Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950

FOLHA po NOR,:_E --------------- 't)cmingo,' 23 êle · ulhõ ae 1'950 3ã-:" plii', / ' RAC.IONALISMO 6 CIÊNCIAS FÍSICAS ARNOLDWALD "La philosophie quoi qu'- lestes. Um ano depois, constrol– en disente ceux qui se croi- se o primeiro grande observa– ent ses plus purs adeptes ne torio. Torricelli e Pascal . fazem peute rien tirer de neuf et experiencias que ficaram famo– l:le profondément origioal de sas. Inventa-se a bomba pneu– son propre fonds". matica. Denis Papin engendra, D ATA do seculo XVIII o em 1682, a maquina a vapor. extrao.rdlina;rio. desenvol- E , enquanto o telescopia des– vimento das ciencias fisi- venda extensões celestes infi• cns. Graças ao telescopio, am- nitas e leva o olhar humano a pliara-se o campo da astronomia. um mundo povoado de corpos Esta devia, em grande parte, o incomparavejmente maiores que seu reaparecimento às naveg~- a terra, nasc•e, com a descober– ções e aos recenta:; descobri- ta do microscopio, a · biologia, meútos. Mas, ao lado da astro- verificando-se a vida em cor– nomia, surge a fisica positiva. a pos mínimos. Os conhecimentos fisit:a experimental criada por se estendem assim em dois Galileu, a física baseada na me- campos· vastíssimos e Pascal canica, na medida, no calculo. descreve 1 o 11ome1n suspenso Nu1n~rosa.s são as grandes 11um abismo entre dois infini.. descobertas do seculo XVIII. tos. E mais do que isso. O que Enquanto Snelius formula · as ocorre com o imensamente leis· da refração da luz e Gali- grande vai se reproduzir no in– leu · as da aceleração dos cor- finitamente pequeno. O sistema pos, Huygens estuda a dupla planétario se traduz pois nos c- 1·effação da luz atravessando os !ementas que formam o áto– corpos cristalinos e Newton e- mo. nuncia as leis da gravidade, a• Mas, a ciencia se torna moda. nalisando o espectro solar. Com No seculo XVIII, nos salões o desenvolvimento das ciencias de Mme. de •~•enêin, dl'! Mme. fisfcas é que se opera o da ma- du Deffand. e de Mme. Géoffrin, tematica e Descartes ·aplica 1\ domina pois a ciencia. Assisti– algebra à Geometria. Em 1670, mos às mais veementes discus- 1nec!'e-se o meridiano terrestre sões cientificas entre os munda– e são feitas diversas cartas ce- nos da · época. "'-ão mais se AS ROSAS. • • (Conclusão da 1.• pãg.) comparam sonetos. nem se des– creve1n os caracteres, isto é, se traçam os retratos da~ pessoas 11em se compõem máxi!llas é La Rochefoucauld. Nos jantare da Rua De Beaune ou da Rua Saint Honoré, fala-se . de as– tronomia, de fisica. O literato, o escritor, o homem do mun– do, como Voltaire, como Scar– ron, desapareceram e foran.1. substituldos pelo cientista, pelo reformador s.ocial. Antes, a as– piração geral era de ser "une précieuse", "un bel esprit". A– gora, aprofunda-se a física, des– cobre..se: a qu.imica. Encontra◄ mos, em pfono salão, vastos la– boratorios e até as mulheres en– volvem-se nas questões cientifi– c·as. Mme. du Châtelet traduzia Ne,vton e mandava comunica .. ções à Academia de Cienclas. Moliere, aliás, ;jã fal3ra das '( Fem1nes savantes ". Escreve Maurois que "les livres de pié– té et les romans ayant disparu de la table des femmes, elles cherc,hent à trouver une r,uson de ·vivre dans les onvrages sci– entifiques. De grands écrivains essaient de mettre à leur por– tée découvertes nouvelles. Elles vont à des cours d'Histoire Na– turelle". "Une femme, diz Gon– court, ne se fait plus peindre sur un nuage de l'Olympe, mais assis·e dans un laboratoire".