Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

,, Carlos Drum.niond de ANDRA'.DE -~ · ' . . . . . ~ . '\ . . (E_special para a FOLHA DO- NORTE, 1_1est~ Est~d&) -·~· . ,. • Nã.o será t,al~e:z: ' exagêro; vis!umbr'ài' ' na ·· poesia- brasileirl\ _· 4e ho}e . útn traçõ•· pá.i:tidulát, · acrescentado': pela 'i,)orí'tri.buiçã(} feminina. Tr~oo · que ·se 'def~ne pelo:-arabesco·senslvel, -i:líi,o de · un~r. sensibilidáde- fácil; à "flor ·da. -pele ou ·ctõ acontecimento·. poé~ico. . mas antes · p_roIU:nda. no seu· recato: · · · . · · t~ssa linhagem. de poetas.. femiriinos ·- fti}amos à expres– são .1r11própria e rel:Ílubâtiva de poétlsas - encontra· elQ;)t'es~ sãodnio~e~na, antes sugesti~a ciu~ · descriti~, :e:m· ~oliaa b~e"1'es e .enunciadoras de uma fina_ percep1:ão: · , . O _vento pa&Sà . 'ràDlàlhando copa11 no burftiriàl. ,. ·· ; cada palmeir;, nova é um passo - á . mais . ·ne" desfilâr . imóvel ' . E . se nio á virmos de dia à. nolttCé certo :éla"vem: -S~gúe o. ~a~ leqto dos:-e;av,aleirff ' e com eles entra pelati porteiras ·. e 'cancelas. Espathà-se ·nit ar peifumàdo dos ciunpÔS, - . nas cim:a.t ·. dás queimaclaá no mugido dáa vàciail :· ·' na cantiga dos· carros. . , Brinca- nàÍ ãguàa 'dos r.egos e na- chamá éláí fo,iielrài : ,_, .. nas· noites ' frfas.· . , . ., ... ·. . E olh~ com â gent& ·,sáo máicima na figura da senhora Cecllia Meireles, de quem não nos fartainos de 'admir'Ílr oi' acha.aos .líricos,- de substân– Cia e de expréssão; izppr.egnados ' dá melhor trádição penir(- ' s.u!ar e ao mesmo -temp<i• it'nbúidos ,- de ·Unlversa\ismo e de uma inquietude -ca.racteristica ··dos ' ·tempos· 'inodernoS. Ded- .· vancta dire.J;àm.énte- dei seu canto-,'·.que: .se . feçh~ . éin-' ·pudor irias nít.. :õe eíl.me de -influir;' oif •dele• se ,ài;>roxin'làndl> por ~.niia-' · 111n.nal afinidade· 'de' ·espirito,:.outràs• naturezas -poéticas {e:. 'imiuin'.ls se·. vêm afi;tnando, sem ..,qualquer' yinculo :de . grupo,· do buntizal, - . mas tend-~ndo · a· 1 · ·afirii:ia.tão atfusa· '•de ,· .- uma ·personalidade .. tnu!Upia;, . que proci.ir !', . .thes'ino . incorisi:ienteíiie'nte, abrif -c7,;,; '. ·_· . ~ !elho entardecer ·. homérico . adqÜire·. áqul. uma · ininhi:..s 1,n'óprioS""en'l" ri.ôssa poesia;' •modérná;,.··, ,.; ·•· ·,, . ·· ~ · · tonahdade; máis •discreta: "' , · · · em nosso. modo de olhar f~li eni. noS&Ítmódo de falar e espera. aom .a rent~ . · novil· ... ,< ', O que vivefuos ·ª . e11perar.· '' · . ; 0 '.t> •. ·cerebralismO; · ao- serisàÔionalismo,,.'ao,.l'Omantismo. so'– cial e · a · outras' tetídêticia's · que' vêm" á:' luz'"na · produção cou:. itemporânea, em sua·· qu·ase · totalidade de 'pifetas ·masculinos, ~- pequeno·.co·ntingentê de ·m:ull:ieres opõe .uma intenção mais·.' O dia fugiu d~ mato ·_: e vái· se esyaziando •. pelos ·cimpos, pelos · descampàdos; . -Tio -triste, tão devaga_i-. ;·'. ·, · · . Depois, cansada ela se esconde · · · D~ bojo ~~ W.Oà viola - e ·sem desespere, na vozinha temá de . ·uma toailà . :. · ·:_:,· .. cliora;'·chôr:i, i 'boin' chorar, · · tntinü~ta, · 111:ná· vrsãõ niãis · hum,ilde~ e· 'éonfüdõ má.is a.purad~; . pôrque tende a ·enlaçar · o i;nistétfo das coisas pela própria . intuição latente no" mistériçl dâ -ná'tufe:z;a ~féni.iilin~i -: E não se · ;,, Toca a, buziu .. A imperfeição de form&, t:tuê tolhe· & estreante; não che- ~iga Q.!!e é essa il~a . tendê_!lci\'. i';lévitá1r~1.,...em. .zr,u,lher~-ei.