Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

DOCE TORt·AE1 JfO ',., . - Juana· I11ês De ·1a Cruz • (Traduçao De Manuel Bandeira) O mal que venho sofrendo E que em meu peito se lê, Sei que o sinto, mas porque O sinto é que não entendo. , Sint~ unia grave agonia No sonhar em que me vejo: Sonho que nasce em desejo E acaMa ein melancolia " Quando commaior fraqueza O meu estado-deploro, Sei que estou bem triste, e ignorQ .1 A causa de tal tristeza.,' .Sinto um desejo nefasto ; 1 - Pelo objeto ao qual aspirõ; Mas quando de perto o miro, Eu mesma é que a mão afasto.., Penso mal do mesmo bem- .Com receoso temor E às vezes o mesmo amor ' ·Me obriga a mostrar desdém~· Com pouca causa ofendida, · Costumo, com meio amo~, Negar um leve favor -A quem eu daria a vida •i Já paciente, já irritada, Yacilo em penar agudo: Por ele sofrerei tudo, ' ' .T:udo; mas com ele, nada•: . l · Ao que pelo objeto amado Meu coração não se atreve ? Por ele, o pesado é leve; Sem ele-' o leve é pesado. Quanao o desengano toe<,, Luto com o mesmo quebra:gto ' De ver ~e padeço tanto, Padecendo p~r tão pouco.,: i No tormento em que .me vejo,. Levada c:ie meu enganoj Busco sempre o desengano, E não achá-lo desejo .. . . , ' I · 1 :se a alguém meu queixume eiãlo~ ' , ·Mais a dizê-lo me obriga Para que mo contradiga · 1 Do que para reforçá-lo.J. • 1 Fois se; coin minha paixãó, 1 ' . Daquele que amo maldigo, ~• meu maior inimigo rQuem nisso me dá razãój '5é acaso niecôntrãdigo j Neste meu arrazoado, Vós que tiverdes amado Entendereis o que digo ..

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