Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

FOLHA DO NORTE Doxµingo. 9 de Maio de 1948 ') o , • ·otRETOR PAlllO MARAl'i!HÃO • : vélha veirdade essa de q,ue um I1on1e,m, e mais Jilartieularn1en– te om éScJ:itot, pode ser jul– . gado }relo catálogo d'!? suas ad• mira.!;í:í'es; ,quê ·uma espéc•ie d.e SUPLEMENTO novo provérbio podei:ia ser 1 ARTE 1 · · , .··· , . 1 L ... i_T._ . :_n_. A_T.._u_n:_·_11 cxiado. -rro· gêner~ d.e "diga-me 1 J,. que'n1 adm.í:t'as, dir-te-ei q·ue1n ------- é~:: 't certarl-rén.te uma velha ORIENTAÇÃO (}f , -icrdade: mas< não sei que já , feitlia sidõ_af!ic.:i;é!a: ~entl·o dum certó ésp1rrta Efe s1stf;lrna. co– lho um dos métodos possiveis ifa eritícá, literária. HAf.l.OLDO MARANHÃCJ ' lJOLl'lB'OltADORES :- Alvaro LltJs. Alurul-0 tto .rna. A:tn1elda it,tse11er. Alpt,unsus· (le -C~llin;la:racns f'! · lho., AugtrSl(> , ,.redc!i:ICo !:l(}lirflldt, Aurello Uuar~ue dt •rotanda, Bcnedftu !'ilune-s, g,t-uno df ~•tru. ... u,s. ((orlo~ nrummond' de' lludrade Cauby· Cru:t. e·e~Ub •Metrete, ,. ••Ct! !\feira Cfeh l:$t\rnlltdo• C:vra dos llnJot. (Jarro~ f;:doardo Oanle-1 C'oêlb<> dP Soti~a . (1 t>"áui o M'endes na.rlbaldl Brasil flarotdo Maranhão Joá,- Conde , ..-v:, flá,H de ~toura L~d•> lve► Jose Lhtà ft<• Rfl:,:u ,flâo M'enlles. ,\.larque:< ftcbtlo ~11,riu f'lhtstln~. Ma, 1ive 1 8:unlefra, llta,r Mál'Ílhs Maria lultéta. Mttrll o ~•endes, Orin-ndo illtàr (1(t11 Matta Cal'pf'ault. Pnnlo P'linto AbrCll, R. de Scn~,l'I ~ilU'1"3, R6g-er l'llil'lttfle ftl , pamar de Moura 1 l.\uy Coudnhn, R1ry (hdlhf',r:me 8a• 'ilta, Sere:ln Mllfuít Flultau:1 r.e...,, e Wilso" M:i,rtfns .,..,, •51!• a •••&• :use •tM?M 't: s a; , aa IMrnP41• • .a;:, ; 9: ➔ PINTURA CHINESA • (Co1Mlh1sno ifa útthr111) pintura; e ni; coisas invisJ- sentam o mundo su'sl,lénso no veis, o "Tao'' , tól·nam-se vi- ~spa~o sem ,!ulldo. O olhar síveis. clo e8pectadó1• já não peneti·a, A vlsuaU1,al)ão do invisf- partindo do prlt:ne!l'O plano. ve) é 1:eforçada pe1o con- no funclo: olha do centró traste das coisas dêsto e do psra todos o.s lados, para outi·o mundo. Dai a prete- cima, para llalX.ô, não eóoon– :rênoia pe}ós ralnOS nú$ das tta11do fins - nem sli)da, O arvoie11, isolados perante o 1:torizonte, nà . perspec!iva, ,féu , inf~1l'Íto, sereno ~ vazio, sobej a téU , pct'f1eu o 1111sté• Tqda · qµestão· é lã. sobretu– do sé pénsa,rmos que nesse terreno da:s· "admirações·• e– xi$te muita cors~ pouco si,n.– cera, n;1uí tAs i.déiQ's CJUQ tios imwon1os a nós rnesmós po1· tôr!:a de eotusi11sm1>s secula- , res que r:,n:ameute 110s tl'amos o trabo.lho d<'I vetifica:r pes– soalmente: auantoS' dos-. que não econon1izam louvores a Dnnte ou Shakespeai:e. s'e não a Homero e E!lquilo. q1Ja1,toii dos que d·csmainm à sim,iles, mencilo do 11ome da Jo'i:ia s~ ~itstíão Uanh. quantos dos gü>:i j1jJ{!am duma rorma ou de ou– ti II o pintura mode,rna ou n ahtiga, poderiam emitir seu.li jujzos em consciência'! Dul o caráter maJs ou menos osgue rcàt1co, e as curioSlls reJ.)C!ti• <!