- chamando o boi. gà ;i · comproinéter su11·ci,.iia.cidàde de : ex1>nrhit· ne!i,Se traçado . crttorés, No campo mesmo da. pqe.fll9., .temos assistido ao ªPíl• ~. . '·shnpLei . a· com'p1e:x;1áide ·d~-· uqili paisagem' :m()ràl, estrutin·f\~ l'ecfrriento de 'níull;iere11', 'éi,Iri J'l;ir~(li,Ji!I~d.e ltt>~C.,.111E:~te_.~asCl.1; .. ; ; ; · E' o soní vâi ' > •• , ~· da''sqb ·a paisagem visiveL E' toda a· sólldâo das longas te1·.:. l~na, quase _sempre .igenJificada_, p_or. ;~m,,a. coqcepçaq ~o ,am~ .., e "vóltà ' 'sozinho ·' · _ . • .. râs •mideiràs .e goia,nàs/..on_!Íe uma põpu1açii.o rarefeita, prei.!\ . :f1~1C-D peculiar ao homem, em. sua.· an~111. de _po_sse· e ,de, pre- nà' voz· do- . éco . . . "' - ·- · • · ·· aos düros "l:nisteres·· da vida· pastoril, riãó.' énooti.tia out'ras .ra- .' ilominio, com exclusão dê ·outros '\ráloiês'' íriiplicitos '-nà co- ·. depois fica :paràdó, indêeis. · · zões ·pará sobteviver 'seníto' as < ii.ié ' lhe :1ncute: U:mií imejno~ munldto amoróstC Num mundo. ém.: fasé .de· prcnniri1,'iie -pa:. entré a tai:'d~ 'e a nóit.e. · . ' • ,•.. · _, . .. rial 'doçura :de'tempera'me'ritô, sob · tfdisfarce dá flslon'omia ili'Jes navos ãe víc1ã; tântô' rnôril·is,' ccimo êstétiêos é' políticos: ·· · · · · · àgr~~te: ó'i.Lapà~~é-~: · Solldãq_~é !ês~gnáção,' sol~dão e t_ristez11.: . , e~a. ..::; Al~~mo, ui;ri0, ipc~tn~ç~·ô" J?~t.a:i,t~:·~ .nei'a\iz~g~: --~• s~~ : ~.As.' águas. dá cà:éhoeira·:·re'mbram-iht'i' • : nos amm'!,~ nas plantas que sap uma 0_4,tra uila~ll'\. ~o ho-- Q::u1a~:,i·) de qúalid~dé ·. ou _de.· sexo, o de~ejo de- - rehficar-_à - ni:em, e tão intiina.mente -lhe acompanham a sorte, nqs mine- Í'eàl}ei_f\de _pel_,a'- ff!Í.i.Í\ie, C>i1;.P.~1a.f.eÇ#ta)i~j l>. d..!llViC> ~ ,a· inversa<~:~ . ,. ·• ... : grandes cortina.a ... _ .. . rai s, · que · Í!nsina.m a ·durar, ·o · ~ínà , d,~ srl\. Bea_triz ·Bote:- . de atributds,: Pqetas· cons1c;l,<!rit, tj.os gra,1J.de!J fazem-se nota~- • que sê desprendem ·. lho · Vasconééloá ·•ca11tou àdmiravelmente essa., atmosfera, de · 'i1ela. cêlebraçãÓJ>~teiísiv)Ccie '' .1~i,e~j{e(.~ª'"!¼lài;~s; _ê : oµ.,r~ · Dl'as .que : acabàm nunca tristéz~'.êcológicà; sem desespero: mas : rúnda_!llentar.:. .. meo\>res se d~p?érii. ~- i~itá~~~--, ~~!ª. at~_!l~i!', :. ppr_C,!!tto,. ~ . ·· de éhegár ae 'chão. · · . . ·· · ) , E -~ão ;·o\)stafi:te. m1 ' J?Od:er de ~ra~fi~urai;~o , per11;ane_ce mesma notop,~?.ad,e;,-be s<:>!_t\; gµEl .~•g,i;~10.ao11 µIt:1.p19s a..m,n-. · , .. ,- · ' ·. -· - , · . . . ' _ _ · : , : :- mt~c~o, e~. ambiente 'ass_im propicio a i1,I10~1i1daãe f1sic& e ~es da .'.'U~a _Justa. ! .d~ !iªPµre~a~ CJt. 0 $.iç~_C!,1::!