Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

Ili cerca de quaito meses wn amigo emprestou-me com sérias recomenilações, o ' consagrado "Madame Bovary", de Flauberi. Não 6el porque não o li na ocasião e nem depois disto; creio que certamente foi devido àquela espécie de • medo oa de angustia que nos assaltam, todas as vezes que sabemos ier nas mãos uma obra-prima. E arora que o ac&– IN» de lêr De9I& semana passada, entre a folp de dois si– l>ados e 1IDl domingo, b4'lll mais forte se tomou aquela mi• Ilha impressão: "Madame, Bovary" é o que se pode chamar e mel• mais -fiel de entender o sublime e a preearleilade da e:ds&ênoia. Por islo eu~ medo talves, e com razão. Se tivesse lido o romance naquele tempo, com o propó– sito único de formular um juizo, certamente que me teria . engasgado na primeira página. A excepcionalidade com que recebera o livro _apagaria, por certo, o efeito das observações que pudesse fazer, e essa idéia desprestigiaria, 6 claro, o ._grado com que me êncheu a gora da mais legitima alegria Intelectual. . A raiz dessa grandeza que senti, o aútor a apresenta no seu milagre de criar personalidades. Flaubert demonstra no • romance, que a imaginação é livre e pode concorrer com a •. matéria para desafiar o mundo, sem precisar de-fazer mons– trengo como Hugo oo inventar proezag à Dumas. Para iste serve-se apenas de burguezitos e granfinos falsificados. Das mesquinhas paixões e das · frívolas esperanças, ele tira ef&l• tos trágicos e risonhos- com a mesma facilidade. O medlocre das criaturas e dos acontecimentos, encontra em Flaubert o colorista máximo das suas baixezas e das suas virtudes. Como uma nova realidade, uma natureza onde hã flores e espinhos, ele extrai de "Ma .da.me Bovary" wna bel~ pl'Ó• li 8 -L- ->-. pag. ~ nos envo1. t:, so .a mo.11t1W,1:Ua as DallaL!I mh'l,ga,8 nos tere. a6 REI E N DO a rotina das _idéias nos' .abraça. E uo emanto, tudo isao · agrada, chstrai, sensibiliza. Por ue 1 Porque, como disse __ . . Saini-Beuve, a impJaca,vel verdade entr.ou na arte. O ~oman - cista não pensa, .não ind.uz nem insinua o leitor, deixa ape- nas q.ue "Ema Bovary'' l!1l a,ite com os seus próprios mem, FLA bros e respire o ar com os seaa priprios plllmões. Certa,. U BER T mente. a arte . flauberliana lllllllet!a, mas recompõe, como am anatomista que divide para melhor revelar a sinfonia das , partes. Pol' isto "Ema" arqueja como uma mulher verda– deira, que quaae &ocamoa, cujos sentimentos nos excitam e nos recordam outros seres femíninos. Por Isto "Madame Bo- NATALICIO NORBERTO vary'' é a obra 1>or enelencia do realismo dentro do tdea- pria e ·1nerente e nos põe em presença de vistas novas, antes iismo . Enquanto os outros romancistas do' &eu tempo se impressentiveis. E :assun. à proporção que vamos tomando apegavam no "lelltimento da mulher", Gustave Flauber& contacto COID "Ema", "Carlos", "Leão", a vida se desenvolve usou da "scnsaçáb dá mulher'' aliada a um sentimento par– ao nOIISO redor e vai nos oferecendo as suas paisagens e com ü~ular que se afaata ~o sentimentalismo de Hugo. "E~" elu o, sem corações. Parece absurdo, mas O genio de "Sa· nao pode ser confundida com outra mulher. Reun! ~m si lambô" aprendeu a utilizar todos 08 recursos 11a sinfonia · as qualidades e os defeitos ~arsoe qu~ sa~mos emtll' em verbal. outros amantes . .Fiaubert criou uma cnatura Ideal que O processo de usar as minudenclas no momento justo abrange as parcelas da verdade, _perdidas em Jpiihares de ou– difere -muito daqueles que todos conhecem em seus -compa- · tros seres femininos. Vêmo-la, intrigante, boa, maliciosa, nheiros de letras. Gustave