Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

D.omlngo1 23 'de maio de 1948 FOLHA DO NORTE l ' L ,lSBõ.A.. - Em 186~, o gran– de ron1ancist.a português Eça de Queiroz, então apenas a– ;prendiz d'e literatura, escrevia ao -seu amigo João Penha, poeta de ritmos ,maciços e á– l ie-0s. ,que em Coimbra, an:os antts fôra seu mestre e ami– go. recomendando-lhe que mandasse comprar em Lisbôa 01~ nó Porto o "Parnasse Con– tf>tn p01•a1n, Recueil de Vers N,ouvea1,1x". ponderan.:i'o tra– tar-!ie de "uma coleção de 1000s os.poétas da F;ança, de 1866 ,;·ara cá'' . 'Efetivamente, Jo~n Penhà escutou o conse– lho !lo seu "disc_í.pulo", com• prr.>ndo. pelo menos·, dois vo– Iun,r,s da fa1nosa coletânea de v e·'l'o~ publicados pelo editor .AJr-"'(>'1!Se Len1.erre. O volume 'r e"•?~ente ao ano de 1866 e o :refr,,.~,.,t~ ao ano de 1869. Fo– rar11 êstes, pelo menoi:;, os to– mos el o ''Par.ri-asse Cón'te.inpo– r air " qve a;iareceran, .à ven– d a. dP.')ois da n1orte do poéta das "Ri":nas". quando do lei– l ão r 1 a sua biblioteca. N'io i n,porta saber se João P e:-> ·.,_., foi ·um verdadeiro pa,r– n.:.si?.no à manéira dos pa,rna– sianas que figuravam no cé– lebre, florilégio. Foi lá no en– t anto. que êle leu. por certo, os nr •rneiros .versos de Thee– <10,c de ,Bainville. de José Ma,;á de I{e.redia, de Leconte de r,isle, de François Coppé. :por-tas em cujo espêlho crls– t a1i!'.'O lbe se_ria grato· mirar a forma plá~i:cà dos seus v ersos pobremente concebi– dos E .Jo~v .Pet.ba ainda hoje é <:n:nsldel'ado o mestre dos p a1·•1;,,aja,nos portugueses. O consélho de Eca de Queiroz n iio "ªtu em saco roto. Dc'"<"ando de ládo o proble– n1::1 rle saber se João Penha foi ou não um verdadeiro dis– c!oulo do Bainvllle ou de Le– conte de Lisle, o que impe~:ta é qu~ nós demos conta de que tanto 11_0 volume do "Pàr– !llasse Contemporain" referen• te a !866 como no ieferente a 1869 bâ yoestas de um poéta q ue Joiío Penba parece não -ter lido ou üão ter "compre– el).dido" . Com e!eito. en'tr.e ós • mestel!s par,nasjanos de "re- porta, a fin,al, é a forma, a al• químia formal. ' ' . • .oes Ia JOÃO GASPAR SIIv.I:õ~S ~ (Copyrig'bt E. S. 1. por acôrdó cop,. 'o ESTADO DE S. PAU;LO, com exclusividade para a FO~ll.4../ 1)() NOltTE, neste Estado) Não me cabe a mim fazer uma análise dos · valores ori– g.inai.s da' poesia de. Stephane Mallarn1é. A Cl'.íticà francesa tem 'ido longe nesse. esyuao. Mas o que p·or den1ars e sa- "Prose pour des :Esseintes", · ·mecasse a apreciar critica– bido é o quanto a expressão Nem lido hem estudado, me~te a estetica que .explica (le Mallarmé, . se encontra ln- MaJlarmé, mestre do .silnbolis; as ligações da poesia de um tii.oamente associàda aos ele- mo francês apenas indireta- poét;l do século XYU com a mentos verbais da líti~ua mente deve ser considerado ele um poéta do século XIX. france-sa. Isto quer dizer que mestre do nos:;o sin.,bóiismo n1estre das correntes poéticas a sua influência . áp~}lªI> ppde e, q-µando o foi'. ou se o ·íói, -por -gue estàvam produzindo e-m e,x:rc,er-se na po~s~a estr,an- . mais paxadoxal que isso pa- Franca um Paul Valé:ry .. e em