Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

" f_.EDO fVO A. JOSÉ LINS DO RÊGO E,.n se;i ultimo 1u nero, a revista ..Orieu", do Rio, acu– sou o . escritor José Llns ::lo Hego de descambar para u:n ocaso acadêmico, e essa asser– tiva deu causa a que o roman– cista, em artigos sucessivos. nos jornais em que colabora, fi– zes&e o revide visando espe– cialmente aa jovem poeta e romancista Lêdo Ivo,. cujo no– me figura no conseiho c.on – sul !ji.vo da revista. O caso não poderia d eixar de obter a re•– pcrcwsão que o caracterizOLl, e o. suplemento LETRAS E ARTES tomou a iniciativa d~ ouvir Lêdo Ivo em face do incidente . Declarou o autor de "Ode ao Cl'el)úscula": jurias e uma gé'raçâo inteira. acusando-a cie ac:i.dêm ic."\,. penas porque alguns de seus componentes , hbertos do in– gênuo e iFrisório preeonceito anti-ac.a.dêmieo, fo11am pre– miados pela '.:asa tle Maclila– do de Assis. Aliás, p.essoal– mente não entendo a obses.– são anti-acadêmica do sr. José Lms que a lev'<!- aos maio– res exageros e sobr·essaltos. citando-a a pnil)ésito, de tuda e insistindo em que na mes– ma há algumas nulidades; quando o próprio limite d~s poltronas di> Petit Trianon nos leva a é()nsiderar que, fora da Aca.demia, o nfunePCI de nulidades é centenas de vezes maior. Se a Academia não lhe interessa, por que ele se preocupa tanto com ela '/ Uma coisa, porém, posso di· zer ao sr. José Lins: nossa ?;eração nada tem de acadê – mica, a não ser que ele con– funda com academismo uma certa preocupação artistíca. aliás ausente em sua vasta obra, isto é, uma certa pes– lil.IDSa formal que considem– µios inseparável do oficio do escritor. A LUTA DE GER!\ÇQE.S - A propósito dessa luta entre gerações. quero lem– brar aqui uma lúcida obser– vação de .Jean Corteau, que após considerar a frequental;'.ã0 da iuventude como. uma "hi– giene" para os escritores mais velhos, pois sua insolência e severidade adminfat11am ne– l es duchas frias, declara: la jeun esse saites e qu·ene ne veut avant de sa– ver ce lill.lJ'elle veut . Or, ce qu'elle ne ve11t pas, c'est ce que JJ.ous vcrolons" . Este é o nosso drama, sabemos ó lil.Ue não queremos. antes de saber o- que !i:.!Ueremos, e isso é qu~ cria os coJJffito~, os cho– ques, as incompreensões. E quando falo em juventude em nova- geraçãe>, não me re– firo aos· inermes, aos conci– fadmes - não é esse rebuta- tho de gerações que está pre– ;ente ao meu. p:nsamento, mas aqueles . que pelo menos têm a coragem de errar ou de acertair, pouco importa, criand'o o Ç,Ue os d,i.fereneia. dl!llr que vieram ante6. lsso porqne a nova geração não é um conjunto homogêneo co– mo pareceria a principio. Ne– la hâ trigo e joio, há os que caminham vivos e os que ca– minham mortos. E' exata– mente, embol'a· em ponto me– nor, como a geração a que perlence o sr. José Lins do Rego. Tcda geração tem os seus Jllroblemas, os seus ido– los, os seus objetives, que se del!tnefam numa; antecipação à obra realizafl.a . Quero erer que a atitude do sr. Rego, es– critor respeitável, reside jus– tamente no fato de não ter notad'o isso, limitando-se a elogiar a atitude dos mais no– vos quando estes coincidem censigo e o louvam, e a. izer– berá-los nos momentos de choque. Devo notar ainda a tntransigência do sr. José Lios do Rego, que não, tole– ra o menor ataque nem a mais leve restrição ao seu nome e aos seus livros. O au– tor de "Riacho Doce" é que pode. ser