Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949
1 ~· '"ir ---..-, r. •• M ••---· •. ·,. -- ,. _ ' ._. • -c.• t . -1 r ·~-- .,_ ...,_ ..... ~ ·..:. .. .. ~ ~. - •, 1 • DE J.OSÉ RÉGIO ... NÃO ME PEÇAS-PALAVRAS, NEM BALA DAS, , NEM EXPRESSOES, NEM ALMA .•• ABRE-ME O SEI0 1 DEIXA CAIR AS PAL'PEBRAS PESADAS, E ENTRE OS SEIOS ME APERTES SEM RECEIO. • ►• ICARO A MINHA DOR, VESTI-A DÉ BROCADO, _ FI-LA CANTAR UM CHORO EM MELOPEIA .. -.j ERGUI-LHE UM TRONO DE OIRO IMACULADO, AJOELHEI DE MAOS POSTAS E ADOREI-A..-. 1 - NA TUA BOCA SOB A MINHA, AO MEIO, NOSSAS LINGUAS SE BUSQUEM, DESVAIRADAS ..•. E QUE OS MEUS FLANCOS NOS VIBREM NO ENLEIO DAS TUAS PERNAS AGEIS E DELGADAS; POR LONGO TEMPO~ ASSIM FIQUEI PROSTRADO, MOENDO OS JOELHOS SOBRE LODO E AREIA. 1 - E AS MULTIDÕES DESCERAM DO POVOADO, QUE A MINHA DOR CANTAVA DE S.EREI&. E EM DUAS BOCAS UMA LINGUA... , - UNIDOS, NÓS TROCAREMOS BEIJOS E GEMIDOS, . SENTINDO O NOSSO SANGUE MISTURAR-SE. ·-~• 1 D:E.POJS .. • - ABRE OS TEUS OLHOS, MINHA AMADA ! ENTERRA-OS BEM NOS MEUS; NÃO DIGAS NADA ..•, DEIXA A VlDA EXPRIMIR-SE SEM DISFA!tCE t POR DAMASCOS E PURPURAS DE REI DESPI, LA' FORA, OS MEUS VESTIDOS VEl..HOS; E ENTRE O TUMULTO, AS LUZES. OS ESPELHOS. ~SôLITO CONVIVA, EU ME ASSENTEI. :.. ERGUENDO A TAÇA DE CRISTAL, BRINDEI; QUEBREI A TAÇA DE CRISTAL NOS JOELHOS .. -i.– E APERTANDO NAS MÃOS LIRIOS VERMELHOS 1 ':. ENSAIEI RISOS FúTEIS E CANTEI. . . . j). '· ASSIM VÓS ME JULGASTES UM DOS VOSSOS, E:A MESA DO FESTIM ME RECEBEU, E;ME C'ROARAM DE HERA EM FLOROS MOÇOS.l \ • . z • DEPOIS, RUFLARAM ALTO ASAS DE AGOIRO! ~ SILENCIO GELOU EM DERREDOR... - E EU LEVANTEI"A FACE, A TREMER TODO: . JESUS ! RUIRA EM CINZA O TRONO DE OIRO f E, MISÉRRIMA E NUA, A MINHA DOR AJOELHARA A ~U LADO SÓBRE O LODO.! N AR(jJSO, DENTRO DE MIM EU ME QUIS VER. TREMIA, _– _DOBRADO EM DOIS so:aRE o MEU PRÓPRIO POÇO. AH, QUE TERRIVEL FACE E QUE ÁRCABOUÇO ESTE MEU -CORPO LANGUIDO ESCONDIA, J '. · _ O' BOCA TUMULAR, CERRADA E FRIA, ..• : CUJO SILENCIO ESFINGICO EU BEM OUÇO l •• ., O' LINDOS OLHOS SÔFREGOS, DE MOÇO, NUMA FRONTE A SUAR MELANC0LIAt.• · ASSIM ME DESEJEI NESTAS IMAGENS. MEUS POEMAS REQUINTADOS E. SELVAGENS. O MEU DESEJO OS SULCA DE VERMELHO. E,. QUANDO TODA A 0RGIJ\ · ADORMECEU, S0' EU f SO' EU ME VI ROENDO OS OSSOS E>ÊSSE BÂNQUETE QUE NAO ERA MEU~ . QUE EU VIVO -A ESPERA DESSA NOITE ESTRANJtA. NOITE DE AMOR EM QUE-ME GOZE E TENHA, ,. . i ..... ... i ~-. LA' NO FUNDO DO POÇO EM QUE ME ESPEU]:0 J ·, . BONECO DESFEITO · ~URGIU NO PALCO, UM DIA, UM BAILARINO, SURGIU SOBERBAMENTE Nú, - J0GÀND O NAS -MÃOS AGEIS DE "CLOWN" E DE J4E NINO SEM MASCARAS RODANDO, RODOPIANDO .••, SOBRE UM "DE'COR" VIOLENTO E SIBILI NO CEGAMENTE ~AILOU, TOMBOU B~Np O, COMO SE APENAS FORA SEU DESTINO . .O SEU BAILADO ALTIVO E MISERANDO.~, NO PALCO JAZ AGORA UM MUTILADO: UM MORTO NU', DECAPITADO, OLHADO . JJ>OR MILHÕES DE OLHOS SEM PUDOR NEM VISTA1 . . . •~-. . QUE AS MASCARAS SEM FIM QUE ELE JOGARA . NÃO ERAM MAIS, TALVEZ, QUE A PRÓPRIA CARA 12.lJM D~G:RAÇAD0 E ~NO ILUSIONISTA! . , . 1 . \ : , . . . ' .. . ' . . ( ' ' 1 . ,, , ,· , .. J l l ·, t, f ' .. , ' 1 ,,
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