Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

· .Esquema da Evolução da Soeiedade Paraens'a \ Ninguém ignora que os XLII LEVI HAL .DE MOURA · preceitos da Igreja de casti• dade, pecado original, casa– mento indissoluvel n ão sur– giram por acaso, ou, como, por outro lado, alnda há quem queira fazer acreditar - de Imperativos mágicos ou místicos, mas da necessida– de de m..elhor manter e de• fender a propr1edade priva– da, base angular da explora– ção do homem pelo homem. (Especial para a FOLHA DO NORTE, neste Esta.do). Todos sabem qué ·o apareci• mento do patriarcado, a ex– tinção do matriarcado no mundo, assinalou o advento da propriedade privada e· a exploração do homem pelo próprio homem, inclusive com DIRETOR PAULO MARANHÃt, 1~ SUPLEMENTO j ORIENTAÇÃO DE HAROLDO MARANHÃO COLABO&ADORES DE BELEM: - Alonso Rocha, Benedito Nunea, Bruno de Menezes, Cauby Cruz, CécU Melr&, Cléo Bernardo, Daniel Coelho de Sousa, F. PauJo Men– des, Gartbald.J Brasil, Haroldo Maranhão, Levt Hall de Moura, Mario Couto, Ma.rio Faustino Max Martins, Natalicio Norberto, Nunes Pereira O~lando Bitar, Otavio Mendonça, Paulo Plinlo Ábreu R de Sousa Moura, Ribamar de Moura, RuJ Guilher: me Barata, RuJ Coutinho e Sultana Lev, Rossem- bla&&. · DO RIO: - Alvaro Llm, Augusto Frederico Sob• midt, Aurello Buarque de Holanda, Carlo1 Drum. mond de, Anllrade, Cassiano Ricardo, Cecllla Mel• reles, Cyro do1 Anjos, Fernando Sabfuo, Fernando Ferreira de Loanda, Gilberto Freyre, Jos6 Llns do Rego, Jorre de Lima, Ll!do Ivo, Lucla Mimei Pe– reira, Maria da Saudade Cortesão, Marques Rebelo, Manuel Bandeira, Maria Julleta Drummond, Murl– lo Mendes, Otto Maria Carpeaus, Paulo R6nal e Rachel de Quelros. · · DE B PAULO: - Domingos Ca"alho dà SiJ. va, Edgar Cavalheiro, Roger Bastide e Sérgio Milliet. DE BELO HORIZONTE: - Alphonsu11 de Ga.l• maraens Filho. e Bueno de Rivera. DE CURITIBA: - Dalton Trevlsan e Wilson Martins. DE PORTO ALEGRE: - Wilson Chagas. DE FORTALEZA: - Antonio Girio Barroso, Alulslo Medeiros, Braga -Montenegro, J'oio Climaoo Bezerra e José Stenlo Lopes. · · José Itins do ~ego Em casa de O~vio Tarqulnio de Sousa estive num al– moço com o romancista. Camus. E confesso que me deixou o francês uma grande impressão; Fui prevenido para o encon– tro com uma "vedette" ·das letras e encontrei -um homem sim– ples, um rapaz simpático, risonho, sem qualqúer indumenta– ria de escritor da moda. O tipo humano de Camus nada tem que ver com o ;igurino do literato de forma, destes que saem a fazer a América do S_ul, para mostrar o que são e uão para ver, para sentir as coisas conforme elas são. Lembro-me da visita qu~ fez à L~vraria José Olympio o romancista Duha– mel. A figura flácida de rosto redondo, os trajes compostos as luva~ em marron, os óculos de aros de our.o, me deram ; impressa.o de um hoi:nem trabalhadd' em cosméticos. E, no _entanto, era o magmfico escritor Duhamel, daquele livro surpreendtmte "Civilisation", escrito com o sangue e as fe– ridas da guerra de 14. Apertei-lhe a mão enluvada como se &pertasse a mão de uma fotografia da "Nouvelle Littery.ire" p contacto com Camus foi bem outro. • <;> jeitão Camus nada tem que ver•com os clichés eon..