Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949
2ã. Pagina· FOLHA DO NORTE · ., ,,, 't Literária DIRETOR ..,,.,..,...,,.A··~·";"~"~·;"·"~"·"tb e õ - .:> Domingo. 1 de ·Maiõ de 1949 o s D on h PAULO MARANHAO 1 - · Natalicio Norberto SUPLEMENTO LITERA,:URA r - . ~atiSfazemos, ao inaugurar esta noticia ----- literacia, a -aspiração que vimos nutrindo ~lém disso: é nosso princtpa1 escopo pun. / ART& e U m . Diverso RoD1anee ORIENTAÇ.AO desde que chegamos a.o Pará: informar os ficar as divul~ações que se rotulam lite- DI ~ue por acaso, em horas vagas, apreciam r~rias, mas estão muito aquém das exigén. f<lonclu&io da t .• pig'ina, HAROLDO MARANHAO literatura, o que se passa no mundo de ho- c1as da arte; os diversos temas que no ma. mens que se oc d 1 mento. atraem a atenção descambam ara 11ecer-1he bastante desagra. da~el. O disfarce da "pri– meira pessoa", tão do - seu .a-osto, faz parte do seu arse- ;------- . . u~am e ivros, e de livros a. subliteratura, a de "cotação infer1·or'!' no COLABORADORES que . tiansmite~ 1,rnpressões, conjuntamen- d1 e d It te para eleva~ao (!o _ru_·vel cultura_) da J·u- b z r a c_r_ i_ca., e espalha-se oomo do;nça D.E B.EL& K: - AJoóao Rocha, Benedito Nun- ent d A 1 t - . raba e ·dtficll de sair. · Bruno de Menezes, Oauby Onu, OécU Melra 01 :; ,.. v , u _e. n ençao, Já se vê, é modest.. · nal de . t~ucs, Não há real- , mente pnmeira pessoa, como na. vida também ela não existe: todas são primeiras pessoas. E nossa maneira da fazer romance, a.o envés dis- , !>O, _numera as pessoas em prl- ·1 me1ra, segunda, etc .. Um r.o- : ma.nce é uma hierarquia ar- : bitrária de caracteres . . A vi- Bernardo, Daniel Coelho de 801111a, F. Paulo' Men- nada tem de original pois vein sendo cul: des, Garibaldi Brallil, Baroldo Maranhão Levi tivada noutros suplementos; somente que, Não ~eseja~os, entretanto, ·que as pa– lavras acima seJam interpretadas à -base do nosso trabalho, Aqueles que nos acompa– nharem- verificarão, número a número, que as s:cçoes irão ser aumentadas, as infor– maçoes também, sobretudo 'quando trata– rem de ~oisas e_ fatos ~ue se relacionarem com escntores da terra. Pretendemos ape. sar de novos n~ a.mb ~ente e _novos n'as le- . tz.as , fazer com que · estas colunas ganh - . f?rças para ir mais longe, e se isto se r:: lizar, talvez possa.mos revelar o que , esta– mos ~ecessi~ando aqui no Pará: de novas - vocaçoes. Nao é sem tristeza que verifica– mos que .essa i!).dolência intelectual que to– !llOU conta dos "novos", afasta as possibi~ HaU de Moura. Mario Cou&o, Mario FaustiD~ Max leva nd0 :s.e em conta um dos princípios que Martins, Nunes Pereira, Orlando Bitar, Otavto' Men- norteiirao nossa existência. - o anti-gru- do_nça, - Paulo Plinio A.breu, &. -de Sousa Moura, pismo cuidamos não ser tão facil atin- Rabamar de Moura, Ru.i Guilherme Barata,· Rui gir o objetivo, como se julga à primeira Coutinho e Sultana Lev,_ Rosemblati . · vista. · DO RIO: - A.avaro Lins, Augusto Frederico Sch- Em · verdade, se é preciso apresentar midt, Aurello Buarque de Holanda, Carlos Drum. um programa, diremos simplesmente que 0 mon~ _ de Andr~de, Oa-.sia~ . Ricardo, Cecilla Mel•. - nosso _ -qonsisti·rá ná - defesa -da palavra. -"li- da ri-se de~sa. hierarquia. . reles, Cyro dos AnJos. FemaDdo Sabino, Fernando teratura", empregada ·màis · como uma· ini- Ferreira dt Loanda, Gilberto Freyre, losé LiDa do · Mas nãlo estóu' · i;iostulan- ' do os direitos da vida sobre a ficção, ou sobre a arte em geral. Longe -dJsso. A arte, para mim, está em primeiro lugar. Quero apenas ·1embrar que uma expetlenclll. literá– ria ainda nji.o foi tentada, ou não O foi inteira-mente: a ·ct·11 dinamização e seleção extre- · ma dll, palavra no texto de ficção•: Partindo da banalida– de de que romance é uni con– junto de alguns- milhares dí!