Flaubert não acumula ponne- piegas, cândida, endiabrada, quaS'e benéfica e quase· demo• nores, uns sobre os outros, p;\ra. dar ao leitor a idéia das df. niaca.. "Ema" realmente vive e realmente sonha, exprime mensões dos acontec;.imentos. Descreve no momento preciso ugi. ti_po gerai, porém um tipo qué guarda a personalidade, em que a recordação fere a memoria; dá, assim, um quadro com os seus próprios tics e os seus próprios restos . · real do presente,. animado e inquieto, em estreita ligação Esse dom de pintar símbolos, com um carater indivl– com Q passado e o futuro. Nesse romance de costumes pro-. dual, essa virtude de traQar a- r;eneralidade. sem defonna.r o víncianos, liÕ- a mesquinharia dos afetos e das .paixões, indi'riduo, eis--a maior gloria de Flauberl eua "Madame Bo- vary". • •'• LETRA·S -~.:, i . . AlADEMICAS NOTICIAS~.B.REV~Es - ,;Escritores· Nâ Intimidade'' - Por todo o mês de junho * será entregue ao público o se- Alvarus de Oliveira autor A fim de pronunciar uma conferencia 11obr,e . Joaquim Nabuco, passou alguns dias em São J;>aulo o romancista Jo~é Lins do Rego. Procurad-0 por um repórter, a pripleira i}Cr– gunba que este lhe tez foi so– bre á polêmicá do autor de "Fogo Morto", com o gruPo da revista "Orfeu". Depois de tecer alguns comentários so– bre o fato, acentuou José Lins do Rego, que "não subsiste ne– nhuma. dissenção profunda, nenhuma luta sulca as gera– ções · em convlvio. Hli, certa– mente, essas pequenas e nor– ma.Is diferenças entre um bo– m-em de cinquenta anos e o jovem de vinte". Raimundo de Menezes vem se dedican• do há muitos anos ao tllabalho de escrever a biografia de escritores brasileiros. Já pu- 1;,llicou a "Vida Boêmia de Paula Nei" e "Emi., lio de Menezes, o último boêmio" . Está preparando a l,>iografia do poeta e boêmio Guimarães Passos. O seu novo livro - 11pa– recido na última semana e intitulado ES· CRll'ORES NA INTIMIDADE - é como o próprio ti~ulo sugere uma aventura no mun– do das letras, ou melhor: a narrativa de epi– sódios, anedotas e particularidades da vid11 de vários escrito~s numa tentativa de ex– plicação da natureza de cada um. Assim desfilam pelas suas pãginas, figuras conhe– cidas e admiradas, tais como Aluísio Azeve– do, Alphonsus de Guimaraens, A.frânio Pei– xoto, Bernardo Guimarães, Cruz e Sou:,a. Euclides .da Cunha, Jacbon de~ Anunciado já há tempo, agora, finalmen, te, teremos o novo livro de poemas de Ole– gariJ Mariano, "Cantigas de encurtar cami- . nho". As últimas provas foram revistas e a impre~são começou a ser feita no começo da semana passada.· Mais uns vinte dias e o ?i' yro estará nas livrarias. gundo livro de poemas <le · de vlirios volumes de' poesia, Jorge Medauar. Trata-se •de •ficção histór.làs para crlan– "Morada de Paz" - que reu- ças, ;nsaios, etc., publica o ri.e poemas escritos entre 1946. romance "Memórias de uma e 1949. Jorge Medauar es- d d • " treou em 45 com "Chuva so- ona e pensao · -bre a tua semente". ,. .. . r ,.,. • • .,Jornal de Letras", cujo aparecimento se ijará impreterivelmente em junho corrente, publicará a partir do primeiro número as "Memórias" de Afrãnio Peixoto. Aliás, pode, mos informar ainda que esse jornal apre– sentará igualmente as "Memórias" do acadê– mico Olegario Marilul.o. lsto oconerá ainda em 1949. Maciel Oliveira, que o ano passado, publicou "Extase", está anunciando para este ano seu novo livro de poesias, ain– da sem titulo definitivo. E mais poetas para 1949: Bue– no de Rivera com AS UTO– PIAS; Alphonsus de Gulma– maens Filho com o mMAo. Duas plaquet • "A Evolu– ção da Literatura dos Estados Unidos" de Cassiano Nunes- · conferencia pronunciada na União· Cultural Brasll-l!;stados Unidos, de São Paulo; "Todos cantam sua terra", ensipo de Mãrto Sette; separata da re– vista da Faculdade de Filoso– fia, "Manuel i{a Ncibrega", do Recife. etc.. • \NSIGHT ANO-JORNAL Modernísnio Brasileiro OUTLOOK A Livraria Agir é distribuidora, neste momento, de um recente e importante lançamento· de Maclllillan, de New York, o discutido e sugestivo livro de Arthur koestler - lnsi~ht and outlook, an inquiry lnto the common foundations •f !IIClience, eart and eeclal ethiCI. !