Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949
-2.ª págtiii f"OLHA DO NORTE (f Nlha .-rul ~oi!t 1T r NERA RI o cnôN•~- _ . ~. -~,;;6J ~ - DE: A, N' G E. L. -A o FLA_UTIM -PAULO· MARANH.AO _ 1-_ART-• /SUPLEMENTO/ LITERATURA I Mo mapa. meus olhos _... 08 U:DOIVO teus caminhos (abstratos', Um cidadão de Santa- Te– reza possula um pa1B secre– to, que consumia os melhores minutos de sua vida, tornan– do cfeleitãvel a sua calma existência. Gostava de tocar flautim. Nos dias de traba– lhos, só pela. manhã lhe era 00ncedido colocar os dedos no s6br1o instrumenl:o e .!!O· prã,.lo . MAi havia os sába– dos, e mais que os sâbados, os doming03 . No quarto mo– dpsto. defronte .à janela aber– ta, ele entoava a sua m<islca, ora imitando composições alheias, ora deixando que uma nesga de céu o inspirasse, e o fizesse compartir das su– gestões da _natureza. Músico de ouvido, tinha olhos · de bom contemplador das obras de Deus e dos homens, e tan– to isso era verdaee qt:e o flautim não silenciava. Bas– ta dizer que, no apartamento de "lado, havia' um advogado que se habituara a dormir embalado por esse doce refri– gério musical, que -;,:mortecia o.s nervos. como a flauta de um hindú. e t:m homem gordo e suad, se apresentou: viera ver o flautim. Ante a surpresa e o tartamudeio de nosso per– sonagem, exibiu um jornal daqt:ela manhã. e um anuncio assinado. Trêmulo, o fiauti• nista leu: "Por motivo de viagem, vende-se um flautim completamente novo, marca inglesa, sonoridade magnifi– ·ca. Preço: 25 cruzeiros. Ver ORIENTAÇÃO OI HAROLDO MABANHAO . <JqLABORADORES DE BEL&M:: -. Alonso Rocha, Benedito Nunes, , Bruno de Menezes, Caub:, Cruz, Cécll Melra, Cléo Bernarde, Daniel Coelho de &>úsa, F. Paulo Men– des, Garibaldi Brasil. IIAroldo Maranhão Levl Hall de Moura, Ma.rio Couto, Marlo Faustln~ Max Manms, Nunes Pereira, Orlando Bltar, Otavlo' Men– d~ Paulo Plínio Abreu, R. de Sousa · Moura, Bibamar de Mo.ara, R•i Guilherme Barata, Rui Coulmho e Sultana Levy Rosemblatt. !)O RIO: - Alvaro Lins, Augusto Frederico Sch– midt, Aurello Buarque de Holanda, Carlos Drum.. mond de Andrade, Cassiano Ricardo, Cecilla Mel• .rete., Cyro , dos Anjos, Fernando Sabino, Fernando Ferreira de Loanda, Gilberto Freyre, José Llns do Rep, Jorge de Lima., Lêdo Ivo, Lucla Miguel Pe– reira, Maria da Saudade Cortesão, Marques Rebelo, Manuel Bandeira, Marià .Julieta Drummond, Murl– lo Mendes, Otto Maria Carpeaux, Paulo Róna.i e Rachel de Queiroz. . DE S. PAULO:· - Domin~s Carvalho dA Sil– va, Edrar Cavalheiro, Roger Bastlde, Sergio Buar– que de Holanda e Serrto Milliet. DE BELO HORIZONTE: - AlphoDSWJ de Gni- maraens Filho e -Bueno de Rivera. · DE CUBITIBA: - Dalton Trevlsan e Wilson . Hartins. DE PORTO ALEGRE: - Wilson Chagas. DE FORTALEZA: - Antonio Girão Barroso, Aiaisio Medeiros, Braga Montenegro, João Cllmaco Bezerra. e José Stemo · Lopes. Vida Literâria • í rosa dos hemisférios 1 - Nenhuma aurora ânuncia a tua vinda mas a tua presença é múltipla e real. Florescem teus pés em cada p&rto, Andas e cresces, flor d.o enigma, as pétalas no. céu, o caule sobre o mar. Nasce um lirio no Volga. Uma criança chora.. a estrela desce -meiga, pousa .no berço, a criança sorrL . E' a filha do rio her6ico. O' barqueiros, éantai 1 " A madrugada escolar em Káunas. Duas tranças, .e a fita como um pássaro y~ando no retrato. A neve nos telhados, um rosto na vidraç~ árvores de gêlo na distânci~ . e os teus brinquedos nevando na memória .