Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1949

Domi~go, 13 de fev·êreiro de 1949 FOLHA DO NORTE ----~~~~~:_:_:~::__::~:.:_=:_:_::_.:_::..:_:_____-:-_________::___..,...__________________________ trtrlio;-éépp~re;ir~e~r1iy·ve1 a um mau rE~í!Zi.:'~~:,?i: rt LOGIO DA M ú SICA D ECAMARA !B~~;r~: J?:!i prazer l Vamos comungar no plendente beleza . Falo sô• ;pensamento de um mestre. mente das belas obras execu• Se esse pensamento já é nos• tadas pc~.t artistas eméritos. so conhecido, e até familiar, 111 nos conjuntoo. Parece, no Q quarteto representa, por• é t do Pela muito. A admiração é uma entretanto, que o quarteto de t . l'f . o prazer aumen a t tan o, para mun, a po I oma experiência e a esperança. Se alegria qui. se 1 !~i~:! e nos- . cordas apresenb a melhor por excelência. Não é uma se trata de uma obra desco- sas. orças ;m. • ' combinação. Existem quarte- polifonia demasiado espessa. nhecida, a curiosidade noo Assim como O verdadeiro GEORGES DUHAMEL tos admiráveis com piano em Ainda que os quatro instru- exci.ta e nos educa. Admira- . 1 primeira plana, os dois quar• mentas presentes sejam todos mos a ordem perfeita da · or- "gourmet" se deite ª com uma tetos com piano, de Mozart suscetivets de tocar nas qua- tr · R nh mos a refeição çoa:npoStà de poucos 1 · "d d FOTHA - exis·tem c-<lebres quintetos d d · ques a . eco ece . a t ém r quintados O (Copyright E. S. 1., com ex c us1v1 a e para a ,... e tro cordas e e repro uz1r diversas familias de instru- pra os, por e • DO NORTE. neste Estado)_ que nos oferecem os grandes vários cantos, é, essenclalmen- mentos. A maioria desses ins- ve rd ªdeiro apreciador da mdaú- mestres; o piano, porém, ina- te, um concerto a quatro vo- trumentos são- de estrutura sica também sente ma:rca literatura. Se fer possivel re• teto com clarineta. Á obra de trumento de percussão, não se zes. Quando os mestres de· antiga, já comprovada. A ci• predileção pelo que se deno- nunciar à complexa trama da Beethoven também possui um funde nunca perfeitamente sejam uma voz suplementar, ~ · ;.., tud mina acertadaip.ente música sem num·ero desses trechos no conJ'unto e, para o verdn- é d oe:nc1a muuerna, que o mo- de •mara orquestra, deve-se retornar à ..,.. acrescentam-na; o caso os difica, não pôde reformar o Ecatr tod.. b' - homogeneidade dos timbres, musicais excepcionais, verda- deiro apreciador da música, quintetos a dois altos, de Mo- . 1· p f el" n e as as com inaçoes 1 'd d t nada é comparãvel em sua- d · t t d · · v10 mo. ouco ez em r ...- • • um P ueno Há quartetos de Mozart, lin- deiras prec os1 a es no esou- za.rt, o qum e o -de 01s v10- ção à flauta. Introduziu, no possiveis para eq - ro da música. Os músicos vidade e riqueza de harmo• loncellos de Schubert. Essas . t 1 t t número de instrumentos, é a díssimos, nps quais um dos á d ni·as, à fusa·o de dois vi'olinos, d . . 1 . coniun o, raros ns rumen os, d t t d d • • 1 - fo· s·-'-·•ti·tui·do pela modernos J' empreen eram quatro vozes e dois v10 mos, . o quar e o e cor as a maLS v10 1noo 1 = t· de um alto e de um vlolon- que para conseguir seu quar- . t t •t II t b • nhe se do inúmeras tenta 1vas para va• aparentemente gêmeas, fa• !~~~f J~;;:!; ~D~.;, ~~u: o~iai~ {sº.:ta1r:1~1cc: m~~,::oº º~o~lªe~f;ociçéleb~o::w~~s'. ,om5 ~peque•~~ t~ ~m l~~?ili~~:~ se desenvolve. Seguimo-lo - harmonia, o triunfo aberigoa• com surpresa e encantamen- sar, ao mesmo tempo que nos do do Individualismo. Por to . Seremos levados, ora nas Uma cias tentativas mais in- ROGER BASTIDE diverte. Há nele toda uma não serem as vozes do quar- asas dos violinos, ora nave- teressantes já feitas no Bra• critica do capitalismo, dos teto muito numerosas pode· gando ao sôpro das trombe• sil para aumentar a tiragem (Copyright E. s. I., com exclusividade para a FOLHA DO trusts norte-americanos, da mos acompanhar toda!