configurado nesse orgulho luciferiano que me atribuiu, em segunda mão, aliás, pois ele mesmo já e a• tribtúra meses atrás ao poe– ta Paul Valéry. Quero salientar, ainda, que os escritores mais velhos, nes– se conceito de geração, são mais 01;todoxos do que eu. Não creio em gerações. Creio' em figuras represen~tivas que emergem das gerações e as criam numa espécie de mi– to litevário. E estas figuras, estes "jeunes monstres", sur– ge;n necessariamente hoje ou amanhã, com uma responsa– bilidade artística tanto maior porque, para eles, a literatu– ra é um "valor de Estado", uma tradição nacional que eles continuam e transmitem, criando-a segundo as leis de sua natureza, de seu talento e ·de sua formação . . Portan• to acredito que tenha falta– do ao sr. José Lins do Rego serenidade critica para julgar uma geração que, aliás, J1ão o corteja, nem . se abeberou em seus livros e talvez nem mesmo em sua frequentação pessoal, mesmo porque o sr. L'ins do Rego não é um guia estético. E. mesmo q1:1anto us. ataques, pessoais que. me fez,, atribuindo-me até o· complexo de uma rainha da Inglater" ra, vej o neles apenas a in– dócil imaginação de um ro– mancista de eostumes, que falha precisamente no mo– ment.o da colheita da s:ngu– laridade psicológica, conful'I.~ dindo um feito natural dé espirito - que a idade, a re• tração de crédito literário ~ as desilusões poderão corri• gir - om um comportam.en – to de moral li~:rária . Mesmo porlilue, se se :!asse revelar , públicamente o que se diz nas' portas de livrarias e cafés (coisas que não frequento>. até o finado Djalma Vial'la ficaria horrorizado. Engana-se o sr. José Llns do Rego a julgar a nova ge– ração justamente pelo seu as– pecto mais exterior, o .. das re– vistas e ai tigos. Na minha opiniãa. essa parte é justa– mente a mais inexpressiva. porquanto, ~tende à natmal necessidade de agrup~nto~ : Aliás. o sr. Alvai·o Llns "ili acentuou ·que a nova geraçãc> está fazendo sua aprendiz&• gem literári'<l- nas revistas · .e nos suplemenws, o que u~irr vez poi; toda5· lhe ~ti.De a ima.turidade. · · - Inicialmente, não em ati– tude de desculpa mas em pu– ra observãncia a.os fatos, gos– tarfa. de lembrar que, não ten• do sido o inspirador nem ten– do ·qualquer responsabilidade com a matéria de "Orfeu" considerada ofensiva, deveria ser a direção da Fevista 0 ob– jeto: das iras do sr. José Lins do j'têgo . Contudo, parece-me honrosa a escolha feita, pels há algumas semanas at:rás os meus sonetos foram equipara– rlos pelo popular romancista. aos de Elizaheth Barret. Browning; e a própria revista '"Orfeu", antes Ele atacá-lo, j,á, f ura por ele considerada co– mo uma publicação de "jo– vens mestres" merecedora aliás cl: uma erudita alusão a Goe– the . Em seguida, desejo- re– cordar que, nas págjna:; ~ LETRAS E ARTES, já tive 1 oportunidade de censurar a di • reção de "Orfeu" pela. viru– Jêm;ia de seus ataques pes– l'0a is a escritores mais ve– lho~. vendo nisso .ima precá.– ria visão estéyica e humana. Não seria eu, que me levan– tara contra JS meus compa– nheiros de geração quando es• t 1s desciam à arena inglória lllo ataque pessoal, que deve– ·na ser considerado como res– ponsável por ataques idêJi!ti– «os, mesmo .Jorque pertenço Pe:rtençe a uma geração f!U~ àeu pouoos frut.os , blctll'iat,, · ainda em proct!