óe§ QUO !!e obliervam. pnr e1<empl<1, r1att ta111osas "en– /'túl!Ltf!s'' doil dez JIVl'OH 0(1 dos dez discos que $/e lovariom 15aJ'i n ilho d1>sért11: e11f,t•i1t1ha Í1hU, povoada dl' palàvrall o ,de sõ,ns Q1te ab$oJtttamertt<l', nâ'o c"onstituem o alimento tllârio da maior parte doo e1Cilado!I 1· 'Mas, énfin1, claS'êOlltitdM éS- sas pai:eelas <Je q_u~ éu cha – rteria ele ' 'admí.ra ~&es cúliven• filonais 1 ' (.que nadà ~mpcdc ~éjarb. em c~cla caso pe$soat. tO(almétité sirtce'l'à~. be.trt que de poderia conhecer proft1n– damé-nfl? um h'õmem ,pela liS– ta das coisas; dos non1es, das ol;>tàs,. das at'ivitlàdés; qu,e lhe toéiilm a se1{aibiijdade e ó es– pírito - e se ês!le é U.tl 'i mête– d◊ .ciue só se pôdei:ià empre– gar na crflic1;1 eón:i ós r.naioi·és e)J:.tte,t\1os de cuidado ê eh·• e,1Jnspe~ç,ão, qué · adntbzâvel maneira, no ()htarttti, de jul• g'ar os própri:ós críticos! Por• Q,\~e se um l'Qm:ttnclstà podé defender-se at:rás de meia– duzia· de non1ês distantes e An)I)lia-se à petspéci1va, O rio. tyol'ctuc -a própria vlda ,;e ,olba.r, do espectadór pene~r~ tornata misteriosa. A atn1os– nos ;fun.doo ao quadro; a v1s1- teta- fica clara, A aparente bi lldàde diroinui'1 obscureceri• cUnfusã'.o .da ar~uit~ras, dis– do-se à atmosféra pela dis- persas pela paisagem, ~e-de • à tância. O· infi ruta dos í1tndbs compósiciid r igor ósa; r,iJ<>roi;it ê, o ,:Vgrdad'eh·o ,tema da p'in- e irnle~ível con10 ~ l,uroc1·â– t ura, chinês~, Wo . prime'!ro e-ia, incapaz no .entanto de µ,la1)01 não ha _onqs1çao entre mãntcr a orden1, Rcu: uma es– Espftito. e Nàfuii-aza, enti,e pêcie de im'.l)resioriisn_io. pi~tó~ arquit~tura e ;J!Oi!iageip, tudo tito, corre~pondenta a 1mpro– é "ca"minho", af.ravés de tun1;1 visão da.s solutões' polftica$, aparente confusão clê. casinhas tli'ssolvern-se_ as forn\as 1 Est~ e' jat'dins, pontes e colina!I, pintui-a da sel!unda época é ribeiros e murolJ - tià Vér- , tiluíto n1ais iqílic,~ dó que á daélli, µffi befn . ~rg;1~izàqo ~ã prim~ira..Mas é idiliô, il\1- 1'-1:eus .mortos aivagam D.epattàh1énto de. E~ttáoas de sório, fentativà de evad1f..se np., pais d1í il1soniá, Roda~e1n, buro~tac1_a . re_sse• da confusão lcafka.íatia dé u~. São pensán1entos puros gur.àcta pelos entendimentos tnilnd-0 diábo1ii::an1ente, buro- 1iia!S vivos no tempo. com .6 I!hperadoi:' • e éo,m os cratizado. É ' a inv.