-– palavras, fa_çamos com que só figurem: nele as que 'efe– tivamente .modelem -a perso– nagem em ação, exprlmam ·a sua verdade ou a sua menti– ca, e reflitam a sua luta com as outras personagens. As– ,:i,m abstrato e concreto, ideal e figurativo, o texto nos da– ria mais dó que nenhum ou– tro a misteriosa e cálida sén• sa.ção de que estamos mer..: gulhando numa corrente da. vida cotidiana, possivel : natu– ral sem contudo nos distan~ - cíar do sentimento de _que respiramos um clima de -lma• – ginação e de pura fenomena– lidade artística.. Para usar de uma comparação grosseira, à falta de melhor, eu diria: co– mo julga.mos penetrar num mundo ao mesmo tempo igual ao comum e mais amplo do que ele, quando sentimos ba– ter de leve em nós a primei– ra. brisa da embriaguez: os objetos ao redor são sem dú• vida . os objetos de todo dia, mas ganham uma dimeI_1são, um contôrno ou um sentido particular. E as relaçoes en- tre n6s e as coisas se tornam pasmosamente elásticas , .. Rego, Jorge de Lima, Lêdo lvo, Lucia Miguel Pe- - ciativa, ·que outra coisa de que se exija an- reira, Maria da Saudade Corlesio, Marques Rebelo, tes de tudo _ erudição. Primeiro pretendie- Manuel Bandeira, Maria lulleta Drummoncl. Murl- . mos, ·objetiyando nossas idéias, afastar a lo Mendes, Otto Maria Carpeaux. Paulo Kónai e dificuldade de informação, tornando-a mais Rachel ele Queiroa. rápida e em primeira mão quanto possível -DE S. PAULO: - Domingos CarvalhÔ da Sil- em estreita colaboração· com os amigos · ~ - -va, l):dgar Cavalheiro, Roger Bastide. Sergio - Buar- todo :8ràsil, transformando o- - cronista -·nu.:. )ldjl,de~ de um florescimento cultural. Aqui, é f?rçoso notar, poucos se dedicam ao jor– nalismo, raros escrevem ·contos ou rabis– cam -poemas, e sómente um ou dois cuidam– ~ escrever- e publicar crônicas, con.ser vandqslhes o sabor ~e coisa tenue e fugaz. que de Holanda e Sergio Milllet. · . DE BELO HORIZ9NTE: - Alphonsus de. Gul- ma. espécie d,e reporter literário, cuja ati- maraens Filho e Bueno de Rivera. vidMe tanto · será lóuvavel quanto mais · _ DE CURITIBA: .::.. _ Dalton Trevisan e Wilson elástico o programa . _ As dlvessas · secções Martins . _ . irii,o aparecendo aos poucos, tornando-se DE PORTO ALEGRE: - Wilson Chagas. - ··necessária a colaboração dos leitores que tt- DE FORTALEZA: _; Antonio Girio - Barroso, - verem· a Iionra d.e conviver com as glórias . Aluísio Medeiros; Braga Montenegro, .João Cli,ilaco pa.ssádas ·ou presentes, e a - uns e a outros _Fazemos_ es~ inicio, agradecendo àqW!– l_es _que se1:1pre acreditaram na nova ge– raçao, e afirmamos que não os decepcio– naremos. Bezerra_e José Stenio Lopes. -teremos oport111udade de - solicitar apoio. O Velho Afonso Arinos (Conclusão da última pâgina) o menino _Afonso de uma queda perigos·a que teve, sonre Jnento''. era um tropeiro amigo; que às vezes encontravam 1unas raízes de gameleira. O tropeiro medlcou-0 com um nnguento especial, ·feito de gordura de porco e ervas cheiro– Jas. O fato é que o menino ficou bom, graças àquela rude Jnedicina aplicada no nieio ·do -campo. Há ·qualquer coisa de homérico, :_ a grandeza simplés ! popular· de uns Ulisses caboclos, - naqueles tipõs de ho– )nens que eram os tropeiros. De Homerô ou de Cerva11tes, pois êles tinham algo de quixotesco, eram como cavaleirÔs ).ndantes de uma civilização decadente. Afonso Arinos guardou a vida inteira· esta impressão das jornadas , sertanejas e do e:pcontro com as tropas· e carava– )l.as . Um dos seus estudos mais interesi;mntes, talvez o me– lhor de todos, é aquele