• , Cantam junto à lareira as quatro irmãs. Embarcas na música. docemente viajas, a face vogando no outro lado do mundo. Um trem na· fronteira. - O tio pálido-, as. primas chorando, o adeus. Longe, Mariâmpolis dormindo e e ·os teus avós rezan~o na profunda Rússia, E voas sobre o mar. E's pomba, arco-íris. sinal do céu, r.osa boiando, lua sobre as âncoras, os peixes e os corais. ' Salve a imigrante 1 Ela caminha pura e serena ao·encontro do afogado. BUENO DE RIVERA ~bli~~:?~1~g~?.: S[R OE S~A [POCA o poeta Jorge de _ Lima. E ali aparecem opiniões de amigos SÉ 'llffT., de admiradores, de entusiastas e toda uma s6lida avaliacãÔ RGIO .Pu.LJ..IET sobre uma obra llterãria à qual me acho ligado desde 1926 O Jorge de Lima que conheci, em Alagoas, quando co: meçava a minha verdadeira carreira llterãria, seria o · ho– ~em de um ·caderno de poesias de 1927, com a força, a ori– ginalidade, o ritmo, a .cor, a luz de uma autêntica obra no– va.. Os poemas do · «nordeste"- despertaram no Brasil inteiro uma unânime aprovação de critica. A experiênc}a que •Jor– ge de Lima. trazia do movimento moderno superava .em multo, a contribuição melhor dos homens do sul. o ,:nor– destino" de Jorge era qualquer coisa de mais ligado à vida que os surtos revolucionários dos que queriam comer car,ne de gente como os antropofágicos de Oswald de Andrade, ou a-bafar a nossa realidade com as aventuras -inéditas· do "Ma– cunaima." de Mario de Andrade, a mais cerebral, a mais oor– tesiana novela que já se escreveu em lingua portuguesa. A poesia de Jorge -de Lima trazia. sua originalidade de sangue, de viscems, de carne, de osso. O seu ponto die par– tida seria aquele do conselho de Rllke, o da experiência., no seu CM.O de uma experiência lubrica, da sensualidade de sua natureza que até hoje ainda não se pacificou. Nem a poesia em Cristo, nem as preces aos pés da Cruz conseguira~ . pa– _ciffoar o homem de desejo, que é o grande Jprge. Grande, apesar de todas as restrições qu,e possa sofrer. -:-:- xxxxxxxx -:-:- ALVARO LINS E A NOVA · SUCESSOS LITERARIOS DA POESIA " "EDITORA A NOITE" Uma das .mais importantes realizações de "Orfeu", este ano, será a publicação da ..Antologia da Nova Poesia Brasileira", organizada · por Fernando Ferreira de Loanl. eh. Alvaro Llns prefaciará essa antololtia, com um estudo no qual fixará as t.endências da .mova estética poética. * F. PAULO MENDES Por estes dias ·regressará •a Belém o nosso colaborador F. Paulo Mendes, que se encon– tra no Rio em vlagem de fé– rias, * A LITE&ATUR.A BRASll..EI- JtA IGNORADA NA FRAN– ÇA • Telegramas vind-Os, ultima– mente, de Paris dizem que os membros do Instituto 11e Fran– ça reuniram-se para ouvir .a palavra do escritor brasileiro Cristovam de Camargo. O orador foi sauda-do por vá– rios acadêmicos, entre 01 quais o sr. Fortunat Stra– wskJ, que residiu muito tem– po no Brasil e devia saber que o sr. Cristovam de Ca– margo s6 ~ escritor brulle1- ro no estrangeiro. E depois • reclama contra o fato de à nossa literatura conttnuar 'a-norada na França . •• Coube à. Editora A Noite, neste inicio de ano, conseguir simultaneamente dois expres– sivos êxitos editoriais, com o lançamento de "Repouso", de Cornelio Penna. e "Judas, O Obscuro", de Thomas Harciy. Ambos os livros possuem cer– tamente um valor literário de real importancia, e dest.acam– se por qualidades artistlcas as mais apuradas. No mercado livreiro, foram eles muito bem acolhidos. o que testemunha uma melhor or!