_e ,,.~a..g _e,xplu1; ." .,~- ., ~ . horas na. cid~dezmha ~ m~r¼or, "se .~tJra;,m, I,tl\t~1-. e_·.~Pnit,ual. ..ta•~-nos,~ por_ exempl,o. . d~ u_rna. · _fa_bulos~ man– ,ompreensa.9 ~~ -•justif}qa.ça.9..~~-ªF.~ _e 1/f~!',.tu:. 1 9ª .<!e _qu_alque~ empoe1r~da.s, t\té -ie perderem .noa bêcos escm·os"·•. .A própri!\ . g1,1elr~. ~ ~U,t\ mtanci~. ·que _dayi,. também mel. e la.ra_nJa~. A~ . 1talho do:instmto>. eP.C9P;tfílr..n!)~e~ i;,. gi-ulh:er~ 9,1:le .s~ a,!ir-: · cidadezinha; de vez _em_quando, eµtreabre ·~ tlh~s pa,r_l( se im:!',ge~· Ji!' vida int~rior .s~p t;lelict\d~~--,e _at1".as; .atras cL':t tn,:,m -como -tais', 1q~nti{wados· no ... ideal , ..a.rtistic9_ .~ 8 gu~r~: , certificàr sê "a.s coisas ainda exi3tem ao detredor" ~"Não s10·~ crl'atu11a fü.1ma.nâ ela vê "a sombra . enorme e densa do mun,.. t_ando•mesrrio . nà i>.i:ôdüçã~~de; ,ob~a de . ~~te , um árr~messo_ t . ·contudo, . ~eral~ notaç~s · ~~ um _~rva!foi: ni!~~ re.~1~~ : do ~ ' P.f.àjftari,i!o'\-E _féçha~º-~r<? oo_in U:_n:,a' pura _e c_oroôv_edor.~ . ~ ºl\· um aJ:,,~n~çin~i urri~_-doc._µ.r' _que :em,.:.todo . 0 t~mpq d~-· ·que · imaginativo; as · qu!' encontramos nes~e. vol~m~,. ~~o.· <'~e~11a~~rn••,:. que,.~ic& µ.ça. a 'cõmu~icab1htf~_de sem_desfiguru g1~,ir,arn. e . Jitn_tart_lll .;!f!-. 9 : 1e.~ ºJ! .~ 0 ~: ·:;f : .,,d_ ..,.·t ": ._, t . , ., _ • resul,ta~o da ,contemplaçao d.a terra pelo rem~ram~?:tO." ~e:. a ~ota mt1et_ista ..~.Pess~.ª! ..?ª auto~~: , .. _ . · .. Cornpxazo-ipi: .e~ a=ina ~r. ~~. ~! . 0 es ª~ no,.a '? J-P.1\ - ·< tico·i ,·Ha ·um esf.orço · no .sentido de viver o 'que· • terra tem, . · .. · .. , ! · · • : . . • · ecm,tt 1 '.'° ~e ~ai~ _Ul!l ~w,~a {em.\P: 1 '1°,. 9lle se P~~erã. JUn;~~- : .. (il~ . mais ·secreto, _é que se. dísfarça por baixo do, se'i1 pitofe4co .'-'!'êll . ando~inha:i voa_ndo baixo · e:n cxcrsso. d!! benevolên<?!!l c~it,ica., ª , uµi cor?, . ~UI: .J~ , .\S · regional·. E' o que valoriza poemas como esw· _. vaeram .-me dirier, · ·, iõe, entre outros,, de no~~. co~ m;n;t~qtteta _I.isbOa., Oney(la. . · · · · , · ·,, · • · · · · · ' : vieram me ·1em.'6rai - . ' · llva~enga, Ha_ydée N~co_lu~i, ~na.: . 06 ?rio! ~a..ri11, I~bel, Il_~t\ • Ai tristeza vive no sertie iqae as coisà11 vio mudar lrumlde ~a4r1to ·--:-. figuras. <J,Ue ~tmgi&rt'I. a !llalor o_u men?r . á vapi. Sobe morroa que a •vida .oomo' o.. tempe lesenvolvimen!iO na exte,Ei~t12:_9:ç~q - da, p~e~ia, ..alj~~a~ Já > . .· .daéé. morr.os , · corre ae lado d&a rlo1 nie quer·• éstacionàl'. onsagradas; ·outras ·nq -periQ!Jo· inicial. de -.procur~, m s .todi,.~ , , se embrenha pelos matagais, . ... · Qiàê"lliié àtríimã teri . ·, ... àcpressivas dessa linha., dt sepsi~i}i~ade fem,i!i!na __q~ ..vei<> · cêrrâdos e c,11poeiras. . . · • ' ~ · nunoà ;Poderes ~tais • . ietifrcar.- suavizar ~ até c ~r.to pq_nto •J;i.u_m.ani~,r ,a. sec,u,;a, ~ · .. , ... ··PaSllà •c4ND . a· ven&ô ··nõs 'canayials · "' • · · que ·;, possa ·impedir. letórica ou o destempero ·vigentes nos arraiais poétlc_Qs. . • .. .. e cerca 1111 casas daa .f,azendas · · · '- ' · · A sra. Beatriz Vasconcelos· vem· cio. lóng~ Paracatu, <t!le Três ~ndorinha11 ~oàndo baixo ll nos dera AfÕnsó ..Arinos, e do.Jonge Goiás. Seu pequeno ____________...