Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

• 1 sar de nio gostar de apelidos, chamavam-no Quinquim, ou Quincas, o belo . tava de teatro clássjco. -.. 15 anos fez versos, mas em carta a Macha.do de Assis declar ou: "De u.ma certa idade em diante pretendo não :mals me aplicar sia". . tumava contar história:, aos filhos. • grandes amigos de intãncia: Rodrigues Alves, Luls Ah•es de Lima e Silva Filho . ·gos da mocidade: Barros Pimentel, Artur Carvalho Moreira. gos da maturi{1J.de: Hilirio Gouveia, Rodolpho Dantas, André &ebouças, Visconde de Taunay, Eduardo Prado e o Barão do Rio co. va _admiravelmente o trancês e muito bem o inglê~, e entendia o espanhol, e um pouco de alemão, de,xa cartas sem resposta. a devoção pelas 9ete virgens mártires do cânon da missa. · ·ando, não se esquecia de levar um vidro de conhaque no botso usando-o como tônico . umava assistir à missa cantada, de que muito gost.•wa. ' várias vezes o romance "A Cabana do Pai Tomas". t>scritores prediletos: Emerson, Cícero e Platão . iderava Ticiano "o pinto, (Jas magnificências da carne e das eloquências da matêria". 23 anos publicou o seu primeiro Hvro: "Camões e os Lusiadas". · Reforma·• foi o primeiro joi:nal em que trabalhou na imprensa. ou. c~111; Macba~o de Assis. ~o p~riódi~o _mund;\no: "A Epoca" (durou quatro números} pseudommo na imprensa: N•nguem (replica a Castro Alves que, na ocasiiio, usava o pseudônimo de Alguém) ro pseudônimo: Fr:schutz. (Livre atirador} . pre sonhou conhecer o oriente. ades de sua predileção: Londres e Roma. fim da vida jogava bridge e dominó com O.."I filhos e amigos. monarquista, sem acredita.r. porém. que o Brasil, pudesse volf..tr a esse regime .depois de 1889. ceu em l'1 de janeiro de 1910, em Washington, e foi sepultado na cidade que. tanto amou. --' Recife. alérgi o à manteiga . Joaquim Nabuco escrivão Gaudêncio Cé- de Mello. Esse edital, que publicado no "Jornal do ércio", de 7 de outubro, a propostas para uma a de escravos e "ingê– ", em que africanos de os ele ainquenta' anos ndo a lei de 7 de novem– de 1831 nunca revogada cinquenta e um) figuram lado d escravos de dez quando a lei de 28 d~ mbro de 1871 já tem onz'.? ), e de ingênuos até de , assim postos em arre– ação como se est.a última não tivesse sldo registra– na legislação de Valença não existisse na do Esta- Assim põem-se à venda e edital "os serviço~ (por 1plo> da ingênua Geotgi– preta, 1 ano, filha de dida, avaliados por 20$, •iços do ingênuo Benedito, ulo, seis meses, filho de asirn,. avaliados por 20$; iços da ingênua Ormin– parda, 3 meses, filha de ·a, avaliados por 20$000: iços da ingênua Leonidia, a, de dias, filha de Al– . avaliados por 10$000. ão conheço maior prostl– ão da justiça do que es- do Brasil e cabe a V. Ex. rasgá-la quanto antes. A co– meçar a venda por editais ou sem editais dos serviços de ingênuos, a lei de 28 de se– tembro será em breve repu– tada pelo mundo, como de todas. a mais monstruosa men– tira a que uma nação jamais r-ecorreu para esconder um crime. A praça estava mar– cada para o dia 26 de outu– bro e a esta hora já terá ti– do lugar: a autoridade públi– ca. porém. terá meios de per– seguir os criminosos 2 resga– tar os inocentes . A questão é a seguinte: Podem ou não os ingênuos ser vendidos? Per– tence ao Governo salvar a dignidade de toda essa imen– sa classe criada pela lei de 28 de setembro. Escrevo a V. Excia . com plena confiança nas suas intenções e espero que prestará ao objeto õesta carta. se o não achar indig– no dela. toda a sua atenção. Sou de V. Ex. com a maior consideração . Amigo Obrigadq e Criado Sairam clmio-<;; de erros na "Gazeta. de Noticias", eu ago– ra quero ver se saem mais corretos. Espero que lhe agn.