$8Q de cult~– açio e criação. Apesar de ser um de seus oompenenteir, esclareço, que não cQmpactw, à-O entuaiasmo desmedido à& maioria. dos rapazes, uma ftZ ;;..c:::S<~<::5;;<:S<:S-::;:s:<::>-<::>-<:::S<:::;<:S<:::;-c:::::;;,:.--,, que, dia a dia, mais n;ie oo.n:-, venço de que o. que salva as, nenas ao co'ls.elho consultivo -clã revi ia, e como prova de que est;a função é decorativa poderia apontar o ataque fei– to a José Geraldo Vieira, a guem estou pgado pela mais viva admira<'ão literária e a ibl:üs com vida fraternidade imma.nn He wes a peet, sure a lover too, ... ltEA1S - 11 I Stood Tiptoe". gerações não é. a sua: q~ . tklade, ma.11 a qualidade das mensagerus isoladas dos que aa fonnam. Há uma• .febre t&f tre as jovens em w:no·~ào que é uma fatali ;àe.de bictM-. O que eu sou, quero diz er a mim mesmo kica, isto é:, o poderio"• }i,~ã- h b " l ri.o do futuro. ' Ora; · ,pa,- para que Ven a a Sa e- 0 p0UC0 a J)O\ J.CO •: rece-me .JU.l! 0S artiSta.~ ;;.,~.. SeJ· am minha~ palavras não um cantQ tênticos criam 1)0r uma fa– talidade inter_ior, porque. ee\!l onpossivel agora mas retrato é o seu destino, sua jfustfü– cação diant da vida, 'e não que socorra e console enquanto espero visando objetivos imedlaV1::,. b - m.,;S conter Este:i.. podem vir como, uma e rece a O que nao posso c:u • consequência da obra reali- Pudesse eu celebrá-las, as rosas .e as estrelas zada. E sabemos que o Jlo– derie literário é bastante ilu- cantar a noite o silêncio a morte a música. • •. sórto: o direito de publicar li• ' - d l vros em grandes tiragens, es- porem, porque nao amo, O mun O me repe ~ • crever três artigos diários. e vivo aprisionacw atl'áS dpS pálpebras doar sangue a instituições , municipais diante de fotógra- à espera condenado, à angústia, ao sono, ao tedio •. fos, pertencer a um clube de NA.O SOMO - C1'.iA GERA- ri:,. l · f" , 'nh · futebol e acusar de ingratidão çAo ACADEMICA .11 a vez a 1n ancia, que e m1 a ... mas nem isso, e incultura 06 que surgirem Cor,jjnuando. ~al;entou o en- 'lUe toda coisa ou sêr, até lembrança depois. o triste das gerações trc·vi ·tado· (1. -i é este: criar belezas e defei- - Contudn. examinam.lo d~ () só se deixa cantar quando se sabe amada. Se não amo. t os e, mesmo refugiad~. :'nos prrlo o ataque feito ao sr. abrigos anti-aéreos da g!or,i?, L'ns do Rego, vejo que o só me resta esperar, nav egando em meu sangue. artística ou editorial, in\(.f!I•· ... lJ1 ,rno, (JUC o considera des- Agora, não VOS direi paisagens, porém sonhos tir contra os jovens. fi,i-. : ci11,1bad') er.-, um oc11so aca- lizando, quero pessoalmente\ •' di:m'co, r:ich tem de insul- jamais saudades, mas desejo e esperança dizer ao sr. José Lins, do-. !tê'➔ j t1 1 cso uma \·rz que ext~rna a- go, solicitando-lhe a pena,s .se•• pen,ss Llr1U opinião rpe o e da beleza só pressentimento. E falarei da amada renidade e adequação· dil :sua. ··: au:~ ?t>C,à>:!ria e deveria re- 1... • • h- · ·t linguagem ao próprio pfa1m , .: ~!Ahr e'l,· outros têrmos. Aliás, .nOJe miragem, mas aman a VIS! a qúe ele ocupa em nossMi 1e,..:" • e·- • opin;io dcs jovens de que trará tudo e encontrará somente tras: 1 o lugar que ele possui · "Orfe•t'' m-~ pareceu flagran- J, , ' em nossa literatura, run~1,1 ·m: tm.énte injusta, quando apli- -~ amor e enfim um canto - de alegria. lh'o tirará. Nem mi:nna .ge- cr.,h a uma figura de van- ✓. ração, n.em as gerj!.ções· que ,-,·. ·t'-i. li1:rária como o sr. lj i·,- vierem depois, nem m'e$tiio·-, E" · • ,;,, MJlit.:t Portanto, isso \ MAfilO FAUSTINO como me dlzia um · malicio- ·1. cors tuia motivo para ,'í. ...,.