• O "Honnête homme" e a dama da alta sociedade liam o curso c!e química de Lémery e aprecia– vam as lições de anatomia de Du Verney. Alguns trechos, do "Malade imagineire" nos mos– tram a curiosidade que desper– "de Kayyaim, de Ronsard e dos sonetos dê Shakespeare; é ex– pressada por Dario no seu Poe– ma der O tono," de uma manei– pectos. Há zem: .uns versos que di• tava o estudo da anatomia. ·O seculo XVIII é a grallde é– ra frenetica " Gozad de la carne, ese. bien que ho;y nos hechiza y despues se tornará en polvo y ceniza. -GQZad dei sol, de la pagana luz de sus fuegos. "G.ozad dei sol porque ma- [nana estareis ciegos~. E na "Cancion de otono en pri• mave.·a utiliza as rosas: ''La vida és dura. Ama.rga y [pesa. Yá no hay princesa que cantar! Mas a pesar dei tiempo tereo mi sed de amor no tiene fin: con el cabello gris me acerco a los rosales dei jardim.•. " Esta ideia se afasta da ordem de toda uma corrente !iteraria que se deleitou ante a opinião co11traria - que sustentou que a .alma quando se apega a.os bens temporais é porque está adormecida - Dois versos de. D:1rio são especialmente uma dissonancia muito forte na cor– rente a que nos referimos. São estes: •·vamos al reino de la muerte por e! camino dei Amor" 1 O. certo é que diante da fuga– ctd.ide de tudo existe nesta lin– gua uma tradição de ascetismo de pessimismo seco, de irrepa– ra\·el melancolia. Em quasi to– fas as liricas éuropéias, os poe– tas convidam seus leitores a eolherem as rosas da vida, da– éio, . em definitivo, que só o fu– gitivo permanece no seu prova– vel~_e,nte eterno desenvolvimen– to. Mas os liricos desta língua dizem: morramos o antes possí– vel e entremos no que os teólo– gos chamam a vida unitiva, no vi\'er que é perduravel". "El vivo vive del tonto y e! tonto de su trabajo" Contra toda essa corrente le– vanta-se o Teol'e~a . LXV.ll' I _de Spinosa que diz: "O homem li• vre não pensa em nada menQ,3 do que na morte e sua sabe– doria consiste numa meditação da morte, más da vida". Este teorema é a quinta essencla cio ocidentalismo. Mas, voltemos às rosas. As ro– sas . são utilizadas nesta corren– te lirica com menos frequencia do que na corrente do "carpe diem". Rioja-chora, nas rosas e– fêmeras, o destino do homem e dlz: "Como neces tan llena de a– [legria si sabes que la edad que te dá [e! ciclo és apenas un breve y veloz [\luelo?" E Calderon parece respon– der com identica e monotona gravidade: '' Despertando al albor de la [ manan'.l estas que fueron pompa• y a- i' [legria a la tarde serán lastima vana: poca da fé no progresso. "L'– ãge d'or que les anciens ont placé si loin derriere naus est devant". Acredita-se cegamen– te na ciencia, na deusa Razão, no progresso, que é pois a grande ilusão burguesa, dirá Georges Sorel, porque se funda– menta na classe de burgueses P.Fog.r-essistas que estava num momento de transição. Mas o progresso só se poderá realizar pela ciencia. · A . cienc.ia é oni• potente. Mme. de Stael então pensa que a ciencia resolverá todos os problemas social!, e– conomicos e politicos, e dará a paz ao mundo. "La plupart des beaux esprits du dix-huitieme siecle se pi– quaient d'entendrer la géomé– trie; et de leur côté, les orga– nes des Compagnies savantes se piquaient de f.aire de la litté– ·ratu.re" escreve Cournot. De fa– to, D'Alembert e Condorcet são, ao mesmo tempo, grandes e– ruditos