Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949
• t. IJ p t TO ARTE ' ·. \LITER TI. Pará-Belém NUM. 120 Domingo. 24 de Abril de 1949 --0:-ã_e_il_p_ec_i_al-:Li-t_a_s_j_á_a_n_a_li_s_a_- -----------1.. rece petteucer à literatura ~~~~~ OFOLClORE ~ERTENCE À LITERATUR ? ~~~~ exame de algumas ·que s tôes Jbservações e extratos .tolcló- WILSON MARTINS -.-- a despeito de tôdas as te ta• ta; são as ··litterae" e não os literárias que o seu apareci- . . t1·vas fe1·tas neste sentido, "v·erba" a ua substância. m nto provoca. Vê-se do ex ricos mais ou menos perti- celente estudo introdutório do nentes. Os técnicos em foI- ainda não servem nem ser• Essas as razões prin ipais. er. Paulo Duarte para esta clore, no entanto, como Ama- • cas, principalmente por lhe povo, é sem interêsse estêtico, virão jamais como traço ca• Outras existem, entretanto, edição que se .A,madeil Ama- :ieu Amaral e, modernamen- parecerem uma herança di- porque nelas em geral a be- racterístico desta ou daquela subsidiãl:ias, de ·1mportancia ral não foi um dos pioneiros te, os srs. Luis da Câmara reta do romantismo, um dos leza brilha pela ausência; nacionalidade; êsse resto de não menor. Uma delas é que llus estudos folclóricos no :::ascudo e Joaquim Ribeiro, efeitos transitórios dessa es- sem inte1·ésse histórico, por- vertigem há de também aca- 0 critério de julgamento e_ de Brasll, foi, sem 6 menor dú- ,em falar em João Ribero, cola. ":lllsse entusiasmo força-que o povo poetizante nada bar. ( . . • } Muito sinto ac_har- , classificação_ das_ proo:-ii;oes vida, um dos espíritos mais tinda que não tenham, ao do, escreveu êle, erzwu.ngene tem que ver com o processo me neste ponto em desaoo~do folclóricas .ll'!lº sao este1:tcos lúcidos que entre nós se ocu- 1ue me parece, debatido di- Begeisterung, como dizia o evolutivo da história; sem com O meu ilustrado amigo mas sociolog 1 ?os. A yoes1a _e param dessa questão; que foi retamente a ·questão, parecem próprio Uhland, pelas preten-lnterésse psicol6gico-nacto1Ull, Sílvio Romero, cujo talento a prosa anôrumas sao class1- ele O primeiro 8 tentar a im- nclinar-se antes para uma elidas produções poéticas do porque as cani;-ões populare$, é de uma fôrça organizadora . ficadas não em gêneros, mas · plantação de critél'ios real• :oncepção sociológica que pa- estupenda ; ~ ·com? ~m ger~ segund_o ~ _sua geografia e a mente cienti!icos não só na ra uma concepção literaria 08 talentos orgarucos sao sua história, para acompa- co!eta do material como no do folclore • T R E N o p A RA também hann6nicos, é estr~• nhar as idéias de_ Amadeu seu estudo e classi!icacão. Contemporaneamente ' a Sll- _ . • , nhável que êle, que ~oi o pr1• Amaral. {Traà. pop·ul_ar~-~: Justamente desses esforços e vio Romero, entretanto, duas melro entre nós . a rrromw pg. 9). N""ao é a beleza lite1 a do caráter peculiar às 11 es- vozes tinham~ indicado o ~us- 1.,'0ntra O romantismo, tenha ·ria o que se espera elo estu- quisas !olclóricas, como. t'ãm- to caminho nessas pesqwsas CAS "~ cedido por sua vez a uma das do e da coleta folclórica, mas ibém das conclusões a que e · devidamente esclarecido, 1 1 RO D IAZ mais estranhas preocupações uma espécie de reflexo ou de chegaram seus estudiosos em ainda que de passagem, a sua · romanticas (ob. cit., edição símbolo elo caráter de um todo o mundo, nasce a dúvi• natureza: a primeira é de . · a . . . _ _ do Estado de Sergipe, 1926:-- povo: "Inici_ada _essa geol;':ra- da que me preocupa: é o fol• 1875, antes da publicação de pág. 172, nota 66). o mesmo fia e essa b.!,stór1a das c<;Hsa~ clore um capitulo da literatu- qualquer t,rabalho de Silvio MORREU UM TOUREIRO viria a dizer Amadeu Ama- de f~lclore, 1st.o é - a dist:- 1- Ta? Respondo desde logo Romero, e pertence a Capis- EM ESPANHA, · ral: que são raras as produ• buiçao dos fatos e do~ pr~u- 'l u e não. o folclore é trano de Abreu. Numa con- ções folclóricas realmente be- tos atr~vé~ do_ tel'rttório e um capitulo da sociologia: Cerencia pronunciada na Es- NA PRACA DE TOUROS las (T·radicões Populares, pgs. .sua comc.1dênc1a e o m os Jlão é um gênero · literá- cola Popular do Ce&rá, sobre MAUGNÂ, l'll/102) 0 - que, mesmo entre acon~ cim.el' !to~ antecedentes rio, mas um dos produtos da "A Literatura Brasileira Con- as melhores, ou sobretudo e circunstâncias do povoa• atividade cultural dos povos. temporânea". boje incluida ONDE TANTOS SUCUMilRAM - entre as melhores, resta sa- mento e da vida coletiva, te- Esta1·ei arrombando uma por- nos Ensaies e Estudos <la . E'M TOALHAS DE SANGUE. ber O que é verdadeiramente remos assentado os fw1cl,i.- ta abertA? Pelo menos no série, pgs. 61 e ags.), capis- pular por sua origem , e mentas objetivos e fectlJ?doS :Brasil ela não está inteira- trano dizia textualmente: propagação. ele v.m estudo deveras mte• mente aberta -- o •que. ·me "Considerar-me-ia feliz se NUM CAMPO DE CóRDelA A meu ver o folclore não ressante <.la psiquê popular. 1mima a continuar. conseguisse cha~r ª atenção e, MAIOR TOUREIRO pertence à literatura, é até no Brasil". Estam?S, C<?mo se A confusio que se faz em dos amantes da história pá~ · tntagônioo dela, por tr~ ra• vê, em plena soci_olog1~, ou, 11osso pais entre folclor e e 11- tria para o estudo dos con- E TODA A ESPANHA, 1ÕeS fundamentais: a prunei- pelo meno::. na psicologia SO• teratura deve-se à contusão tos populares"· Não era ª PELAS COSTAS "fERIDO. ra, é que as produções fol- cial, e ?ª realidade nunca entre o sociólogo e o literato atenção dos literatos que O MORREU. SORRINDO ,lórlcas por sua própria na- dela saimos enquanto o fol• fiUe havia em Silvio Rome- então jovem critico desejava rureza não têm autor, seu clore foi a nossa preocupa- ra. Com efeito, deve-se à chamar: er.a .a dos amantes CC>.MO BOM TOUREIRO . :..,mpo próprio é O da tradi• ção. A inclusão de tais cstu- . , 1 · d da história pátria, a dos bis- .... d hi t6 l d lite esse mcansave pesquisa or a ,.;; 0 como dizia Amadeu os na s r a a ratura: inclusão dos estudos folcló-: toriadores . Para quem co- Am.,... 'ai-1. Ora, o autor, segun• não passa de mais uma das- i h . t· · d ut nhece o ca.râter sociológico FAZIA BATOTA i...•AS CARTAS ·ª é r cos na 1s ona a eratu- · •~ 40 pensam os. críticos e este- f~m?Sas "m poses"_ em que ra: os que antes dele se ha- que (;;lpistran~ introd~u.nos FAZIA DANCAR A NAVALHA, tas mais equilibrados, é um Sílvio Romero era tao fectm• v.lam ocupado do assunto, estúdos hist6ricos brasileiros, • elemento sem o qual não exi& do. Na classificação de suas como Melo Mora'ls e Celso nenhuma dúvida pode sub- A IANDEIRILHA ENRISTAVA te literatura. E autor !denti- obras, entretanto, o folclore Magalhães, por exemplo, ti- si st ir a respeito da categoria COM GARBO E ALT1VEZ f'c$.vel, pota . seria mnito fãcil é separado dos trabalhos li.te -- ah b .d d tro d '-d e da fun,,ão por ele atribuidas ~ .. ..., am sa 1 o, en e w o " DE MAIOR TOUREIRO ~lidir a t!Ondlção Imaginando rários: é que aí o soeiologo, o elX\l)irismo desordenado e 3 os contos populares: É O mes- um autor coletivo, :sem per- a sua "fôrça organizad&ra es-- elementar de que podem ser mo carater, de re st o, que pos- DE ESPANHA. .,A__ ,,,._,,A nem '"""'ter defi- tupenda", retomava os seus d ~ 1 J suem os seus ensaios de erl- _,,.........,...., ,.,..,;e1 .cusa os, encarar o ~o c ore n1do para a poesia e a ficção ili.rei.tos. antes como uma 014P-it.esta~- o tiea, aos quais pellSO fazei· jus- -u1a• -s.