Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

.\. Domingo, ~l dê junho dê 1 4 a Eu Ma ro-vi-1 hoso DIRETOR PAULO MARANHAO e::=l SUPLEMENTO1 LITERATURA 1- ORIENTAÇÃO DE HAROLDO MARANHÃO •'.------- o COLABORADORES · DÉ BELÉM: - _Alonsu ltocba, Benedito Nunes, ·Bruno de Menezes, Cauby Cruz, CéclJ Meira, Cléo Bernardo, Daniel Coelho de Sousa, li Paulo Men– des. Garlbaldi Brasil, Baroldo . Maranhão Levi Hall de Moura, !Ia.rio Couto, M.ario Faustino, Max fvlartius, Natalicio Norberto, Nlllles Pcrei!'a, Orlando Bitar, Otavio Mendonça, P:ntlo Plinio Abreu, R. de Sousa Moura, Ribamar de Moura, RuJ Guilher– me Barata, Rui Coutinho e Sultana Levy Rc-.ssem– blaU.' 00 RIO: - Alvaro Llns, Au}:'usto Fredertco 8ch– _midt. Anrelio Buarque de Holanda, Carlos Drum– mond de Andrade. Cassiano Ricardo, Cecilia Mel• reles, Cyro dos Anjos, Fernando Sabino, Fernando - Ferreira de Loanda, Gilberto Freyre. José Llns do Rego, Jorge de Lima, Lêdo Ivo, ·Lucla Miguel -Pe– reira, lllariá da Saudade Cortesão, Marques Rebelo, •Manuel Bandeira, Maria Julieta Drummond. Muri– . lo Mendes. Otto Maria Carpeaux.. Paulo Rónat . e · Rachel de Queiroz. DE 8. PAULO~ - Domingos Carvalho da Sil– va, Edgar Cavalheiro, Roger Bastide, Sergio Buar- que de Holanda e Sergio MlJliet. · DE BELO HORIZONTE: - Alphonsns de Gu.1- maraens Filho e Bueno de Rivera. _ . DE CURITIBA: - Dalton 'l'revtsan e W1~on 1Kartin1. OE PORTO ALEGRE: - Wilson Chagas , DE FORTALEZA: - Antonio Girão Barroso, Alulslo Medeiros. Braga Montenegro, João Climaco Bezerra e .José Stenio Lopes . ISTÉRIO SHA E EA E of Literature". sem deixar de embora baste comparar datas recordar-nos que também se para ver o equívoco. atribUill a obra de Shakes- Que Bacon, com uma vida pea.re a Robe.tt l3w:ton..e a .siJ; --replet11- 11e --obras conhecidas, Edward Dyer, que os alemães escreveS&e as 36 peças, pare – não desistiram da sua tese de ce · a Evans mais impossivel que foi um alemão o autor, que . as houvesse escrito o ~g– nem os russos de que foi um norante filho de um açouguei– ·eplavo... · ro.. Não há, além disso, uma só linha nos escritos de Ba- A credita Evans que a procu- con que se pareça com o es– ra de substitutos se deve em tjlo shakespeareano. grande parte aos biógrafos de ·Admite Evans que -,e o au– Shakespeare que o prodamarn tor fosse tão desconhecido pouco menos que senhor de quanto •se pretende, De Vere todo conhecimento, o que está teria a primeira opção; mas multo longe de ser verdade . Evans traz a debate uma sé• Prova que St1·atford-on-Avon rie de documentos e citações era uma cidade pequena mas P!lra provar que a existência · tr d · de Shakespeare é um fato lr- cen ° e muito avançada refutável. E' verdade que nin .: cultura, que e'mbora pouco ~ém O viu escrevendo sc:is saibamos de Shakespeare sa · dramas, mas seria igualme:>1- bemos muito menos daqueles te difícil obter esse testem\!• para os quais se :reclamam as nho visual de qualquer eséri– .su.as glórias e que durante 03 tor de séculos atrás. Quanto 30 anos em que os seus c9n- ao argumento de que os vcr– temporãneos escreveram jã- dadeiros autores ocultaram a mais puseram dúvida à sua sua identidade porque n81.lue- la época escrever para o tca– identidade e o elogiaram .::em tro era desmoraliz~te. Evarn; ieservas • diz que isso não era tio mal Para destruir o argumento visto assim na éJ'.)O\:a de E!i de que os dramas revelam sabethh e que não é verda– uma erudição pasmosa, Evans de que os substitutos ocultas– fnot~ que ,estão pontilhados sem a sua devoção literiria, ae erros como o espartilho de posto que os condes de Ox– Cleopatra, um canhão na épo- ford e Derby, por exemplo, ca do Rei João, um reino foram conhecidos em vida c,J- mo escritores . i1a Boêmia com porto do mar. Evans vai demolindo un)a a Juristas têm provado tremen- uma as razões dadas pari\ ne– dos equ.