-entaçlo do nosso público. e um interesse crescente pelas obras de im– portancia cultural. * PEQUENAS NOTtCIAS - José Ltns do Rego, i!B• cr1tor cuja obra possui um conteúdo acentuadamente au– to-biográfico, vai publicar ~– t.e a.no , sem nenhum artificio d~ transposição literária, suas re~iscencias de 1nfanci&. - A Agu:_ val apresentar dentro em pouco, uma versão portuguesa do Novo Testa– mento da autoria do Padre Alvaro Negromonte, que en. riq1.1.1ecerá a mesma de erudi– tos comentários. - "Idade, s ·exo e Tempo", obra de Tristão de Ataíde, que já se encontra na sexta edição, vai ser lançada ag'bra pela Agir, (Copyri~hl E. S. 1 .. oom exclusividade- para a FOLHA DO NOltTE, neste Estado) . São Francisco de Sales di– zia: multo Importa considerar em que époce. se escreve. Foi por considerá.Jo que . se tor– nou um clássico da lingua francesa. Do mesmo modo e pelas mesmas razões ficariam, em sua maioria, os escritores do passado. Nenhum deles se Lmaginou obrigado a ser tra– dicionalista no sentido hoje dado à palavm. o de conser– vação zelosa de uma herança. No entanto todos o foram em ·sentido ma.is lato, o de apli– cação do legado. Tradiciona– lismo para os clássicos não consistiu nunca em copiar seus predecessores, porém, em escrever uma lingua viva e expressiva adaptando e assi– milando as novidades neces– sárias, . digerindo--as com na– turalidade e dentro das gran– ~ linhas gerais da lingua. Ronsard nll.o hesita em aco– lher neologismos numerosos para ampliar a força da 1in– gua que recebera da Idade Média e jã não servia· no sé– culo dos descobrimentos. Ma– lherbe val buscar no mundo da. estiva o vocabulário · com que renova e tortalece a ex:– pressão. Montalgne, CUl'iOSO -de tudo e leitor incansável de antigos e modernos. dá à sua ex_presic, urna plasticidade única, 1ntroduzindo nela as palavras exóticas que catou nas descrições dos viajantes. A nenhum deles passou pel!l cabeça amarrar-se- às fórmu– las já .aceitas e consagradas. No português qu!nhimtlsta e seiscentista observa-se igual .tenaencia. Tudo se renc,va -aos nossos clássicos. d.esde a terminologia técnica até a sintaxe. Mas. dai para cá, o que se verifica é uma tenta– tiva da petrificação da lingua, levada a cabo pelos intelec– tUAis e que só não redunda. em verdalieira catástrofe por– que contra o academísmo mu– mificante trabalha o llomem comum, trabalham os efeitos da intensificação das relações entre os paises-. Gramáticos e professores tudo fazem para sustar o progresso. mas são envolvidos e vencidos pela vi; da. Pode-se dizer entretanto que a. "lntellgencia" luso-bra- sileira ati·asou e continua a emperrar o aperfeiçoamento dos nossos meios de expres– são. Isso porque não atenta para a realidade, mantém-se !.solada. do povo num saudo– sismo que tanto se mani– fésta pelo desejo da volta aos sistemas politicos e sociais do passado quanto na intransi– gente defesa das suas formas exterior~ lingua, llábitos, preconceitos. · Richelieu, fundando a Aca– demia Francesr. com '1 pro– pósito de estabelecer .as re– .gras da boa. linguagem, co– meteu o primeiro erro de que decorreriam os demais, prin– cipalmente aquele que seria o da própria Academia, jã no reinado de Luis XIV, procu– rando estratificar as formas .de então por julgá-las "de– finitivas". Para fclicldaíie da l!ng1.1a francesa a floração dos gênios não terminou no sé– culo XVII. Outros vieram e a modificaram sem maiores cerimonias e tornaram flexí– vel, precisa, matizada, capaz de exprimir toda a psicologia moderna do mesmo modo que os assuntos mals flrldos da tecnologia e da ciência. Esses escritores não se pejaram de ir ao povo ·e às outras lln– guas, e pouco a pouco força– ram a própria Academia a aceitar, corn atraso embora, suas inovações. Uma palavra não nasce sem razões de ordem soci-0l6gica. Eia surge para atender a uma necessidade. 