Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

PERSON.AGENS DE NATALICIO NORBERTO rem de pura. exaustão , Não são capazes de arrancar d~ seus esplritos a teia hipnoticai 1 • de culpa e acusação, que s~ ti4nente os vai estrangulaJtlÍ!j– ciocinlo, dando um efeito de ,do; são sobr-et.!ldo vitimas dl" realidade ao infundado e ine- auto-suges tão. · KAFKA xistente. Escritor teI1eco da lmgua alema, Franz Kafka. poderia ;uscitar com as suas obras .is discussões mais metafisicas sobre - arte pura, arte popu– lar, vida e literatura e ou.– tros temas da resolução igual– mente difícil; Entretanto, es– se homem que escreveu al– guns dos livros mais extraor– dinários dos -tempos moder– nos, livros de grande arro- · jo, brilho e profundidade, é um nome quase que comple– tamente apagado no Brasil, e contud?, na min~a opinião, esses livl'Os poderiam consti– tuir uma preciosa experiencia para muitos. obras principa is compreenden– do três romances, todos ina– cabados, foram publicadas postumamente. Traduzidos para o jnglês encóntram-se os romances "América", "O Jul– gamento", e "O Castelo", bem como "A Grande Muralha da China", . que compreende al– guns dos ·melhores contos Jle Kafka. (Para í'- fOLHA DO NORTE). Os protagonistas · de Kafka, ~u-e quer dizer Kafka ? Qui i entretanto, não são apenas llo" neurose é um f1;nomeno s01~ · reaçij,o que nunca conseguiu realidade, uma realidade de neuróticos que se defendein,/ clal e que a sociedade dev vencer. Kafka era judeu. Era acordo com as leis, as aber- contra qualquer acusação, por ser considerada responsave também funcionário público rações do mundo do sonho. mais idiota que seja; são por ele. Quer dizer mais quit.j civil, muito familiarizado com A preocupação de Kafka também, em virtude de seu o remedia para qualquer do-? i a burocracia do semi-feudal - pela ansiedade e a culpa con- sofrimento, homens - de com-· seus protagonistas é lÍbertar"" ' Império Aust1"iaco. Tendia tém uma acusação implie~ta paixão, dotados de considera- se de sua neurose ou, por, st para os fatores eslavos em do irracionalismo da soc1e- ção pelos direitos alheios. E, I!lesmo, _começan1~ por desa,;r: O pa i de Kafka era um seu meio .e para o misticismo. - dade, da sua cega aceitação assim, sã.o, por um lado, per- fiar quaisquer ideias d~ auta:l, ; homem de negócios altamen. E por fun ficou doente - de costumes, atitudes, tr~d!. sonagens quixotescos justan- s1;2gestã.o, ou com auxilio prcr..c, te próspero, um individuo morreu tuberculoso em 1924. ções, Neste sentido suas obras do com moinhos de vento de f1Ssion~l. Mas a sua cura su• , "regular", que Kafka, em sua Todos estes elementos são re. formam uma cética fabula sua própria criação, por ou- gere a~nda Kafka, não dev~ juventude, desesperou de iml- l11vantes para uma compreen• espiritual do homem moder- tro, gênios _neuróticos comba- c~nduzir apenas a uma capat tar, ,devido à sua ·fragilidade são da sua obra e do fato de no. Segundo o seu ponto de tendo O processo da socied-ade c~dade_ de desprezar acusa-lt · física diante da robustez de os protagonistas de Kafka -se- vista, o homem moderno é um contra eles com lógica e cons- coes infundadas, mas tamili· seu pai e devi~o à sua ten- rem cheios de temores e cul- neurótico com a vontade mi- ciência. São gênios, mau gra- bém a u~ desafio das estru;,i · dencía para as coisas artis- pa e assediados. pela injusti- nada, resultado do remorso do a sua neurose e por causa turas sociais, que criam a-, , ticas. Kafka nunca se deu ça, esforçando-se para atin- e áa iiísegurança social. 1 Em dos seus métodos, estranhos, neurose_s, que, por sua ve.t.,:.'