- Há vinte anos vinha o autor reunindo observações e ~t11- 4os para esse seu ensaio filosófico, uma teoria própria de éti– ca, es.létlca · e pensamento criador. Considerou-o um critico "ln eftect a diagnosis of the crisis in our civillzat!on". O riso, o choro, as artes chamadas neutras e as emotivas são _os ~– mas expostos de_ângulos originais e sugestivos., DE ALAGOAS .... Antonio França é um n_ ome conh-do dn" leftores des•~ Creio que foram o exilio de alguns anos e uma situa~io "'" ""' ,,., social elevada e faguelra que tornaram Mendõnça Júnior não suplemento. Atualmente no Recife. acaba de ter ele O seu en– .um simples conforma.do com a existência na provlncia mas uln deslumbrado do ambie!lte, um terno namorado do quotl- . saio "Moder~"no Biasileiro" la~çado pela' nova editora per– dia.no e do passado da terra, um comentador sutil que jámais · azeda o ingrediente ou mat.ér1a-prlma da ironia. nambucana R~glão~ Qoalsquer que sejam as razões, porém, e aceitemos ou não o àngulo em que ele se coloca e as suas reações diante de fa- Conforme nota expHcatlvá, o volume irutere matéria nt tos e pessoas, cumpre reconhecer que têm resul~do em pági- nas de intenso saber, crônicas algumas deJas primorosas, mui- maior parte já divulga~ sobre Õs problem:as politiCQs, econo• tas de belo acento llrico, outras de funda sondagem no tem- P<. e no imaginário. Deu-lhes o autor o titulo de "Jornal de _micos, culturais e sociais do Brasil neste após guerra, 1e ''r&o Alagoas", continuando, na órbita mais estritamente r-egional, a natureza. dos estudos esboçados em "Jornal da Provincia". sume trabalho de mal.s.· fôlego em preparo. Conservando um fino sorriso nos lábios e uma témura sensual n<i coração telúri-co; A. s . Mendonça Júnior escreve A cisão verificada no Par.tido Comunista é amplamente páginas de inegável beleza e hwnor , exposta em "Modernismo Brasileiro". Conseguirá o escritor. por mais racionalista que se ima– gine e procure ,ser, Uvrar-se ;lamaú completamente da emi.s– são do seu eu no que escreve ? O livro de J. P. Sartre 80bre, ou. melhor, contra Baudelaire é . rna's um prova da dificulda– " , . - , U. /\ POEJA E SEU CRJT ,lf!Jardou apenas a sedu~ão ·d• 1 e O exótico nem o albatroz que o imortalizaria: guardou também a · !macem das mullieres ne- f. gras, ou mulatas, como a Jeane Duval que o prenderia, f pouco depois de sua volta. Ne– de. senão da impossibilidade, moral que prei:a não são as de 1 para o criador, dessa total e toda a gente, mas as qul! o estanque separação entre lnte- guiam, a ele, Sartre, e aos seus Uc&icia e emoção, entre com- companhel'x'os existencialistas. preen~er e sentir. Logo de ini- Descontente com o seu tempo cio, citando o muito conhecido - que não é realmente -o doa ·, conceito do poeta segundo o sonhos de ninguém - não se . qual a arte seria uma magia sabendo, ou podendo, enquadrar sugestiva envolvendo ao mesmo em nenhum conjunto de regras tempo o· objeto e o sujeito. o já existente, procurou ajeitar · mundo exterior· ao artista e o para seu uso uma doutrina. E o P;"óprio artista, .conclui, co.r;n vi• seu pricipal argumento