Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1950

/~-_-- p6gina • Domingo, 9 de Julho de 1950 GEORG TRAKL (Conclusão da la. pág.) DIRETOR acima da mqrte do poeta, uomo Revelação do fantasma da guer- lida, Elis e o infeliz Kaspar Hau– :;:,ousa sobre a sua vida, o sigil<> ra, ruína dos homens, até à mor- ser), suas sombras são duma be– do silencio. te do poeta. Os poemas desta ui- leza emocionante, e escondem ao - A sua primeira coleção de poe- tima época são assustadoramente mesmo tempo uma tragedia pro– se cansou nunca ae anunciar a chegada de dias apocallpücos, perdido na sombra dum prado "prateado-azul". Nenhum outro poeta, pressentiu como Trakl, a chegada da éra da destruição, e , neste terror se rompeu talvez: a sua tenra vida. Ele mesmo lá estava, ainda "transfigurado", mas nos seus poemas . troveja-: vam os dias da desgraça, com um novo Cristo "caricaturado? O "Espírito do mal", fala em numerosos poemas, e os seus "sinos azues da tarde" repicam em vão. E' tarde para advertir. Tudo é "emudecido", e Trakl vê irromper a tragedla dos nossos dias, quando escreve poetica - e profeticamente: PAULO MARANHÃO mas apareceu em "Kurt Wolf". crueis, um esboço genial para um funda. Seguiram edições após edições, novo inferno, pelo qual erram a- Foi, assim, talvez que Trakl até aos nossos dias. Na Alema- nim;iis, crianças mostruosas e a- sentiu O seu proprio fim, Em nha, existem varios pesquisado• ves noturnas. vem depois O outro calma e solidão ele formou o 1·es de Trakl, que se dedicaram Trakl, com a sua romantica todo seu mundo, calma e soUdão se -' AR~T> 1 SUPlEMENfO 1 L•"'8A~ , , ORIENTAÇÃO__ DE ' à sua obra com paixão e compe- pessoal e melancolica, debaixo encontram como palavras ou pe-n t-encfa. A uitima e talvez mais dum sol merencorlo. Efebos pas- sarnentos em quase to<fos os seus perfeita edição de Georg Trakl, sam pelas suas estrofes, (He- poemas, como tambem um si– acaba de sair em três Volumes, lencio que abrange O mundo. As na editora "Otto Mueller" (Salz- _______________ suas poucas folhas de prosa, são ,.., · burgo). No- primeiro volume, en- ígua1m~ente impregnadas por es- cont ra-se a lirica, no segundo e UM EN S à I Q tes elementos, e se queremos HAROLDO MARANHAO terceiro, há diversos fragmentos e ••• designar O mundo lirico de Trakl poemas postumos, como tam- mencionar-se-ão os teus ocasos, CQ!.ABO&AUO&ES , JeQm nstaiods biogrlaficos. Conclusa·o da últ. pá•.) lagos, pastores, e como flores, 1 uase o os os ivros, contêm .,. a papoula ( a flor do sono) e 0 OI BELEM1 - i\JUDMI ftucba. BenedJ&o Nunea, 'Bruno de tlenesea. CaubJ Crua. CécU ,Melra. Cito , Bernardo. Oaoiol Coelho de 80111A. V Paulo Mea– dea. GarlbaJcU. Dra.U. Oaroldo MaJÍl(lhlo, Levt &D de - Muun: Mari11 Cou,o. Marto Faustino, l\la.x Manlm. Na&aUclo Norber&o, Nwiea Pereira, Orlando Bit.ar, O&avlo Mendonça rauJo Pllnlo Alfreli, ·,t. de Soma Moan._ IUbamar de .Moua. Baf OuJlhu• como T~rato do ' auior, más fo- samburgo. Passaros enca:-.tados tografias de amadores, pois fal- e atentando para seu progresso vibram na sua poesia, gaivotas tam bgns· retratos.._ (Uma seme-_ técnico. e mõchos, e no c....