Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

Mas, volfanóo ao eEitucio propriamente .da evolução das línguas, à sua uniformidade, que nos levou a essa longa digressão, voltandc à analo– gia, que é : tendencia a essa uniformidade. é pela analo– gia (tese), , e sêu . contrário anomalia (antitese) que as línguas nascem, morrem e transformam-se tsintese) em novos idiomas. Tem razão o escritor e professor paraense ' . . . . . fazer através das antologiall, •Cm excertos, e . por .meio de gr,mJtltlcus. ·nos exemplos e E'squemo Do Evolução citações. . Não é ce1 tamente por uca• so que um dos .exemplos do pied-0so Carlos Góis, em seu "Método de Analise'.', nos en• sinando a dividir as orações seja exatamente este: "O ho– mem, que trabalha, acumda . riqueza; porque o trabê.lho, Do Sociedade Poroens'e - Levi Hall de MOURA - -XXXVII- Cécil Meira quando declara, cas a aglutinativas e de aglu· dialeticamente, que analogia tinativas a flexivas. Não há e anomalia constituem for- línguas monossilabicas, aglu- mas indesligaveis no proces- tinativas e flexivas, de modo (cont-i"nuaç,.,ao) . so da evolução das línguas, rigido, como éntenden.m Sch• conquanto pareça negar, c~n- .legel, Bopp e Muller. Todas (Especial para a FOLH, A, DO NORTE) trapondo-se -a Sá Nogueira, as linguas • passam, em sua ., que a analogia obedeça às re- evolução, por esses estagio&. · lações de causa e efeito, no A prova é que há línguas da a própria enclise, e não a pro 1 · · E' 1 clise, como julgam os grama.• prncesso lingu st1co. caro m<'sina origem que são t•roa_s QUe não 3 e trata de relação agldinante, e . outras f)Pxl- tices, que acarreta m;;iis ~gu– de causa e ·efeito, no sentido vas. M:as não . é sintomatico da sonoridade. ."Vou levá– rigido, metafisico, mas dia- que se observe que as alte· lo" é, na realidade,' muito t . f it f1 e mais soante que "Nâo o ·le- Je ico. em qut o e e o re u rações · for.étiças re encontrelT' wbre a causa e a modifica, · mais nas linguas agluti, 1 ati- var", não obstante o oblif:iuo n•lr.ção ·essa melhor e dlaleti- vas, isto é, :na etapa agluti· àton.o ser gramaticalmente camente chamado, portanto, nativa? ·· palavra ·sem acentuação pró- de condicionamento, e não de A · linguagem humana nas- pria (àtono, sem tonicidade), N'.usa e efeito. ceu _ sabe-se com O som es· especie de astro sem luz, de De modo .dialético, também pontarieo _ 0 vocativo e a planeta da linguagem. E' cà– não se pode ver a analogia, interjeição _ 0 urro de dor so semelhante ao das vogais rle$li gadamente, no terreno da ou de espanto, de amot ou de bréves, transformadas em fonol:igia. da morfologla e da ;;legria, do paleolítico supe- longas no linguajar brasilel· ~intaxe. Trata-se de um todo rior, dentro da caverna an- ro · ·organico. O · que acontece é cestral, ou entre 00 troncos I Fato •analogo ocorre rere– que o fator fonologico, · na da fiórestà prehi&tórica, e rentemente· ao infinito pes– evolução das línguas, não é o atinge, a · suá mais elevada soai. Sua existência na lin- . t'míco, mas é evidentemente o expressão no som: _ por as- gua, sua persistência nela, e •dinamico o - fundamental. Daí sim dizer _ cientifico, orga• fato de ter na mesma encon– as" alte1·açõeE na ~intaxe de nizado, no fonema formador ·trado condições pàra· ~.ubsis– um .idioma serem as últimas . da, .palavr.::. li ter.