àsão da' an- São parentes, passaros, demônió!I, de n1odo que nul1- gústia. · mulheres envoltas ca se perde 'de 'vista o v.erdà• , A i.riteligênci~ ~hin~sa, em em v~us e remorsos, a·eiro éart1i11ho, o pará os úl• 'fàce dessa angustia, e capaz um .gato nos trilhos,. limos fundos, <l ·'¼iminhó"; Ó dô mesmo "esprit" , q1,1e Ka~1 Ulli cavalo 110· incêndio, "Táó''. , ka empregou par~ demoralt• a professora doidá Assim a pintura é!hinesa zàr o "inimigo''. Flistoi:ica• · no eiipelho fântáshicó. foi :tnais ou menos àtê o fim. mente, o coníucionisn10 ra- · · d.O século XIII da nossa ~ta. ci'onal dos estaaistas da pni• Que alegria é .essa Se depoi's .mudou, nãu se tra- P1!Hra época foi substituid_o · que .!lle deixa pálido? •ta porta11to de nostálgia de ,pelo taoismo desesperada- São os colega$; brincam wn idilio perdido. Os · ehiné• mente · mistico da , segunda, num pátio ap;igado. ses,: se nãQ são ·racionalista-i, época. Recenternénte un-i · in-· Córupaúhej:ros mortos pelo tt1énó's são homens mui- telectual moderno, ·,Ch\ln- no desastre. L'onge to razõáveiYi lúcidos. NUfiCa Cli,an-Yeh, defe!}deu nu,m., ai:- me convidam: v.em ! · · l'l.e perde'ràm em ilusões qt:arr- tigo. em "!"fé\V ~ pt!itesman .~ Não Jh1fs vejo os olhos, t o a ~atUrez;i pre:Cár.ia <Íós Nation" a têsé -dé qlié tôd1s 11ão diviso as faces. enteud1n,ert,tos .com os demô- o!: intelectuais oni'neses co- São :i:iguros 'cégas mios. éottesp-ondenteinen-te :i'iteçam como juristas· e con- oü meniôos mágicos? :nunca éon1iaram muito 11a 01•• iucionistas para aêabârem • gaí:úzação buroérát.ica dêste tacislas e ereniitas.. É a lei tlã ~undó. Sempre souber_a.m - 'decepção, lei psiéél(,giea, .-'\ 1 ct\té o, homem ocidental grande tl'ansform;1çã:o . do Na câmara fria ornada. de afetos, sif1to a1guéil1, percebo - que esse alguéni me faln Fecho os braços: nad~. estendó a mão: n)n,guén\ ·Não é anjo ou e'sp'éctro nen1 é côrpo, é a liiz . m-e éhamando: " :fülho ". Corro ànsioso; a· VOZ :;e afasta intoctivel, seu brilho se perde 110s porões noturnos. ).ie,rt~s estàva apreendendo; rri,undo ehi11ês no sécúio XIII l pártir'ão sécul\:l XV1I é fi,Ç,a ii{to ·. parece caus'àda -,- e~– •behdo h:ojé - qu·e o pro- (i\ta-nto nossá Coillpfeerlslió 11• fi~•io Dia_bõ é çaP;:fz. dç, fànta- n1í.tada ehega a deJvendàx, o piar-sê de 01·~à1!nzatlor buro~ àssul"!to - por ~r.an (le~ tta:1- ~râtico. Ê ntãó, os d'-emônlós' s\cpês ,t>olítlca'!; é socla1s "11:lm ·Jlão óhé-decem mais .a legis\a- re1igi9sas que fique.rh regis– §ã-o ein vigor. O i~perador ttadai; nos • ..\.nai<i. O mtmdo reina, mas já niíl} gov~rntl. ó m,udoú, tó'iló. , m iS!!ô' -~ê ma- . cão mól:te de fome à porta 11ifesta · ií'ôs quadros .do's pin– do 'ãeu dono. E e.nfitn móvre tores cb1lleses, expi,essões de 0 p)'óprio dono; . p.O ê'ab:linh_ô, \íma· sensáçãu, diferente do V'a.gos habitantes mas fota do cta1ll1nho. E a-ca, Uhi~tso 'tlesõ),'ganizaâo. A.11- çl::.s clatas superfíeles, ba O· 11):U,!19,0, , à ' • Í~i (}\letn olhou P!3ta Um qU;:!