ge1r a· através de uma ~o~pre- reça, foi-o sobrétudo na parte Portugal um Fernando Eessôa, ensão do seu caso poet1co. E da sua oora ainda de certo o nome ele Mallarn:ié, j?mais à crítica. principalmente à modo relacionada com o par - tinba sido tlistinguído da co)'ls– cri!ica, que a poesia d~ um nasianísmo. É assim que- em telação de astros simbolistas, . poetl! como . . M:~ll3Jme pode p_oesias como, por exempJo; onde as estrelas de primeira dever a sna 1rrad1açao profun gràrideza eram Verlaine ou . ., . -. . · "Les Eleurs" a qual data do ." ..o• .·e'as. na- 0 0 a•1t·o.r de •·1-Ie'- da além fronteiras, Por isso " ' . . ~"- . , mesm_o ~(ió cveio que seja chamado ~r:rnier Pa1 nass~ r-odiadé". Posto não se possa possível encontrar fora de Contempora1n , e em estrofes dizer que o esfôrço dos çri- . . 1 ·t· eomo esta: • tic<is da "Presenç·a'' tenha sido França um poéta qµe egi 1 • . d . d 1 ét · n 1amente receba .a designação "Hosannah sur les c1stre 9-t secun a o pe os po as e que de disciJ)ulo do autor das dans les encenso1i-s, a :e:irpli'cação da ci!ficil arte de "Feuillets d' Album:" , -a menos Notre dame, hosannah du Mallarmé haja enconh'ado q ue a sua poesfa se ja u;ma j;rrdin de nos linlbes! ouvidos atentos, o ee1io é· qµe ó l.V[allarmé, a pa~tir dessa data, repr9 ducão crítica do pr pr io Et ~nisse~ l'écho par les passou a representar em Por- caso poético do grande poeta céleste soirs. . fràncês Entre nós,· a crítica Extase des regards. scin- tugal,.., llll)at_ocoe:r.~entedi' anPt?eétif·c0 ª 1. · · · fll · t d · · · b ,.. que "e en a m . n-ão se ocupou da PO!:!S 1 ª de 1 emen es nim_ es. tida ~como dl!S i::nais avança- M'allanné antes do advento de . N 6 s pod; m~ enconti-ar . 0 . ~-dàs · e' ,da:s mais dificeis. É cér- uma gera_ção que j~ se el)C?l'l· ~~i· ;ie i~~~~ ~ 'ia~~~!: to que~ essa data já o,s únicos · ti;aya muito para alen:_ do s1m- recer em composi ções aé Eu- Pºf:ªs portugueses __ que_ d~ bolismo, e. 1nes.mo entao, quan- gênio de Castro na sua fase a-1.,uil) ~o~o _podei 1am te1 do dele se ocupou, não o f ez de considerada mais caracterls.- rec~;:>1~0 liçao d1_re.ta ,do autor maneira a entusiasmar discl- ticamente simbolista. Quer de,. L Aprés Mid.i dun Fau-_ P ulos Posto a l'.evista interna- isto dizer ue o MaUarmé ne estavan1. n~ Pl'=na posse .. : . ' · CJ. . . ' da sua personalidade. A ver- c i;onal ar-te ?ubhc_ada que porve~,.ura . 1m1>re~'lonotl dade. porém, é que, nenhum en tre 1~95-96, p~lo s1ml;Joli1:;ta os nossos s1_m~ol!stas_fo1 aq\te, deles evocava O nome de Màl- l)Ortu_gues Eugên;10 d~ Cast;o,. le Manar.me ainda nao de _todo 1 , ..., . dP. colab·or~ção com o critico desp:ren'd~do do 1/ormal1smo i:i_rn:e ou se consiv.er ava se\l oficial do n10:vin1.ento. Manuel decora_tivo dos parnasianos. A disci~ul~. Realmente, se_ Mal– da Silva G-aio, contasse o no- medida que a poesia de Mal- larme fora uma das de1da\i,es me de Stêphane Mallarmé en• la1·mé" se - vai concentrando de alguns dos fundadores da tre os seus colaboradores, nessa espécie "supralirismo", revista "Orpheu", o poéta por– nunca êste colaborou na revis- como lhe chamou Th,'Iarcel tuguês Luiz de Montalvor e ta nem ela consagrou qual · Raymond, onde a sublimação o brasileiro Ronald de Carva– quer atenção particula'r ~o es- das for1nas reduz _cada co)npo- lhp, o. certo ,e que poucos- co– tudo da sua obra. É -ce1·to que si.