– vencionais. A conversa· que se estabeleoeu entre ele e os con– :Vivas não girou em torno dele próprio. Caimus queria mais saber do Brasil e falou- com entusiasmo das nOS§aS seme– lhanças com o norte da Africa, donde é filho. E quando a ~ona da casa, a escritora Luoia Miguel Pereira, nos apre– sentou o seu maravilhoso cuscus paulista, o francês se rega– lou com o pratõ suculento, e lembrou-se de coisa semelhante de Argel, A conversa foi depois para a literatura e Camus foi obrigado a; dar algumas opiniões, a falar de gente de mosso tempo. E tudo sem pose, sem cátedra, discreto. Mas quando falou de André Breton se inflamou, para nos contar pedaços da vida do espantoso André, o homem que passou quase sete anos· nos Estados .Unidos sem aprender uma só palavra de inglês, incapaz de botar sozinho uma carta no correio, com medo de perder-se. Breton, tirânico chefe de escola qu,e conserva nos seus anos de madurão aquela mes– ma •frescura "<io a.dolescente dos primeiros dias do romantis• mo surrealista . Mas Camus quer sabei: de nossa vida pequena, humllde. Na véspera recusara um jantar no "Bife de Ouro" para !;: comer numa casa d•e pasto portuguesa. Camus quer ver o nosso povo, a nossa verdadeira orig:inalldade . E não serã nas "boites" que descobrirá esta nossa autenticidade . Acredito que não fará, entre nós, o sucesso de Maurois, sendo como é um ho1mem de outra formação . Maurois fez a , América do Sul, à base de publicidade de bom empresario. Camus nos a,pareoe sem COID!Promissos com o público, somen– te com a vontade de eXiI:>rimir a realidade ,!),e .seu tempo e as angustias de sua geração, a submissão da mulher . Sa~ be-se que a moral mosaica escravisou a mulher. Mas, a chamada moral crlstã - lon– ge de libertá-la - como pa– rece a alguns investigadores pouco profundoo, ou pouco honestos, - pô-la em servi– dão, substituindo apenas uma escravidão por outra. Ambas, tanto a moral mosaica, como a moral cristã, não agiam as– sim - está claro - por sim– ~les impera tivos magicos ou misticos . Estavam, corrio es.. tão até hoje, a serviço da propriedade I privada, cuja existencia precisavam, como a té hoje . precisam, ga.rantir. , A burguesia costuma, com a ansia de se salvar, fazer- al– gumas · concessões, não s6 no terreno político e econorr..ico, como no terreno moral, c:m– cessões a que chamam de re– formas. O divorcio nos Esta– dos Unidos é, por exemplo, urna dessas concessões. E ', por assim dizer, como passar da "servidão" do casamento indissoluvel, ao "trabalho as– sala;riado" do casamento com a perspectiva do divorcio, al– go como se a mulher pudesse vender "livremente" o seu amor no "mercado" . matrimo– nial. Ninguém se persuada, por– tanto, que o Vaticano exco– mungue os comunistas por que os considere ateus. Que importancia tinha isso ? Pri– meiro, Deus, se é infinita jus– tiça, não haveria de fazer questão que se acreditass-e nêle, bastar-lhe-ia que se fosse justo à sua semelhança. Depois, ele não poderia con– siderar-se ofendido com o ateismo, visto que ninguém ofende aquilo em cuja exis– tência não crê; · O Vaticano excomunga os comunistas, porque os comunistas são contra a propriedade privada. O Vaticano tem interesses "materiais" na manutenção da propriedade privada no mundo, e fala então em no– me de Deus, tal como se ele tivesse interesses "espiritu– ais" nessa manutenção l - E' claro que uma consciencia . honesta, sincera e sensata, percebe logo as cartas do Pif-lPalf clerical nas mangas do rico hábito do "Santo" Padre ... Daí, n"'O Mlssionario" de Inglês de Sousa, a quebra: na– turalissima do voto de casti– dade pelo padre, o colapso de sua chamada virtude, o que constitui o plenilunio da nar– ração, não parecer ao critico Olivio Montenegro mero pre~ texto para simples ofensiva e.nt !