– dem. Esses panfletos têm-se ven– dido, mas eu os encetei como precursores apenas do ''Sécu– lo", que estou tratnlndo de fundar, com capital pernam– bucano que me foi prometi– do. Espero até ao dia 15 ter uma solução a esse respeito e envio-lhe uma pequena.cha: ve telegráfica para o caso d~ insucesso, sendo que eu dese– jo que você logo que receba esta vá dando seriamente os passos precisos para no caso de eu não querer ficar aqui, poder partir. Com um Amigo como você, para quem a amizade é mais do que uma palavra, posso falar de coração aberto. Aqui vai a minha história, ist0 é. a posiçã.o em que me· acho. Não tenho objeção a que você confidencialmente a conte também aos outros dois P. :'. lPenedo e Picot). Quando vim da Europa, em 1884, eu ganhava em Londres .JOAQUIM NABUCO f 30 do '·Jornal", 50 por tri- mestre (quero dizer guines dital do principio ao fim! A JOSE' MARIA DA SILVA ão treme-me de indigna- 2'ARANBOS f 52 . 10.0) da Central Sugar, f 10 da "Razon" de Montevi– déu, e de consult.as de advo– cacia - digamos f 10, porque ao chamar a atenção do erno imperial para esse ico judicial de ingênuos ! :.udácia de pôrs"m-se em ta pública, ingênuos de ses e de dias, faz quase uecer a audacia com que a gistr'..,tura local põe em ça africanos (pela idadE:– rcada que é um edital venda uma informação 1a fide) necessariamente rtados · depois da lei que !arou livre todos os <>scra– que entrassem no territó– ou porto do Brasil vinõos fora . Nesse edital são a– r,ciadvs os seguintes escra– ·: Marcelina, crioula, 10 s. filha de Em-erenc1ana, ro dizer Emiliana, avalia- por 80$000; Manuel. cri– o, 10 anos, filho de Rosí– a, avaliaJo por 700$000" (e is dois outros); pode hav.!r 1882 escravos de dez anos BrasH? ão chamo a atenção de V. eia. para os seguintes es - vos: "Agostinho, preto. 33 os. morfético , a valiado por $000; Manuel, Cabinda, 76 os, cego, avaliado por .... $000; Luis, de nação, 81 a– .;, avaliado por 505000; João çambique, 86, avaliado por $000 e outros, porque se es– infelizes têm o direito d,! 1elxar-se do nosso pais, on– morféticos. cegos e velhos mais de 80 anos são pos– s em arrematação como es– 'lVOS sem que a autoridade 1blica ~os reclame para al– rn asilo de caridade. a lei rita não foi violada nes– s odiosas aberrações da mo- 1 pública, de ingênuos ou venda dos seus serviços ? A lei de 7 d-e novembro de 1 que aboliu o tráfico está fato 1-evogada; chegcu o omento de mostrar ao Gover– O jovem Paranhos, futuro eu tiv-e diversas que m~ fo– barão do Rio-Branco fizera-· ram pagas a f 50. Isso e, tl– se cedo amigo dos fllhos do rei perto de J.: _70 por mês com senador Nabuco. Primeiro um~ perspectiva de mmto foi-o do mais velho, Sizenan- mais. !nfellzmente cai doen– do, cuja idade se aproximava te, e _tive qu·e vir ao Bras;l, mais da sua e depois de Joa- e_ noJe reco~heço ctue se ~ao quim Nabuco. Sempre fôra t~vesse partido_ teria ~orndo, porém um temperamento mui- tao fra~ e tao abatido, de to reservado, um tanto ina- fa~o tao mudado, cheguei. cessivel mesmo aos mais pró- Nao tenho portant? que me ximos. Durante o longo pc- arrepen~er de ter V!ndo. Des– rfiodo passarl.o na rotina do de. pore!D, que sai de Lon– serviço consular. dos quais d_res, de!xei de. ganhar. Es– dezessete no consulado de Li- llve aqm de ma10 a setembro, verpool. não foram muitos os doente, trata_ndo-me. Em ~e– que tiveram ocasião de lhe tem1:Jro parti para o . Recife, conhecer o preclaro mereci- liquidou-se o Montepio e eu menta e poder prever o alto •t~ve u~ _4. 500$ _na _liquida– destino que sua capacidade e çao. Depa_1s recebi . tlo1s mese~ seus conhecimen.tos lhe po- de subs1d10 na _Camara . Foi deriam garantir. Joaquim tudo. Desde abril de 1884 !e– Nabuco formou na onda da- nho estado_ a gastar dinheiro queles que fizeram chegar a sem ~111he1ro. Eu em Lo~– Floriano Peixoto ("o Nabuco d~es tln~a uma pequena d1- é um· adversario leal" res◄ vida feita para as despesas pondera O Marechal ao' ami- de minha, colocaçã_o e parti– go que lhe transmitiu o re- da . para la. Essa çlivida, eu a cado) , que o brasileiro mais teria p~go com o produto