- 'ilãO vos àproximeis. É •conecid¼l a pr~1~çao. ~e tlró tbinês passeava .por mui- Déi.xai 'quê me deQ'ruce ·Kafka ,pelii,s pari'b'o\a,s 1 ch1Jilé- té~ hor.izontés pata chega1• ao illcaút o sopr'e o poço, sas. ·nos se'us ptõpri'os contos "'l'ao". ·Agora - como na pa- . o. , pérçó infinito al~góticns, muitos se -~aSJ?an~ i'.ib·oia de · l~atka· - ó mensa• onde as pédras rolam no "Imi;ié,l'ió do e .entro'. 1'.IJa's geiró ,do imperaçor ,nal con- mas nunea i;e escuta ~ste últ1mo apelido. já s~rve segu-e passai.· pelas ih~mer_as o ·001uço das pedras". __________ ..,.... _____ .;;,_ __ WlLS'ON MARTINS (Copyright E , S. I.. con1 ex.clusividade: -paxa DO NORTE, neste Estado) ~ FOLHA em torno,,dos quais os séculos acumula1·am toda a indestru– tivel argamassa dos mal– entendidos - co1110 se eJCpõe a nú o critico que durante anos ptibHea con1 ai:rõjo e de– sinterês:;e as suas opi,~iôes, os sws gestos. os seus julgamen– tos! Pe:illava justamenl,c r.tss-o qunndo encontrei no .-studo de Sainte-Beuve sQbre De Bo• nnld esta fi·ase que r('suroe admiravelmente a ouestão: " ll'm escri tot·, segv ndo nenso. ni'io e,sta,rli han1 de!lnido se– não c:n~ando lhe 11on1eannos ~ cllstingui1·mos ao lado 011 seus p,.6~ iillos· o os seus con tr(l. rios" Os próximos. serão não só os que se llos assemelham pnr i;elJ'.s interf)sses e convie• ç,ões, os, oue pe1·t.11neem à nossa "f;in11li1;1 ~splritual". p a– :r11 usar uma e:ocpressãó e um;;i idéin qu<! er1'11n cai•ns ao mes- 1no Sainte-Beuve, mas tam– bl¼Jn ttquê'Jes que aélmlramos. ainda que seja verdade 'º que não n1e parece) que admlra– n,os nos outros as qualidades que nos faltam; e os contr~- perspic~cla de observar que peTco1·na. por vezes, perigo• sos camin110s, pcJo menos ca– m-inho9 ·pelos quais um criti– co, !';C , der.via de sua função, ·e soube ;Justificar-se ao dizer cr1re nada lhe era tão penoso "como ver o desdén1 com o q;ual são tratados os e:s<:i-Hores recomendáveis e distintos de segunda 01:dem, con10 se niio houvesse h;~ar senão para os de- primf'hn". Mas era apena, ttmn f·,-n{ati')a de !Jnsvi~r a atencão de s.ua ,r,-ande falha: poroue Salnte-Beuve, se :u– tm1nns vezes tratava desses escritnt·es 1i1cnol'es con1 plena cons,.;,;ncia do material com que lidava, in(1meras outras :re;comcndou à oosteri.dade no– mes e oh,·as que não. merece• ram !lf'nã,o o mals con:tPleto esquecimento. Isso ~n1 fala,; "ª i:;rbra de hlst-0ril\do1• que Sáin~e-Beuve fez na maior parte dos l'..nnd"is: nesse ímen– s.o e por cent◊ tiprechive'l le– vantamento dos séculos 