contra &IVel exagero, que n coisas só • Baudelaire consiste em qão ter exlstfam para Baudelaire na ~este feito o mesmo, esquecido de medida que o refletiam, eram que lidava com um poeta, com apenas o espelho em que se. mi- um sêr denominado pela sensi• r ava. E assegura que · outros bilidade, e não com um intelec– entre os quais se inclui, -11e at>'. tual racionante do seu próprio f!Orvem na contemplação ·de uma feitio. arvore ou de uma · casa, esque- Logo de J)'rlnclplo, revela o ciclos de si. Não duvJdemos de sentido de seu estudo: Raudela1- que assim seja, em relação às re não teria sido o construtor árvOl'es ou às casas, çolsas tra il• da sua desgraça? E, a~nas quilas que .não s11scitam abri- atenuada por uma interrogáção, gatórlamente nem idéias nem lá vem a sentença moralista : ,·\Sentimentos: mas. quando se tra- não terão sempre os homens a ta de examinar um hoi:nem, a vida que merecem? Por não ·atitude muda, os olhos já não haver ousado estabelecer o seu ' bastam, chamam em seu auxUio Bem e o seu Mal, Baudelaire ,a visão iuterior. a faculdade de seria o respons'ável da sua !na– .analisar, de inferir, de lnti!l'pre- daptação ao meio burguês e~ tar. que nascera; o respeito a um E é por at que se insinua o Bem que não conseguia praticar eu . e a consciência de um Mal a Que é que levou Sartre, tão que se sentia inclinado, gera• .estranho à poesia como coníes- riam nele a necessidade da auto– sa ser, a ·ocupar-se de um poe- punição, necessidade que o con– tii, senão o desejo de aferir, por duz!rla talvez a contrair volunla• -..ma personauaaae ae extrt:.U10 riamente a süilis. °'porque escre• re,e,ro, a sua concepção da vtaa veu, mais tarde, referindo-se à e da arte, concepção muito me• !tlfãncia, que tivera desde então .nos filosófica e muito mais nPr• o sentimento de um destino eter– ..m1alista do que crê? :t um 1, na1nente solitário, o seu detrator vro nonnntivo, quase moralista, afirma que escolhera a solidão, '1 seu; apenas, as norma.; e a que nela furiosame1rte se encer• _________ __.. Lucia Miguel Pereira (Copydght 1:. S. 1 ., cam · elUlluiv1dacle pua a F.OLBA DO não ' o construtor, mas a víti– ma de suas experiências. Ter-· minando o de Sartre, procur.el' lolfO o llvro ·de François Porché, biógrafo exato e compreensivo._ E mais uma vez me convenci de que os ·tormentos do poeta vieram principalmente de sua mãe, da mãe tão amada e que rara. E', entretanto. esse ho- alheia; atitude que e a neca- por ele tan'to sofreu. o mesmo mem que nos mostra..em certas ção mesma do estado poético. Sartre não nega que o seu se– passagens -deliber11damente soJ!- E quis Jucidamente. consc\ent,,. gundo casamento foi um choque~ tárfo, possuido pelo mais cruel mente aeaundo Sartre. aue ter- do C!l'.al n.unca se curou o filho; sentimento de culpa. Sartre acu- mina seu estudo reafirmando então menino de sete anos. Não sa noutras de narcisismo e de que a miserável existência do se sentiu apenas relegado a se– exiblcionismo. Sem dúvida, foi poeta magnifico "lhe permitiu gundo plano; sentiu-se traido. O contraditório Baudalaire, mas testemunhar com inigualável ela- · padrasto não era apenas o usur– ainda mais o é o seu crítico. reza esta verdade: a livre es• pador, era também o rival. lg– Como conciliar o narcisis,no com colha que wn homem faz de si' um rival que o tinha a sua mer a auto-punição, o exibicionismo mesmo identifica-se absoluta- cê, que o consegue enxotar do com a escolha da solidão? ., mente com o que chamamos o lar, prender num internato; que E nem só as inegáveis fra• seu destino• . o quer disciplinar, com a sua quezas do homem irritam Sar-· Mas 'terá