e eminentes escritores. Fontenelle, que nos falou, um seculo antes de Comte, da. coor– denação entre ai; c1encias, de– dica-se a vulgarização ci<t 1tifi– ca. Os seus Entretlens sur la pluralité dea mondes e Eloges dea académiciena se destinam à sociedade mundana, procuran– rosas ma- do esclarecê-la quanto ao ·mo• [drugaron vimento dos astros e às teoria~ Y para envejecerse florecieron. de Leibnitz, ele Newton, de Cas– Cuna Y sepulcro en un boton · sini. Baly!e não d.,ixarla de es• [hallaron. · • crever com o mesmo fim Pen– Tales las vidas de los hombres sées sur Jea comêtea que dai:am E' a mesma ideia do outro classico: n A1l amanecer, las [fueron de 1682. Voltaire divulgou New– que en un dia nacieron Y expi- ton, na ·França. Rousseau não [raron 1" saia de casa cuidando do seu Soro.r Joana Iné.s da Cruz desde Mexico, confirina no se– culo XVIII, este sentir. Escre– ve de seu retrato que º És ca·daver, és polvo, és som-– [bra, és nada". herbario. Ainda jovem magis– trccclo no Parlamento, o autor de L' Esprit de !ois dedicava-se aos trabalhos de fisica. ·Buffon "commençait eu homme du monde qui cherche la réputa- lion et qui n'a pas le don de; petits vers, par faire des m:i– thématiques, puis des expérie•1- ces de pbysique ", e só· mais tarde é que elt1 se torna no ,rande naturalista. O proprio i'urgot âedicou-se ao estude: da física, da quiJnica, da matema– llca. 'Em tõda parte, dominava a ciencia. Já Pascal acusara os )i~rtinos de ocupa rem-se de• mais com a fi~ica. Mas até os filosofas e os poetas interessa– vam-se pelos problemas cientí– ficos. E' assim que chegamos .a uma poesia pseudo-cientifica, como a estes versos de l,a Mot– te: "La substance de ce vide Entre se corps aupposé Se répand comme un fluide Ce n'est qu'un plein déguisé''• Diderot aponta então o sen- tido que vai tomando a curio– sidade no seculo XVIU. Indica as suas diversas maneiras: "Les Métaph.vsiciens et les poetes, diz ele, ont eu leur temps; les phy– .siciens systématiqnes (carte– sianos) leur ont succedé; la phys!que systj!:matique a fait pJace à · la physique expérimen- tale". _ Mas, a partir do seculo XVII, a fiska experimental é que in- · .(luencia profundamente a bio– logia, a filosofia e, a seguir, a pol.itica. Cria t'omo que certa maneira de pensar. Maneira est?. que foi umà c!as formas cio racionalismo. Racionalismo este que, sob a Influencia de Descartes, passou a se d-enominar cartesianiemo com aplicação alé no Direito. O que há de mais caracterls– tico na filosofia do sculo XVII é a ligação intima existente en– tre as C'iencias físicas e as teo– rias metafisicas, a aliança do genio criador, ou melhor, in– ventor das ciencias físicas e re– formador em filospfia, Descar– tes, Pascal, Leibntiz, Nev.rton são matematicos, fis1cos e filoso– fas. Mersenne, Arnaud, Gassen– di, Malebranche e Spinoza i,.te– ressam-,se profundamente pelos estudos de física. E' um mo– mento raro na historia da fi– losofia, que vem lembrar-nos, o período preplatonlco, a época de Pitagoras. O seculo XVII é a reação contra a escolast!ca, A íilosofia, já se pensa, como escrever-se– ia três seculos depois, qaando do apogeu d,:, cientismt>, de\'e ter hase cientifica. E a filosofia sofre a influencia da fisic.a, da mecanica, da matematica que vêm reprimir ·não só o ultra– empirismo, cc,mo tambem o ex– cesso de imaginação e as ten-· dencias mlstkas. Na realidade, a imagem, lan– çada por Descartes no prefacio de