-clerical, simpl-es arreg\– nho anti-padresco, mas repre– sentar perigo maior: O de des– truir a eficacia do próprio es– pírito de santidade. (Nós sa– bemos que esplrito de "san– tidade"é -esse, que urge a todo transe preservar da des– truição !). Inglês de Sousa --– continúa o critico Montenegro - não negava o misticismo do padre, mas, - o que em P.ior para Montenegro - "da– va-lhe • uma base impura". Era bem isso . · Naturalmente, o determi• nismo hereditario que Inglê.t de Sousa _parecia defender na época, e que, em seu -enten– der, comunicava aquela base precaria ao misticismo do pa– dre, é um erro do quJl,l o materialismo dialético veio libertar-nos. O determinismo histórico, que ·por ser exata– mente histórico, não tem o carater rigido de fatalismo, faz-nos ver o erro do deter– minismo liereditario do ma– terialismo mecanicista . Mas na luta que, ao tempo do aparecimento do romance na– turalista, se travou entre mis– ticos e realistas, os materia– listas e realistas à Inglês de Sousa estavam mais próxi– mos da verdade, ainda que com todos os erros e equívo– cos que cometessem. pois a– cau~ lavam os respeitavels in– teresses da ciencia, ao ;passo que os chamados misticos, subjetivos, · impressionistas, fraudavam visivelmente esses interesses . E' claro que para nós, ho– je em dia, como para Inglês de Sousa em seu tempo, no dizer do critico Montenegro, o "fading" da santidade, da chamada virtude do padre, não tem grande importa.ncia, representa mero episodio. Pa• ra nós, tal como para Inglês de Sousa, a santidade, a cas– tidade, ainda que cem por cento, a virtude, embora sem colapsos, enfim o próprio a- postolado do padre tem, iá por si, só por sl, uma base impura . Mas, para nós, tem essa base impura, não por que se estribe na necessidade de prestigiar uma atitude mo– ral que vai de encontro aos imperativos biologicos, às leis do determinismo hereditario, como queria .simplesmente In– glês de Sousa, mas porque se assenta na necessidade de garantir uma ordem sócia!, que vai contra as leis do de– terminismo histórico, que dá lugar à mais desumana, como a mais sutil, a mais solerte, a mais insidiosa das explora• ções, a mais sutil, não • obs– tante a agressão imperialista dos nossos dias, mas acober– tada com os grandes nomes de Deus e da P a tria ! Dissemos que o. silencio que Inexplicavelmente se estabele– ceu em torno da notavel obra do genial filho de Obidos pro– veio de. ser novela reputada anti-clerical, e não interessar aos circulos da cleresia a sua divulgação. Objetar-se-ã que, pelo con– trãri.>, as leituras de cunho anti-clerical costumam ter in• tensa procura, procura supe– rior à ofert a no mercado dos livros, não obstante as san– ções do cléro. Mas é quando se _trata de trabalhos puramente doutrina.– rios, que interessam a certos setores de estudiosos, ou de .simples critica, panfleto e anedota, ou ainda de grossa pornografia --- os "vale-tudo" da literatura - sempre facels de despertar a atenção das grandes massas mal dirigi– das, que querem excitar-se ou divertir-se. Entre os trabalhos· de crl– tica e panfleto sob a forma de romance, contam-se, por exemplo, "A Religiosa", de Diderot, "A Relíquia", de Eça de Queiroz, ("O Crime do . padre Amaro", não obstante o seu nome, é obra mais· sé– ria, e portanto menos lida) e os romances de Voltaire, Mas daí os adversarios de Voltaire puderam hoje, com muita facilidade, não o consi– derar, nem . filosofo nem ro– mancista. E' o que acontece, em grau, menor, com Anatole France. Os romances sérios {sérios no sentido de mais organlcos, quer dizer, mais estruturais) à maneira d"O Missionario" de Inglês de Sousa, romances é claro que critlcos, mas não na sua simples forma, na sua ~– sencia sem nada de agressivo ou paii.ftetario, anedotico . ou fescenino em seu exterior, mas de conteúdo tremenda– mente combativo, essas obras anti-clero, muito mais perigo– sas do que as demais, são com muita fadlidade, afasta– das das mãos do · povo, que, de .inicio, não as aprecia, não é capaz de apreciá-las. Dissemos que Inglês de Sou– sa era filho de julz do inte– rior, grande senhor de terr~s. Como pôde· escrever obra tao revolucionaria, embora incon– clentemente contra a moral do latifundlo, pois contra a moral de classe da Igreja? - perguntarão. Nós nunca aflr• mamos, neste nosso estudo, que o membro de uma classe não sé pudesse voltar contra ela. Marx e Engels não foram operârios . O primeiro era fi– lho de um advogado, e ele próprio formou-se em advoca– cia e o segundo· tinha como pat' um industrial de tecidos. A tendencla é que não sintam a luta de classe, pois a não sofrem na carne, mas podem senu:rã, e genialmente, como aconteceu com aqueles dojs, e posteriormente com Lenine e Sta.Une, que também não ere.rn operârios. O nosso poeta Santa Hele– na Magno era filho de dono de engenho, senhor de es– cravos, mas fez versos abo– licionistas, E' verdade que, como já tivemos oçasião de observar, houve época em que os latifundiarios mais escla– recidos, sobretudo os mais li– gados ao patrão imperialista (foi exatamente na época do desenvolvimento imperialista do capitalismo.) perceberam que s6 salvariam o latüundio, abolindo o cativeiro negro . Ser abolicionista não signifl– cava portanto colocar-se con• tra a grande propriedade mo– nocultura\ na b!l!'e da explo– ração do agricultor sem t er • ras, que é o nosso caso . · Mas Inll':lês de Sousa. ape– sar de filho de latifundiario, surgia como o porta-voz na literatura da jovem e arden– te burguesia brasileira, c:ue caminl1ava para a República, e ainda não estava compro– missada com o latifundio . Seu culto da Razão e seus livros de Direito revelam isso. .FLA-SD ! -•• • 1 ' .1, ,, . , . . .. .. oTTo MARI (Copyright E . S . 1., com exclusividade Nome: Otto Maria Ca rpeaux . Nasceu em 1900 na cidade de Viena . Casado, sem filhos: "Não transmitiu a nenhuma criat ~ltura : 1,71. Colarinho: variavel, conforme o grau de mal-estar ln Sapatos: não sabe o número, mas sabe onde lhe aper E ' muito miope; não usa óculos porque não é preciso ve Ca belo com entradas, mas ainda não pode economizar , E ' católico romano. Gosta dos seus vizinhos ele edificio: coronel Oli Fuma; não diz à mulher quantos maços por dia . Gosta muito de uisque escocês, conhaque francês, mas Quase nunca come frutas nem le~es. Não gosta de fazer visitas: mas faz . E ' nervoso, mas não controlado. As mais das vezes não sabe o que come, Dorme à madrugada e levanta-se oedo .. Gosta de viajar de avião, e gostaria mai.s se rosse barato Entre os meios de condução, prefere o taxi . Nunca deixa sem resposta uma carta, embora responda c Tem paixão pelos cachorros, especialmente ''bassei", que Só escreve à mão. . Gosta muito de tomar remedios e inj!!Çóes; não acredita e Seu maior amigo: Alvaro Li.ns. Não gosta de crianças. USa exclusivamente gravatas _ . Já aprendeu a jogar no bicho, mas nunCE' ace~II Julga-se muito organizado, entretanto, na.o tem fichai,..., .Detesta radio e não aprecia cinema sonoro. _ Poetas brasileiros de sua predileção: (sem preocupaçao c1 Murilo Mendes, Augusto Frederico Schmidt, Dante Gosta muitissimo do poeta paulista .Ju'!, BanaJ?ere_. Romancistas brasileiros de sua predileçao: .Vose LtnS do Santo de sua devoção: Santa Teresa de Avila . Dos seus livros prefere "o! que não publicara nunca.. Se pudesse ·recomeçar a vida, faria provave!Jn~~te as Dl Pintor brasileiro de sua predileção: Portman. F.' um devoto profissional da música. Seus compositores prediletos: Bach e B!lethoven. Detesta música popular de qualquer pais . · .