. com seu pai; este mostrava• g!r o equilibrlo, até que I fi- virtude disto, sugere ele, o e, contudo, no fim, sofrem a Incapacitam as pes~oas _de s·en1 ; se perplexo e antagonico, ao nalmente se esgotam e sã.o neurótico é impotente diante sorte desnecessária de todos sibllldade e consc1enc1a pa3 . passo que Kafka era cb.eio de . esm·agados pela morte. Seus do hábito da sociedade de os acusados d-e Kafka por lidarem com essas estrutura J culpa . e ressentimento, uma heróis vivem num pesadelo da amontoar racioclnio sobre ra- causa da sua neurose· 'mor:. Por outras palavras, não b • Tomemos "O Castelo" e "O Julgamento", por exemplo - a primeüo, a história de um homem que morre de exalls– tão procurando lógica e. justi- · ça na terra; . o segundo, um 1ema policial, onde a vida do lleroi é constantemente ame'l.– çada por um inimigo cuja natureza é obscura para ele, mas que o segue incansavel– mente e "com intenção insi- diosa", até que morre. . Estes romanç:es sã.o lindã– mente escritos e quase e_nga. nosamente simples; sua pro– fundidade não é atravacante, pois agradam principalmeni:e por sua notavel forma e seu estimulo sensorial. O seu· _M_O __ T~I \-/ O_S_D_A_R_O~S~A• !;:ui 0 ~ 1 ::~~t!r;~!;!f!) · - . ,·. - . ~i!!11ºJe:~ :n.ne ;!ci~Ji~!ic~_J - • sua maior visão e compaixã<1,.l defender os direitos de todo•·i simbolismo é complexo, mas, como acontece em geral na grande arte, o .seu efeito é emocional e psicolog!co e ná'J depende de complicações e oesforço intelectuais. E con– tudo, sã.o desconhecidos de muitos leitores, que os apre– ciariam completamente, se acontecessem fossem traduzi– dos para o portúguês. 1 Vejo-te em sêda e nácar, e tão de orvalho trêmula, que penso ver, efêmera, toda a Beleza em lágrima~ por ser bela e ser frágil. ,· Meus olhos te ofereço: espêlho para a face · que terás, no meu verso, quando, depois que passes, jamais ninguém te esqueça. Então, de sêda e nácar, toda de orvalho trêmula, serás eterna. E efêmero o rosto.meu, nas lágrimas do teu orvalho .•• E frágil. JI Por mais que te celebre, não me escutas, embora em forma e nácar te ássemelhes à cóncha soante, à -musical orelha que grava o mar nas íntimas volutas. Deponho-te em ·cristal, defronte a espelhos, · sem éco de cisternas ou de grutas .. , Ausências e cegueiras absolutas ofereces às vespas e às abelhas, e a quem te adora, ó surda e silenciosa, · e cega, e bela e interminável rosa, que em tempo e aroma e verso te transmutas ! Sem terra nem estrelas brilhas, presa a meu sonho, insensível à beleza que és e não sabes, porque não me escutas ..• ' ' Kafka é um perito na ar– quitetura de enredos compli– cados e eficazes e na produ– ção de imensa quantidade de espectativas. Não é um ro– mancista · convenclonalmente realista que salpica a su11, tela de amostras de humanidade, à maneira de Tolstoi; nem é, como Joyce, "um fino cinze– lador de uns poucos de indi– viduas - completamente reali– zados". Quase nenhum dos seus personagens é individuo, embora alguns deles possuam características marcantes. Ka- fka não se interessa em de- CECILIA MEIRELES linear personagens ·como tais; seu interesse está principal- mente nos fatores psicológi- cos mais profundos e alta- Uma das poucas normas ir– mente pessoais. Contudo; po- refutáveis em literatura· ex- · derri ser tudo menos monó- prime-se por um aparente pa– tonos e mecanicos . São tão radoxo: os romances de té– surpreendentes como os de . dio não devem ser tedioso. Dostoiewsky - t alvez devido Isso corresponde, no · campo a o persistente e misterioso in- das diretivas :filosóficas do teresse de Kaf ka pelas cau- pensamento, às r egras de qu& sas ocultas de cel'tos tipos de se pode ter uma idéia clara. comportamento anormal; dum objeto confuso, ou que ROMANCES WILSON MARTINS. Kafka escreve a respeito do um pensamento sobre o vago "homem comum" . Escreve a não deve ser vago, ele (Copyright E. S. 1., com exclusividade para a FOLHA DO NORTE, peste Estado). respeito dele quase no senti- também. (Cf. Julien Benda qual, sendo também O ro– do alegórico medieval, acres- -" Du Style d'idées - Paris, mance do tédio, 0 romance centando penetrante ironia, e 1948, passim). Eis porque en- do vazio, "o romance em que notável percepção psicológi- caro como um malôgro lite- não acontece nada", poderia ca. Mas os seus personagens rario o fas~dioso romance de servir de ótimo "test" para também são símbolos na tra- Flaubei-t