__;.._________ :::> viêràm :trazer esta mensagem lvro intitulado "Um caderno ' de ver.sosi• · (e ri inexperiên- . , . . da natureza ao meu ser, · iia cta autora já :Se ma.nifesfa nâ supérfluidade do -cardinal) d 1 . · · 1nd1.:a vivamente a ·1ocallzã·çã9, no . meio fisic~, cie sµas ex• . ·[)· ·.•·. · · · - •, .· '.:- ·,Trêsand~rlnh.~ •vler,_m ·vo~ndo, bai~o._do 10:i:ige P~r.acatu'. . plorações poéticu; Vivendo éntr~ uma cl~ade _do' i;ei;tã~ mts .•, ' ,' .• ·. , . .· : .. · ,· até pous&rem nesta ·mêsà dq_,Rio, e ·embota ~ nao· creia m,ui,., ". neiro e ·uma fazenda goiana, a sra. Beatriz ;Vasconcelos.. não~'' e -0.. . .· 0; ~to ria sa.6édorlli _das í1IldOfinpà~, .ag_!adeto tio .poeta _que lhes quís realiz::ir: sent.o muito furtivalP.~~-te a ~V!lSão tril_4lcion~l · • ; '· ·.· ., .. , . · · décifroú ~ menságêm, dando-nos um pouco de ~ç~ . .. pelo espaço imaginário, ' tão _c(?niJ.1!'!1 no~ ~tas,.r~lcientes na. . . . . . , . ~-:!:··...::_..;·:..:•:___:::..· ~• 2.:··-~· ---....,.--~-'---'--"--, . provinci~, e ,que os torna por vezes hab~iil crladoi:es de ~i-:- - . . . _ • ,.,e, ·u·e· 1· s· MO'. E.P' IN' TU' RA tos · ou. adeptos es~h!,j!.neos ' ·40: su~r,e~lsmo: Preferm ad,•mtir ,, ,- . .. .... _.:.· _.·· ·.·• ,: , . . ~ ·- ._· ~ ·. . . •· 11. paisagem · local .e interpretá-la. com os recursos da. ~ .~i,,,rfe_·§ . Mor, _·gan' , , ~JAI~E Tq~RE$ BOP_E.'{~ ~ ENTERRApo ·vrvo· . , .,,___ · T.A . ~onta êoDM) . ~D~~~~LHOS; . ... ..· •·e.: e :T·-. :A.· A-·.. . ' . ,· N-aseelD;- -si,Us -~~gi_~j\§~EL~~%º· · 1 H J . ·Pe·rsou·agens. 1 De · passagem por Paris, ao dia, indo vê..la; esquece-se com~ voll:"..ir de uma •tou1'née" · de plétaroente· · de dar -- jàntar aoa co;ikrc:-n:;i;,:s . na Bélg.lca, o 'ro- ·seus ene11.1·cerados. ~Pois bem. 1na11.:i&t.., .. . inglês Charles .Mor• resolveu ele", ·para que .este fat~ gan ;e,; entrevistado, núnt ho- não se .repita, vou soltar esse11 tel da rJ.:i Saínt-Péres pelo es• malanill'qs !" .E ·lQ_go tratou . de cr;.qr francê,s André Bou,r\rr. · fazê-lo. · · Alguns meses depois, . Boe1rin . aguardou o autor de um_.dos pre~os api:ese,.tou-se no ·''"Sparkenbroke" alguns momen.• _Mlnistérto do Iriteriô.,r: . , . · , tos, na saleta de · recepção do •- ''. Afinal de .con~as, tenho . .apartamento, Quando Morgan - o d~reito de ser mantido ná ca• a.p!lreceu, à · poda do quàrto deia. I", reclamou. · · . ~ ·• ~ mostrava-se trajado com . apu~ · . Dessa história saiu "A· Via• .ro, rigorosamente escanhoado, gem", . :.