seus Príncipes de philoso– phie, é. caracte1·istica da época racionalista e muito sug-estiva. A física seria o tronco da arvo~ re·, cujas raizes seriam os prin– cipias metafísicos e os ramos a medicina, a 1necanica e a mo ... ral. O racionalismo entretanto a– presentou diversas modalidades; contudo el-e desvendou sempre uma reação baseada no desen– volvimento das cicncias. Este desenvolvimento tem é– pocas conhecidas na historia. Por exemplo, na Grecia, quan– do Platão é ultrapassado por A· ristoteles. Na Idade Media, quando Pla- tão que se iníiltrou, primeiro, na Europa atrnvés dos livros de Santo Agostinho, cede terreno a Santo Tomás de Aquino que dá entrada, no mundo européu, a A11ist11•,eles, associado a certo~ ,conhecimentos cientiiicos far– mulados pelos árabes, sendo então modificado, adaptado ao pensamento cr-istão. Mas o racionalismo do seculo XVII é característico. Ao in– vés de uma tecnica filosofica ·se ajustar às clencfãs, são as cien• cias físicas que fornecem ·,er– mos à fi!osoíia. Descartes pedia duas expressões, que ele foi en– contrar no mundo tisico - ma– teria e movimento - para che– gar à sua ampla concepção d? universo. Com estas duas no– ções desc-eu óté ao estudo da biologia, da psicologia, isto (:,, do sistema nervoso, dando urr grand•;? passo nos conhecilnen– tos científicos. PROCESSOS... (Conclusão da últ. pág.) dos qn~s. segundo Pedro Cal- mon, nao seria dele mas de La ailla real por •.romãs Pinto Brandão (7), sem [naC:a afamada a– ( ma.da, máa pintado [hada encarcerlado [heladn, por desechada (echada, acá se adq u ie– [re, queíere, V cuanto la mayor ventura tura, Tíene que a reina tal sotierra que esse fato just\fique qual- EI más sublime ai quer ligação do assunto com co- medias ou comediógrafos. As- 6e ve en sepulcro tucias semelhantes eram en~ão ·aos olhos dos leitores a quinta- 6u gloria ai fin essencia da poesia. O organiza· dor da edição postuma das <>· EI que ve lo que bfas de · Quevedo, Joseph Anta• nio Gonçalez de Salas, ao CO• mentnr um soneto do meslre em que tod1;1._p~~avra começa por "a", não pôde' menos observar: V si el "Todas las .diciones empiezam [tierra. que oJos hoy tuviere, (vlere, mundo!, en tu do– [cura, cura, eli bien de ti• [erra, yerra. a imitação de con "A". " Es muy dificultosa Ponderá! oh composic,on. Aunque ay quien la aya executado, y yo tengo Puea el que fia todo un poema en lengua latina ai Puerco, que igualmente todas Ago1·a veja-se la5 vozes empiezam con "P". (8) Gregário: Pena que esse poema, que vê PREGANDO o ARCEBISPO D. ser um primor, não se tenha con- JOÃO FR~NCO DE OLIVEIRA servado (9). Por acaso, Gregorlo EM QUARTA-FEIRA DE CIN– não verteu p soneto em ZAS, NA .FREGUESIA DE NOS• ~A". Em comper.sação arquite- 6A SENHORA DO MONTE tou oútros, cada qual de cons- Na oração, que desaterra... a trução mais engenhosa, sendo [térra. que num deles cada verso co- Quer Deua que a guem estã o meça pela ultima palavra do , [cuidado... dado, anterior; noutro, todos os ver- Pregue que a vida é empreatado..• sos da mesma quadra princr- , [estado, piam pela mesma palavra; Mlslerlos mil, que desenterra... uum terceiro, cada um se inicia [em terra, por um apostrofo; em outro a- Quem não cuida de ai, que é inda, a construção é identica [terra.•. erra, dentro de cada verso; ou então Que o alto Rei por afamado..