ária, e .resp;,ri- tir · até ós dias, de hojP, ele• e manifestar-se. • As pri'Tlei- savel, na es.sencia. pela --maiór monstra essa , nossa tendincia ras modifícações proces~am- variPdade,- ·harmonia - e beleza às mais patéticas formns tõ– l!e na fonE:tica. depois na ·mor- musiral do periodo . • . nicas, no afã de. tornar de– fologia , e enfim na ·sintaxe. A é'nalogia ·se processa, por- .tinidas as cousas vagas. Don– Donde o equivoco de Teófilo .tan:o, fur,damentalrriente, nr d.e a surpresa gramatic.al de :Braga ao ·::is~.everar que . "esta- setor da fonologiá, . nãó visto um infinito pessoalisado, o belecido o org3ni~mo simati- naturalmente desligada da que v~1e· dizer, um "infinito" co de uma lingua, esse orga- morfologia e a_a sintaxe. Não limitado '!..; nismo · mantêm-se, embora o é certamente por acaso que Na sintaxe, note-se · a p1·oe– vocàbuiário se renove e a sua O vocábulo acento dos lati- minencia da ,regencia em morfologia varie" . Mantêm- nos, · que corresponde ao ter- qualquer lingua . . O voca~ :;e, é claro, apenas por uhi . mo piosodia dos· gregos, • te- bulo regencla não traz a certo lapso de tempo, enquan- nha, ·como • sinonimo, a · palâ• idéia de subordinac:ão, hierar– to o vocabulário não se reno- vra tonu:s, que significa movi- quia da;; palavras como pen– E.ava Carlos Gois, mas do acu,r-· · do musical ·entre elas. Trata– se da- ·mesma acepção que a palavra re·gencia tem na mú– sica. Pensou-se- •por muito tempo .<a Biblia concorreu muit6 ·para isso) q,ue havia línguas de carater mais musi– cal e outras·de tendencias ma– is plastica,s. As linguas semitas estavam entre as primeiras. Veriticou-E.e depois a meia verdade .dessa conclusão. To– das as linguas - já .o obser– vamos - evoluem, por assiil'I dizer, musicalmente, Atraves- ., a nn na infancia · etapa .mus,ical. espontanea, e na. maturidade, .estagia mu– sical já . dirigido e organiza· do. Observ.imos também co: mo a repetição da simples p;;irticul.i bu no bantu, · evoltie até às c-hamadas figuras , de estilo, .à ;-eduplicação, à cliá– cope, etc, . Da expressão- ara– .r:i . do nosso arquiavô da ta– ba, como o chamou o escri– ·tor Raimundo Morais, expres• ião comparando o. nascer dó iol, a m~dn:gada, ao pássa:o gritador, e não · inversamente .co;mo muitos julgam. ev:,lui– mos até o grito d.e Corot di• ;i.nte de um crepusculo - "E' belo como um trecho de Glu– ck l e .à admiravel .. síntese va c.impletamente e a · mor- mento vibra.torio (donde a f&,,gia não varie de tn.do . expressão tenôr). Observa-se Foi o que aconteceu do latim que os povos atrasacios só se, para o português e 9 'J"l 5 lle- satisfazem com as formas mais irmãs. · mais elem·entares, m-ajg gros– . Não é exátamente no terre- seiras, mais ostensivas, mais no pn-so<licc que o fal~r .bra- rumorosas, -,- por assim di– siJei:-;:; ccmeça a •distingnlra~e zer _ do som. Lembre-se do do por 1 ug~,ê,,;? , A liquid,ição ' · nosso repudio · ao proparoxi– daquele velho erro de _que as tono. A passagem da quanti~ linguas não escritas se àlte- dade prosodica latina para ravam rapidamente,. provem plano secundário, ficando, em do rl!