~om o rosto verrtrelho que ·nem NÃO SE FILIA A PARTlpOS .: salmão; Escoll f u precavida• Perguntado_ sobre o proble• mente seu lugar, ao pé da ja• ma da_ arte mteressada, respon• ·nela, e sentou-se de vagar,. cru• deu: . _ :iiou as pernas e l:\Cendeu o ca• - _Por mim, nao m"' prendo. chimbo. - · · · Considero que ao artista cabe · "C0mo todo !ni,.lês - anota um · duplo· dever: primeiro, deve Bounn o romancista · ·de . esforçar-se por penetrar as apa~ ,~Fonte" possui o dom ele criar rências da vida e . investigar "'- óndé quer que se ·encontre- uma realidade que a transçen– ..::. uma atmosfera de aconchego de e que se acha .no interior e intimidade. _Aquela po~trona, dos per".onagens e das co~a_s; aquele cachimbo, talvez o, jeito em seguida, se e~e é capaz d11;• , especial de . se assentar, eis .o • to, _prq,curara impregnar, d~ 11ue lhe dã .- e a n6s também seu, sentimento, a alma dos le>:– - a .uu~o de que não se· acha · tores. Mas, que se abstenha de de passagem· por aqui, nwn q'u1:rer . impor-~suas idéias: um ·:anJnimo quarto de hotel, e sim· roma_nc1sta nao é um propa• em sua própria ·casa; ou no seu gand1sta I Ne~ S:<JUer deverá ·cr..UB, no ·coração de Londres". forçar .a im,agmaçao daqueles a Depois de falar .sobre os co• quem se . dirige:.. cumpre que meços de sua· vida de escritor, càda um possa. pen"!_ar por st Morg,in a uma pergunta do in- mesmo. O escritor nao tem ou• ·, /terlocutor, conta como nasce- tra finalidade, que a ·de SEME• ·.ram al!{uns de seus persona• AR, no espírito do leitor, em:– ,gens. Alude ao J'uiz Gaskony. briões _que produzirão tivreffi:eR.• que surgiu ele uma conversa, no te os seus frutos. Que o leitor CLUB, com um seu amigo, qué interprete, como entenda, .o ro– era juiz .e litet'llto. mance que lhe of!!recemos e às Depois narra como "A Via- idéias so'llre o amor, ·a . morte gem" foi imaginaâa. ou sobre qualquer tema que o UM PRESO EMBIRRADO inspire•.• Sobre este ponto, ja- . 1 "Foi assfm: em 1932, tinha mais mudei de opinião". eu lido, no "'Time", na colu[!a - de . nosso correspondenl!! em Pa– ris, a divertida história dum homem acusado de se aprop;iar do dinheiro que recebia ·dos co– fres públicos para fornecer ali• mento aos 'presos alojados . num prédio de sua propriedade. Es• se homem, que acumulava' tais funções com ·as de pcl:cador e . de poeta, · achava-se apaixo– nado por um!l rapariga, Certo CANSADO DE CONFEREN• CIAS ... Morgan fala,• depois, no ro– mance que começou a esc.re, ver: - Chega de conferêl\cias, ex– clamou. Não tenho, neste ins• tante, ,senão u1n desejo-: inst;i– iar-Me · no sOS'Sego do camp&, · para continuar o longo romance que ·comecei jâ há dois ·an011,"' ·.. _. MURO_ PO SiLENCIO.. PORÉM NÀÓ ME ENCONTRO.'- - OLHO, ESCUTO, APALPO • . POR TODOS OS .ÉCOS . . O MEU PRóPRIO ACENTO · ESTA' PRÉTENDÊNDÓ CHEGAR-M.E AO OUVIDO, ; 1 PORÉM NÃO O ADVIRTO • ALGUÉM ESTA' PRÉSO – AQUI NEST;E FRIO LúCIDO RECINTO, · DÉDALO DE ESPELHOS ..• , ALGUÉM QUE EU IMITO. ·v SE 'PARTE, ME AFASTO, SE TORNA,· REGRESSO, ' E SE DORME, SONH.O ... - "ÉS TU ?" EU ME DIGO. -PORÉM NÃO RESPONDO. CERCADO, FERIDO PELO MESMO ACENTO - M~U? NÃO SEI DIZÊ-LO ~ CONTRA O ÉCO MESMO DA MESMA LEMBRANÇA, · EU NESTA LEMBRANÇA, EU NESTE INFINITO DÉDALO DE .ESPELHOS ENTERRADO · VIVO. · ·-Tradução de MANUEL BÁNDEIRA- J ~ Antonio BENTO , . . ., (Copyright. E. s. 1., com exclusividade para a. FOLHA- DO · · NORTE, neste Estado) . · · · . · Os adeptos dá arte abstra- quase toda a pintura abstrata· ta. se equivocam quando afir- moderna ·tornou.