L éducation Senti- se saber se o meu raciocínio dição moderna; isto é, · são mentale, porque sua leitura • é exato. Se a personalidade simbólicos em várioll,. niveis chega a cansar o leitor com a d/e Oblomovo nos intei-essa, a o mesmo tempo. Com, efeito, narrativa monótona de uma se a de Mig,uel e a de Carla toda a textura é entremescla- vida insignificante. Infrinjo, nos apaixonam, e se a de '.la de simbolismo, · Contudo, pois, ai de mim mais um F:rédéric Moreau não chega p or mais estranho que par e- "lugar-comum da crítica fran- nem a irritar-nos em sua me– ça, isso não os sobrecarrega cesa", que, como · se sabe, ,é diocridade, poderíamos talvez, ou torná opacos ou inefica- quase unânime em julgá-lo multiplicando, sem dúvida, o · zes; ao contrário, comunica- uma obra-prima. O principal mais possível os exemplos, lhes uma qualidade evocati- argumento dessa crítica, pode chegar à estranha conclusão va e alusiva que raramente ser resumido mais ou menos de que os romances de tédio se encontr-a na·literatura mo,._ assim: que Flaubert nos ofe- devem ser absorventes, de derna, e esta qualidade ·au- rece uma transposição literá- que o romance da mediocri– menta o prazer do leitor bem ria tão perfeita ·de uma exis• dade deve ser, mais dq que como intensifica o seu senti- tência· monótona que a mo- os outros, genial, de que o do de percepção . da verdade. notonia e o fastio chegam a romance vago deve ser preci- Alegórico e simbólico são, -transmitir-se ao leitor. O so. _ entretanto, têrmos inadequa- contrário, porém, é que é Nas páginas deste livro de dos, para descrever os persa- exato, e o romance de uma Moravia o interesse não des– n agens de !Çafli:a, se o fazem vida sem interesse deve ser falece em nenhum momento parecer formidável. i1;1ter~ssante, ou ~erá fug~do à Porque, afinal, nem todas as E quanto ao estilo de Ka- fmahdade essencial da lltera- , personagens são "os indife– fka ? E' fluente e simples: é tura. 1·entes". Maria da Graça é clássico. Talvez a única ex- Os lndüerentes, de .Moravla dramàticame nte apaixonada e centricidade da prosa de Ka- (1929), agora publicado em se agarra aos fiapos de suas f ka seja o emprego de longos português pela Ipê, numa ex- ilusões com uma obstina,ção parágrafos, contendo _trechos celente tradução, do sr. AI- trágica e comovedor.a; seu de diálogos, que poderiam ser cântara Silveira, pode com- "pendant", a dolorosa Lisa, separados. Os seus ambientes prová-lo. E',· como o de Flau- constitui um dos melhores ti– trel nas quatrocentas páginas desse livro célebre. Flaubert de tal maneira nos convence desde o inicio de que Moreau é um "raté", que nenhum dos seus projetos chega a int& ressar-nos profundamente. As personagens de Moravia, ao contrário, quase lláó fazem planos; na realidad,e, _não os fazem de forma. nénhuma, pois suas idéias sobre o futu– ro são tão vagas e nebulosas que nem a eles mesmos in– teressam. Miguel, que preten– de reagir como um homem normal; Carla, que sonha, por formalidade, com um casa– mento que não virá, porque decidiu entregar-se desde o primeiro avanço de Leo; Ma– i-ia da Graça, que não t acre– dita ela .própri-a na pos.sibill. dade, hora a hora reexami– nada,_de reconquistar o am-an– te; Lisa, que, no fundo, sabe o ~eu fuJ;uro tão sem espe– rança quanto foi sem alegria o seu passado - todos eles deixam-se ·viver sem o âni– mo de projetar qualquer coi– sa, porque não teriam nem a coragem nem a vontade de realiz~-la , -, _ ' descrições da cidade num dia cl,e chuva, sua força evoca– dera quando se ref-ere aos passos de alguém no jardim, um automóvel parado diante · do portão, um prédio de apartamentos, as casas comer– ciais qe uma rua, os detalhes do vestuário, são alguma coi– sa de maravilhoso e de um poder sugestivo a que o lei– tor não pode ficar . , . indife– rente. Tudo isso concorre pa– ra integrar-nos no mundo do romance, para transformar– nos em morador es daquela..vi– la e daquela cidade, em ou– tras personagens, ao lado de Miguel e Carla, reagindo com desgosto diante