sôbre '"l'iropas e Tropeiros"., E era Jnuito a sério que êle sustentava que, no escudo de armas ,hrai;,ileiro, entre os ramos de café e de fumo, deveriam figu– ;l'ar, também, duas orelhas de burro. evocativas dêste drama do transporte interno, tão importante pal'a a nossa economia colonial quanto à exportação da antigã '\erva santa'' ou da .rubiácea negrà. · (Trecho do livro inédito "Um Estadista da Reptl- blica) " . N.R. - 1) ·· 2) 3) Afrllnio de Melo Franco. Virgilio de Melo Franco (Pai e Afrinio de Melo Franco) . Ana Leopoldina (Mãe de Franco e Afonso Ari.nos). de Afonso Arinos Afrdnto de Melo "ORFEU" Aca·ba de sair· o número 6 de "Orfe-u" c_o~respondente ao Verão. Essa ·revista., di– rigida P,Or Fred Pinheiro e Fernando Ferrei– ra ·de Loanda, apresenta-se esse número sens~velmente ~nrlquecido com colaborações de Jovens e_scntores e suas páginas teste– munham a renovação estética d.e que ela se faz. porta-voz, agrupando as figuras mais pessoaIS e representativas da "novissima" ~ presente número de "Orfeu" traz pros~ e poemas de valores como Afonso Feltx de ~usa, Wilson de Figueiredo, Fred Pi– nheu:o, Fernando .Ferreira- .de Loanda, Dar– cr Da-mascen(), Lêdo Ivo, Edsoii Regis, e outros. .LITERÀTUR~ E CINE:\VfA .................................. ~ ....................................... ---.:- - Os americanos já começaram: a fil– magem da peça de Ibsen "O Inimigo do Povo", tendo_ como principal protagonista o ator Alexandre Knox. · · .:.... Nada menos de 7 romances de H. G. Wells forar;n aproveitados pelo cinema. Ago– ra mesmo em Londres, por _exemplo, estão sendo exibidas duas peliculas baseadas em h1stocias daquele escritor: "The Passioi'late Friencl,s" e "The History of Mr. Polly". - Enquanto isso, o cinema francês apresenta um celulóide baseado . na "Car– tuxa de Parma", o célebre roma~ce de Sten– dhal. --► Os Escritores Na Vida Real ...,,......_-- -- --- ........... ..:-._ .. _. ._,_~~~~~~ . Ni~gu~m que acompanha a nossa his– tória literaria desconheoe quem foi O cea– rense _ f'.aul~ .Ney. Figura indispensavel nas rodas hterarias do seu tempo no Rio, dei– xou, ao -morrer_ em 18?9, aos 40 · a.nos, uma escass~ -produçao escnta, mas a tradição o~a_l mantem vivas as "boutades" do seu es-· pmto de boemio e dispersivo. _ Estudante de medicina (é claro que nao chegou nunca a terminar o curso) Paula Ney, em certa banca de exame, foi !l,rguido p.elo professor, o visconde - de Sa– bota, que não olhava com bons olhos es~e estudante vadio: _ - O que faria o ·sr. dtante de um in– dividuo com uma brecha na cabeça? Aplicaria uns pontos na incisão. - - E antes disso ? - Lavaria o cránio e faria cessar a _ hemorragia . :_ E antes disso ? A -primeira provi– dê_ncia qual seria, senhor Paula Ney? - Colocar ao alcance das mãos o ma- terial círurgíco. • - Aí bradou o mestre com ar víto- rioso: Engano do sr. 1 A primeira provi– dencia se-ria raspar .o couro cabeludo da vitiIµa. Paula Ney não se deu por vencido: -- Perfeita-mente ! E e_u só não disse isso logo porque, na -minha hipótese, a vi– tima era caréca ! Parecia-m.e, a ouvi-lo, que a leve brisll- já o roçava e levava . . .ARBOR -......,.... ......-.....