Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949
DE - • .. O Astrólogo No triângulo negro da abstração surgiu a face de Babilônia' Nas pupilas do gato a lua viajava, fluindo como o leite . As asas do sábio voavam sobre -a es tera. No rio dos horóscopos vi a vida boiando, ·rosa morta. No megatone, a voz dizia le:i;1tá: 3 de a bril. Nasceste quando no campo azul dos sign.os - · o Touro perseguia ás Virgens ... L!3vas q grande ôlho.de Aquárius a ceso em tua a.nqústia. - Abomina o te,.1 destino 1- disse. És o sol enfêrmo na consteíacão do Cã o Morto. De N: tJ o e i o-. s Quando a ,manhã bateu à nossa porta, l t · "E 1· . ?" E.0 ene pergun e1: os 1nos -os· cqminhos chegavam entre névoos e :pássaros, v~nham do -país da. memória . Vogavam cestos de pães, navios loucos sobre c1:s ondap qe leite. Era mais alvo D re lrato de rendas. -A~ri _os olhos no·mergulho, vi a estrela fluindo ... No hmdo do lago, Anq-ela despia os véus·. T,u o limpinrr a sua face amanhecia l • A Donca Dos Obesos ~ ♦ - Felizes sáo os obesos I Vêde como <iancom no tapete dos humilhados !" .No entanto, são feitos do mesmo ümo. Nossa angú_stia os alimenta, . nosso gemido é a sua·música. ~ eles Dilo 1>ercebem a melodia subterrânea Moldamos em npsso ódio as s~as faces, são nossos semelhantes, inconcient es rios esmagam.J · Ueíxai dançar os obesos no crepúsculo., · · Eles ignoram a noite absoluta - que rolaréi da montanha sobre a.e: pé rgolas • 1 , . . Deixai-os. Vinde tamt>ém à nossa festa , Agora, que a treva mergulha nas piscinas.– dançarão sobre o pântano Qs esqueletos de cal. DE A · Espad a Sobre a tua cabeça a espa da. Não te movas, nenhum gesto, nenhum grito, pois a ;espada oode cair . · 1 ~ ; 1 tf, - ➔ --- - -: Pende sobre os teus câbe1os· , : . .. ~ A espada nua. ,Cuidac;lo ! - · ~ Nenhuma blasfêmia , ou mesmo ' ·orações, senão a lâmina - , caira _Não movas o braço ou a face para o lado do mar tranquilo. .,_ t ' ' - "' -, J • , I. Olh,a à frénte, não te assustes ,. com a sombra trêmula. E' o vento •:·:· · :-:~:; . locando a espqda. · · · . • 1 ,; ! A tua direita, os amigos te insultam. Fica em silêncio. _: Não te mexas, pode a espada– desprender-se, e os teus amigos _gozarão tua agonia. Mulheres, macias pétalas, acariciam teu corpo. Não te_encantes, pois quem sabe se, partindo o fio, a espada destruirá teu amor ? Os teus colegas, à esquerda, contam anedotas. Não rias. - Pode a aleqria matar . :ii ":i. " ~: ' ' ... .. -,., A espada é ó remorso ou a bênção ?. Ninguém sabe... S6 percebes que sobre a cabeça pálida pende o invisivel. Luz Do- Pâr1tano Uma 1uz enigma . na solidão do pântano onde peixes cegos mergulham na morte. Uma luz entre névoas– eemo rosa ardente, · corolas de fogo \ no iard1m :,,alúdioo.; · Flor indefinivel, . brasa sobre o lodo. Talvez uma estrela. _quia de afogados . Miasmàs é angustias na lagoa impura. Mã:os frias, apêlos DEI profunda noite. - Chagas e anêmonas _a-escendo em silêncio, e a esperança tímida como planta ~nfêrma . Mas brilha intangivel a tua idéia em chamas . Arde o teu clamor sobre o mundo e o péintano.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0