17 e 18., ((Ué ÍOIJC comnletàmei1te ao exercfcio .w, crttica Uterá– r i'I\ "Ci'Opri.imcnte djta, F.sta, 110 mci1 entender, con– sist~ sobretudo o ante11 do mais uad.a no CRtutlo da11 obras dos conten1po1•âneos, e llêsse es– tudo Sainte-Btauve fugiu auan– to pôd!l. 1;eja por sua conheci– ela ho~tilíd,ade contra o Ro- ' - f."ri do início; percorrendo um a um os retraUYs morais que en·chem as C:i.ttseriés du Landi, teríamos façilmenie o rétrato moral do pr6p1-io Sainte---Beuve, e m:aio,r prova de que êle foi crltico Jit~ri>.rio menb~ do que tudo, teríamos jUstáplente no 'fato c:l'e que o es:f;udo detàlhado de sita obra. nos !orneée o seu rétrato n10- ral e não o seu l'etra:t:o literá– rio. Nen:nun1 critíco (\e,nUcuciou o homem mais obstinaà'ârr..en– te, maili inclis:fa1n;:avelmence: é o pr6prio Sainte-Beuve que salta de certas nâ,.~inas. co-m suas opiniões qa vida social. seus preconeeitós, suas ldeias polític_!!S e até. por ve:ç,f'S, as in:flexees de Sllll voz-. Quem passou toda a sua vida nosse trabalho de retratistn mo~ttl, quem íulgou os poetas pelo carâtt>r e, os coTtezãos pelas men\Óriíl,s e pela co1·rcsoon– dêiacía. be-m; merecia, afina-1, essa derradéil'a reco.n1pensa, êsse i11,esperado r~sultaclo de selis ensaios: é o caráter dtj Sainte-Beuve que predomina en1 sua critica, obséuTecendo, diluindo e amentzà:ndo tod'os os seus júl~arnentos lite1·ãrios. Com todos os outros c-scri– tores e principalmente c◊m todos os outros cr ític,os um:1 investigação semelhante po– de1·ia ser teita - e m\li.tos jul– gamentos convencionais, mui- 1.os <los "respeitos humnnos" a que os crlticos são patticu:laT– mente expostos. seriam· qes– m1J,sca:rados pcJo sJr11ples co– têio ,de duas opiniões incqn– ciJiáveis. Nã,o que obras in– calculavelfnente dista n te s tmra das outras não pos!!am ser compreendi.das e, 110 caso,. amadas por u1n rnes1no espil·i– to; mas porque um espírito que ame um cexto tipo de grandezas, digamos assim. sa'– bel'.á deiwrezar, -r ejeitar. ou, pelo n1erios, situar devida– mente. grandezas ,que llie se– jám· -inferiores. • rios, os cont1·ários i;eriam <>s outro!/, i,nclusivl! ós q ué olha– n1os cóm hostilidade e repu~– n~noltt por carreti;arem consi– tro·o Ü(ll;fl(lºl'lCll dos nossos 1,rô– priô~ cl!!(ci tos. .Un tnes1nn for– ma. vodcria111o'f' ,Jjz~ que 1.1m crítico l;'lãô êstatta cotnplota• mente dl!'fi,nido enqu:;intô nãd possuisscnios -sobro ête a lis• ta exata de stt,'as a,dp1irações e dns suas crol1den açôoo - o que rio càso d,o Saintê-Béuve é, no tnesn1Ó tê'tt1t50, tão pàrtict.!lar– menie possliJél é slgni!icativo. ,Ji>e todos os- Cl'ític9s, êle é o único que d~ixou lfuia Qbra enorme dedicada ao julga– n1e?lto de seus conte::ópo:rã– neos