ão corre 0 lhança com· oútro póeta enigma- O que se encontra agora na rato atrás do homem que en- "De maca.ra pratecla olha o [Espldto do mal. tico :- Lautréamont). O que aqui Galeria Domus ~é um conjunto - é p . . 1 t . é pu):>licatlo, é muito rar o, e foi das ohras de 1948 e 1949 .e põe ~o~~l~~.~olit~~~! Toe!~r/::;~f_ presente'lld'o pelo irmão do poe- em relevo um llri,smo qu~ se ca, sobre quase todas as suas ta a u'm • historico literario da· compraz .ma\S• na •cor _do que no poesias, e são êiois os•- seus A Ira de Deus açoita · furiosa a [froDle do endemoniado.. A "Ira de Deus", · e os ºMon• ges dos · tempos mais nobres". ~ão são somente uma formula • poetica ·no mundo de Trakl, mas . : Holanda, com as palavras: "As- desenho e mais na expressao, ai- sos mais característicos: ver- sim era meu irmão . Natural- go "fauvista ", do que na compo- "Estremecendo debaixo dn es- o pressentimentto vivo dum tem- · me Bara&a,_: &Ili CoaUnho I SuJ&ana Leo Bóuem- mente, sem o uniforme de guer- sição. [trelaa ot'1onal.a r!l e sem bigode obrigatprio. A ab..,. inclina-se lodo ano po, no qual as florestas são mais • "se calam maravilhosament e". . bla&&: . _ A-poesia de Trakl, é. uma das Por oc·aslão das ultimas <'xp<l• e -,a ., mais ricas de •sentimentos, das sições do Sindicato, ob$ervel [mal.a profunda Ao lado da tragedia de Rim• baud, da resignação de 16lke, e da tranquilidade magica de Georg, a poesia de Qeorg Trakl é o avisQ da ruina. ' Nunca se poderá escutar bastante, a can- : .DO IUO: -- Alnro Ltna, Aaru,to Ftedertco 8c11: ~ mJdi; Aurello Baarq,ae áe Bolaod-. CarlN Vrum. mond de Andrade. Oaatanà Bicardo, Oecllla Mel• • ,mais enigmaLicas· e originais que • quanto havia de doentio em sua A - loucura · num· inundO' c;ue já se tenha encontrado. (Os dois pintura acinzeptada e_ quente, enlouquece, no qual a "risada p9emas aqui traduzido.s, são im- feita quase toda de fuso~s e de horripila_nte, do o~o" : afugentou pPrtantes· por seus sentimentos-e impulsos tambem, de mu1t1\ me• t_oda a f 0 es.a, per. eg';JIU a Tra_!cl seu _colorido). Nenhum Ol!tro dos lànc'olia, senão de amar,;ura. A passo por passo. Ele mesm~ nao - rele,, erre hll AnJos. Fernando' Sablno, Fernando -ção deste efêbo -admlravel _ Ferr~ de .Loãndá. GUbe11á Fre:,re, · •~e ~ do Reco, lorp de Lima. Ydo l~-.. Laéta Mlpel ..Pe-. reira, Maria da. fJaodaile Cor&ealo, . Marqàee Rebe~o; _ Manuel Bandelra. Marta · Julleta>-·Drammonll. .Marl• , lo Mendea; Otto Maria . Carpeaas. · Paulo R6nal • - Rachel ·de Quelros. - •. · · " • · · grandes •poetas escreveu pala- artista evoluiu. Ei-la que traz G E vras tão encantl!das como !I'rakl uma mensagem de convalescen- o T H • E S!'n!lo "essencial perceber, que elé te. As caracteristlcas fundame9- . , · • • era . por seus .simbolos, um .dos . tais de sua. antiga m 1 anelra nao ~ ; • . · . . :' . 1 • • _ ·.;. prej::t:rsori,s' do-· expressl-0nismo mudaram, mas, os p anos se. am· . aiemao, ;Jur;,to- . com · A u g u s t pilaram . e o .colorido se afirmou_ . DE 8 PAULO: - DomlDCoe Carnlbo da 811- va. Edcar Cávalbelro, Rogei: Bútlde e Sérclo ~et. S_tra_mlll,. que é ·ainda menos·· co- com maior nitidez. rthecido. · · · Há ainda algo doentio nessll DE BELO HORIZONTE: - AJphomu de GUÍ• manem Filho e Bueno de Bivera. · . - . Trakl foi desi ganado como pintura, certa qeforpiação mis• "cla;;2ico da rrelancolia. e do, .ou-· tlca _das figuras, . mas aquel'!