do próprio para defender nosso Montep_10; Este_. porém.. fol-~e território na questão das Mis- ~as ele1çoes. Tive quati_o ele1- sões, no arbitramento já con- çoes . em u~ ano _! Viagens fiado ao presidente Cleve- r~petidas. d1spend1_osas como land, quando faleceu O ple- sao, e como as mmhas des– nipotenciario do Brasil, Ba- pesas . eram permane_ntes, e rão cl,e Aguiar de Andrada, acresciam_ extraordmá~1as, fui– era O Cônsul do Brasil em Li·• me endividando e hOJe a<:h~– verpool . Num labor pa~ien~e me_ C::Olocad? em ui:na po~_1çao de anos. Rio Branco fixaria d1f1c1l. ~ss1m a mmha , mda alargando-as não só nesta li- ao Brasil ~ez-me perde~ tudo nha, mas em todas as dúvi- o que_eu qnha e o que 1a te!,', das semelhantes, as fronteiras e obrigou-me a desp~as mui– do Brasil e que foi o maior to alem de meus meios, per– ministro das Relações Exte- dendo eu portanto duas ve– riores que já teve O Brasil. zes . Em suma, para um ho- mem regrado. e extremamente suscetível à pressão da divi– da foi um desastre que só Rio, 3 de abrU de 1886 Meu caro Paranhos, que essa não pode ser a ' rte da lei de 28 de setem– Muito obrigado e de todo 'J co11ação pela sua carta e tudo que nela . e co't tém. Agrade– ço-lhe mu1lo a prontidão com q•re você mandou as .E 50 que eu lhe pedi adiantas5e a H. teve uma compensação, além '1a volta da saúde, a minha atual relação com Pernambu– !:O, e o amor que lá me têm. A minha• idéia de fundar um jornal político resulta deste duplo pensamento . A necessidade de ver. o Partido Liberal representado na im– prensa pelos seus elementos liberais (vejo o visconde de Pinhal, o único deputado li– beral de São Paulo, é verda- o de 1871. E' precis<> im– cür esse tr-.ítico de in~ênuos e desponta. Não é abahn– escandalos dessa urdem 1e se o pode cons ~gu:, }>; – editl¼l de Valença ,il:Jr,:> urra ágina..,,irist.iss1ma na hLstúria Por este vapor você recebe– rá uris versos 'meus franceses. de que é de São Paulo, o qlle acaba de fazer), e o sentir ·eu que em oposição aqui pos.<;& encurtar a época ,mperial do partido Conservador, porque você sabe "os periodos" dos partidos são fixados pelo Im– perador, somente. Julguei-me oi>;•igado a fa.ze1· essa tentaUva. E se os meus amigos estiverem prontos l\ unir-se a mim, como parecem, eu andarei melhor identifi– cando-me com eles que real– mente têm feito toda espécie de sacrificios por mim. Nem lhe posso dizer que sacrifícios foram para eles essas eleições sucessivas em que me envol– vi! Se porém o jornal nii.o se puder fundar, estarei livre para partir mas então será por muito tempo, será. como o seu, quase um divórcio da pol!tica. E' ist-0 o que me faz tanto hesitar. Em 187fl eu estava na di– plomacia, e hoje estaria mui– to adiantado nela se tivesse ficado fora da política. Mas a politica me arrastou, e uma vez no Parlamento, irresisti– velmente, o abolicionismo me atirou fora dessa outra car– reira, a politica. fazendo d-e mim um como que semeador de idéias. Nada mais. Em todos os casos pus de l!ldo os , meus interesses materiais completamente e acredite qne • eram grandes. e. pior ainda, fortes afeições. Mas hoje a situação é esta: por uma sé– rie de evoluções cheguei a ser um dos representantes de uma grande aspiração nacio– nal por um lado, e por outro, de grandes esperanças duma Provrnc1a, à qual muito d~vo. Eu sinto ;iue ficar na politf– ca é arruinar,me. Que as exi– gências a que tenho que a– tender não me deixariam na– :rar no plano inclinado êm que fui repentinament,<:> lan– ç-ado, e que serei um nôma– de. de espirita e de inst.ala– ção entre o Norte e o Sul en– iire Pernambuco e o Rio. Par– tir hoje, quereria dizer - que– brar esses laços, retirar-me do movimento no instante para mim mais interessante e momentoso, e ainda uma vez abandonar uma carreira feita pelo desconhecido de po– sições precárias e subalternas e por um novo provisório, co– mo se me figura ser a vida