{:onhecimento de ·que o português, .em . plano superior, fonema. · e não o sinal gráfi• a tonicidade, atesta ainda es• co, é que representa, realmen-. se gosto. À nossa acentuação te. a linguagpm, e éonstitut ortografica, ',los . dias de hoje . a própria essência de se11 de· •coJima atenµar os inconveni– i;envolviment o. O ensino logo. ·entes do abando:r;io p-or •nós ·.da ri,l palavra, e não da si:nples,. guantidadé làtina'. A ·col~a~ ~ifaba, o abaooono da i\i!aba- ção dos' obliquos obedece tam– ç.;o. no :,r,t,1do · das' 1>rimeiri!_f .bém as variáções .dessa .ten– •letras, ·significa con:ipreensão. dencia n'o pçvo.:. A anteposi– dess·e fenomeno: e ·' aplicação ·ção do obliauo _ 0 1enojne– Jurid,. dele nà prátic~. Lerrr- nõ da proclise _ regrá ge– b remo-nos de que .o convívio ral. absoluta: em francês, · com altera a pa'.avra- escrita. não a única éxcéção "do imperati• só em su'l forma . . co"ino em vo afirmativo ·:.:. -é inâice de sua substancia . o·. pre,;;cnte maior perfeição de· língua~ do· modo subjuntivo · dó ver· .·gem, e, pol'fic.nto de . adià11ta·– bo pugnar, dito ·s·e1n o g .menta e-cotnômico do povo . (pune em · vez de pugne) p"or qüe. 8 fala . ' A ,flutuação dç: . Do teu corpo nasce um lírio que se dissolv-e num l~go onde um cisne de m{i;lim persegue estrelas e carpas. alJum leitm> po,pulair, ·criou. · t · no -meio : do auditório .. in~ulto obliquo. · an es. nó nie10; e· de– póis do verbo, · indica esse Onde ô sol molha no .frio das águas o rosto ardente : Onde os salgueiros mergu#ham as pontàs da rama . verde . . Dô lago desponta a . noite · co·m sua ,lace de ardósia, engalanada de cirios . e perfumada de morte .. E>a noite _nasce um relampago com sete pontas de l1:1z: · . fffe espadas para mànchar. de sangue o yentre da lua. a acepção de •pugnar pa:-a ·o · · · .. T • · v erbo punir, . e . dai a exp,ef..· g?s~.º arti.stJro v~cil:3nte e de- cu corpo · e assim: como as .ondas bil. Ma~, o propno uso · Jo d d · 1rã.o papular paraense: "()s de- obliquo enclhic'o _ •sem ·ir Jn- - e um mar rouco, e,n esvor,o, J)ufados não pi.:n~m ·por nós" clusive. a sua substituição pe- de onde me assalta, · em sua fúria, A expressão. popular p•Haen- 1 n'l t se: "Ir com Fi.:larlo''· ·no sen- ·o. prono e re O .:-·.• ~?ino em o monstro do Apocalipse t 'd • geral o fazemos .- Ja repre· · . , . • . · ' ·· 1 0 de lr ao ençontro, e lli\o :cnta .extremada .estimação às, ~ardo de agu.dos espinhos em ~ompanhia ·de algué~. · · · · f t· · • provem da . expressão ·cor:-eta: .1;~1s .sens.1vr1s orI)'las omc;is . ou . sensit,v-a de carne, "I t . Nao _ é c~~t2mente por aC'aso . , • · · r · er .com Fulano" ser po1.1- 1 u,~ nós di:;:,.mos- "trazer ele" . teu corpo e um tr1gal de lança~ co audivel, e portanto ,facil- em ,'vez c;le ."trazê 7 lo''. e "vou e morr~ ao tóque ·dos lábios. mente alteravel. · - · leva, o ~orna! para o . E,enhor". · E', Pt'la an:ilogia que . a5 lin• em vez d8 ''vou · .levar-lhe 'o guas passam de mono?silahi• jor,naJ" . iv,ras,, . a nosso ve:::, {, DOMINGOS CARVALHO DA SILVA ainda que mal remuneraclu-"'f 1:>audelairiam1 "Les par- sempre um capital que se . [uns, lés couleurs e les sons multiplica", revoltante. ela- . se repondent" . morosa, indecorosa mentira, Já se disse que ensinar uma que acaba, todavia, por ise fi– lingua é ensinar a pensar. xar no subconsciente dos alu– Vê-,se, por aí, -como o ensino nos, e por criar-lhes as ilu– ·das línguas serve admiravel- sões indispensaveis pàra que mente como instrumento ·de os exploradores do povo pros– domim1ção de classe. Veja- sigam na sua milenar faina ..• mos a primeira das preocupa- Ainda há quem a·credite qne ções do jesuitismo no Brasil, não sej'l por · ·caso pensado instrumento da nossa classe que Sllrjam tais exemplos ? dominante: apoderar-se da Aind~ hoj~, C<'m toda a ,n,•ão expressão ameríndia, organl- simplifiradora da ana.o.!ia, zando-lhe a gramatica, r.ão não . é · oor a.c :i.so .que o por– trepidando em lhe artificia-· tuguês conti[lúa llngua r ,nn– lizar a linguagem, viva e nua, plicada, absurda. dificil. Nune transformando-a em "espe ca podemos ' compreender . co– rante". para. uso das missões. mo · Bates pêde ach;ir aqu.efa Com ·o português ocorre cou- •"simplicidade" que asse.r,n-ou sa parecida. -existir na língua portug•1ua, E'· 1<uficientemente sintoma- "que. se escreve com.o S<' µ1 o• tico como ainda hbje (ou me- nuncia, ou. de acordo com. re– lhor; · como sobretudo bojfl) gras imutaveis", conform~ ele– os 1ellgiosos .se apos.sam, com clarou. E as nossas re~ras u.fanoso afã, da ·gramatica, en- gerais, que contêm exceç6es, tre nós: E' difícil se ' não iin- ·que, pela · sua quantidade, possivel, encontrar-se grama- constituem . . ve11dadeiras · ,·e– tica, e até an~ologia,.. que não gi:as, C'lmq no casp da C,JlD- . seja . escrita, ou organi'z.sda ,cacão d,JS ob)lquos? por algum padre, o~ alguem • Essa ·Jingüa complicada, que· vinculado ·à religião. Parece até hoje teín resistido à devi- · até que já se foi o •tempo e::n· da simplificação, nunca pôde que escritor como o - mflgni- - é claro ,.- t .,mbém ser · cie– fico autor de "Carne'\ con- , vidam'!nt~ ensinada_. siderad·o diabolico pelos l!en- Só agPra se ente,pdeu entre sares piedorns, era capaz de nós, no cursó,' primaria. que escrever g:i-amaticas: ó pró- a crianc;a sente. por assii:i(di– prio João Ribeiro, mestre de. zer, a letr:1, e a seguir ·;i pa– pórtuguês de ·todos nós, . ir• lavra, m~~ não "sente• ;i ~,i– mão do criador do ,nem·astc- laba, e 4ue, para fazer a •~ri– nico Barbosa, da glandulopa- ança ler é mais prática . fami– ta Lenita, e adm.iravel retra- liarizá-la logo com a 11ah– tador de um Belchior de Pon~ vra, a demorá-la ·sem proveito tes, foi dos últimos livre- no conhecb;nento da si 1 ab:1 . pensadores, e homem evitjer,- Ainda :tssim mu;tas profr.-;~o– temente da .esquerda, , '.:)Ue 11 ras primarias rPsistem ai ,'.la gramatica interessou no Bra- a .esse mébd:> i,.impliflc;i,ior. sil. As nossas antologias co· No cur.~o secundário · o,~orre meçaram •ainda · s_em sectaris- .fenomeno analogo, mas (!e mos religi'osos. eom Werneck. conseqµencias, a nosso ver Bilac e Bopfim. Influencía.. ainda mais des~stradas. aem . dúvida, da . republic<J., do Não 1,e perc,;Feu · até h -i je,. p;,sitivismo e. sobretudo. · da . no estudo . da ,;intaxe. qu!l. a .!l'lpçonaria. . Cados ~ de. Laet, oracãCI ·e o periodo são. cç,mo conquanto. c.es.ses c·atolicos de a silaha e a p..Javra, no t ~tu– .b;r-lga, ainda. reservoµ algum do da ]exeologia. t.