– tono", e ele o é ·- ·e muito mais morbidez, ,que por vezes lembra• . ainda. Nunca mais, 'nps versos va Soutirie, esvan«!c~u-se. ?<,enos dum poeta: há tanto crepusculo, tortura nas passafens,_ ante!! como nas· suas _poesias, nuncà o crispadas,' e mais .impeza nos esplendor da's -cores é ·tão' c·ati- tons, maior franqueza .-lgual– vante,• tão'' sõmbrl'o, tão estra- mente na 'sua dlstribuiçã!) no es– nhament'e vivó. inzerrto;· azul paço. ,. (Conclusão la la. pag.) • em que a humanidade · i;e revê t!e escritor .- • grande escritor.•. com. deleite. Mas poucos homens sim, não " grànde homem• - serão, como Goethe, ·tão vulne- encontra-se nisso mesmo a que ravels ao desrespeito. l!':is aqui O penetrante -critico fr~ ncês cha-~ uma ' figura humana perante ·a mou •vulgaridade•. DB CURITIBA: - Daltoa Trnllan e Wlllon '· llar&lm. DE PORTO ALEG&E1 - WU.On Oba,u. DE FORTALEZAS - Antonio Glrlo BaffOIO. qual só pode haver uma de Sim, "vulgàrldade• é •vulga- . Alulalo Medetroa, Brara Montenecro, Joio Cllmaco Bezerra e Joef Stenlo ,Lopel. " . - . , prateado •- •estas são -1s ·cores' 'de Marta Leontina merece ,ainda o Trakl,'e principalmente 'o patdo, nosso apl<1uso por l!ll l;laver man– a cor, da destruição e d·à ' dêcom: tido fiel à sua pesquisa. Num posiçãq, Em toda á lirica· de Trakl momento de facillda,Jes e . de o "ocas-o·•••é um''liimbolo que se ausencla de .convicções, eia ln• t.rata Jdo sol,, da lua ou dos ho- slste. em ,se encontrar e. se ex– me!IS, . e üJtt, dos- seus ciclos nfll.is - primlr .sinceramente. . H.á . que belo!! qu;e se ·cnamou:•"Révelação . esperar muito de· quem enca;ra duas atitudes: óu adorA-la como rldade" que há em Goethe, ..es– q_uem ···adora um deús, . ou vol- aa maneira de se.r 'que .. Du• Bos tar-lhe as costas como quem ,se caracteriza como fundamentada ' afasta de um falso idolo. E' isso numa identica atitude. perante me.:;mo qu4; - se' depreende do lo- os seres e as coisas :· os- seres querlto ultimamente realizado e ás ' cc,l1as tomados' no mêsm<1 por_ um jornal franc_ês junto dê _plano, come;, se nãc;> h_ouvesse, • ' , OBR~S OE PAULO ano passado: em Santos Mõnlca, e Ruina". · ·• - • a pintura por um tal prisma. · , grandes escrltares de um e au- , .inst.intlva·, inata, no homem, 11 tro l!idO da J,lancha: epquanto consfderllçãó de , u.ma diferenç;i ' uns se prostram, rendidos,, dian- fundamental . entre essas duas ~– te "da imagem "divina•, outros cafegorla's de Ienomeno· - - ~s . SETUBAL Estados , Unidos, . onde vivia• em 'Íf bando prossegu-imento à pu- qompanhla 'de seus .icmãos .Th~ , "lt blicação das obras completa.s da mas e Heinrich. HeJ.nrich Manp • , flauro Setúbal, as edições Sarai-' tamb.em morreu . hâ : menos _de Pausa·· ... va éle São Paulo vêm da entre- ttês meses. • , • , aar· ao publico ' "'A Bandeira da PRG.XIMAS 'ED1ÇõES • . . Fernão Dias", que corresponda .A - I.,lvr11ria José · Oliniplo a- ' , • Para Meditaçao · -lançam-lhe,• desdenhosos, pedras coisas inertes e os seres· com al• lconoclasta-s. ma. E , ·assim/ compreend<1- - mos. que -_9<!.etl.