-- so escritor de· sua geração q11 _ O sr. Lins do Rego, Í!l~ .,,c:y<::::,.:::~~s~::::::~::::e<::::><;:::,.<::::?::::::::::::::::~::=::::::::::::::::::~~===::::=::::~?:::::S:::::::::::::~:::::::S;::..,"_,:-_-..;_:.:.-_ ... _"_ .... ~_-:_..;;~:-;.,c--;,<-.,,.:;:-,;..<;:s,ç-,;;,:;;:s,:~r:;::,,,.ç_; O seu romanee ''Eurídice". C'r-m ~• CJU.da d velho Le– J • , r•1 • 01 tica do Estado, os t, ,e,, ., _1 i'S mudaram-se da 22 :.1 , ~11-.:is I ara un1a de três :- , -.-• .s 1;r\·~l_; n do rneio, de r, u: ,i:. e ô,iaa jar?ela.s, cento e l ~ ·e:1,:i, 1~:i Gentil. Bitten- ~· .11t. Err T!O trecho em que 1 ,-.~saya o trem, atrás do q ,, ..r:. J cio 26 de Caçadore;i, cnt.'t a r.c:1erali:;simo Deo– c' 1 • t -:d~ o bonde Circular 1~• ·::,. a cun·a. e o aterro da L ~e :1 r:e fÚro que ligava a 1.J:1 ao b::irro da Cremação. Pccl: :i:·1 c!:c.r-se por felizes com a 1 ·'"'ª _çn. Não haviam t.d ~11::0 r a 1:.1::tr~n10 de se .11d~r. m para uma barr.aca ou p ra u, Covões, como a( ,n.cceu r,os Rezendes . Ti- . n 1 .ar,1 l;oncl•> a uns cem me– t ro.e. La f. nuina. da Gene– raL:~ · ~ :, A t1:1i passo, o ]ar– po cl~ ;.;a:,,-~é. separado pela rnnc d0 213 B . C. e pelos funi:11.l< dns velhas casas de tc:<tro e de jogo que s.ó fun– ciona\ ::m n:i fest,a do Cirio. A se.c.<:.;11ra mil réis mensais e seis d:\ taxa dágua, sem pla– tibanda, vermelha de ocre, meia \ idrac;a e persiana, ra– ln c:1lçada à frente, a casa da•.-a fundos para as baixa.– onde desciam hortas, estan– cias. capinzais, bois de car– roça e ruas que ali se inter– rompiam para desembocarem adiante com as suas barracas em terra firme na Crema • ·cão. Defronte, a, vizinhança .ã_ç wna. vacax:ia e dos c3.P.in - zais que marginavam o ater- r o uo trilho :pertencente à ,_ Fábrica de Cerveja, cuja cha- Fflr11'1A0' miné alta se avistava, com '-.IV as grandes letras do nome n 'J _ ,.,,..,..c="""om:--=ir.• costado branco do edifício. E . com algum eara.panã das bai– xas onde, à noite, os sapos rezavam a sua inumerável ladainha, faiscas do trem so– bre as persianas e aquela va– ga. .e alteirnada malquerença dos-vizinhos do lado, a fami– lia contava já dez anos na– quela rua . Foi o t empo em que seu VM"gilio engordou mtúto, a mulher também e a filha única, a Enúlia, ficou moça, gorda à semelhança dos pais. ACASA DA GENTll - Com os ares desta casa, dizia com seu riso sarcástico a mulher de seu Virgílio, en– gorda.mos. Justamente quan– do deixamos de ter o bandu– lho cheio. Na hora· das va– cas magras, veio a gordura. No tempo da champanhe es– correndo pelos beiços, enso– pando manga dos paletós, das pipas de vinho rolando no corredor, dos faisões e ca– viares, no tempo em que ti• nhamos fl Mercado Municipal na despensa da 22, não havia gordes na familia. Agora que o feljãoz1nho da Estrada, a jabá e i. farinha são o prato de luxo, só há banhas . Deu– ,e o inverso ne:.ta familia.. Banhas. São a h erança do iemismo . Sey .Vir_iiiio escutava !ln- DALCIDIO JURANDIR Com "TR:E:S CASAS E UM RIO", a sair brevemente, Dal– cidia Jurandir inicia uma série de quatro romances a que denominou de "Extremo Norte". Publicamos abaixo um t re– cho de capitulo extraido do segundo romance da série. "SAO JOAO DO BRUNO", que o aut.or está escrevendo e cuja ação se passa em nossa capital. ;indo não escutar, com o sf:u tungo habitual, o indicador ilisando o curto bigode