havido. eua e,scolha dura incompreenção de soldado. tre, que chega' a conde.ná -lo por em Baudelaire? i: o que o autor A revolta teria que vir, fatal– haver confessado que não teria deste ensaio moralista - dois mente. A criança aparenlemente podido descobrir, sózlnho, a vír• termos que se repelem - ' não se submeteu, mas o adolescente tude, por não possuir em sl os _ pl'Ova. Ao contrário, todos os reate: não -só se torna estudan– seus ger:nes; até as grandezas- seus argumentos longe de con- te relapso,- como se mostra do poeta, o seu longo e doloroso vencerem, como que se invali- agressivo para com o marido da anseio de perfeição, a sua cris- dam ;,ela má vontade, pela má mãe, por esta feito seu tutor. O pada augústia criadora, a se or• fé., pela Jncompreenção que reve- castigo é dos mais inJ!sperado5, denar pelo lento trabalho de 1am. Sa\:tre não compreendeu descabidos e exagerados: entre– composição, lhe parecem um.a em absoluto Baudelaire porque gam-no a wn comandante de na– com<édia, e os poemas 11e redu- também ele se mostrou neste .li,. vfo para uma viagem punitiva. zem a imagens tepensadas, re• vro prfsloneiro de s.i mesmo, da Durante nove meses, o moço via• criadas, puramente !armais de sua atitude em face da vida. ja nos mares do Sul, com para– sentimentos que não che,rara a Os' que nesta não se enquadram das nas ilhas de Cabo Verde·, na experimentar profundamente, por- lhe pe;rmanecem alheios. A vida ilha Maurícia, na !lha Bourbon, que só o artificialismo lhe dava para ele 'é um j6go,. no -qual o Baudelaire tinha vinte anos. uma a posse de s i mesmo. homem estabelece o valor e as sensibilidade de poeta, um or- E tudo foi' assim porque Bau- regras de seus atos; não o fa• gulho de revoltado. Se este o i&(). delaire quis "existir pàra si mes• zendo, só merece desprezo . la dos companheiros de viagem, mo - como era para- os outros•, E' porém suficiente percorrer aquela se impregna de impr.es – o ·que permite ,;u1>9r que só ~e qualquer biografia de Baudelaire sões duradouras, para a arte e veda em fw1ção da oplntilo para se verificar quan to ele foi, para- a ,vida, • Do que vil&, não nhwn outro resultado deu a ex• pedlção; relns.talado em Paris, cç,ntlnua a vida boêmia e, .ape• nas maior. de , posse da heralli:a paternl, põe-se a esbanjar .o ca• pital; com .Jeane, aprende a be– ber. Alarma-se a mlíe, e o roei<> que, a c o n se lha d a -pelo ma– rido, lhe ocorre para salvar • • filho é requerer judicialmente a sua Interdição. Com isso. só con– segue, é clarc,, desmorali%á-lo aos próprios olhos. tirar-lhe, com a confiança em si, toda e qual– quer noção de responsabllidad.e. Tratado como um menor, come um l{lcapaz, como tal se deve conduzir. Todo o resto é conse– qu~cia disso; os desmandos -al– coolicos, as dividas, os cabelos tintos de verd.e, o dandismo. o desejo de escandalizar os bur– gu!ses são, tah·ez. ao mesme tempo, alirma9ães um pouco. !n– lantís de uma personalidade que se julga desprezada e vlnganoa contra a mãe que não o com– preende, que vive tranquila e feliz, dando recepções, consolan– do-se com o prestígio do marido das decepções que lhe causa o filho. Ama-o a seu modo, 110• corre-o, chora por ele, mas es– sas migalhas que de sl lhe dá são talvC% mais dolorosas do que o abandono total. Nunca o per– cebeu; terna e fútil, foi afinal culpada por aer inocente, p<>r' não haver jamais, de modo al– gum entendJdo o mal que ca11- sava. • Quando se tem wn filho como eu, não se torna a casar•, queixa-se Baudelaire. :Mas a .,.. bre senhora nunca suspeitou que tinha um filho diferente doa - troa.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0