· .& segun""~ é que, Naturalmente . n. ão .,.,,_.,._ ·• · 1· i com · num livro ainda inédito .--... .... ..,., ....., !"'~ ~~· 80C10 og ca que o pr - nã-0 tendo autor as produ- num arUgo de 30rnal, senao ção literaria. Sllvio Roinero, ;;obre ª crttica litf.>r~rla no I QUANDO BWTA. DO SEIO MeS folclóricas não têm 1n- indwar as generalida~es dês- que estudava o folclore como Brasil. u .a O A OU r- izia t o f I 1 e;ociólogo, mas que fazia so- Outro escritor, porém, fe- ~ - UrnA- .Fl.i R LHE TIR • 1erêsse estético, como d · se e-ma. . o e ore me pare• ciologia mais ou menos como riu de frente a frente a ques. · GEMERAM À$ GUITARRAS, Tobias Barreto, a beleza en- ce, fora de tôda -dúvida,"um M. Jourdan f1lzia prosa, in- tão e, por curiosa ooincidên- Ira nelas como um raro acl• simples produto de culturn, cluiu vários capiwlos folc16-- eia; dentro da mesma -ordem QUE AQUELA ERA A CORRIDA eente e-ventval... e não como como as esteh-as, a .alimenta• ricos na b1st6ria da nt.eratu- de Idéias que seria mais tar• DO MAIS FEROZ TOURO uma das qualidaàes essen. ~ão, o vestuário, a -0erâmica. r a: foi o sinal para que os de adotada por Amadeu Ama- DI · ESPANHA. dais. E' preciso dizer que S m dúvida que, a alarga!' historiógrafos llter~os poste- ral~ é Tobias Barreto, noe parte da beleza tõda .e qual- demasiadamente @sse p-.,-,11to. _ riores Jlâo deb.asse:m de en- lflstudoa Alemães. Tobias abo- quer e~ literária? Final- (Coallllu. u NOunàa p,agiJlaJ riquecer as suas _obras com minava a!!l pesquisas folclórl- nKNANDO FE1U1E1BA H LOJUO)A mente, o folclore não me pa• Urn Canto Por Simeõo rr. s. ELIOT (Tradução de PAULO MENDES CAMPOS) ' Senho,, es jacintos llorescem ,ao, v••• O -' tle inn,no ,e •,rasto pelas co1;.,,s llff.._, A est-sie el,stinfNlo lea •lto. Minlta vida é leYe, à espera ,lo Yenfo • IIIOl'te, Como uma peno na, COlfos de minh Mio. O p6 no luz solar e • lenabrllftf• no. NCGIINS fsperam o vento que -,p,a lrio 901,,e a ferro IIIOrto . Concéde-nos tua paz. M.ito1 anos ca,ninl,ei nesta cida4e; Guatdei a lé e o jejum, lui ,.,ovi,lente ,,.,.. o ,,..,.. /Dei e recehi as ltonros e os consolos. · Hunca recltocei ninguém de minha porta. Quem recordará minh casa, onde vwerão os li#,... de meus filhos Quo~o cltegar o te,npo da aflição ? Eles inío eplo cominlto tios cobras, e à coso tio ropo ,0 1 #ugindo dos rostos estrangeiros e das espadas estrangeiros;' Ames dO tempo das cordas, dos ~oites e da lamen fatio Concede-nos tua paz. A,.... fios •~s ,la ..ntanh ,lo •~~• Antes da lao,a implacffel fio alliçõo materno, A,o,o neste fe•po nascente de me,te, _ • • _ Permite que o infante, o Verbo ainda nfo pronu1•d•d- • w;.i,,el, CMCedo • con-.o ,le l,rael 'A ,-e• conta oiteAta anos e não fe• a,nonlti ; Segundo a tua pol'1'(ro, Eles Te honrarão e sofrerão em todos as .-"'fÕr. Com glória e irrisão. Luz -,,,. luz, ..,1,;n,10 o escNfl ,Jo santo, Não é p,uo _.;., o morfirio, o êxflue ,lo penuuae.nfe e o p,ece, Hão é paro mi• a viMÍO supre,... Concede-,ne ma paz . · IE .,,.. e"'°"a trotnfHluaró te., ~. Tua to,nbé,n} • Estou con_,,o ,le minho p,ópria vi,la e das vidas detJOis ele mim, fstou morrendo em ,ninbo própria ,norte e nos ...,fea ~•fie..;., Permite 41a,e teu ,ervo pa,fo, Posto que entreyiu o sua salvafão.
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