das ma.nifes– tações inoportunas de Mm-ia da Graça, com tristeza e al– guma r-epugnância diante de Lisa, ·com aversão impotente diante de · Leo. · Quanto à técnica, no sen– tido material da expressão, como processo de construir e de escrever um romance, Mo– ravia é admirável. Sua idéia de intercalar no diálogo que efetivametne se realiza o diá– logo mental das personagens, é um achado dos mais felizes e concorre para fazer deste romance uma pequena obra– prima. os homens atacando as ca..., balas políticas, economicas e1 1·eacionárias, que abafam " { desenvolvimento do homem'_. ; Devem surgir como genios ' não n·euróticos. Este é um ; notável exemplo de arte co:- : JDO desejo de realização. 1 Kafka, .apesar de todo mo•: dernismo de maneira- e téc"'.'fi nica, é um primitivo psicolóild gico no sentido de Freu! dando nova signifiçação à idade adulta, explorando a camadas de infancia que aij aderem. Mas não é primitl"!j vo, naturalmente, no seu mo..: do de abordar a significaçã~ antropológica; ao contrárioi seus personagens são pesso~ altamente civilizadas, que, co" mo o homem moderno em ge;;. ral, são profundamente infan..i( tis. Kafka parece querer lem~ brar-nos que a infancia e os sonhos se relacionam Intima~ mente, pois os sonhos são in~ fantis e a Ibfancia é sonhado..; m. E' interessante notar co~ relação a isto que, à roedid~ que o homem se desenvol·;~ horizontalmente, ampliando ~ sua visão do mundo, tambérü em virtude de seu isolament<l numa sociedade mecanizaditf estende-se verticalmente en1 sua psicologia para melhor ali para pior, penetran_do profun.., damente nos poços do sonhQ' e da infantilidade e do mito., Em .sua exploração artistic~ destes motivos, Kafka é de~ cendente de Schopenhauer. "que foi um dos primeiros -' pensadores que acentuaram ~ poder' do inconsciente". E a(). passo que a psicologia· de ·ou..! tros mestres como Dostoiewsky; Henry Ja :QJ.es , Proust e Tho. mas Mann é altamente social',; mesmo quando individualWI,,! do, Kafka é extremamente i n<1 dividual, mesmo quando sacia:. lizado. Entra, devido à sult psicoílngia,, na t radição ro. ...11 mantica, apesar de seu estilQ clássico. Uma coisa que distingue · K-afka é que ele compreendetr as implicações universais dá seu exagerado senso de culpai e que pôde aplicar esta com../ preensão a uma penetrante. evocação das ramificações dai culpa do homem moderno. EI~ compreendeu com nitidez 91 profundeza a verdade daque.., le velho ditado: "Uma cons;. ciência culpada não precisitt de acusação" , .\ Alguém disse .uma vez,. que a ironia é o fa tor quei diferenci,1 o espirito do sécu.. lo vinte de t odos os outro~ Isto toca o probl~ma, mas nãq o explora , Pois qual é a cau-!11 sa desta ironia ? Baseia-s~ , ereto, no dualismo e ambi:.,.l valencia que são o resultad<i 1 da interação de um exagera~ do ceticismo e exagerad<J.{ idealismo, resultado de um luta entre uma' visão malsj firme do ideal, particularmen.. são exóticos, não intrínseca- bert, o romance do tédio; sõ- pos literários . da mulher que Por outro lado, Moravia não mente, mas em virtude de mente, em lugar de um único envelhece .e que se torna re- emprega nenhum dos conhe– seu dom poético de escolher Frédéric Moreau, ruminando pugnante na sua ânsia de cidos truques dos romancis– e acentuar aqueles elementos indefinidamente o vazio de amor; os dois indiferentes sã.o tas: nenhuma surpresa, ne– num ambiente normal, que uma vida .sem justificação e 1·ealmente Miguel e Carla, ab- · nhum enigm,a é posto dian– ele deseja empregar para criar sem ideais, sãó várias as per- solutamente incapazes de rea- te do leitor. Desde as primei– um efeito fantástico. Um de sonagens - Carla, Miguel, de ções morais, amorfos e sem ras páginas, podemos jogar seus romances, citado acima, certa :llorma o próprio Leo, nervos, raciocinando sempre com to®s os elementos de "O Julgamento", pe.ssa-se entregues à desesperadora ta-. no sentido das soluções mais . que dispõe o romancista e numa cidade, outro, "0 Cas- i efa de encher. de qualquer