• os versos da primeira quadra [amado, são todos sujeitos, ós da segun- E' quem lhe assiste ao desvela– da todos predicados de oração; (do... lado. ou cada verso .contém uma defi- Da morte ao ar não deaafer– nição - sem contarmos um so- [ra... afer~a. neto caudato, outro de compli- Quem do mundo a mortal lou– cado aspecto grafico, um que . - [cura . .. C!Jra, se orgulha de não ter assunto A vontade de Deus sagrada . .. algum, e remate de todos. um (agrada, que contém em cada um dos 14 Firma-lhe a vida em atadura... versos as três formas de outros ídura, tantos adjetivos latinos. 6 v6•, zelosa, que dobrada . .. Em cada Pilgina de Gregorlo [brada, se manifesta esse lado lúdico e Já aoi que a flôr da formoau- pueril do cultismo. Como na [sura ... usura., . consnrução -interna, parece ele [nada. ter esgotado todas as possibili- Será no fim desta Jornada, .. ctade~ nas rimas lambem, · es- O artificio agradou tanto a colhendo-as oxltonas, proparoxi- Gregorio que o empre~ou ain– tonas, monossilabicas, indigenas,.Ala noutro soneto (13) e com e até ttuncadas 1 (10). alguma modificação, no epigra- Concieber-se-á melhor o cu!- ma "Juiz anatomico", (14). tismo - corrente oriunda no Limitamo-nos, no que precedi'! mundo sofisticado ~s cortes e a apontar casos de imitação di.•e– dos salões e esv:;tziada nas mãos ta dos mestres cultistas por Gr e– dos eplgonos. do matizado con- gorio. de Matos: O carater ~into– teudo psicologico que lhe deram matico e impessoal da maior Gongo'l'a e Quevedo - compa- parte de sua obra patenteia-se rando-o a uma arte decorativa ainda mais quando comparada que nada quer exprimir e se com as dos epigonos portugue– propõe antes de mais nada à ses de Gongora e Quevedo, por Desde Manreque a Epistola moral e os mistices, o tom é sempre o mesmo. Na "Noche serena", está muito bem defini– da a dialetica desta corrente: "Ay! despertad mortales; mirad con atencion é! vuestro Na America, porem, esta cor– rente não se arr~_igou muito. Vimo-lo em Dario. Amado Ner– vo, mexicano tambem e às ve– zes mais . profundo que Dario, segue esta tendencia. "Serena tu espiritu, vivi'! NOTJCIÁRIO • utilização engenhosa de espa- exemplo um Francisco de Vas– ços em branco. Assim é que se concelos, um Jeronimo Baia, compreenderá a predominanc,a tima Viólante do Céu. (15), <las formas e dos motivos e ~ Mesmo, porem, sem tais cote• frivolidade dos assuntos. Poder• jos, parece-me demonstrada a se-ia dividir a produção de pouca originalidade da poesia Gregorio em parte expressiva e de Gregor.io; não tenho -duvida .Pa,rte deco.ra ·siva, incluindo-se de que outros estudiosos pode– na segunda todos os poemas não riam apontar outros empresti• inspirados. por sentimentos pes- mos e até p!agios- · em poemas soais, mas provocados por "mo- que ainda parecem incontesta– tivos". Tais os sonetos "por velmente seus. Até que se pro– consoantes que se deram força- cesse, na tão desejavel edição dos", isto é com rimas lmpos- critica, ;J. reclamada separação tas; as decimas em que se glo- do joio e do trigo, toda· a pro• sam motes alheios, habilidade dução de Gregorio é suspeità. em que Gregorio se mostrava 1) "Obras de Gregorio de Ma- [dano; las almas inmortales tu vida en paz. Si solo eres sombra que traga la eternidad, hechas a· bien tamano. podrán viver de sombra engano?" y solo. por qué te torturas, por qué sufrir, llorar"? A tristeza da vida só tem uma solução: morrer para gozar da vida unitiva. Esta solução en– confra-se em Manrique. Encon– tra-se na Epistola moral onde a vida não é nada. "Como los rios que en veloz [corrida se 1Ievan a la mar, tal soy [llevado..