ção do poétà a um minJmo nheciam o seu · nome e pou– Charles Morice a1i ptiblicou ess~ncial de .jiali\'vras. os nos- cos ah(ibuiam ao çantor de um estt1do sôb:e" Paul. V~;lai- ~ó~ sirnbolist.:is ~ão-se_ a,fas- ''Les . Fletirs'' um· magist~rio ne, no qµal ~firma gu~ três• fundo <l.ele. Po.r 1s:50 tem de que, de fato, nesse momento mestres hav1an1 nut~·1do" a decorrer quase trlnta anos, êie indiscutivelmente exerceu: poesia francesa da época - para que o nome de fyJallar- l'lã,o tanto como inspirad"r "Villiers. Verlaine l;! Mallaf-- mé reapareça nas nossas re- que como exemplo. O caso d~ mé.'' lsso não p.arece ter ba·s- vista$ e o seu caso .seja io- seu impenetr.ável aristoc·rati– tado. contudo para que .os terpretado com -a singularida- cismo, tido como Mallarmé, poétas portugueses d_!! . então de que merece. . Na .~erdaàe, era, então, pelo mais· ip~cessí– - os poétas e os crftic·os antes que a rev1sta Presen- vel dos noétas e o mais puro ~ resolvessel_n l'I 1er,- a ~onYen~ ça~•. coPSagi·an{t~ _.Gon~~r~1:; ª d~~ =-~n,tistas,--4mpressf2t1ay::1 tar e· a adrr-urar o ·n1estré da quando do setl centenár.io , ·co- p~•o:fundamente essa plê1dade ô.e poétas . que a sl próprlos se consideravam ''exilados" na terra. Sim, ·voltando a insistir na nossa idéia in'ictal; os poé~s p'ortugueses, senhores de uma tradição poétic.a que é sem dúvida das héranças mais for– tes com :que con~a o nosso g_ênio •litéi:ário, mesmo qua-ndo vota culto à obra de um mestre estrangeiro. raramen• te apreendem dela alguma co.isa -mais que a atitude de· espí.ríto que _presttliu à sua criação, quando esta atitude é sobejamente expressa _em element_os valpáveis e em modos impiessionáve-~'3, como é o caso dó hern1etismo das composições de M-allarmé e d-0 ,sei~ reou.i:utaçlo isolan1ento de ar.tista: Tanto Ronald de Ca,valho como l.,u'iz de Mon– talvor, cuja obra mínTma e dei1sa, fe.chada e ina.cessível ainda hoje. nãe ocupa lugar condigno na história da po!,!• sia 12ortuguesa, receJ)eram; de fato, do mestre Mallarmé an– tes umà lição de- comporta– mento estético que de iden– tificação com os princípios essenciais da sua difícil arte poética. 1'01· isso,mesmo quan– do na revista "Orpheu", em 1915.. um Eduardo Guimarães publicava o soneto ' '$ôbre o Cisne de Stéphane Mallarmé", cu.ia primeira quadra dlzia: Um sonho existe em nós um cisne num lago de água pro.funda e clara e em ci.1jo fund0- existe un1 -outro cisne branco .e ainda mais branco e– triste · que a sua forma real de um tom dolente e vago, ~ estava tão longe de lVfaJlar.mé como na mesma. revista, no. seu póén1a "Narc-iso'', Luiz de Montalvor quando murmura- . . va: finfas! vós penteais o pa– vor à janela da minha alma .átravés da hora sombria e bela, ou :i:ionald de Carvalho, air.lda J).O. " 0 1'1.