\e . ,se tenha__:: Paul Claudel, Por exen;iplo, "servido" . a os homens . e responde: "De Goethe. nada sei das mulheres; · dos amigos e nada quero saber, é-me com- e ,dos pode~osos; da . f~inill~ - pletamente indiferente•. Já Ju- e dos fami.tlares, do seu propi:lo les ,Romalns ·- Jules Romains, genlo e (\a passlvidalle d-1s col- à quarta ·edição do conhecido nuncla para breve: "Pedagogia 1 • .romance historjco daquele escri- do Catecismo", . do" Padre ' Alvaro . 2or.. O plano . das obras co111- Negromonte: • A Grande Cida- • ' o homem dos "Hommes ·de bon• sas, do amor e da dedicação dos (Con,lusiio a. la.. pac.) ne volonté" -vê em Goethe a outi:os, d._e . tudo, ~h~_itµ, . de. que reconstituição, que o colega não perso°;!llcacão do Mh(!mein uni- pôde dispor, . como se tudo, ~m tinha pPlvileglo. Era do sul, ~ersal • Charl~s M'oi::gan, . •po-. verdade, - lhe • tivesse siqo ,: p; o• _ bruto e branco, - ainda pior rent, recusa-se a responder . ao porcionado para . seu• prazer,. ,pa- . que O primeiro "tira" .:::.. -c 0 m-- 1nquerlto: não sabe - alemão, a- ra seu de.leite, para· sua, gulosei• ;jeito -de alemã.o, olho. claro, du• lega, nunca leu versos do autor ma, para sua. degustação . pl 3tas de ~etubal compreenda os . de", romance de Edmundo A,tÍ1a.: : veo: que 1 ·era negada a "pres– aeguintes livros> ".O principe de ral, . escritor paulista; " Pequena tacão) . e puxou "d!> !>ólso das Nassau"' "Os Irmãos Leme" . e enct'clopedia de conhecimentos calças o fmo •casse-tête de bor– a ".Marquesa de Santos" - rq• . gerais" por uin grupo de pro- racha c_om_ fio de aço dentro, maaces; •"As Maluquices do fessore; ing!eses. 4 volumes, trá- • ai L?lzmho " perdeu •a '_ cll1-t!1ª lmP.erador", "Nos Bastidores da duçi\io de Almlr pe A,ndrade; que (sim. o llbm~ dele é 1:,t,1fzlnlio, Historia" - contos historicos; . tambem escreveu um volume' es- crel~., que es!luecl de dizer an– "Confiteor" - m~morias; "AI• peélal para O Brasil, com 1.300 ·tes),, po1~ Lu1zinbo perdeu a .cal– ma ; Cabocla" - versos; "O Ou- paginas de conhecimentos ge- ~a. abriu a gavet!i 'da mesinha, ro de Cuiabá" - cronicas; "EI rais: "O Livro dos 'Froverblos·•, tirou o S: --W . e d1Sparou no ou– Dorado", "O Sonho das Esme- atribuldo a Salonlão.· Tradução tro · as , doas balas que tinh~ no rahfas", "0 Romance da Prata" · do Padre Antonio Pereira ·de Fi- tambor. ·Um dos tiros pegou na - episodios historicos; "Ensai- gueiredo. Prefacio de TristãtJ de co;,ca do •s~creta• e outro foi _se 'Historicos" - ensaios. Atair!e. CoJP.ção Rubavat perder na vidraça ,do gravateiro 'MOVIETONE ' OBRA OE UM HISTORIA• que tlf!ha sociedade com Lu!zi- .ESTRANGEIRO DOR E· FOLCLORISTA nho no ponto. ' * Foi lançada há' pouco em Folclorista a historiadór, cuja O_ rapaz foi preso, apanhou Paris o. livro de _Martin Heid- reputação Jã . ultrapassou mes- muito, toma~am~lhe to~o o dl– deger, "Os Caminhos do Bos- mo as fronteiras do •Brasil, prin- nhelro como •prova• do fla– que ", db qual alguns capitulos cipalmente nos países latino: ame- grante, e n:,.als as listas de a– :iá foram publicados rio Brasil ricanos, Luís da Camara casco. postas e o livro de conta cor!en– através de Louis Wiznltzer, que do continua desenvolvendo