• Que és nuestra vida más que [un breve dia? . que . és más que el hello a la [manãna verde 1,eco a la tarde?" O . homem não tem nada que fazer neste mundo. ., Piensas acaso tu que fué [criado el varón para el rayo de la [guerra?r para surcar e! piélago salada, para medir e! orbe de la . [tierra?" Se o homem não tem o que fazer neste mundo e não está feito para esta vida, é natural que .tudo acabe da maneira ha– bitual. Assim o diz a canção: ucada vez qüe considero ·que me tengo que morir tlendo [la capa en el suelo y me harto de dormir". Esta canção é tlplca de uma concepção do mundo, descobre uma situação moral. Uma to– nelada de _literatura popular realça esta situação a aclara l'!m todos os seus mais variados as- Alguns escritores franc{\ses sustentaram que a palavra "mis– tificação" vem de mística. E' por acaso sincera, é verdadei– ra a corrente que nos convida a morrer quanto antes, dado que não somos feitos para a vida terrena? Não o sei. Tenho cin– quenta .e dois anos, tenho cem– vivido com muita gente e mm– ca conheci ninguem que tivesse realmente, estando são, prer.sa, de morrer. Tenho ouvido, pelo contrario, dJ.zer muitas vezes·: Para morrer sempre teremos tempo. Já se sabe que a vida cos– tuma ser dura e amarga. Mas tem seus ·momentos. E o que realmente estã infundido numa mentalidade normal é o verso de Boscãn: · "No és perpetuo el placer ni lo és e!. llanto ". O que é exa tíssimo. Há um rito d·e Hebbel que re– za: "Não queiras ver demasia– do, porque se percebes primei– ro os mortos na terra, já não verás as flores". E nos sonetos de Shakespeare, onde as rosas são tão belas, o são ainda mais as rosas da vida. Esta é a lirl– ca geral europeia com a excep- ção que fizemos. · O tema das rosas 6 inexgota– vel, Na lirica portuguesa pode– rão ser encontrac'as, - em jo– .go de Deus por exemplo, - poesias deste tema ligadas à tendenela unlvers,; 1. Na litera– tura inglesa, a ros11 é um fator permanente. "CONVERSAÇõES COM GOETHE'' * Para o conhecimento da vi– da, das ideias e das obras de Goethe, nenhum leitor dis– pensa o depoimento d e quem privou da intimidade do ge– nio de Weimar e com ele co– laborou, Joham Peter Ecker- mann. ' No ano do segundo cente– nario do excelso poeta, foi uma valiosa e oportuna inic1ativa. do editor Pongetti. fazendo traduzir pela sta. Marina Lei– vas Basti·an .runto. e ..publican– do em corpulento volume as "Conversações com Goethe," de Eckermann. FICÇÃO E HISTORIA * Vontinua o editor !Saraiva 11, lançar a coleção das obras completas de Paulo Setubal, programadas em treze volumes. Dois dos ultimos livros apa– recidos foram "0 ouro de Uuiabá" e "El-Dorado", .:ios quais importantes episodios da época heroica do povoa– mento ·são apresentados em novelas e contos do saudoso e brilhante escritor. ' CERVANTEc .,, F.scritor dos mais fecundos efn diversos ramos -da litera– tura, Josué Montello acaba de publicar um ensaio de inter– pretação do Dom Quixote - "Cervantes e o Moinho de Vento". ·não idéia, do que hl\ de a.tila.do e. :vivamente inte• i------...