- as tas ora entregando-nos ao rio e a venda dos livros, ampliar NORTE, neste Estado) propa-ganda pelo radio, da suas evoluções. São suficien- _mijestoso dos _cwitra-baixos. o circulo de leitores, difi.:.ndir propaganda em geral, dos temente numerosas e diferen• Nesse mundo encantado, a O gosto pela boa leitura, é nito d~ brasileiro congenita- ção da Morte" a tentativa qi.:.e congressos cientificas com tes para nos proporcionarem nossa atenção ac,ha-se ince~- ;:ertamente . o "Circulo -Lite- nente triste. A verdade pa- encerra de rea'.bilitação do cô- suas operações sensacionais... essa impressão de mistério santemente solicitada, desvia- rário" · Enquanto que anti- rece ser, de qualquer modo, mico. O método caro a Cot:r- Tal critica orienta a narração marginal e de amplidão pa• da, recuperada. Mil detalhes gamente, a não ser para pou- que o brasileiro ~ o seu teline, que domina as últi- de Origenes Lessa no sentido norâmica de que falava há a detém: uma enorme cor• cos escritores · privilepados, 0 humor apenas na conversa e mas páginas do "Train de .8 do conto filosófico a Voltai- pouco e que são ª vel.' d adei– rente· a arreba"ta e empolga, número de leitores oscilava na vida, como se significasse heurs 47", da sucessão lógica re, muito diferente da sim- ra magia da música polifô· sem cessar. As vezes, senti• em torno de 3.000, graças a uma decade"nc1·a· passa·-la pa- de acontecimentos a partir de 1 ante 1·pa ·o c·ent'f'ca nica. mo -nos a' beira da confusão; essa iniciativa inteligente, o P es e ça 1 1 1 A orquestra completa 'dá• ra a sua obra escrita. um ponto de p·artida burles- pela qi.:.al parece começar. To- todas as vozes da orque st ra número de leitores elevou-se Haverá uma hierarquia dos co, que se resolve finalmente dos os contos de Origenes Les- nos ª·imagem de uma sociê• àgitam-se na tempestade, e a mais de 30.000. Mas essa gêneros? E a literatura séria :ia mais louca e~centricida• sa não são da mesma vela: dade perfeita. Cada um de• de repente, a ordem se resta- obra não pode alcançar todo ser1·a, de d:~eito, superior à de, é maneJ'ado por Orlgenes h' t:-entai pequenas sempenha um papel essen• t,elece, mais . for.te do que ni,m- o s.eu valor pedagógico ·serião .... ª _os sen .u.u s, cial, ainda que sem relevo. cà ... A idéia principal surge, sob a condição de escolher literatura alegre T Racine su- Lessa com muita virtuosida• lágrimas brilhando no meio Se -um dos instrumentistas fa• . de .entre as nuvens, como O cada mês, e com cuidado, 0 perior à Moliêre, e Zola a Ra· de . Não se pense contudo em de risos. Assi!llt como os pind- lha, é preciso, a bem do equi• sol e ficamos-lhe gi:atos por livro a . distribuir. E ainda - é belais? Basta lembrar, esses riso gratuito - se· é qi.:.e tores moderms as fazem e li brio do conjunto, que séja se 'tórnar clara, pois, por uns preciso que o comité decida nomes para . ver que tal pre- existe riso gratuito. Todo ri- vez em quando uma tela aca- substituído, e que um instru– li.nstan•es- haviamos sentido a não de maneira qi:e todos os tendida superioridade não e· so tem uma função, fisiol6gl- dêmica, para mostrar . que mento vizinho preencha, de ' ·~ xiste. Assim, npreciamos parti- ca ou social, e o conto de também sabem desenhar e fa- angústia de nos sentirmos editores, indistintamente, se- culartnente