fáceis, menos trabalhosas, que como ele podemos traÇ11,r des– telo", passa-se numa aldeia, e forma o seu tempo de pas- sã.o invariavelmente, do pon- de logo o destino das perso- 0 interessante é que sã.o am- sagem por este mundo. , • to-de~vista da moral corrente, nagens . . O interesse do leitor bientes ao mesmo tempo r eais perdão, pelo mundo do ro- as mais conde náveis. é, assim, exclusivamente man– e de sonho. O gênio de Ka- mance. Ao contrário do de O llaralelo com o romanee tido pela força romanesca do fka está em grande parte Flaubert, no entanto, onde a de 'Flaubert é tanto mais ins- a utor e não por nenhum ele– nesta capacidade para flu- décima página constitui o trutivo qu,anto se sabe que mento extra-literário. - Que, tuar incertamente entre o só.- reflexo fiel de todas as outras, Moreau era um incorrigível depois disso, Os Indiferentes lido e o insubstancial, entre onde a inutilidade do _heroi/ construtor de castelos em Es· nos atraia ' poderosamente e 0 realismo e a aberração. O não chega a interessar-nos, o panha, um· homem que su- seja um daqueles romances efeito desta capacidade de Ka- liVTO de •Moravia é poderosa- portava sua vida à custa de que não podemos largar, . da f ka sobre o leitor é subjuga- mente interessante, tendo o planos infindáveis e variados, primeira à última linha, els dor . ' romancista sabido extrair des- continuamente tecidos, Seria, um oeleró.ento decisivo para Pronto, aí está a palavra que os críticos não gostam de escrever sobre os seus con– temporâneos. "Como classifi– car um livro de obra-pima se a posteridade. .•. ?", etc., etc.. Não é agora- o momento de voltar a essa questão mais ou menos bizantina . Os julga– mentos da posteridade a, ela pertencem e nãó tenho nem a ambição nem a pretensão de pensar que eles sejam se– melhantes aos meus; posso repetir, com Valéry, que "je ne suls pas de ceux qui veu– lent .convaincre les autres de n 'aimer pas ce qu'ils aiment et d'aimer ce qu'ils n'aiment pas. Não se compreenderh, entretanto, os critic-0s sem a coragem de suas opiniõeir, e não são eles mas os historia– dores que se devem preocupar e99enc1almente com essas questões que Interessam ao f uturo ou ao passado. Não sou, de resto, o pri– meiro a c0nsiderar Alberto Moravia um dos maiores ro– mancistas eontemporaneos. Nada mais posso desejar se– não ver iguàlmente accesslveis ao leitor brasHeiro, em tradu– ções que, como a presente, se– jam - também obras-de-arte, os seus demais r_oman_ces,. · te do Ideal social, e urp. cres◄ cente desespero de atingi-lei>.! Há outra concepção. Se ~ ironia é o resultado filosófic; ou artístico da luta, qual é psicologia ? Um sentido · d culpa. Maior conhecimento-; através de sua expansão tl;i consciencla, implica na po~ sibilidade d<e maior . pecado,, Por conseguinte, um senti~' de pecado e ambivalencia característica de nosso tem;;, E Franz Kafka - um grand romancista - é único, po que percebeu estes fatos tãd completamente nos planij imaginativos emocional e po Franz Kafka que escreveu sas pobres vidas malogradas pois, esse, um elemento de in- - julgar da categoria do reman– em alemão e só uma peque- um dos bons romances da li- teresse, destinado a prender o cista Alberto Moravia. na parte de sua produção viu teratura mundial. leitor pela curiosidade e pela- A-o lado de suas virtudes de a luz da publicidade durante Infelizmente não conheço o participação na vida da per- ficcionista, Moravia possui, a sua vida, nasceu a 3 lle romance de Gontcharov, de sonagem. Justamente, esse ainda, um estilo extraordinà– julho de 1883, na cidade de que nos deu noticia uni dia interesse não é despertad1J, riamente rico em capactdade ~ªiª, .Jla ªºê.m~- ·,i!JS 2 }1.a.s _P p,r_. 9.bJi9Jriaria ,C.frpe!!,% !! ov, pe!o men'os 1 n~o .o encon- sie sugestão ;poéti~ ,. Suas ' - . . t!co, dando-nos, por interm dio de seus sonhos conscien.,.- tes, uma consci,encia ma~ intensa, completa e sobretudo! experiencial destes J.íl.wres e~; nós mesmos •.

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