--- ~ Publica-s~Ês~ uma revista que é realmente mag– nifica: "A'.rbor": Erri seu nú– mero 35 divulgou ensaios do maior interesse, como: "Pro– blemas de sociologia religio– sa", de Jacques Leclercq, "O problema cultural da China", de Juan Roger e "Cervantes", de Emllio Orozco Dias. - .. --'-------~----- --- --- -------------------- - ---------------------- ----- ----------- ----- 0 conto Que selecionamos para Iniciar esta secção pertence à literatura_egípcia e é uma das primeiras pá– ginas do gênero. Consideradtl corrio uma peQuena obra · prima é o "primeiro especime do ·conto policial". Acha– se incluído no primeiro volume da coletânea "Mar ·de Histórias" (Antologia do Conto Mundial) , que abrange o genero desc/e as suas origens até o século X'.V 111 ou seja um "digeste" ·de 3.000 anos de literatura . São autores ·de "Mar de Histórias" (José Olympio Editôra) o · brasileiro Aurélio BuarQue de Holanda, e o húngaro Paulo Rónai _– ~ NATALICIO NO~BERTO. ' O REI •RAMPSINITOS possuia um tesouro tão grande que nao o teve maior, nem sequer, _aproximad~, ·nenhum dos seus suces– sores. Para conservá-lo em seguro, ·mandou construir um gabi• nete de pedra talhada e quis que uma das suas muralhas se pro– jetasse além do corpo da obra e dos limites do palãcio: mas o pe– dreiro talhou e assentou uma pêdra de maneira tão ·perfeita, que nem dois homens, quanto mais um só, podiam tirá-la e movê-la do ·seu lugar. Concluido o -gabinete, o rei ali reuniu todos os seus - tesouros, e, algum tempo depois, o pedreiro-arquiteto, sentindo ~proximar 0 se o fim da vida, chamou os filhos, que eram dota, e declarou-lhes como· se desempenhara :!e sua inc-umbência, e o ar– tificio de que· lançara mão construindo o -gabinete do rei, a fim 'de que eles pudessem viver à larga. E, depois de lhes haver dado claramente a entender o meio de tirar a pedra, fez-lhes c,ertas in-– dic:ações, avisando-os de que, se bem as observassem, seriam os grandes tesoureiros do rei; e com isto se passou desta à melhor. Então .seus filhos não -tardaram a pôr mãos à obra: foram de ncite- ao palacio do rei, e, achando facilmente a · pe<lra, tit-at·am-na do lugar. e carregaram grande soma de dinheiro. 1,:{as, quando quis o ·destino que ·o rei fosse abrir o seu gabinete, encheu-se de espanto ao ver os seus cofres muito desfalcados·; não sabendo a 11.uein acusar ou de quem suspeitar, visto que encontravá sãs e p<,rleitas as marcas por ele postas, e o gallinete muito bem fe– chado e refechado . ·E, tendo lá voltado por duas ou três vezE:S a ver se os cofres sempre se desfalcavam, afinal resolveu para lr'O.– p, dir que os ladrões ali tornassem tão facilmente, mandar fazer ~rmadilhas e colocá-las perto do; cofres onde· ·estavam os tesou• roa . Os - ladrões voltaram, segundo o costume, e um deles passou pelo gabinete; mas logo que se aproximou de um coffe, viu-se có• lhido pela -tlrtnadi1h,:f. Então, conhecendcr o perigo• em que se - Tia. chamou• depressJ o irmão e -mó trou-lhe -o- estado em que· se ANTOLOGIA DO CONTO O CONTO. DE RAMPSINITOS tanto que um dos guardas jogou uma pilhéria ao mercador, que :nu e até ·lhes deu, alnd·a por cima, um odre de vinho. E então os guardas deliberaram sentar-se ali ,nesmo e continuar a beber, pedindo ao -mercador que ficasse, e bebesse com eles, · o que foi. concedido; em vendo que eles demonstravam nissc- grande- pra• zer, · o mercador ofereceu-lhes o resto de seus odres de vinho. ·Quando tinham bebido tanto que jã estavam mortos de bêbedos, ·o sono -os assaltou, e adormeceram ali mesmo. O mercador es– perou até alta noite; depois foi dependurar o corpo do irmão. e. rindo dos guardas, rapou-lhes a todos a barba da face direita. Pôs sobre os asnos o corpo do irmão e tocou-os em direção a casa, tendo assim executado a ordem de sua mãe. · encontrava, aconselhando-o a que entrasse ali e lhe cortasse a ca- No dia seguinte, quando o rei teve ciência de que o corpo d$ beça, a _fim de que ele não fosse reconhecido, e a sua perda não ladrão fôra roubado rnist_eriosarnente, ficou muito aborrecido, e, -acarretasse ·a do irmão. Este achou _-,que ele falava c9:m .acerto, querendo pgr todos os meios encontrar aquele que praticara ess·a e · seguiu-lhe o