ex. te. E agora, lá estava Lulzmho tarrtbem fez uma entrevista com traordlnaria atividade !iteraria, nas grades. O pior é que lhe o conehcido filosofo. incansavel no terreno da pes- acharam no bolso \lma caderne• O pensador . espanhol Ortega quisa e .da recoristituição, do ta de notas, •dessas que têm, na Y Gasset viajou com d~stino a nosso passado em suas diversas primeira pagina uipa especle de Be•Hm, onde realizará uma se- manifestações. Autor de obra ,formularlo para ::\ pess-oa es_cre– rie . de conferncias a convite da numerosa e solida pela analise ver o nome- e o endereço e mdl– um. grupo de Intelectuais ale- e • erudição, Já nos deu "Geo. car• quem deye sei: avisado em mãi,s. grafia dos Mitos Brasileiros", çaso de acidente. Meses atr~s. * A dlção do "Jornal Intimo" "Vaqueiros e cantadores" e ou- num dia em qui, estava muito . Franz Kafka recentemente tros liyros de igual porte, te!ldO sentimental, Lfilzmho fazia hora feit_a na Sulça é um documento no prelo atualmente- "Litera- com Cleõ, no botequim da Leo– do _qual ninguem pode prescindir tura oraÍ", volume qu~ f ;u par. poldina e pôs-se a escreve_r coi– no julgamento da obra desse ta 'da grande "Historia da Lite- sa~ na cadepi.e~a: por_ fun a– esc'ritor. Tambem nos Estados ratura Brasileira"; que a Livra- brm~a na · plime1ra pagma ~ es– Unldos. Charles Nelder acaba ria José Ollmplo Editora está creveu que em caso de ac1den– de ' publicar um impressionante publicando. Além dessas obras, te notificassem a s.en ,horUa esUtdo da vida e da obra do au- Luís da Cam;,ra Cascudo Já , en- Cleõ dos Santos, no café X, rua tor· de " 0 Castelo", vistas atra- tregou àquela editora os origl- tal, ~- tal. vês' do angulo psicanalítico. naia da "Geografia . do Brasil Foi assim que os "tiras• de- . COCTEAU ENTRE DEUS Holandês", seu novo livro, on. ram com Cleõ !- a levaram a E OS EDITORES de mais uma vez nos revela suas prestar declara9oes.• Três vezes 'li Segundo Ramon .Gomez •'t!e qualidades de pesquisador eru- foi ela ao .distrito, e';Pllcou, cho– La- Serna "para fazer luz sobre · dito ' e interprete aos grandes te- ramjo 0 mwto, q_ue nao 1;abia de a arte contemporanea é neces- mas da historia ·do passado bra- nada, que Lu~mho era simples- rio Uumlnu até a transparén- sileiro. mente seu am~1,!lhO,· q'!e lhe eia- a figura de Cocteau". O ______ _________ ignorava a prof1ssao, e nao po- grande escritor francês nasceu D I A R I Q dia ter parte nenhuma no nego- em 1892 em Maisons-Laffltte.. cio dele. Não acreditaram, ou Desde .a mocidade começou a talvez fingissem nã.o acreditar, dar mostra do seu genio. Ele para descobrir mais coisas. E proprio confessou uma vez: (Conclusão da la. pág.) depois aquele "tira" grande de - Eu era celebre m Paris JI · terno marron acompanhou-a até aos quinze anos: · nito. (Julia a · Mary May, nê ao café, e aeu para andar a- Cocteau é uma especle de ho, Maria Berlinl). ' trás dela, chegou mesmo a a- ,nem do, sete. instrumentos: ro- 3 de agosto -, "Como é bom re- parecer com frequencia no su– mancista, poeta, teatrologo, di- ceber uma carta de você, quando burblo onde Cleõ morava. Um :retor cinematografico, pintor e menos se eweral Cada vez que dia a arrastou até o àpartamen– ator. Em todas essas atividades, reconheço no envelope a tua le- to de Lulzinho, na rua Viscon- m, Jamais deixou de ser sin.