esbran– :}túçado. Não escondia a van– ~loria de ter evitado a bar.. raca, repetindo sempre que aquela casa na Gentil fôra. ~bra de sua exclusiva previ- 1ência. - Imagine se eu não ar– ranjasse o empreguinho. Es~ tariamos hoje nos Covões. Sem água, nem luz elétrica, resmungava ele, sem arrogau– cia, simulando impaciência a engolir o riso diante da mu– lher, cu'jos discursos e sar– casmos 1ham horas certas sesta, ela se valia do sarcas– mo e da sua doutrina, para condenar os caprichos da po– litica, julgar os homens, citar Salomão - vaidade das vai– dades ! - a respeito do nada em que se resumia esta vida. E em tudo isso disfarçava a sua lamenlação pela queda dv velho Lemos. - De todos os bichos, o ho– mem é o canalha. E ainda fala que foi criado à imagem e semelhanÇ1l, de Deus. Que pretensão e que audácia. Rindo, com um meneio, um vinco de desdem e de troça: - Nist.o está e seu jogo, a safadeza deles. A Imagem e se~elhança. de Deus. nasce- ~am aqueles ali. Ali .. . E apontava pàra a go1abei- 11a no fundo do quintal, aber– to para as baixas, onde sal– tava-m passarinhos. - Ali estão eles. A ima– gem e semelhanÇ11, ·de Deus. A gorda senh-0ira, procuran– do a.s chinelas debaixo tla mesa de jantar, engrossava a voz para o maiOJ,•. ·efeito da impirecação e das sentenças. Com os olhos ·castanhos e ágeis, um pouco a]!)ertados no rost.o pardo e cheio, ria com a sua dentadura postiça, co– locada nos últimos dias do lemismo . Foi para eu me rir, explicava, que coloquei esta dentadura, já .no fim do le– mismo. Desdentada não podia rir da miséria e da desgraça dos homens que se metem e:n política. E' um riso postiço como deve ser. - Aqueles sim, aqueles ali não fariam com o Senador Lemos o que essa canalha fez. Não diriam; aceite minha fi– lha, Senador, para passar uma noitinha oom o senhor, se sirva dela, senador. Tome aqui a minha irmã, senador, contanto que me arrume um emprego, seja de juiz, depu– tado, delegado de policia, li– xeiro, capanga ou contador do tesouro. Faça de minha al– cova um lupanar. senador, que será honra minha. Ah, aqueles passarinhos não f a– riam isso. Não foram eles S'tt t~aj~ai:n ~ iw vere~ o ~o- mem caido cuspiram . na... face da homem, deram-lhe ponta- , pés onde antes lambi_am. Não . . faram eles que assaltaram a · casa do homem, comeram e ·· roubaram tudo e.amo cães e· · porcos. Os canalhas e os la– drões não estão ali no galho da goiabeira. Ah, meus pas– sarinhos ..• _ Debruçava-se no parapeito do corredor, soltando os ca– belos, rindo, o riso gordo, qu-, a sacudia toda, como se qui– sesse com a sua gordura con– fundir, a baixt!za humana. Seu Virgilio sorria ante a ênfase da mulher e ruminava o seu triunfo porque soube– ra, quase às vésperas da que– da do Senador, conseguir o emprego de duzentos e trinta mll réis na capatazia da Al– fàndega. Obtida a nomeação-, passara a exercer em comis– são o cargo de administrador do Mercado Municipal que o Senador lhe havia dado dois anos antes, graças à ativida– de política da mulher e das cunhadas na Liga Feminine:. Recordava o espanto e o escarnia das senhoras ao co– munic2r-ll1es o que andava. pleiteando. Embora federa!, em um lugar ridiculo, para ser mats do que indigno, de c~uem administrava um me,– cado como aquele, farto de rendas e d :? gênerc~ riu~ abastec::c.:n de iµ·a(:. '~s– pensa elos Al~a t::,;, 0 • (Continúa na 2.ª pá;,)

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