– Seus escritores preferidos: Dante e. Shakespea!e. ·AcreiEta não desconhecer nenhum livro eS9enc1al da Utera. Aprendeu a lingua portuguesa só por meio de leitura e d Sua leitura. predileta: poesia. Línguas: fala 5, escreve 4, lê 11. Formou-se em matemática, fisica e quimlca, e depois em Já escreveu ."scripts" para cinema mudo. . Não gosta de escrever; escreve porque precisa - Cl porque O primeiro livro bral!ileiro que leu: "Páginas 'f!:ecolhidas''._, Perdeu em Viena sua biblioteca; vendeu em Sao Paulct tuiu no Rio i;,ua biblioteca. Tem medo da agonia, mas não teme a morte. Sente particular afinidade espiritual com Carlc_>S Dnmun E! brasileiro por naturalização e por afeto: ai.em da possl enfim enten-ado no São J'oão Batista. Não gosta muito de biografias; mas admira especialmente Dos poetas brasileiros do passado, o poema que mais o 1 E' supersticioso· acredita em assombração, sobretudo na E1>1>era morrer a~ 58 anos de ida.de, conforme lhe prediSl!.e ro-·~emDQs 1 i CAPI ' J João Gabriel desceu do ônibus, andou um pouco {até que se ofereeeu à sua indecisão e alternativa d duas ruas em ângulo. Então, pensou: se eu seguir po esta estarei me aproximart'do tanto -do meu destin quanto se seguisse por esta outra. E afinal, qual é o me d~tino? -- Era comprar cigarros. Optou por uma das ruas mas logo o_deteve o ·pensamento de que não havia ra zão algtu'na para que escolhesse aquela, e voltou-se pa ra a outra, Revoltado contra si mesmo, amaldiçoo em silencio a estupidez das alternativas inúteis. A::: vezes, numa simples escolha como essa entr duas coisas que se excluem, encerra-se para nó& destino outro, pensou - um destino que não o de com prar cigarros e em seguida ir para o trabalho, ao qua voltava depois de tanto tempo de ausência. Então resolveu de novo pela primeira rua com raiva, :vio lentando os próprios passos. Logo se arrependeu. Não andava muito e esbarro com um desses vagos conhecidos que trazem no olha a perspectiva de uma conversa sem o menor interesse. - Vai para a Avenida? - perguntou o outro, dis- pondo-se a acompanhá-lo, t - Não, vou tomar. • • - ia dizendo um ônibus melhor desculpa, que lhe ocorrera para se ver só, m seu olhar esbarrou na palavra Duchas de um letretr ' na parede, e instintivamente completou: - • • • uma ducha. . . • ' - Boa idéia, com esse calor - comentou o outro se despedindo . · - Eu também gostaria de tomar um, mas infeliz– mente não tenho temoo. Logo que se viu só, João Gabriel se aproximou da Placa de esmalte branco, ao lado de uma porta: "Du– chas - Banhos Turcos - Massagens - 1. 0 andar" . A espontaneidade com que o outro o deixara ali, sob a sugestão refrigerante da palavra "Duchas" no calor in– su1JOrtável que fazia o decidiu. Sorriu, na perspectiva da estravagante experiência, As vezes faz bem uma duchazinha - pensou. · O ambiente era. desagradável e sufocante . Uma es– cada estreita e encardida levava ao primeiro andar. Mas neste, teve a surpresa clara e quase saudâm de um sala arejada, com tabiques brancos, e verdes de madeir~ se cruzando, simétricos . A mulher volumosa atrás da mesinha era o fim natural dos passos de quem chegava. ao topo da escada. · - Eu queria tomar uma ducha - falou a mêdo, pensando em desistir. A idéia perdera Q espontaneida– de e se expunha a nú a sua inútil realidade . - Escocêsa ou da outra ? - per guntou a mulher, escrevendo um talãozinho . · · O demônio das alternativas I Não voltou atrás por t imidez, falou sem hesitar: · ~ Da outra. Como seria a outra ? - pensou, como se soubesse familiariza.damente como eram as escocesas. Agora um mulato_corpulento, vestido de enfermeiro, lhe a b ria a porta de um dos tabiques : .,

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