-' tra, dá-me um "vazio", uma col- de de Rio Branco, ,dizendo que ce-rp cons,~o mesmo, com a sua sa esqufslfa, como - quando a la fazer uma "reconstituição", arte. Ele disse um dia: gente vai fazer exame". Coitada de Cleõ - . mas em todo -Prefiro éscrever segundo o 18 de agosto - "Quando a caso não se podia negar que a- mandato de Deµs do que segun- noite chega e no céu aparec_em quilo fosse uma especle de "re- do o mandato dos editores. as .primeiras estrelas, " na hora constituição" do que ali já hou- " DR. FAUSTO" DE de sempre•, olho para elas - · vera. THOMAS MANN tua J.ulla tambem sabe ser sen- Lulzln'.10 continuava preso. E 'k A editora llal'gentlna "Eme- tlmental, querido! - então nos o "tira• do terno marron - que cê" acaba de lançar a versão encontramos. O dia é aspero. agora, chegado o verão andava castelhana do romance " Dou- A noite nos dá asas, e· com elita era de linho branco - falava tor Fausto", de Thomas Mano. voa sempre • para você a sua que o bicheiro não iria a jurl, Este Jlvro, em que se traça o fracativa Julla" . porque, na certa, os m alandros perfil da Alemanha e da humani- 15 de setembro - Da utlllda• dos jurados o punham na rua, dade de nossos dias, o seu au- de das viagens: - o melhor mesmo era ficarem tor o considera como sua reali- - De uma coisa, diz Julla, na surdina, cozinhando o 6Ujei- 2ação !iteraria mais perfeita. você poáe flca·r ·certo. Saudades tlnho com fogo, para ele apren- E, por falar em Thomas não matam , der a nãõ dar tiro em l'epresen- Mann: de um irmão do mestre 22 de setembro - Outra con- tanle da lei. da prosa germanlca, que sem- versa com Julia, em grande Aos poucos Cleõ foi apren dendo pre viveu no anonimato. Vlktor vestido mal'ron e cabelos cor de a lldar com ele, já sabia despis• Mann, uma editora sujça, de cobre: ~ tar e cair fora, jã lhe aceitara Copst2nça, p4blicou recentemen- -- Nãn me venha -.com lero- alf.' J.ms presentes. Mas foi ai te um livro: " Eramos Cinco• lero. A fellcfd ade é a gellte-'-p°'_r qu~ de repente apareceu o ou- que · faz dos. ..--dln<,. pensar que tudo poderia i;er ttqr co~ ~_lncade:lra pesada, dl- nn, Viktor alnda-..JIIOr, multo pior! zen o que tambem queria fazer ro, fala fina 'de menino na muda. do • Fausto• - não .lhe ln teres'- Pois não fica • assim explica- Cleô, que . vira multo filme de sa ã figura m1pclma da Jitera- da a fra'se que arrepiou J"ean • nazistas, tomou um tar pavor do tura alemã. Mas há, alndâ, quem Cocteau: "Por cima das cam• homem, que só sabia tremer e vá mais longe na trreverncia. pas, avante!" - era o seu pro– encolher-se quando . ele lhe a- Jeah Cocteau, d)Or exemplo, que prlo filho ctue tinha ·acabado de parecia . .E lhe resistia, entre- replica: • Goethe faz . parte do morrer? E não fica · assím ex– tanto, num desespero cruel, che- numero dos herols que' desco- plicada a subservle~cia com que gou a apelar para o oµtro, que nbecem O cansaço. Por . mim aguardou, escondido, · que ·· che- -bem ou mal, já se tornara ltm confe9'()-lhe, apreclÕ O cansaç~ gas~e ô em,issa'rlo, do ~uque.