e. sóbretudo, de seus p,-edeée~sores; e nessa 1mén– sá galeria, déuunciàdora e cr.uel, quanto a,djeti,vo .rnalb.a– rataào e inferecido, quantas ,cótifÍl>&Ões de 11m éspfrito que, sem 'exagêro; po.demos julgal· hoje mais ,;le historiado_r EiU~ de crítico· liierá1io! n,:intismo < r,,ue muitas vezes não passava de h9stilidade oes• soal contra autor~ românti– cos). seja tiorolte seu espírito não se sentia bem ne~se pe'ri· /!OSO exercício que eonsiste em intc:r1;>1·etar 1fm autoi: ·que vive ao no$$O lado, que aind.i não publicot\ todos os s~us Uv11os, sobre quem não existem j\ll– .ttsimentús mais ou menos so– lfrfüicados pelo terr,p,o, e di– ante tio qu11I ó crítico se sen– tP. ís~lado ' ·e só, depenâen<lo 11J1icamentc . de suas· .próp1·.i;;1s :fo!'cas, d/:! seus· pró.:i,n·io gõsto e qé sua própria coragem. Não lhe faltou, de .resto, Ora, essí!s caracJ;érísticas do. r>~nírito e da o'bi;a' de Sa~• P.te• -~euve nqlo indicam um autor lJ$<rticularmente ,,tttílizavel pa- a 1a 'lliu es.tudo co1n9 o qu,e su- Gonf!!SSO que nãQ me deixa tr.at :iqUilo e:;sa eventu·alidade O.e ser, a meu tm-no. implaea~ ve1men~e julgado: µias não será tuna prova supre1;11a de sinceridade ,essa dê fornecer aos an1igos e inimigos l.t.itê arma terrível m:esrno se à usarmos com boa-fé? , . ' 1 o s N o .v dos se\L'i objetos, proi;es$os e lhor ptibUcaçãô em versos de sutUezas. - pata \er•se então ·1947, ç'on10 ein 1946 fôra '.t\ ve;.– a set)saç,ão dó que eles repre'.. te do tempo dél sr. Manuel Ca– sentam en1 experiência poéti- valeanti, in\tot qU13 se pode ca, em trabalho consciente, em colocar ao lado qo sr. Bueno m~tu'J:idade ·emoeional e lnt'e• de Rivera ;numa hierarquia de lectual. Talvez: seja possi.vel valiire,s pbéticos. ' de luto. De outra' familia de .espí1'itos é o st: José Paulo Moreita da Fonseca com o U– ~.ro de estréia Elegia Diurna (3) . Nenhum sentimentaJis1no, nenhum transboi:damento nos l!e':3-S_ vérsos curtos e a tã é;;qúe– m:;it1cO$; a faculcladc dominan- te do st. More:it.:a da F-011seca p al'e~e ser a intelig~ncia, a 1~'".. oidez 1 o espí1<fto cr1tico. Con– tudo, não atingiu o esta.do V,a– l é1-y eni matéria de uôes'ia. Não creio, aliás, que se)a tirn poeta o sr. Moreira da Fonse-' ca, nenl' que seja a poes\a u111a das suas forn1iu; adequâdas d,e êxpressão liter,ária.. Pelo 1:n.e– nos, ' lleste m-0mento. Vê-se qu~nto ~te jovetn autor é in– te1i.gente e _mesmo culto, mas a 1ioesiâ é uma outi·a.' colsa, que não ex.:lüi, :tnesn~o nos espíritos· de ten:dencia ,geinné– tiiica, urna certa entrega, u1na certá disponibilidade, ·a ''iirsa– t!sfàção an1:e o que é positivo • e real. Inform~ram-me, aliá&, que o s1,. l\~rcos Kon<ler R'eis é professo:r d'e n1:aten-iãÍi'ca e o sr. Mor-eira da Fonseca é utn bacharel. Pois bem• nos seus livros, de versos, o ·materoáti• co é o sr. Moreira da Fonseca, e o bacharel é o SI!. Mar'co.s K-011<!