ívocos na obra de r·ar ao homem de Strattcl'rt– Shakespeare cujo conhecimen- ÕD-Avon a paternidade ele ~ das leis fôra a. base da suas obras. ao memno tempo teoria baconiana. Adernais, que analisa ~ as "imposs 1 .b!li– não só a obra de Shakespea- dades" de cada um dos 17 re foi atribuída ao gênio de candidatos . Não é certo. di~- ... se, que- as peças rey'!lem Francis 0acon. Também se grande conhecimento de fai– lhe atribuíram os "Ensaios" t,Ões e outros esportes cav:i.– de Montaigne ,e at-é os "Ro- lheirescos. Revelam em com– i>inson Crusoé'' ·de De Foe. -pensaçáo pe1•feita fammarie;a- Marcel Proust EA' Pintura Vai no estribo do bonde e fa,: acrob&cias lncrivels a fim de conseguir, como o cons~- guiu. fugir ao pagamento dos duzentos reLs do condutor. No pé não tem sequer um ta– manco que o defenda da po- RACHEL DE QUEIEOZ (Copyript E . S . 1., com exclusividade para a FOLHA DO NORTE, neste J;staclo) eira das ruas; a. · calç;a, re- mendada e suja, do joelho dl- ber de pessoas, objetos e a- consolado ao ,·verificar que reito · abaixo não existe; no c~ntecimentos e vai apren- aquela coisa preciosa e mã– peito traz o que r.esta de uma dendQ a nomeá-las de acor- gica e única. que é a sua- per. camisa de meia, na cabeça do com a relação que tem sonalidade, não será perdida qualquer coisa que foi hã consigo, A mãe, por exemplo, quando se vir forçado a mor- muito tempo uma casquete não a distingue por qualquer ·rer. · - · . milita,r. Na boca, como re- qualidade externa, a cor do Escute duas pessoas • vera– cordação de que jâ. teve den- cabelo ou o som da voz, ·não zes e honest-as .contando uma tes, conserva algumas raizes. repara se é mãe de outros, discussão que tiv.e-mm entre Magro, faminto, evicrente- se faz outra coisa alérrt · do si•. O que o narrador disse, mente enfermo, bem o mostra oficio maternal que o inte.- • o que retrucou . As inépcias nos membros esqueléticos e no ressa: o que lhe importa é a dó outro, como ficou achata– peito fundo de tisico . E ', em função daqulea -mulher . em do ante as verdades lumino– resumo, alguém que já che- relação a sl. e chama-a não-- sas cóm que o contundiu, os gou ao limite mai extremo pelo nome. que todos os ou- argumentos irresponsaveis que da penuria humana e que, tros usam, ·mru; de "mamãe", usau, Claramente deixa ver material e moralmente, não "minha mã·e", mãe dele ... E que · só por piedade ou pru– tem mais nenhuma degrada- o dia e a noite giram para o dência não levou á discussão ção a recear, porque já as seu serviço, se anoftece é a extremos mais esmagado– consumou todas . E descreven- "hora de nanar", se amanhe- res. E a ver~ão de ambos os do-o as:;-im, parece que o coi- nhece é hora de brincar,. vê contendores será identica, de-– tado deveria sentir- se mais a fruta, o leite. não os dis- duzindo-se apenas as diferen– ou menos como é, escória mi- tingue a um porque é redon- 9as de ·temperamento e ex– serável da espécie ou da so- do e colorido, o outro porque p1·e.ssão . Por eles, nunca se ciedade, dono de nada, nem é branco liquido: ambos são saberá quem venceu . E ne– do seu próprio cõrpo ou da o "comer", o "papar", em re- nhum mentiu, são pessoas sua própria alm.a, humilde, ferencia estrita à utilidade vera~es, segundo foi dito. Ma.s reverente ante a superioridade que lhe tem: o comer à -ele, o cada um guardou a memória alheia, porque não deve ha- papar dele. E da inocencia da da discussão através de si. E ver nesta humanidade tão infancia até à velhice extre- imagine agora se essa histó– grande ente nenhum que lhe ma, continuará exi,,tamente as- ria a contasse um mentiroso·. não seja superior no todo ou sim, só a tribuindo interesse e Ouça a descrição de um · parte. Pois escute o que o grandeza àquilo que está a desastre. O trem descarrila. camarada )conversa com um serviço da sua pessoa e da n ão sei quantos feridos, vin– magricela de .