· de amiguinho. O que houve entre e O sono dos herois. Goethe • Wermar, _que o não y1era, bus- os dois homens Cleô não sou- cansa , 0 meu _cansaço. Per- car quanao prome.tera? E, n i o be. Viu, foi o alemão lhe che- tence a um - genero de he- é assim que s_e compreende a gar em casa; naquela manhã, rois cujo herolsmo ·se parece cobardia do seu cc;,mportamento trazendo um aompanheiro, dl- multo com O egoisino. Tal he- perante as mulheres .qu_e o a– zendo que tinha ordem de dar roismo me desencoraja. A minh!1 m~ra_m - todas, exceto_um_a: un-.a busca na casa da ~ amante admiração por Goethe cessa Cnstiana Vulpus, a operaria que ,. do bicheiro", procurando "pro- quando, ao anunciarem-lhe a fazia flores artificiais .e que ele vas escondidas:, Depois lev_o_u-á morte do filho, ele réspondeu: trouxe para a sua çompanhi~. presa, - a mae de Cleõ _grita- . "Por cima das campas, avan- com quem casou, .I! 9uem de\l .f1- va, pegava-se com Nossa Senho- tet• Ainda mais longe vai Mar: lhos, a unlca que er,a, em vetd.a;: ra da Aparecida, e os vizinhos cel Aymé. Este, ironicamente, de, P.ara. ~le., um . lnstru~en\o , , • se juntaram na -rua, medrosos e comenta: ,. Se Goethe vivesse Uf!i 1;De1q., . Erotik~n. pnmerro, , escandalizados. No distrito fl• hojé, séria . presidente de qual- primeiro srmples animal de pra– zeram-na esperar um pouco, por quer coisa, usaria guarda-chu- z~r. e, depois. quando o ero– fim mandaram-na embora., Cleõ va, calçaria po. lalni·tes. teria uma tismo, saciado se transformo11 velo para o trabalho, deu des- em bem e tar e egu anç b culpa de doente, a fim de justl• condecoração ostentosa na la- s . s r ª . ~r- ficar o atraso e telefonou para pela e diria que Aragon 6 o guesa - governante, admmis– o armazem perto de sua casa, maior poeta do seculo tal qual t~adora da _bolsa- e da mesa? A- i • , liás, é as~1m que se explica a pedindo que lhe chamassem a com:? d sse de Beranger em repulsa que Goethe inspirava . a m ãe. Tentou tranqilillzá".Ja, mas 1825 • E G~aham Green, o g~an- Schiller; pelo menos- antes de a velha, ainda aturdida e choran- de romanc1~t!' inglês,. à purid!'· Goethe compreendr que Sr.hil– do, co11tou-lhe que o pai soubera de confessa . Para mim, que nao ler não ~a homem para se dei– de tudo e esta_va sentado na sala, . se~ alemão, Goethe é letra-mor- xar · tratar como uma coisa , à e_sper~ da filha, para lhe pedlt_ ta . um objeto. um melo. sat1Sfaçoes. Muito bem: pode ser gue pa- Surpreende, porém, e nistc, · Eram essas satisfações que ~ãom;:• ;i'e'::i~~m t3:s'!,rTt~i:1•cquee estã o poder desta figura cujo Cleõ não ousava enfrentar. Pre- • 0 • prestigio mundano • ofusca as feria morrer, a .olhar na cara ,do the seja letra-morta. Mas não é conscienclas mai s desempoeira- - do escritor Goethe que estou a . das, surpreende como 05 biogr a- f;;r em~~~~~~-l~e dtfta:~1Nó !l; , falar.: é do hom~m Goethe. P«;>de fos mais :,tilados interpretam-au– nos dentes para 'fora, mas que- a sua obra ser genial, para ·mim, tenticas e inequivocàs provas r éndo morrer de verdade. Ir em que pese a Charles Du Bos, da !' vulgaridade ! de Goethe co– para o necroterio, sumir; não cuja boa vontade o · levou ª dis- mo se tratasse de altas mani– deixar sequer