ér Reis ... iJm autêntico poeta é o sr. para, datar a épOc~ k~fka1ana sal~'s e 'pãtios do paiác10, d_a. histõ,ri~ 'ChJ11esa. A.t~ · o p~lás ruas dàs· cié!ades imen– f~ni (lo ,~e~~lo XIII, os chme- _$, <pelas e:;;\radas do',pafs e– ~s co'.ns:i:deravãm ô seu mu~- norme, sempre com a .tn~nsa~ do, ;iã,o cómo centi·o e sim gem~ dó mõnarí=á~ a.goniza:r),'te .11om.;o .p1•i!neiro pl~n:o ,do _t,Jn1- n.os lábios, mén~agefu que ve:rso: So a pa1•tir do secuío não çhegará aos ouvidos d o XIV os pintores élliheses co• 'Último camponê.s na últiJn.;,I Jocan1-se (ou colocam wus aldeia; senão quando já é târ– olhos) no centro d'o espaço Ue. demais: O cão já moffeu pictó'l'ico, como , que pro- à porta do ·seu dono. É , um cm·ando um~J,ó'rtto fixo no bicho n1-uito pequeno; apenas grande .vazio {iUtJ os circunda tthl. ponto num gran<{e qu~– ..,.. àgór;ll ia'. wb 1)arl,i ser_vit' ~'rp de liotlzqn~es i~i~s; ,de; 'íundame,nt'o ao munão e Mti.s 'êste ',Pón.to ba~ ,P.f}t'~ shn :para ~evorá•lo. 0s•· qua- 11 fômar visível o in'\dsivel". oí:'os, <if:µne~e~• dés~à se:gu~éia ,A 1,1ltfirra 1ralàvra üa "@iUca" ~poca. nâo répreseil~nl o ca,- pintut·a cb1nesa é. tráinca'; minn,o, 'Para o :fimdo: . .repre- mas não deixa d~ sei· serêna. j~gar-se até que a sua elabo- Muito n1ais novo do que o ração fórn1al, n1Uito li'1cida e sr. Bueno de Rivera, e tam– .dis.ciplinwa,. chega a prejudi- , bém sen1 todos 'os seus recur– ea,r às vezes ••a·· liberdade da sos -âe forma póetica, é o sr. 1magina·ção, cri;ndo cQmo que Marcos Koiider Reis, de pro– ·b,1r r eiras e ~obstáculos a um dução tão · abundante quanto )n'aio1· desenvolvimento de suas o sr. Lêdo Ivo, sendp qu'e am– íorças poéticas. ,A, poesia do ·oos se assemelha1n ,tanto nas sr. Bueno de Rivera nunca é was incontestáveis qualidades descritiva, nem• discursiva; ela coino nas suas .evidentes iu– i;e realiza por uma decompo- suficiencias. . Publicando ago– sição- sutil das coisas, comó se 1·a, com Menino de luto, o s-eu a nlissão do poeta fôsse - e quarto , livro de versos (não ela o é, em c,erto sentido - me foi dado ler os anteriores), -déçompor ou defo'rm-ãr · o$ ob- o sr. M;.ucos Kontler Reis r e– j'etos; na, sua estrutura comum, vela ao me'smo tempo o seu para 1·econstitui-los en1 ségµi- talento poético e a sua imatu– da numa transfiguração pelas ridade (2). Sent~-s.e o talento imagens. Pôr íi,so, os poéma1, p~tico no .