}heu" ,--dizw~ ctJeil de ll'ers nouvcaux", lã ap;,l·elie urn q\le, esfàva ilesti~ n :-do a romper breve com os ~ãn.ones do Parilassê e a a'SSll· mi:i: urna. posição•de isolamr n- , . ' ·\ to entre os parn!'s1anc,s e)l) ~ ple•io triúnto e os 1,lml)ôl istas anenás no cl).ôco, Sim, ,entre os Gl 'iutl.er , os De Ret~dia. os De Lisle, não fal.indo eT? ~áu– <telaire, que tambéll\ la figu– rava com "novas" "Fleurs du Mal'' ou em Vexlaine. que 1-á ti nha o seu lugar com versos que . ia1:1 .ç.a1;1in!J:q d~ . u1na m11sical1dade ant.1p_lástica,, um po/•ta pareciit · ali ~st.ar J?er– fei.tan,en-te. o.oµtra,r1ado : es:,e opo' ;n era Steph.al,'I~ Ma11,at';ffié– . 01--scuro. inéompreend1do, só. Mallarmé, que :nessa altura airA?. não :,e isolara dos pa.r– n a:,ianos franceses, níio pôde t .,.r d~soe1·tado a mais Hgcixa CUl'!<'Si:dade de um ooéta tjo plr &ticnrn~i:i te suoefiéial ÇO!I\O Jn~o l;'enha. Aliás. o poéta .de ••r ,· Aprés Midi d',m Fá111te" ai.nrla i'eria ele esperai· mui.tos anos para v-ir a obter •e-ntre n ós uma ate11ção que os Pl'<!· p .rios rrimboHstas ·portu,1ucses l h" não nresi~n·am. LJmo Biografia De Euclides Do Cunha Xiío queTo insistir numa id~hi que_ de há muito pa$SQU a ~<"1' aceita pelos próprios es– t;rnngeiros que se ocupam da. nossa Jitexatura poética. R.e·– almel'rte, ,os nossos poétas 1~m m :;,l os .poé,as estrangeiros. Pouco cultos. reg-ra geral. mesmo quando eultOll, são-no <lc uma form.i particular: se se "deixam influenchn· pelas -teor ias poéticas, ficam \ l1SCl.1· si-ve is ao toque direto ela J'or– <ana e da insuiração dos scns ~m1.1los de o·utras línguas. É assim que. ):!odendo encon– t rar-se entl'e os ~mas dos nossos simholistas, os m.esn10s te1nas glosados pe1os shnbolis– tas frárrceses, apenas naque– les poétas que menos glosa– mm êsses temas é possi'vel d escobrir verdadeira sensibj- . l iõa cle simbolista. Sim, MaTiai:mé é um dês.ses IPO:!tas que muít o clifícilm~nt e !!Jo-10riam ter agido sobre a ~ 11- si bilidade dos .nossos e, pos to ce, ·f.os dos seus t emas se en– con tre1n µ-atados por alguns :poétas portugueses - :é o e.aso do tem<1 de l l ércir,11,de, que Q !J'losso Eugenio de Castl·o glo• sou na :,t\ll- "S.al o~ré" - a ver~ '<:Jade é CJ.U.e os temas são em Matlarmé o menos importan– te: o que na súa poesia bn- aes nossos olhos, ~oj~, a sua pobre e comu-m b iogtafía se transf,igura e engr andeçe -ao c.ontacto das citcunstãncias que envolvem a sua persona– lidade c1·iadora no pla110 ,a.o mesmo tempo 'da ciên·ci.a so– .,l!ial e da ar.te lite1:$lria. O si-.. Sílvia • Rap.elo, . OQ~– pr~onderido nat.uralnien.te- e;;sa valorização mágica do que foi com,1m no homr.m por efêito do que foi' extr;;iordi– nâri-o no escritor, fundiu, na ,estruttu·a do seu l ivro, a v·ida e a obra de Euc1iâés âa -Cunha, de modo que as linhas se cru– _zam e se projetam par.a \LTO bem suc·edido efeito dé carâc- ter-izaçã() -psicológica e li'terá– ria . Assiro, a:s p:dineh·as págí– nàs. -déscxevendo a men.~nice e a juveht \lde de Euclides, os se,u.s désajustarn('ntos e con– fli.tos ccim o n1eio, a - instj:i.bi – lidade ctas suas condições de existência, servem de prepn– raçíio ao leito~ -l_)<1,ra e11co_o· t.ra.r-se em segl)~da · com o i-e– pqrter genial do e:pjs ódio de Canudos e o intéxprete soc~o– lógíco de traços exp1:essiv9s das "sub-raças ser tanejas d o Brasil". l?ol'que, afinal, ss não se exprinüu ];,uclides no tor.