bilhete para mais cernir em Goethe dois homens festações de humana grandeza depressa ser ésquecida. dl~tlntos - 0 Goethe· ~e • antes Dlr-se-á que quem se ocupa d; Chegoú na saleta dos fundos de Goethe: - para mim,•a vi- _minis~ro do duque de ~eimar do café, tirou o avental, pediu da deS t e _grande homem é O entra. voluntariamente, num jogo licença ao gerente para ir na mais perfeito exemplo da vida em que os valores humanos se fa,macla comprar uma caflas- ,l!e um ~pequeno homem: , da- encontrám Invertidos. E, assim, pirina, que estava · se sentindo qu11o a que o mesmo Charlell O que noutrem seria interpreta– pior, Na farmacia, o que com• Ou Ros chama - a ':,ida de _um do como ·pequenez de . espírito, prou foi a velha formicida, - ho~em enfeudado à vu1'?ar1da- mesquinhez de aJma, puro egois• e ainda teve calma para falar de . . mo, simples vulgaridade, na fi• em formiga, explicar ,que esta• Diz!a eu - há exist~nclas que gui'a do grão-senhor de Weimar vam devorando a su;,. roseira nos atraem por aquilo_ mesmo é recebido como manifestação . principe-negro, linda, que tinha que ~ela nos repele. E' º• caso de. uma superior • sagesse", de no quintal. E, engraçado, o caso da existencla do autor do Wer- 11 ma •IIlultrapassa'Vel potencia da roseira era verdade. ther". Quan~o . se escreve uma humana, . de uma majestosa Cleõ voltou ao café, apanhou nova biografia do ministro tio grandeza Intelectual. um copo, uma garrafa de " Ca- duque de Weimar, vemame logo_ Bem- haja, Por isso, um Mar– çula ", como se fosse servir um a _tentaçãçi de a ler. ptr-se-á que cel Aymé que teve a coragem freguês; despejou o pó dentro espero ainda a justificação que de dizer que O " rei vat nu• - . do copo, depois O guaraná, en- explique a meus proprios- olhos se Goethe fosse vivo usaria · guliu tudo. • 1 'd d • f t Antes de cair debruçada por a vu gari a e undamen ai es• guarda-chuva e polalnites, con- cirna do balcão, ainda ouviu os tampada na fronte. majestosa decorações e diplomas honc,rl• primeiros compassos de um bo- deste monumento venerando. E, ficos. E' assim que Goethe me lero que O radio tocava. Depois assim, li o Gundolf, e assim li apareceu sempre - · assim, tal lembrou-se da noticia que ia agora o Marcel Brlon. Assim qual, nos antipodas dos homens sair no jornal: " Por motivos meditei os estudos .de Charles que sempre tiveram a minha Intimos suicidou-se com violen- Du Bos e as • Conversações veneração - os homens huma– to tox:lco a jovem Cleonlce San- . com Eckermann•, a "Verdade e nos, sim, mas humanos 1_;em tos de 16 anos de idade. A Poesia" e, até, a "Vocação Tea- alma, os homens para quem o tre~loucada moça ... • tral de Wilhelm Meister". Foi, homem qão é um melo, mas U!11 Morreu com essa palavra no porém/ Ou Bos, o autor das fim ·em si mesmo, os homens pensamento. E de certo modo • • Appr()ximatlons•, • que, sem para quem o homem não é um morreu feliz. Sempre achara querer me deu a chave "do mis- Instrumento de · ambições terre– 'Ua:,sloucad " _µma...J!alavi:a _lln_:,.. terlo. •A - essencia do equivoco, nas., mas l.mJlg m dt uma ci:J.e.b. da, que &&, formou à volta do gran- te diVindade,

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