no estrangeiro, a mim que tenho tantas raizes. tantas Cl tão fL1ndas, neste pais. A mi– nha única salvação está em ser coagido pela necessidade a fazer uma coisa ou outr.i., como tenho sido sempre, por– que a escolha definitiva é superior à minha delib-•ração tão difícil, tão impossi vel. Adeus, meu caro Amigo. Reflita em tudo isso. Eu es– timaria . poder contar com o lugar do "Jornal", se o Pi– cot não tiver perdido a con– fiança, em mim. Eu escrevi– lhe uma vez sobre as corres– pondências do meu sucessor, mas tenho medo que ele te– nha visto uma critica. onde não havia. vorque realmente as cartas são excerentes, o seu único defeito. é serem um tanto tardias e não darem a primeira impressão dos fatos. Não sei quem me substituiu. Inf•~lizmente. se eu voltasse, teria que pedir ao nosso Ami– go que me deixasse residir parte do ano fon da Ingh– t.erra. porque o clima de L<m- (Continuação da primeira pag., eh:dance de um Brwnmel ar– tl:s_ta e a pureza ateniense do~ 1u1stocratas por instinto. Dele se pode dizer que a natureza violou as suas leis de compensação para o fazer perfeito: nele a superioridade t1~~lectua; e moral realçava· ainda mais a beleza física. Não é pródiga a nàtureza nesses prodígios de harmonia enLre o C01'1JO e o espírito. A antiguidade helênica. que pra– t.lcavd, aliás, ·a cultura !nten– :slva da beleza plástica. cita em Alc!biades, talvez, o seu mais puro especlmen de um beio espirlto aliado a um be– lo cor90. Nabuco, neste pon– to, era um privllegiado. Quan– do. pela primeira e última vez o vimos, foi por ocasião da visita de Elihut Root, o grande secretário america– no. Ele já estava velho. com a sua radiosa cabeça de me– ridional completamente bran– ca; mas, da sua figura guar– damos uma recordação inde– lével. Foi no p.alaciD Monroe. Nós, os estudantes, passáva– mos, vibrantes, numa radiosa J.Uarche aux Oambeau, em ho– menagem ao estadista ameri– cano. No patamar da esca– daria central enfileiravam-se o corpo diplomático, os em– baixadores do Panamerican-:>, as altas autoridades civis e dres, sem sol, não conviria mais hoje à minha constitui– çáo, mmt;o enfraquecida quan– to aos nervos. Não lhe pos– so, porém, dizer por escrito, meu caro Amigo, todas as caus!lS de pe1 turbação que ultuuamente têm-me feito vi– ver como que sobre um solo mov•ed.iço, e que me fazem desejar como suprema felici– dade esse ideal da Monotonia que eu acabo de ver descrito por Th~dore de Banville, num número õe Gil Blas, de um homem que faz todos os dias as mesmas coisas às mesmas horas invariável como o pon– teiro do relógio. Lembranças minhas ao seu pequeno mundo e aos nossos arnig-os. Aí lhe mando um retrato mais. Sempre seu to– do JOAQUIM NABUCO A MACHADO DE ASSIS Machado, dez anos malS ve– lho que Nabuco, era escritor de nome feito quando Nabu– co, aos quinze anos, publicou em folheto uma ode à Polô– nia, •·o Gigante da Polônia". No seu folhetim de cri-tica, -no ..Dtário do Rio de Janei- ru", Machado escreveu algu– ma~ palavras de animação pa– ra ~o jovem poeta que bal– bucia apenas". O colegial a– giadé'ceu-os nesta carta de pr,me,ro de fevereiro de mil oiLocentos e sessenta e cinco. Mais tarde, em 1874, jà ami– gos, uniram-se na fundação d~ um periódico brilhante, que só durou quatro números, "A :Época". Mais tarde ainda, ja na República, encontravam-s~ d.1a11amente, à tarde para pa– lestrar na Livraria Garnier, 'P'.mto de reunião dos inte– lectuais, depois na "Revista Brasileira", e por fim na A– cad?mia de Letras, de que foram, com Lúcio de Men– donça. os principais fundado– res. A Academia foi até ao fim o laço de união entre eles. firmando a amizade e admiração reciprocas . Ambo.s tinham-lhe carinho. Ocupam– se constantemente dela nas c:.irtas que trocavam quando as missões diplomáticas afas– taram Nabuco do Brasil, po: muitos anos. '·Mas espero, es– crevia Nabuco, a Machado. voltar ainda antes da noite. E então os