ln- Gosto de citar a ¾rase de Se- terpret:ição das cenas da Pai– verlni : "a gente deveria dese- xão de Cristo. através não r.ó nhar como escreve", sem pen- do jogo d"~ linhas, em verdade sar na i)erfeição, isto é, ,sem preponderante, mas alnda de boa ter na m ente o modelo escolar. compreensão tonal. Alguns e- Mas, cuidado I Pintura rui o é xemplos: quadro n . 1: Cristo nn apenas linha, é lambem cclr Monte das Oliveiras. Dormem embora não ~ unicamente" côr os apostolas na calma das li– Melodia e orquestraçllo igual nh~ horizontais levemente si• musica. Llnha e côr igual pintu- nuosas, enquanto Cristo aguar– r a , O resto - volumes, planos, da seu destino 'la realeza das valores - decorre naturaln)en- plramldes conjugadas. As cores li: ào:i :dois--tlement~ "=cne11119, o1daptam.» c:om facili1:ladll _A · !!ando a cabeça de CristG. mi:Ioclla das linhas, Eni oposição Essa exemplificação m ostr .\ aos claros luminosos da figura o partido que a exp1·essão picto– de Cristo, os violetas e azues com rlcn pode tirar do complexo li– J)redominancia dos .valores frios. nha e cor, mcsmc quando se a– Já no quadro n. 2 - Beijo de centua, com o é o caso, o pa– J udas - vemos juntarem-se ao pel da linha, <1~ grafismo. Hã Cristo erguido em verticais duas pintores (Segall entre nós) que elipses fugidias que o colorido t endem para a expressão pela amarelo acentua. E sse tom, cor e então a linha se torna marcado pelas curvas frouxas, eubsldiaria, cor:i.;•lemento natu– imprecna de covardia a figura ral. São compositores para os de Judas, dá-lhe uma expressão quais a melodia é um ponto de de baixeza. No n . 4 o dominio partida, ao passo que para ~u– das ve1·melbos Ilustra a vlolen- tros ela constitui a principal ela dos insultadores cujos pu- preocupação, tornando-se a or• nhos ultr apassam o envolvi• questração um acompanhamen– mento das linhas sinuosas. Mais to mais do que a expressão es– edificante ainda é a combina- senclal. ção de linhas quebradas em an- Estamos talando .de pinto~es gulos agudo1, e de vermelhos f!gurativistas, mas o mesmo te– multo vivos com que o pintor ma poderia ser desenvolvido cm exprimiu a imposição da coroa refação aos abstratos. Em uns de espinhos (n. 7). E is a cru- com Kandinsky ou Mondrian a xl!icação, Cristo e o bom ladrão linha é primordial e a ela a cór envolvidos num só arabesco, en- se agrega como enriquecimen– quanto, fechado noutro circulo, to. Em outros, como Magnelli o mau ladrão se retorce em sua há conjugação feliz, equilibrio cruz. Finalmente, o melhor e dos elementos. E há os que, co– mais belo exemplo: a descida mo cei·tos pintores Italianos dão da Cruz. Umq unica linha cur- maior ateeção à côr, desdenhan– va envolve como um manto o do quase por completo a linha conjunto estruturado sobre ho- uma pintur a com excesso de li– rlzontals. A serenidade e o re- nha e escassez de côr é quase colhimento da cena s/io ainda mais cerebral do que sensual, a– realçados pela sabia di'5tribui- inda que n~la predominem as ção dos verdes e cinzas frios a- curvns. A cõr é mais dos s anti– penas contrabalançados p or um dos a linha mais do espírito. :Mas 11,gtj?O:~ • ll10Wa..,.ll'l!Dl1- mnbrus podem Get 11.rlca.s. .. -e-, co na daquell! personagem sim• bolo de um conto de Wilde e que é o tema central c!o D e Profundia: homem que conti– nuou a viver depois de haver pera!do a propria alma. Ou leria Rim baud supei-ado a avent".ira african a conservando a su:1 ai• m a primitiva, E que espec-i e de alma selvagem seria então a sua? Muilo deve ter sofrido ele na sua solidão africana quando, pa. ra regosijo eterno dos fili steus, ou seja dos Rosener:intz e Guil– destern de todo os matizes. re– conheceu que havia irrerncd1a– velmente comprom etido ,., sua vida. "Par delicatessc j'ai per– du m a vle", exclamou ~o se ver perdido. E essa consLataçl.o deve ter sido para ele o mesmo que ouvir reboar no seu altivo iso– lam ento a primeira e mais bru– tal das assuadas- vilorios, s dos filisteus. E' da maneira se~um te ,.ue costumo evocá-lo. E isso me a – juda a . compr eender melhor a sua alma noturna : como numa projeção elnemalogra!ica vejo desenbar-se em primeiro plano a sua face de um esplem<or a– dolescente, tal se .vê no estudo de Fantin Latom· (a ima– gem que corresponde exat~mcn– te à idéia que faço dele) ro• deada de brumas e ao fundo, bastante indecis:i umn pai5agcm qualquer de Paris. E vejo nos seus olhos a · ansia P. " magoa de partir, e por fim, ::, resolu– ção decidida de se lr embora, de t udo ~bandonar mais l .. na vez e de permanecer para sem– pre só, at.roccmcnt seul, sem pa– trla , sea .migos e aem es.12eio ran~

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