em "A desintegra- Origenes Lessa :faz-nos pen- zer coisas "parecidas", assim qualquer maneira, o vácuo perdidos. jam favorecidos, o que coloca- Origenes Lessa une às histó• existente. Como 'essa socieda- Esses magníficos festivais, ria o interesse comercial aci- rias humorísticas alguns con- de- é numerosa, precisa de um pela sua própria grandeza, ma do interesse intelectual, ASCAR p I DE IRAS d chefe cuja autoridade é com• possuem ·algo de solene e ex- mas ·segundo . o mérito real tos triS t es, como que dizen o: parável não à dos monarcas cfl'Qeional. Uma das minhas dos livros editados. Ora, o "etL também, qua nd º ci..i.:.ero~ 'lbsolutos presos a compromis• mais fortes razões de queixa titulo das obras já escolhidas · · · . sei fazer chorar.· ·" sos mas sim à de. um capitão· contra a . música mecânica é prova suficientemente que é A •J . 1 • • • ~ , Se O ?f-cirxculxo Li'terári"o" '1e navio 11m pleno mar, se- i f ·t · • t · tl d · s carp, e,ras o ,c,.a,s seguem o vosso en..erro ,ma- h · t t d i d ter e a e1 o cair no ramerrao es e o mo vo que ronma tem eni vista a divulgação do n or ompo en e, epo s e de todos os dias, tesouros até dentro do comité diretor do (ginário, • d. · Deus. O quarteto é uma so- então sábiamente reservados '.irculo Literário" . . Expres- livro, ª Revista. Aca emica ciedade mais restrita. Não é, depositam flores no mausoléu luturo .·. preocupa-se com um aspecto ao- embelehmento de ceri- samos aqui os nossos votos de inteiramente diferente da como a orquestr11., uma na- monias memoráveis ou aos qi:.e, para a prosperidade do edição brasileira: 0 da cria- ção. E' mais exatamente. uma dias de recolhimento. -Por livro bra,ileiro, sejam cada EstaNo l,v' ,'das familia. Há um chefe. e co- , · • · ção de um livro de luxo na~ causa ·da musica mecamca vez mais numerosos os assi- cional, e trata-se de um as• mo o pai de uma familia fe- d · 1 r pelos t d "e· 1 " • ,. e seus olhos de pedra choram como fontes: - 1· • t t e1xamo-nos eva nos- nan es o ircu o, , nao Sv· pecto que tanto como O pri• 1z, nao os en a as suas prer- sos caprichos, que não são, ment~ nos n:randes centros, rogativas, nem se coloca nnm b · .,. meiro me-rece atenção. O absolutamente, um 1 omd guia. mas também nos menores rin- Pairam sobre os leitos. Nos seus ombro• idea_I aqci será lançar textos ~rono, demonstrando sobera· Podemos ouvir a vora as no cões do país. • nia. Toma luaar entre os t d t I b I • • de. alto valor llterário, sobre " fim da ar e, serena. a~ ao Uma das mais recentes es- roam os ca e os mortuar,os. se,Üs. Não Impõe a vontade meio dia, ;; a missa em si en- colhas do comité foi a cole- papel brasileiro especialmente com o cetro ou a batuta: fá· quanto cómemos. Não gosta- ção de contos. primiti,vamen- trabalhado para esse fim, com 10 com um movimento ane• d f , d EI · 1 I o d O • tipos de impressão feitos tam- ria e tornar ' a a.ar• essas te editada pela Cruzeiro: "A as vos o erecem os sa m s a ag n,a, nas p 4 rceptível do arco. do · · · Já 1 1 lt t 1 bém especialmente, e com " miser1as. fa e mu o a a Iksintegraç.