meus 60 futuros !Procurarão acompanhar os seus 70 futuros até o fim das respectlvas casas. Oxalá!". A Nabuco, quando escre– veu estas palavras em 1908, restava pouco mais de um ano de vida. A Machado, sema– nas. apenas . Em outubro de 1908, José Veríssimo escreve a Nabuco, sobre a morte do amigo: "Na manhã do di1 anterior, estando eu com ele no quartinho do pavimento térreo em que padeceu e fa– leoeu, ele, sempre com a idéia da morte presente, dis– se-me: "Veríssimo, você mande r rm– tar ·este desfecho aos 3migus militares. Em baixo, sobre 111 multidão sussurrante, uúlha– res de balões venezianos, os– cilando, aos boléus, nas pon– ta~ das bengalas, agitavam fantasticamente os seus glo– bos policrômicos-. Houve um momento, em que, lá em cima, acenderam um facho de fogos ca~bialll– tes; e, dentro do seu repen– tino · e azulado clarão, no si– to, no primeiro lance da efl– cada, Nabuco de casaca, dei– tacou, nitidamente, na noite iluminada., a sua silhueta i,m.– ponente. alhelando-se, so– branceiro, entre Root e · Rio Branco. Tinha o busto um pouco reclinado para a direi– ta, em atitude de quem des– cansa. Estava sereno e cal– mo. No meio daqueles dois homens de estatura comum, magro um. gordo outro, a sua alta e elegante figcra so– bressaía com um relevo in– confundi vel. Sobre ele cen– tralizaram-se. desde logo. to– dos os olhares. Nabuco pare– ceu ter compreendido aquela admiração. Imobilizando~se ainda mais, d,e u enfã-0 à sua atitude um ar impassível, de uma sereni– dade olimpica - com() se na– quele instan.te ., colocado dian– te da objetiva da História, quisesse levar à post-eridade o modelo ideal d::. sua pró– pria estátua. que estão fora e nomeou-o, ao sr., em primeiro lugar". C . N . 12, rua Marquês de Olind11. Sexta-feira.. 10 de feveéelro de 1899. Meu caro Machado, Como ninguém escreve nes~ se estilo, etc., jà o v1 há dias na "Gazet.a", antes do José Veríssimo mostrá-lo (1). Ago– ra queira dizer-me como se vai formando em seu espí– rito a sucessão do Taunay na Academia. . . (2> O Loi-eto disse-me anteontem Jque na "Revista", onde não vou hA muito, se falava em Ar'ino e Assis Brasil. Eu disse-lhe que minha idéia era o Constancio Alves. O Taunay era um dos nossos, e se o substituímos por algum ausente, como qualquer daqueles, teríamos dado um golpe no pequeno grupo que se reune e faz de Academia. Depois fica riamo., sem recepção. O Arinos tal– vez viesse fazer o elogio .. . Eu, pela minha parte, que entre os dois votaria nele, porque o elogio do Taunay pe– lo Assis Brasil (este pode ser reservado para outra cadeira mais congenial com o seu temperamento), podia ser um!l peça forçada, confesso-lhe que não v ~jo ninguém como a Constâncio, mas se você nã(> pensa que o Constànclo tern a melodia interior, a nota rara, que eu lhe descubro, submeto-me ao mestre. Com o voto de Dória (3> que mei prometeu, e o meu, o Cons– tãncio já tem dois. Se você viesse·. era o triângulo, e po • diamos até falsificar a elei– ção. Sério! Escreva-me uma linha, Já que não nos vemos mais. Há– de você crer que não me en– tregava de "quando em vez" ao prazer de conversar "con– sigo" só 1>0r não saber que o seu número no Cosme Velho era 18 ! Sei que a carta diri– r,:ida ao Rio de Janeiro iri.1, ter-lhe às mãos, mas tenhl) .i. supersti-;ão de não escrever sem endereço exato, e foi a.– gora, vendo o amável bilhe: de ano bom , que você gentil– mente me remeteu, que ma ocorreu a idéia do agradáv~l passatempo. que acabo de ter sobre prel,exto de cabalá-lo . Multas afetuosas lembranças do amigo sincero e tão ad·· mira.dor .JOAQUIM NABUCO (1) Referencia ao :U-tigo dó Machado em -homenagem i;,. Almehda Garrett publicado n?. "Gazeta çle Noticias", sem as– sinatura, por ocasião do cen– tenário do poeta, em 4 de fe– vereiro de 1899 . (2> Taunay falecera em 25 de janeiro. (4\ Franklin Dória, Be.rlo de Loreto.

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