'Se out.ra existe na lingua, que lhe sef a .equivalente, , ela não vinga. Me.s se não existe, ela toma pé, cria. ralzes, qualquer que seja a o--poslcão dos doutos. Acóntece comument~ ,ouvir– se que tal vocábulo -e inútil -porque temos um sinônimo. Mas eu .indago! como poderão ser sinônimos. ter o mesmo 1entido .exato, palavras que surgiram com ~ ou duzen– tos anos de distancia utna da outra e para exprlmir ações ou fatos t-otalmente diversos ? Estou pensando em controlar. Por exemplo. Dizem muitos que é galicismo inútil. pois já t-emos verificar. superintender, inspecionar, diri' 1.ir , contt·a, pr.ovar. E de fa.to enQuanto e .tratar à... " Seguiam-se o seu endereço e nome. Ele explicou a rarsa que' havia em tudo aquilo. Não tencionava vender o flautim. de certo por alguma brinca• .deira de colegas. Cinco ·mJ• nutos depais, era obrigado a dar a mesma explicação a outro senhor, desta vez es– galgo e irônico; Voltou ao instrumento. Não de.correra ainda meia hor.a. e , .sua música se interrompia no momento em que ele ot:sava captar o plpllar de um passa– rinho no parapeito da jane– la. Como se fôra: um rito, realizou-se a mesma explica• cão do anuncie,, a explicacã<t e as desculpas, ·além da de– cepção dos compradores in• . teressados naqt:ele negocio da China. O apartamento era . peque– no. Solteiro, o cidadão tinha o seu flautim como outros· têm a esp~sa, .o filho. os qua– dros ou os livros. Romanti– camente. sonhava um dia ser Até a noite, desfilaram pela enterrado juntamente com o porta do apartamento os ~u– instrumento, já tendo feito meros candidatos àquele flau– essa recomendação às pesso- · tim inglês, mágico de sons, a as mais intimas. ser vendido por vinte e citt• A primeira vista, todos gos- co cruzeiros, o que não re– tavam dele e do instrumento. presentaria uma venda, mas Uma senht)ra .do quarto pa- t:.m.a milagrosa doacão . vimento chamava a atencão Exausto, amargura.do, o mú.• dos seus filhos para a músi• . sico compreendera que havia. ca do flautim, e era de opt- no edificio alguém que não nião de que não havia me- suportava . a st:a modesta e lhor educação artística para amorosa arte, ~ pusera ague– os garotos, gratuitamente des- le anuncio infamànte. Sentiu– lumbrados sem sair do edifl• se rodeado de inimigos que cio. A cozinheira· do aparta- qt:eriam sul)l>imir o único de• mento dos fundos de hã mui• leite de sua existência, ·a so– to vivia entre dois fogos. pois litâria recreação de seu espi• não sabia o que mais amar rito. . no mt:ndo, se as novelas de Contudo teve forcas para radio ou. a música do flau- reagir ao anônimo desafio, e tim. Uma solteirona do tér- continuou a dedicar ao ins– :reo, encontrando o fl.autinis- trumento as St.:.aS horas de ta à saida do elevador, lhe óclo. Sua m-6slca, entretanto, declarara que sua . música ti- não cantava ma.is a alegria nha um sentido religioso. solar, a grandeza da paisa• Essa opinião não era parti- gem, a doçura da manhã. De lhada pela jovem casadoura entusiástico. ele se tornou ele- __ do 706, que sublinhara: "Isso giaco. Todos no edifício senti• é música 'de quem teve um -cam a transfoi-mação do mú• amor contrariado". E todo o sioo. A solteirona trit:nfava. edlficio contava coni a sua pois o sentimento religioso su. t:.