ão da Morte", de escrevem ·os v· ossos 1,,·thetes suicidas, queixo ou do nariz. um leve ·t A t d h • ilustrações dos melhores ar- respe1 o. na ureza o o- OFigenes Lessa. E.!'sa coleçao I I 'I • 'd piscar de olhos. e às vezes mem não aceita semelhantes merece que nos detenhamos dão-vos a cerveja ata, mostram o revo ver no eS• tistas do pais. Sem duvl: a. até, por uma cómunicacão in· de•vios -Aquele que pensa po- por um momento. Sabe-se (pelhp' ainda não é possivel rea izar 'f ta • d de.r. be.ber em cada refei,ç·a·o qtie os bx·asi'Jei·ros gostam de inteiramente ·esse ideal, mas a lima, ' upma mamdes çao t a Revis.ta Acadêmica já possui, alma. or causa essa es ru• um velho vinho de Borgonha, piadas. e contudo a literatu- 1 • turaça·o intima. dessa discre- . · f d · d · · E tN • t · • no seu ativo rea izaçoes que 1;'lcara so ren o e gota, e ,o- ra brasileira é, no seu con- · s ao JUff o a vos como convivas lhe fazem honra. ção no mando e na obediên• go /eixar_á hde ~:ler_aprecáar junto, uma literatt.:.ra triste, do mesmo almoço, bebem no mesmo copo, Eis que àgora vem juntar- eia, por causa dessa harmonia ~ia º~v~mse°m a u r::ziicf;° :~ ~t:: c~E~!~mt';;it'etfat~e~~ co,.,lrontam vossos cronômetros. São lúcidas.~ se a elas uma coleç~o de con- iaule ep!~~ifa,e~poq~~J!f~. ~~t t t b · tos de Carlos Lacerda: ''Uma en ano, se me. o r1gassem a Brasil", de Paulo Prado. Se to •mais do que a .orquestrai assistir, tódos os dias, a um Machado de Assis, Lima Bar- luz pequenina", ilt.:.S t rada com dá-nos a impressão tje que a grande concerto de orquestra, reto. cultivaram a ironia, foi No poço do caminho vos esperam, xilogravuras de Axel de Les- ordem não é inacessivel aa não suportaria tal excesso de a ironia espicaçada, a base vestidas de crepu_sculo, · kosc-hek: Se eu tivesse sido homem. É também prova qu6 1 . t • p b · d I · f chamado para dar um titulo. a rmen açao. · ara em sa- o comp exo de m r,riorld.a- essa ordem 'é a recompenss borear a mús,ica é preciso dar de. Contudo, Fernando ds mais geral a- esse livro, éha• das. pequtmas associações . muito de si mesmo, gastar-se Azevedo protestou contra o BUENO DE ~/VERA (Continua) Dois rapazes estavam sentados sobre a amurada do cais, e jogavam dados. Um homem lia um jornal, nos. degrall,'l de um monumento, à sombra de um herói que brandia um sabre. Na fonte. uma jovem enchia o. seu balde. Um verdureiro ambu– lante deitara-se junto a Rua mercadQria, e contemplava o lago. Nas profundezas de um botequim viam-se, através da soleira vazia da porta e das janelas, dois homens bebendo vinho.· P,bancado 1,0 terraço, o proprietário dormitava . Um barco aproxi• mou-se docemente, como plainando por . cima dágua, e entrou no pequeno pôrto. Um homem de capote azul pisou em terra. e amarrou as cordas entre as argolas. Dois outros homens, de roupa escura com botões de prata, chegaram, atrás do barqueiro; carregavam uma padiola, em que um ho– mem estava visivelmente estendido, cober– to por uma grande peça de sêda, de fran– ias e motivos de flor. No cais, ninguém reparou nos recém– chegados, nem mesmo quando estes depo– sitai·am a maca, à· espera ·do barqueiro, que continuava a amarrar as cordas; ninguém · Be aproximou, ninguém veio interrogá-los, ninguém os examinou com um pouco mais de atenção. . O barqueiro ·foi retido ainda um mi• nuto por uma mulher, que apareceu no convés, com os cabelos sôltos e uma cri· ança ao colo. Em seguida, juntou-se aos outros, e designoú com o dedo uma casa amarelada, de dois pavimentos, que se er• . guia à esquerda, retilínea, à beira dágua;, os carregadores pegaram seu fardo, e en– traram por uma porta baixa, mas formada por duas colunas elegantes : Um menino abriu uma. j.anela, viu ainda po_r um ins– ,.