- 1·eno ela açao, com ato;; re– tpn1bantes ou feito$ gloriosos, a_V-erd::icle é que êl.e se aprc– seqta -ltites de tucló. <:"orno uma g_r;mde e sj)lg'\Dal' per– sontilldade. a.firn1a1)do-se.sem– pre contra o so!ri nJento e a infolicidade, con1plexa. den– r,a, ·h •;igir.a, ui:i1a das persona– lidades mais vigorosas e ca– r acterisadas que já tiven1os no ambiente brasileiro. Já .Afrãnio Peixoto assinalára em 0.s Sertões ·"a personagem -sjlenciosa _que ·não se descre• ve e está sempre presente n:aq_nel~s páginas", aerescen– tauqo: "Não é -livro de histó– ria, estrategia ou geografia, é apenas o livro que co:nt-a o efeito dos sertões sôbre a a1:ma de Euclides da Cunha'' . É tam– bém pela valori2;ái;ão da per– Són:a.l i.dade do autor -que o sr. Gilb~rto Freyz,e começa o seu estudo da obra euclidiana: ''A paisagem que t 1·ansborda (Conth1uação rla-1.ª pág. ) de Os Sertõés -é outl·a-: é ai.' maiol'es e -brí111a11t,..s efei– aqQela que· a personalidade tos se houvesse~ insistido com angµsti.aõa de Euclides da t11àis. inte:11sidade ·na si.gilif~: Cuí'l-ha' precisou de e:x:ageL·ar ca:çãQ d~sse encontro. Pois para cçmpleiarase e expri- nunca .um a-l!tor ; um assunto n1h·~se nela: -para ;;ifirmar- pareceram:.. tao te1tos, .u~ para se - jt1nt9 com ela - num _o outro. Sao ali - Euclides e todo âraníáticamen-té •i:,rasi- Catnidos - co1)1e duas partes le~i::o em que os ma.ndacarús que i;o completain. Sabe-se· ·é o s chique-chiqués enfram gue utn grandé homem de p~rã fazer cofrlpanhiá ao es- ação.. pode viver e n1orcer, çritor solifàrio, plirc11te dê- ct~sperc·ebido e inútil, falha• les iio apêgo_quixotesco â ter- .do e in;ipot-enJe, qu~nd.o as r1;1 e na coi·agem de reiisti.l· e suas faculdades não se acham <teclamat' por ela.;' Segundo em harmonia .éom a s1.ra época ess-a mesma vis•ão d.i perso- ou cóm o seu.. me~o, ~uan~? n:afidade no ccntlfo da obra, 0 Jtl e ~-alt1;1 a opo ~tµn.da ~e . s,r. Sílvia Rabelo apr-escnta , ':t:3:mbe~ como g~:antle ~sçritor nos dois primeiFos capítulos oode f_1cl3r obscuro e . ir1:eve– os tra(:os marcantes dá figú,ra lade :Porque . rr.ão tenha encon– ainda ',irrevelada dP Euclides ti~ado ou .sa)nao ,escol11er o seu ·e no terce í.ro capit'::lló u rp.-a assunto,. Sem ~ cam.panha d~ sf!)tesc d<;l crônica de Anto. C~nu~oi, ~onJetu_rainos, ~u– n10 Consellieiro e do fent'.rne- c·hdes estarla mutuado ou 1m– no sodial em. que o "l3om completo com·o a·utor; sem Jesus" foi ao mesm'o tén:ipo Euclides - sem o seu ''livro ,c11iador e criatura en1 Çanu- •Vingador" - Canudos seria ~os. No quarto capi tulo - um ·E:p!sódio já esquecido na ' O repórter pe guerra" - ei1- i:11ernor1a dos hon,ens ou l.e-m– contrarn•se afinal o autor e brado apenas en1. al~iunas li- o seu asi;unto. nhas superficiais dos c·om~ · pêndios de 11.istórla do Bra- S em dúvid.i, o sr. SH,,io s·1 A i· • d 1 . • ss -m, quan o cornec;a a Rabelo poderia ter alca.t1Qado ca 11 !panha de Can1.1dos, êle de 1 \ • (Especiml pa1ta