-se . par.adoxal- ., roam a orjginalidade de sua · mente l,lína arte :rumiga da·, . escola, cujos princípios estéti- . forma e, por consequência,,. cos~provêm, evidentemente do .uma ·arte anti~intelectualista . cubismo. · Esse moyimento, Que sfgnifica uma cor qual– émborá apoiando-se em espe. quêr "posta ao . lado de outra? culações. intelectualistas, ·pro-·· Será · isso · um·a operaçã.o ra• curou desde logo imitar a arte ciõnalista ? Não. trata-se ape-• negra ·e ·1nspirar-se nas deco~ nas duma foga para o mun-– ráções dos primitivos. De fa- do sensorial. Nota-se mesmo,. to, o apelo às formas geomé- nos mais representativos dos tricas e· estilizações ·dos pri- abstracionistas, uma · tendê11- mitivos, quando ,o desenho, eia irresistível no sentido de represeri~ando peixes, qíchos ·e levar a pintura para o cam- .pássaros se transformava · em po especifico das artes deco- · t.raços elipticos e' simples ara- rativas. Isso pode ser obser– bescos, • prova que a a.bstra.- vado até na 0bra dos urti.s– ção j.á estava essencialmente tas de m~ior ca.te ,:,;ori-a, como · ligaqa à arte pré-histórica. é o caso de Kaudinskv, cuja Disso se concll.lt que . a arte piritura tem sido indevidamen– de "criação" reivindicada com te comp~rada à música de tant,o zelo pelos cubistas, exis- • Bach. mestre insupPrado da te desde o começo lorigínciuo forma e da const,rucão armJ.i.– ..da pintura, .da escultura e das tetôni.cà . Ao contrário, Kan– er_tes decorativas. De qual-, dinsky é o 3rtista mais repre– q·uer maneira, pelo seu pró- s·entativo da desinteP.'ràção do prio conceito, a arte abst~ta mundo das formas . E convém implica substancialmente nu- ainda notar aue sua arte é ma operação de ordem inte- meramente lírica. sensorial e, lectúa.l . Através desta., o ho- desse mndo. antiracionalish\ mem vai criando·· formas ·ou por exc~l/J.ncia. A. const.ruc;ão mundos no.vos e exercendo, intelectm•!. Kandinskv onõe o consequentemente, a sua fun- seu irracionalismo pictórico, · ção específica de demiurgo. que rlefende a o-enas oq direi– Fica assim demonstrada mais tos da intuição noética. A uma vez a ]usteza e a acui- mesma observa.cão oode ser dade de conceitos de Kant. feita em relação aos abstra– :oara quem os sentidos somen- cionista.s m11.is novo~ ruja nln– te nos dão a matéria do co- tura não tem ~ originalidade nhecimento, enquanto o enten- por eles proclarn:u'I;:, nem é dimênto nos dá a sua forma. tampouco uma art" in tei~.~tua– ~ não. há dúvida que é so- lista.. E,ssa cont.rn ,din~n f11nda.– oretudo por intermédio da mental dll. iirt, 0 "hst.vatCJ. ê fDrma qu,e . a arte perdura ê 11in fe11 r'\merin ,,..~ió 0 , n_ois re– e.ttúge .verdadeiramente o pla- .fl:eJie. Pt l r;!'lciop.~ lis.mo d-0s tem- - ·no ' c1a.·-crlàção- e·stética.. Orã, oos a wµs. .

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