~, A no.,mpnn_ r.uno d.esa ar cendo na CONTO GR.ACO --· Franz KAFKA -- (Tradução do francês de MARIA JULIETA DRUMMOND) casa: depols, fechou a janela com precipi– tação. Por sua vez, os bat-entes da porta cerraram-se; eram de carvalho e minucio– samente trabalhados. Um bando de pom– bos, que até então girara em tôrno· do campanário, pousou na.quele momento dian– ·te da casa. Reuniram-se todos junto à por- ta principal, como se a sua comida estives– se guardada na casa . Um deles voou até o primeiro andar, e bateu com o bico na vidraça; Eram aves de cor clara, - bem cui– dadas e vivas. Num ges.to grande, a mulher do bote atirou-lhes um punhado de grãos; precipitaram-se todos sobre a comida, e voaram. para a mulher. Um homem, de chapéu encanudado e com fumo, desceu uma das r uelas estrei– tas que descambavam em declive duro· para o pôrto. Olhava em tôrno com atenção, e tudo o preocupava: a visão das imundicies se _prolongava em um canto sombrio de seu rostó. Nos degraus do monumento, havia cascas de fruta; varreu-as de passagem, col)l a ·bengala. Bateu à porta da casa., tirou o chapéu, conservando-o na mão direita, en– luvada <ie preto. Abriram imediatamente: havia bem uns quinze rarazes que faziam ala, ,inclinando-se no longo c~rredm.- 0 barqueiro desceu as escadas, cumpri• mentou a personagem e a co11duziu para ci• ma, ao primeiro andar, deram juntos a vol· ta do pátio, rodeado de -"loggias"· graciosas, de construção ligeira; e, à medida que os meninos I se comprimiam, a uma distância respeitosa, entraram pelos fundos da casa, em um grande quarto frio; não havia mais parede de frente; via-se apenas wn muro de rochedo, deserto, de eor cinza-negro. Os carregadores · estavam ocupad.os em dispôr e acender alguns círios à cabeceira da padio– la mas as velas não produziam luz algu– m~· somente as sombras, imovJ~s. pareciam am~drontadas e se puseram a _esvoaçar nas paredes. A peça de sêda fôra .retirada da maca, Um homem ali estava dei-tado, com os cabelos e a barba desgrenha-da, confun– dindo-se selvagemente; tinha a pele bron– zeada, e parecia um caçador. Estava deita– do, sem movimentos, aparentemente _sem respirar, com os · olhos fechados, e con~do apenas as coisas que o rodeavam sugeri!!,m que fosse talvez um morto. O cavalheiro aproximou-se da padiola, colocou a mão na fronte do homem que ja.• ida; em seguida ajoelhou-se e rezou. O bar• queiro fez sinal aos carregadores para dei– xarem o quarto; eles se retiraram, afastan– do os meninos, que se haviam reunido do lado de fora, e fecharam a porta. O silên• cio não pareceu ainda suficiente ao cava– lheiro; dirigiu um olhar . ao barqueiro, que, compreendendo, passou por uma porta la• teral ao quarto vizinho. I1tediatamente, o homem estendido na maca abriu os olhos, voltou o rosto com um sorriso doloroso. para o cavalheiro e perguntou: · - Quem és tu? Sem maior espanto, o cavalheiro ergueu• ise, deixando a posição 3.joelhada, e respon• deu: · · - O burgomestre de Riva. O homem da mar.a fez um sinal com ft cabeça e, estendendo fracamente o braço, designou uma cadeira.. Assim que o burgo– mestre aceitou o convite, ele disse: - Eu bem que sabia, senhor burgomes• tre, mas no primeiro instante, tudo flutua sempre para mim em pleno esquecimento, tudo gira em meu espirito, e é melhor que eu interrogue, apesar de já saber tudo. O senhor •também saberá provavel111ente que sou o caçador Graco. - Naturalmente - respondeu o burgo– mestre. - O senhor me foi anunciado para esta noite. Estávamos dormindo havia... al– gum tempo, quando, cer;:a de meia-noite, minha pmlher exclamou: ''Salvatore - é este o meu nome - olhe um pombo na ja– nela". Havia efetivamente um pombo, mas grande como um galo. Vo..:u até meu ou– vido, e disse: "Graco, o caçador morto, ~he– ga amanhã. Recebe-o em nome da c1da• de ... " O caçador a'provou r.om a cabeça, e ea- Contin\;a na 2a. pagina)

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