a FOLHA DO-NORTE neste· Estado) Caminhar~s tranquila no -fin_al do · sangrento cre– lpúsculo! ' Prepsentirás a absolvição dos pecados na cidade ,sem pôrto ·sem .mulheres sem vegetação campo dos so.ldados desconhecidos! Ouvirás os toqttes dos .clarins qt1e rétornam o. r1.1far tão longe (los tambores . que se perderam a malicia dos ·sangues congelados, o gemido dp r.o-oTto exilaclo! , 0 j.c,. .,..,.,~ ,ua... ~ o ~ ;-1,· o. FLOlliIANO JAt?.nt; · Íonge se. volta para o aconte• cio1ento com o á.rtig.or A nov-a Verul é ia, publicad.o ·e1n São • Paulo. Fíliavaase ai, v-?ndo-a estreitamente, _à interpretação convencional e i:nomentâ,nea· dá insu~-reiçãe dos jagunços no· interio~· da B_a'hia. Foi . pre– cisô•que· contemplasse ~ - per– tó "a tei-ra-; o homem ,e ·a luta"· em Cànudos. identific;indo-sê com a miséria d.os véncipo$ e voíj);j o con1 bori·or a cruelda– de -dos ,ve1~c~dorés, para -q.ue s.eníi.sse· a(! uele fenôn1eno so– cial em 1:ôda a •'sua exteusão e pi:o.C.undidatle. E de ãê.ntro do 1:;.,oórter saiti o cientista soéiai, · o .éscritor iÍ.:rdi.gria'do, o ppet-a ,estuarite de. paixão, 1:e– volta$ e i:mprec.ações, tudo à expi-ími.r-se atr.avés de l:tm es– fjlo ·de fogo. O capoçlo que êle era - e até· n·o físícb:-'– "·os cabelos duros e corridos, os mafares salientes" - ·en--: contrava-se cor.Q a SUíl pró– pria· rãça· em Canudos, O ho– mem agrc-sté. àngu::;tiado. ina– daptaqo nas gx-andes çidades; era nãguele tempõ o único-es– critor brásileü.,o çapaz de compreende_T e . senti.r a .sig– nificação interlór do fanatis– mo qué reu1.1iü ·e1n tôrno de 4ntônio .Conselhejro os ja– gunços do 1episódio de, Canu– dos. Euclides da Cunha tinha p.irf~ít.,u~ente udequados pa– ra O sentilnento e a il1ter– pl:etação. dos sertões o tem– pei·amt1nto, a- .estr.m.ura étnica e n1.oral o estilo literário, Por isso, 0.11 Ser.tóes são ao mesmo tempo \lm ltv1·0 pesi,oal e im– pessoal de maneirà particu– la1·issL'l1a, O esWlo de Euclides da Ctt– nJ1a - , sop.retudo o estilo de Os Sertii~s - ê outro aspecto que merecia ter sido mais .arn~ plamente cst_1.tdado nesta à.d– miráve1 bio~affa euclidiana. EstUdo aprofundado e,n ·fUn– çâo da sua natureza humana e das ex'igêrtcias do seu as– sunto. É certo que o sr. Sílvio ~abelo dedica alguns tr.echos ao ex&me· ·d~sse estilo {liJ).àJl, tão disc1~ik'lo .a doopcµto da 1,ua i,<:lfse11t,i-viê'l g~ande~a, mas .<Conclue na za. pasb.ai) a,a Página F:ujo de mim coro.o um perfume antigo foge onduJapte e vago d_e– um missal .e jutgo uma a1m·a est.r!l– nha andar comjjo, diz.e'iíào a~~u.s a uma aven- tura irreal, · pois todos êstes "<\lscipUlos" do célebre poéta, francês. na sua, g'ranae a:dmir'agão -pelo mestre, não p odiam 'ir alé'ln <la assimilação do qu~ na poei.,ia dele' era ·obf'etiv;o e corounká– vel: o requírite, o h:ern·,etisnio, o aristocraticism·o, a escolha 40 tern10 raro, a familiari<làclE éom os cisnes, com as quime• .ras, com o.s faunos,• com ·;1~ nin fas. A lição ultima: da sua poesia, ou seja, o extrem.o in– telectualismo dela, p.ois 02 poesia de Mallarmé, sobretu– do na sua fase posterior à "parn,~síana" , o'pede cia a u:n.i depuração