-- ressante nessa centena d.e pá– ginas os titulios dos capítu– los ~ agonia da Espanha, e– logio da loucura., nó jardim do Parnaso, ascendtncla do Qui-– xote, conflito do genio de Cer– vantes, o Quixote uma obra inacabada, quixot.ismo dos lei– tores do Quixote, ronda de símbolos, a punição da leitu-· ra, a sátira do leitor crédulo. HOMENS & MULTIDÕES "' O sr. Lourival Fontes reuniu em. volume, que José Olímpio e– ditou, algumas dezenas de ar– tigos sobre as;;untos de poli– tica internacional. Agrupou-os em partes intituladas Prelu– dio em sombras, Pintura em contrastes, Esboço em sirnbo– los, Revolta em nacionalismos e Ensaio em itinerarios, abor– dando neles aspectos de maior interesse do cont.urbado mun– do contemporaneo. Entre esses temas, destâca– se, agora, o das duas Ooréias, onde o autor registra não só "os erros da diplomacia a• mericana ou as superf-e.tações da técnica. sovietica, mas a grande tragedia dum povo di– lacerado pela luta fratricida. compelido a escolher entre o extremismo e o reacionarismo e no fim condenado a resga– tar com o tributo de seu .san– gue os humor es, a 9.ventura e a cup!dez das rival id ades im– Ptrialistas .. particularmente forte; os poe- tos", ed. da Academia Bra- mas paralelos para defender sileira de Letras, vol. IV, duas teses opostas, mantendo-se p, 5V. neles as mesmas rimas; · ·as As rimas provêm do sonêto composições baseadas num con- "Felicidad barata y artificiosa ceita ou trocadilho; as poesias dei pobre, de Quevedo. de construção artificial; as pFOe- 2) Ibidem, vol. II, p, 17. sas de repentista; afinal as o- 3) Ibidem, vol. V p. l90. bras de manifesta imitação. O 4) Ibidem, vol. II, p. 42-A restante não dã, evldentem.en- "Silva• de Quevedo intitu- te, material para úm grande li- la-se "'I·umulo de la .mari- rico, tanto menos quanto a posa•. · parte "expressiva" tambem está 5) Gongora, "A los' apasiona- cheia de clichês, jogos verbais, dos por Lope de Vega, Ir. artllicios convencionais. 6) "Obras" vol. III, p. 187; v Depois desse breve resumo p. 106; VI. p, 252. · das características formais da 7) "Ibidem", vol. VI. p. 52, r.o- poesia de Gregorio, poderá pa- ta 37• recer estranho que entre os seus 8) "D. Francisco de Quevedo modelos apareça tambem Fray Villegas "E! Parnaso Espa- Lu1s de Leon, este grande e nol. Monte, en Dos Cunbres puro poeta mlstico. E' verdade Dividido con las Nueve Mu- que se trata de um poema ape- sas Castellanas". Madrid, eu nas atrlbuido a Fray Luis (11),: la imprenta de Juan de Ariz- e o fato de Gregorio tê-lo es- tia, 1724;- Musa IV, son. 44. colhido, quase constitui argu. 9) "Obras•, vol. Vl, p. 109. menta contra essa atribuição. 10) "Ibidem", vol. III, p. 36 e Damos o 01•iginal castelhano vol, IV, p. 68. para logo depois reproduzir-lhe 11) O anotador moderno obser- o decalque feito por Gregorio, va a respeito: "Sancha atrl- não apenas visando a acrescen- bue este sonêto a Fray Lllis tar mais um item à lista de seus de Leon, sin citar las razones emprestimos, mas tambem com que tuvo para ello. Como se o fim de apresentar o "soneto vê, no acrecienta, caso de em eco•, um dos aperfeiçoa- ser de el, la gloria dei insig~ mentas a que chegou a lite.ratu- ne vate agustlno. "Poesias ra precJosa. Completas" de Fray Luis de A LAS EXEQUIAS DE LA Leon, Biblioteca Mundial So- DONA ANA pena, Buenos Aires, 1942: vol. Mucho a la MaJestad Sagrada I, p, 81. · [agrada 12) "Ibidem", vol. 1, p. 97. Que atlenda a qulen está el 13) "Ibidem•, vol. VI, p. 117. [cuidado dado 14) "Ibidem", voi. IV p. 261. [nada. 15) cf. "A Poesia Lírica cultist., Que ea el reino de acA pintado .., c9nceptista ", com pre-fa c,o [estado e notas de Hernanl Cidadí!, c>uu e1 ai ftn de la Jornada, Lisboa, 194%

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