conselho; e havendo reposto · a pedra, __ retornou a ·astúcia, fez tal coisa que, por mim, nela não posso acreditar: casa, com a cabeça 'do irmão. - abriu a casa de sua filha, concitando-a a receber indiferentemen• Ao àmanhecer, -entrou o rei em seu gabinete: e, vendo o cor- te quêm quer que para seu prazer viesse pr_ocurã-la, com a con• po do· ladrão preso na armadilha e ~sem cabeça; ficou muito es- dição, porém, de que ela, antes de se deixar tocar, induzisse cada pantado, pois que não havia vestígio de entrada nem de salda. E, um a dizer o que .fizera· em sua vida de mais prudentte e de mais ·escogitando como· poderia proceder em tal emergência, deliberou perverso: aquele que lhe contasse o , caso do ladrão deveria · ser mandar pendurar o corpo do morto na muralha da cidade e en- _detido por elar sem o deixar partir de seu -quarto . A princesa obe– carregar alguns guardas · de prend-er e levar à pri:s_ença dele deceu à ordem do pai; mas o ladrão, percebendo para que fim aquele ou aquela· que eles vissem• chorar e demoll$trar pena do a coisa era feita, quis ficar a cavaleiro de todas as astúcias do rel degolado_- · e deu-lhe o contragolpe da seguinte maneira: Cortou o braço de -- Vendo ·o corpo assim exposto, a mãe, pela dor· ·que sentia, dl· um recém-falecido, ocultou-o sob suas própria& vestes, e dirigiu• rigiu-11e ao outro filho e ordenou-lhe que, fosse ·como fosse, tra• se à moça. Logo que entra, ela o interroga, .como fizera com oi;: tasse de lhe trazer o corpo do irmão, ameaçando-o caso ele se outros, e ele conta-lhe que o crime mais mostruoso por ele come-– recusasse a fazê!lo; de o denunciar ao rei corno ladrão de seus tido foi o de arrancar a cabeça cfo irmão, presa ·na armadilha do tesouros. Verificando o filho que sua mãe levava assim o caso a tesouro do rei. Por outro lado, a ação mais avisada que jã pra.• peito, e que de nada valiam ponderações, concebeu este ardil: ticara fõra a de despendurar aquêle seu irmão :depois de havei.". Mandou· albardar alguns asnos, carregou-os de odres de vinho, e embriagado os guardas. Tanto que, Isto ouviu, ela procurou de– pôs-se a caminho, _tocando-os. Chegado ao ponto onde se achavam tê-lo; mas o ladrão, valendo-se da escuridão que .reinava no quar--– os· guardas, isto é, ao lugar do morto, aei.atou dois· ou três· de ··· ·to;- estendeu-lhe a mão morta que trazia oculta; e que ela aperto11 seus odres, e, ·vendo correr o vhlho por terra, pôs-se a esmurcar cuidando fosse a· mão daquele que falava: enganava-se, porém 0 a cabeça, soltanrto grandes exclamações, como se não soubera pa- pois o ladrão encontrara melo de se escapar. ra qual dos asnos devia voltar-se em primeiro lugar. Os guardas, Contado o fato ao rei, mostrou-se este singularmente espanta• notando que se derramava grande quantidade de vinho, acorre- do da aMúcia e ousadia de tal homem. Por fim, mandou que &e ram com vasilhas, considerando que estaria ganho o que apa- fisesse anunciai:; por todas as cidades do seu reino que ele per• nhassern desse vinho perdido. O mercador pôs-se a injuriã-los, a doava a essa pessoa, e, que, lhe concederia grandes favores. O dar mostras de viva indignação. Porém os guardas mostraram- ladrão deu crédito à publicação feita pelo rel e fot ter cóm ele. · se corteses, · e . ele, cóm o tempo, serenou, moderou sua cólera, Quando o rei o viu, ficou assombrado: todavia, deu-lhe sua filha ·afastando, ·por ~ftm: os asnos do · caminho, para tomar a· carregá- · em casamento como ao mais capaz dos homens _e que afinara os los; demorando-se, todavia, uns e outros, em pequenas c?nveraas, egípcios, os qu:;ii.s afinam todas -as nações.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0