condensadora das imagens e dos vocábulos, a . ·um xadrez mental apenas ac·essível aos qué• pu1essem acompanhar, abstratamente, a rota Qíl sua itispir~ção, ficava fora dá, latitude .espirítual dê.s– ies p.oetas, os quais, como poé- , tas port ugueses que eram, des– conhecia.m por com.plrto as V:ias l'!e acesso à -poesia por uro lado contrario• ao da traitrção nacional: o lado intuitivo ou emociollal Isso estã bem cla– r o no confronto que se possa vir a fazer entre vers-os como o famoso de Mallarmé: . "O mirou-! Eau froid_e .par 'I 'en-nui dans to!'i cad.re gelee'\ , e o jlrl citado "Ninfas! vó~ penteais o pavor à j:n1ela'', onde, in.contestavebnente. o recorte é mallarmeano, mas o cou,teúqo não, poj s eu·quanto o cei'iteúdo poétic9 do verso de Mallariné é de ei:;sê.nci-a in– telectual, o do verso dJ'l Mon– _t.alvor ê de pura essêµci.a di:a– mática e plastica. Isto prova que os dis.cipulos port~gueses do poéta de, "Uerediáde''·. ad– mirando, como admfravam, a beleza elíptica dos versos do mestre se encontf llVam em co.ndições menta~s que lh'es não . perm.ifiam. acompanhá-la J:1a s\.'ia cristal ização uoêtie\}. Por isso mesmo, e por i:naís , . para.doxal que isso pareça, o • único poéfa que ''.repetiu": târve·z. enti·e nós. a "a:v-entu• r a•~ poétiea de l'vlaJ.!arn1é fol aquele que apal'enternebte mais ,Jo11ge estava _de toda a poesia franaesa, pois. por cül– tura. e form.ação mental, era u.1n espirito a111;lo~saxônico. ·Refiro-me a Fernando Pes, :soa, o n1ais intelectual dos .poé– t as portugueses. Na obra des– te, sim,- que se reflete, JlOi: ve– zes, e ~r~as à interierênciá ela licã-0 de ur,n n1·estre comu1n; EdgaÍ· Poe; o gráfico. intel~J;• tual dos. versos do· :poétâ q\\.í; escreveu um di'3: · "o r.~v~u~e. pou.- que j.E p1onge . Au nur 'ül 'li.ce -sans. ehemi11 Sael1e. par 'un snblil mon- , ' .s1:nge.. Gnrder mon• ai;es dans ta nrat-n,,. "asta para isso ler e$"tes ou– ti·cx; escri'os pelo punho do nossó Fernando Pessoa: Onde que, enrolada, t"o1rqaG. Pequena, ao mar que te trouxe E ao recuar te transtornas Con10 se o mar naJa fosse. \ Nos 'ilét'sos dês.te nosso poé– ta, posto ·não baja qualquer dil'.êl;a influência de Mallarmé, há, poi-ém, aquilo que eíe.ti• vameate se não ~li 'éont.ra n.o~ que e11tre nós m<1ls ad•mi:ra·– ran\ o ~i·at\de alcfl,µmi;ta da poesia ftance,sa: uma. i:frfeli– gêl1cia abrhído caminho e.nírt! imagens. sim-bolos e e¼-p1'es– sões do· mundo até ai 1?:rd'etrd.a– dos à puxa seusibilidade, à áonünadora en1oção., . Alt1e.ia ao gênio , da nos$a poesia, a meusag.em 4e .Ma),larmé, es, sencialm.ente cerebral ; n ão J?O• dil). abrir horizontes .L\OS nos– sos .l)oéta:s e:ssen.cialmehte sen– sívei s. Por isso mesmo Jter, nan,-do' .Ji'-essoa; caso ex.cepcio, ·nal na ljistória ila ·nos.i;a l-'JQi>,.'.– sia, posto não seja uin dis'ci– pulo de Mallarm.é. se nos .a.fi – g-Wa ser o ú(Úco poeta por t u,, guês em. . cuj_a personalidade ta~vez se tenha "1·epetl.cto» o ~•ro.ito" poético que o, grande éscr,itor !rati.eês tentou .il~;. p li;mtar n;;i. hi~<$ria -da i) ,v.en • ~,u,a po6tiea m14-~dWi, . - •

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