$rde de sábado e o seu in- plantava a sugestã.o do amor. t~iro domingo consagrados às E a cozinheira, derraman,,jo alegrias e às pt:ngências do furtivas lágrimas na macarro– flautim.. · nada,_ temperando-a com os Certo domingo, no momen- seus pr"®rios olhos exigia que to em que o músico procura• se desligasse o rádio que pro– va traduzir em sons o vento clamava, barulhento, t:m dra• que lhe entrava pelo quarto, ma de comover as própr:as a campainha soou. Foi abrir, pedras . . contrôlar, v-0cábulo . fràncês, teve esse sentido não nos foi necessário e não cabia aceitá– lo..Mas não o fomos buscar no francês, nem com esse senti– do. Recebemo-lo do inglês _e com o sentido exato de (Ox– ford): ''verificar ou experi– mentar e em s~da regular". Desse ,primeiro sentido da palavra., em inglês (encontrá– vel em 1475) é que se for– :nou o sentido mais moderno (já em Shakespeare - Otelo - 1604. e em outros antes - 1495), de, segundo o mesmo dicionãrio de Oxford; exercer restrição ou dar direção à força liyre, mantendo-a sob vlgilancta. Qual dos vocábu– los portugueses acima citados deverá fazer-lhe a vezes? Ora se nenhum se substituiu com exatidão à palavra controle, por que não admiti-la? E Re não a admitirmos, deixara ela de .se instalar cômodamente na língua ? Não. Mas os es– crltor-es puristas ficarão a fa– lar sem ser . entendidos, por.– que falarão uma língua des– prendida da realidade, dos fa– tos, da vida, uma lingua que não será .sequer a de uma classe -ou de uma elite,- mM tio somente de alguns erudi– tos. A concepcio de uma. llngua por assim dizer 1mutávél, ai– ant.e da _vida que ela deve re– fletir e que muda sem cessar, é a meu ver inteiramente er– rada. Não se guarda um vo– dbulo como se conserva um objeto histórico, dentro dle uma redoma, fora do alcan– ce das mãos impuras ou de– sastradas. O vocábulo · t-em que cumprir seu destino. ser– ~ir. usar-se, morr.er . Talvez ressuscitar -para uma nova missão. E este romentárlo me l.eva a outro viez dos tradi- cionalistas ferrenhos: o. do aproveitamento artificial --dos arcaismos. Nunca a palavra esquecida volta. à vida com o seu sentido primeiro. Por i~– so a pesca de arcaismos par& substituir os n-e{)logismo.!: vi– toriosos é tarefa ingrata e preciosa. Mallarmé o fez e deixou .umb. obra de grande artista é certo, mas sem éco universal .e portanto menor. E -Mallarmé ·é poeta e à poe– sia se concede o direito à obs-· curidade. Mas o prosador, · principalmente, . o -ensaísta, cuja. função consiste em di– vulgar, em trapsmitir ao mais amplo auditório possivel pen– samento§ -e emocões. poderá ele cair no mesmo erro sem ,rrave prejuiz<1 ·para a evolu.- · ção da lingua ? Dirão os tradicionalistas que · sem o policiamento -dos eru– ditos logo teremos uma l.in– gua informe, bârbara. Evi– dentemente o policiamento ê 1n4_ispensàvel. Nio, -porém, a. prisão. Não, f)orém, o cercea– mento total da lfüerdade qu• levaria. à .cons~ração dàs chapas e a uma língua inex– pressiva. Se há que escolher entre os dois perigos, creio que ainda é melhor optar pelo primeiro, porquanto 4 lingua bái·bara é jovem, viva e per– fectível. E a lingúa excessi– vamente policiada não expri– me coisa- alguma, não trans.. rnite senão o convenciona.1. Sem dúvida, como sempre em tudo. a virtude éstá no justo equllibrlo, mas este não será determ1nado jamais pelos gra– máticos e sim pelos escritores e o próprio povo. Nessa inte– ração hl! peneiram as formal buta.nte fortes e sadil\S para viverem e. se etidêm M ou– tra.,,
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