ôlho arr~galado sua import.ancia. te mortos, viúvas chora.nt' v> que re agarra no fu.emno ba- Converse oom aquele se- crianças mutiladas, um bo..- laustre: "Ele é que está mul- nhor idoso: tem o bigpde ror. Cada- uma das testemu– to enga.nado comigo. Eu heim? muito branco, a mão bem nhas do acidente - contl- 0 mal dele é pensar que é trêmula, aquece-se ao sol no nuemos s1,:mpre lidando com melhor do que os outroo... t::.nco da praia. vigiando um gente veraz e honesta - ca– Pols eu não preciso dele ·E> já menino que brinca perto. Pa- da uma contará o que viu lhe disse isso mesmo. Não rece um san-to, as.sim · alvinho com a verdade de Deus na sou soberbo, mas até o dia de e curvo, tão bem posto no boea : "Eu vinha chegando na hoje ainda ,nã,o precisei de seu paletó à moda antiga, o estaçã.o · por sinal que ninguém!" . E é sincero. Rou- colarinho duro, a bengala de atrasado, parece que ' adivi– bem-lhe tudo, roubem-lhe a · castão de ouro. Tão perto da nhava que ia perder o t rem d.erra,deira fé. a última ~- morte. e ·apaxontemente es- - e imagine o meu horror rança - e ele ainda acredf- qúecido de si, contempla a. quahdo a coisa aconteceu de tarã em si. mesmo. E há de crla.nça ..• Pois fale com ele. repent.e . Nem sei como não ser em verdade essa única Elogie o garoto. E o velho tive uma vertigem, que sus– centelha realmente divina no imediatamente acorda.m:IG da to horrivel. Se desta vez não co.l'ação do homem que lhe cisma. lhe dirá em segredo e fiquei sofrendo do coração. dá ânimo para segulr adian- em primeiro lugar a grande também nunca mais fi.co . Já te, enfrentar as durezas que revelação: que o pequeno é vi rnuito.s desastl'es, mas nun– enilrenta; ela que ex.plica o seu neto, sangue do seu san- ca na minha vida tinha vis– progresso, a virtude, o sábio gue. fruto da sua própria. se- to uma coii;a assim. Os car– e o heroi. mente; talvez a.té mesmo se ros se engavetando, parece Do momento em que nasce chame "fulano de tal, neto", que .escutava os ossos do pes– lté à hora de soltar o último a fim de perpetuar o nome soal se pa.rtlndo e estalando mspiro, qual o · primeiro e o do avô. Dzpals lhe contará junto com a madeira do trem, :Ierradelro sentimento da cria- as graças ·do menino: como E eu ali, sem poder fazer na– tura, senão o sentimento da. quer bem, ao \70vô, como tem na. Cada grito. que me ar– ma própria importancia? Até a mania de só dormir qua.n- repiava todo. E fiquei ainda ne..<mo o suicida - ou prin- do vovô chega: como apre- mais horrorizado quando · me !lpalm-ente o suicida: se se eia os brinquedos que vovó lembrei dos companheiros de nata, não é porque , e ache lhe deu; _como tem o gênio viagem de todo o dia que vi– lndigno de viver - ao con- assomado e teimoso - e en- nham naquele horario. Foi a tririo: renuncia a um mundo tão sorri: puxou ao avõ... De- Providencia Divina que fez o =1ue é indigno de si. E sem- pois, sempre aparentemente de$!lstre ser antes do trem pre o faz com a maior pom- absorvido no neto, lhe dirá chegar à estação, e não de– pa e aparato. deixando car- os pJanos .qoe fez para o fu- pois . Imagine que, por meio tas, preparando cenário, ple- turo do pe_queno, o que sonha rninuto mais. eu teria embar. namente inteirado de que es- que ele seJa. o que lhe reser- cado. Não foi mesmo o me\1 tá dando um grande espetá- ve. em apólices ou em pré- anjo da guarda? Me senti culo. dios para quando flcar ho- tão aflito que ;·.ão pude mais O sistema planetário como mem feito. "Eu jã estou com continuar olhando; tive que o concebemos, o sol no meio o pé na cova", concede o \7e• fechar os olhos e me senta!" e o resto dos planetas gravi- lho ante a realidade inexorá- na calçada, com uma náu!lea.; tando ao redor e a represen- vel, "mas espero que meu ne- estava mesmo me sentindo tiM;io perfeita do conceito que to"... Slm, e é por isso que o mal. .. ".' 