<J,aco .em sua antoiogià ,~ai-a O aluno não "sél).te" a ora- ,e~.c1ttores reputados. dei,ol- ção. mas o pcl'iodo. fl3ja a "·entes como Eça de Que:roz, pretencler••~e eni;ibar o a!:.1;10 por , exemplo . Mas atuaJmen- a rep.igil'. en.sinando-se a <'O, . te ijá' houv~ qúem obsen;as- nhecer as oracões. e não a. st' esse fato ; pa:rece-nos . que compôt o período ! foi o critir:o. Agripino Griecp) • A linguagem .. <o pensanu,nto é riotavel o · número de cleri- Por ela express2) comecou r.e– gos e de autores provadam.en- la raiz. pela en1.1nciação . da~ te píedosos, · mas obscuros: t raiaes, "a fase das raizes". do m;issado:.;s ~ Liberato Bit• fónema, do sqm. , já Q , o 1 ser– tencoürt, Maria · Xavier da vamos.. o som era a pa.lavTa. Silveira; Antonio Loel;>mann , (a idéh) e en~ o perio19 lo . João Alfredo Rohr. Luís Gon pens'am,mto). -Gom o de'>en– zaga Jaeges, . etc .. . etc., q'\],e volviménto ·social é que o. pe– entulham as nossas antolo- riodo (o. pensGmento) se _..,ar- -tias,' em deti-h:nento de ·cscri• nou complexo, O pe•·,odo \ores mais , c.on~ ectclos .e mai~ (pensamento) sape-se Iegiveis; tidos. porém; rómr oÓde ser unia ou mais oàh;. perigoso.s . Aliás, de .uns tem• vras <uma ou mais . idH,1s). po_s a' essa parte. o ·nosso 1'4i~ Mas' somente quando a nàla– nistéi;io àa Educa5ão não . tem . vra é também um periOdf-'. é sido dirigido sena,o por bea- que representa não j{! 11ma tos repugna:ntP~ - e desonestos. simples idéi-3. mas um pPn– A .. ger.ação do autor desse tra- E.àmento. Exemplo: Chove.· DP. biilho aindà' esiúdou nós '.::on- outro modo, quando não é tef.s Patrios,' P~tria Bi-~si teira, um período,' é ape:r:ias uma_na– l?oe~j as. , Irif.:mtis, :Antohgla 'lavra (uma ide.ia ) Exemplo: Bra:sil'eira, Antolol!ià Nacio- Pai. Porisso. a unidade nat:1• nal, Leituras· Complementares, ral' dá linguagem . (expressa'> livros. sem ranço, clerical. sem do pensamento) . não é a pa• sujeiçãQ 'ao "imprimatur,. na lavra. Lenz afirm;i _isso. e r,om esconia de adores · e tre,~hos. razã·o. Ma:s· onde .·Lenz se Não se desconhece a· ·pro- equivoca é quando afirma •que paç,an,pa rPacionár.ia. ··anti-· ., . · .. - .., . . ·• revolucionária.- que se pode Contini;.a na. 2a. l)agina) Poemas • De Pedro Soti.,nos QUE DE PESOS IMÉNSOS .... ·. Que de pesos imensos 5rbitas celestiais,. ;e ljPQiam· .· -"- maravilha, l):l,ilagre -, em ares, em. ausências, em · papéis e em nada ! .Rocha descansa em, rocha, corpos jazem em ·· berços, em · tumbas; ·nem · as •·Hhas nos enganam, ficções -·• de f.alsüi • paraises • flutuantes sobre a água. Mas a•· ti, a ti, i:nernória de um • ontem que foi • carne terna mati?ria viva, · e , agora não é6 naaa mais- que 1iesg .infinito, gravitação e pressa . ciizer quem te .sm,tentr senão a ·esperançada soledade · da n<ilte ? · A tl, · afã de volta, anelo de que tornem invariavelmente, · t>xátas a si .me·smas, w; •Dl il~ I}ovas ações • ' • • - •. • J • • ·• qµe . se cha_:inam _futuro, _qi.:fm .te · SUE.tentará? Signos e simulacros traça.dos ein papeis · l>rancos, verdes, azuis querem ser ' teu apoio' ou' prometida terra. , . Porém logo,-mais ta-rde, · se despedaçam :..:_ mãos se desfazem em .tempo, . poeira, ·só ·deix ando · ·, va,gos ' rastos Jugazes, ·, recordações, nas almas. Sim;· as· -almas, fµiais ! As ,últimas, as· ·sempre escolhidas, tão· d€béis;· J)àra sustento ·éterrio ' ~os pesos mais · fatais '. As almas. corr~ 'asas : :mstentando-~e · sós ~· à força de· uin bater ü,esespei:ado, a força . de riijo pararéín nunca, voarem, -portadoras pelo, a;r e n,o ar, -daq,uilo que se saiva . Tr~duçio de CARLÓS DRUMMOND DE ANDRÀDE·-. ·- · (Especial para à FOLHA DO NORTI!',;). . ;a sômbra, ·ou para· os lados. Contempla' ' bem, a pálma · tie tua mão,' ·vazia. NÃO EM PALACIOS DE , albergue, tão miudo, . . . . MARMORE .. . ' . em ~~~• .de U•~ .an.ior . ; •t ~ -~ ·~ Não em palácios de mármore nem em meses ou algarismos, nunca pisando o solo; em leves mundos frágeis, • · foi (!úe •;ivemos juntos; o tempo se ·contava . • apenas por minutos: um minuto ·era i.:m século, urna v1da, 'WD amor. Abrigavam-nos tetos. menos que tooos · nuvens; menos que m... vens 1 céus; ar; •.menos ainda nada. Atravessa.rido mares, feitos de vinte lágrimas, , dez .tuas, e dez minhas, chegavamos a cointas douradas de colar, iihas iímpas. desertas, sem flores. e sem . carne; , · que sozinho bástàva para- o 'querer mais grande .,. NÃO TE DETENHAS ºNUJ:,icA · . e· não' j)ed1il aúxilio' ' ' ·- ao,s b_af.éos ~~~iL ~º te!?lIÍf. .: . ~li ,te ~é!~~~ . nu~c~>• _ . Gal~r1:i~ enormes . q1.1an~o qutl,ii:i;is Jl1:J.Scar-íne. abr1pq9. . , . ~ - vê .m.ui ;q& de ág'Ua, • em grãozinhos , de areia, amplos fossos , de ar, ,descobi:iQ'los as n-J.nas •. cercas de pedra ou tempo; ,. de ch.:mas ou de acasos. ,,- , guarda de,· vQzes; passa . .· · ...; E - tudo . Espero-te· ·com, um.. ser a pender de um só fio . ·. -·que -não espera os outros; · quem sustentava 1 quem? . ,aqui onde,. te •espero ·, Por ·isso nossa vida caôes ·.só tu. , Nin~uém. não parece .vivida; pod·e encontrar-se · ·• de6lisante, · re~.vala, àí comigo ,sem .. nem estelas nel)'l rástos O co1·po que te leva, . ··deixou ·atrás. Sii gueres · éni suspensão, milagre . n ,corná;Ja, não olhes , Intato, inaiienávél, . onde se bi,scam sempre i.:.m grande ,espaço branco, pe~adas e . lembran,;as : azul, em mim, recusa T~ão oihes par~ a alma. o ue ão.dor. e.ú os passos de' ftús pés; nele não se ·verão . outros rastos jamais. Se a'éasó . me. avistarei . tal preso· encarceràdi>; por trás {ié portas, . entre coisas ·11lheias, . · pensa -nM tôrres altas e nos trêmulos cimos ,. da árvore, enraizada.. . . . As almas, sim, dàs pedras que embaixo estão servindo a,guardam-nas na ponta ·mais" extrema da torre. E eles, pássaros, nuvens, · :.não se enganam: --0.eixandc. que lá · e-m baixo -pisem as · homens · ..e os dias, ·vãó para cima,• •·... .· -para •·cima,. da árvore, para o tope da torre, l'.\eguras de que ali. .. nas ·últimas fronteiras de seu· ser terrena], · é onde se consumam os ..a,Iégres amores. ' ' ~~lit:..12~ encontros ----~~

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