0 homem faz de si e dos seus ama, porque espera gue · o T-anta gente morta, tanta semelhan~: ·ele o astro oen- neto não o deixe esquecido, desgraça, coisa tão medonha, trai e os restos das g.e!ltes que continue e prolongue o mas o que é que interessa ao lhe girando em torno. De re- ·eu !}Ome, e sua vida, os !leu~ narrador do acidente? As suas cém-nascido, a primeira coisa sentimentos, a · sua fortuna, r eaçõe3, os feus arrepios, os de que se apercebe é a sua até m~o os seus defeitos: seus conhecidos, as suas ex- própria pessoa; ou.e tem fo- ' me, que tem frio, que tem sono. Depois Que comec;a 1\ o sentir e ver o mundo ao re- dor, coll'tinua a só se aperce • Vôo Dos Pássaros O. áridos pássaros que mudam as estações não vieram nunca, embora eu os esperass-:t de com coisas, expressões e modismos da vida dos auto·• res. As descrições melh'Jl'<"3 não são as de palacios e slm as da vida da aldeia: ~stá flm Aca10 falam os homens do que viram 7 · seu elemento o dramaturgo quando escreve ae cozinha, em que Shakespeare erli entemti– do. Silenciosos são os lábios dos homens . Grito ou palavra de amor não comoverr as pedra, empedernidas pelo tempo . pãg-Jna & sua obra em que Proust demonstra - e quantos &eram Isso mesmo depois de– !e ! ---, Que foram as mulheres e as paisagens do fim do sé– ClUlo XIX Que copiaram Ré– nolr e não Rénolr que as pin– ~u . O professor de CWca1to a– credita pulverizar o f.amoso descobrimento da figura e dNI selos de familia do conde de lram sêco1 pássuto1. E o céu, que é plumagem, crepita : procura pintar as coisas tais Oxford sob o retrato "Ash– como nos apa1-ecem à primei- bcun1e" de Shakespeare. Na ra vista, ê é Elstir, porta-voz verdade, ri-se de todo esse de Proust, que nos transmite episódio em que a "Shakes- a concepção proustiana da ar- peare FellowsWp" fundou o Nem noa que voam nem nos que permanecem : · · Era de esperar que um pin– tor figurasse em "a procura ·;to tempo perdido" . E ' Eliltir, ~ue a.parece uma prlmeira vez llo principio da. obra, e que ~reende muito as ;,essoas em uma ce.s:i em que e...tá de {lsfta ,.porque vê amarelo ,1os cabelos de uma mulher"; q_epois, faz sua segunda apa– ,fçlo em "As raparígas em r(ror'", j ã então como um gran– -e pintor impressionifta, que El t . f . - seu veredicto definitivo em M~ d • b h • te. a ir, com e eito, compoe favor de Bacon. Como res- ao me e111ore1 so re nen um passaro . su-as obras-primas em parce- pendendo a Emerson, Long- • Voando, eram 11 velha canção · da infancia morta la s de verdade, que são todas fellow, Whitman, Ha.wthhor- • • - · t s·entidas de maneira pessoal, o ne Oliver Wendell Holmes para mim, qu_e sempre Vt o que nao ex1s e que explica ele, assegura a Jchn Galsworthhy e Sigmund e eternamente verei o que jamais existirá. unidade das telas. O objeto Freud, o professor Ev.ans afir- mais humilde vale o mais pre- ma que se há " dúvidas" to- cioso, desde que seja pintado das elas estão do lado dos 17 Em v&o, como N anos, a vida, o tempo. , •: com a luz de Rembrandt. ou "candidatos" muito mais que de Claude Monet . E a propó- do lado do autêntico Shakes– slto de uma mulher em um peare. Não será fácil refutar esse homem de CWcago. Na barco a vela, o autor escre- verdade, deu ele a todo o veu: "O vestido e a vela são mistério de Shakespeare um!l dois reflexos da mesma ima- sacudidela assassina ao mes– gem; toda a sua importancia -mo temw a.ue esclarec~o– está- no olhar do pintor". _ _ ra. Nada imaginei que pudeue ser admitido pelos que não entendem u•a teoria de pássaros: UDO IVO · perienc1ll$ com desastres an– teriores, o cuidado especial . que teve a Providencia em impedir .o seu embarque na– quele trem, os seus conheci• dos, a sua náusea. E o maquinista, . se sobre– viver, lhe contará as emo– ções por que passou tentan- · do governar a mãquina âes– go\:e.mada, e até. o· defunto .no céu explica.rã a São Pedro não a catãstrofe em si, mas os seus fatos e gestos em re• lação à mesma catástrofe. Olhe esse magro fundonã– rio- lendo o seu jornal na bar– ca•. Pa~a. com tédio a pri– meira pagina, a segunda: lis– ta. dos candidatos ao Pi::êmio Nobel, suspensão do bloqueio de Berlim, o estado de saú ãe do rei da Inglaterra, às inun • dações em Fortaleza, o pre– sidente nutra nos Estado, Unidos, o assalto a Xangai. O homem lê com displicência crescente, cada vez com mais nojo ~ indiferença . Mas els que i'ro c::..ntinho da quinta página, ,espremida na maS3a de noticias da P1•efeitura., vem a lista dos funcionários q·.. ~ s:ntraram em férias na ${'"''"– -ua anlerio_r. E aquele bom~..,_ que de~denhou os_sete sábi o~ · ua lirecia, que não se co– moveu ante a inundação, a ro1ne e a guer ra, que puloLt ·ó parágrafo do presidente e não deu um segundo de aten– ção à possivel morte do sobe– rano de todos os ingleses, es-. se homem arregala o olho co– movido, cata um lapis no bolso, sublinha a noticia se11- sacional, pensa melhor, acha que sublinhar não foi bas– tante, abre a pasta que traz sobre os joelhos, pesca lá uma tesourinha e recorta a noti– cia, a preciosa noticia qu, está ali info1·mando ao pais e ao mundo que O CONT-:-- NUO JOSE' DOS PRAZERE..S ENTROU EM GOZO DE FÉ– RIAS NO PERIODO QUE– V AI DE 10 A 30 DE MAIO. Maior do que Xang-ai, do aue Dutra e o Prêmio Nobel, por– que trata de sua própria e especial pessoa, das suas fé– rias: e o seu nome na imor– talidade do papel impresso tem ?m milhão de vezes mais 1mportancla do que os dol:i biliões de outros habitantes do planeta. Direis que isso não pa.ss" de simples vaidade. Pois e engano, · engano. Vaidade não é uma causa, vaidade é con– sequência daque1a noção exal– tada da nossa própria exis– tência, fenômeno Inefável ·e para sempre maravilhoso. Nio somos vaidosos, propriamente, -Apenas sentimos que em nós. em· cada um de nós, estã o -eixo ~o mundo . Aquele que acredita · em DeUs, ime.gina– i,e não feito à imagem de · Deus. mas concebe Deus de acordo com a sua própria idagem. E por isso o bom re– za e um Deus bom, e o mau re– za a um Deus mau, ou ao dia– bo. Quanto ao ateu, a di!e– rença que faz d-O deista 6 que ele próprio é o seu deus. Pode o homem renunciar a tudo, r iqueza, poder, glória., amor, pode ·renunciar até à ·própria vida. Mas não renun– ~a a si. Nem quando apa– ·rentemente se renega, escon– de a própria origem, escon– de o seu nOlfI!e, usa um nome de empréstimo. Pois se se =vergonha da sua ortgem e do seu nome, é porque nii.o os considera dignos de quem os usa; e assumindo nome e identidade novos, está procu– rando vestir uma pele que fa~. mais justiça ao próprio mento. O santo, que bate no peito, e faz confissão dos seus pe. cados, fugirá ele à regra co– mum? Na verdade. conside– ra-se o maior de todos os pe– cadores; sabe que já estava .> inferno de boca aberta, com um lugar especial a. esper~– lo, porém a· mão de Deus. com graça es.pecial, o retirou do mau caminho. Que a sua ingratidão para com Deus não tem limites, e em paga o Se– nhor lhe concedeu graças ab– solutamente excepcionais. Se, lhe manda provações é por– que o ama. E as alegrias, poi– pequen_as quê sejam, um raiar de sol, um perfume de flO'l", .por elas dã graças como pro– vas do minucioso cuidado que tem o Monarca Supremo no seu consolo e no seu bem-es– tar. E não é maravilha. que te'lltre tantos. o· Senhor na sua infinita bondade, o esco– lheu como instrumento da Sua mtserloordla ! .••

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