ímpeto vigoroso das do si'. Bueno de Rivera estão conce111ções, nà amplitude das ,f,ortemenle çarregados de n1e- visões, na beleza das imagens táforas e símbolos, ,não sendo na rique2a de · temas. Não se llcito tomá-los ao pé da letra. pode d<ii:xar de sin1patizar co1n Um poema como A cama, por este jovem poeta que se en– exém,plo, seria sufrciente para trega todo ao leito1· no seu es– de'termiilar que . co11te)1do se- t:ad'o natutal, sem rese:r11as, – cteio e que representaç:to sim- medos e cálculos. 11,4:as a arte b&lica se en.:oiitram nas ·inten• pc:rétl:êt! $etá •isto, será .aPen«s ç'êes · do seu .autor . Pó.ue.o im- e.;Plosáó dos nossos ;s~rítime11.– J)'ortam os objetos ou '\tocábu~ fós? Verifica-se ai a 1i;natul:i• 1')s com que ele ioga: o que dade do sr. -Marcos Konder importa é a viful interior com Reis, na construção irregula1· que , aparecem na atmosféra tlo,s- p·oemas, 1,10 vet:ballsmo lri– geraJ, da poesia. Nem t:oaos os contido; no ~o i .môderad-ó das Poeta de prQvin,cia, vivendo póernas, porêm, são dessa m~- palavras sem riqµê'za o~ va– em Bei-0 Iic;,rizonlé, o sr. Bues ma quàliilade sµper1or . Alguns riedade de vocabulário; Ele no de. River~. a-tingiu, por si deles são anedótiios, 1nalabí1~ parece guerer- tudo ·dizer, tu– m:,esmo, uin<Y for1i)a superior e • ris.ta.s, a-rll.ficiosos. Alguns ou- d'ó ex1,>rimir, de uma só vez, e ci'vilizadissima de exptelisll,o tios estã" de:formados ou mal cái então nas -~i'l;ovaçõe.'l trans4 p!jetica. Cà}ltudo, a · sua arte, acabados: .,.A dança dos obe- bordantes, na eloquffncia fâcil, .n6s :aspectos exteriores, ê tão sos", pdr e:íeemplo, ê um p9e- na prosa sonora. Leinl>r~ria .ª :sóbria e discreta quanto à g'l)a- ma a princípio muito expres•· este poeta - para "'ê-lo realt– afuação· na vida litérárla.. Co- si:vo como símbolo, mas com z;ir-se plenaménte - um pou– mo o verda.d~o bom gosto ·e uma que!la em falso no final; co m.ais de continê~cia, traba– a verd~de1ra elegâncta de es- "A ,ca-beça", admirável peça l;ho técnioo, discipliQa e apu– P,íriw, ela não ch~ma a atep,- P?étlca, t,,em:,Um ~es!echo· me- :v~ento. Serl,i a conq~ta ~a ção à ptbp,elra v~ta, tião se :t1oere e atê ,convenc1onal.. De- mat~idade e _da çopsc1ênc1-a itnpõe pe)o escân'dalo. Si1'á telt os po4em $er ap,ontados eitfstica, e então t~nam iooo pi:ecíso aprôlimar-se <los seus t1,,qúi · e ali, m11s em ê9njunto, e -0 :rendim~nto, em "_bras, a51Ue• vits9f? c.om inreli~ênçiá e sen, nã mai9rill. dos ;ieus ~oemas, las _:t~uldad~ l,)Oét1~s que. se sl61lldade, ,examlná-los pêlr J~uz no Pân!a,n,q é un;i liwo de P,tOJetaram ffiQ espof!i\an~a– dentro, deixal'.•Se impte~al" alta qU§lldí,.sle Jlte.rãrta 1 a. me• ~ente nas pág_inas de Menmo RQdolfo Maria de Rangel l\.1o– reira, c.onfor~e se revel~ com O morto if,-eõmçaüo, ci' se,u li• vro de estréia J4) •. Ele tem 'à flà1na, ·ó fmpetó, a ,inl,;t)ii'aç~o dos• :poetâs qu.e aparece'm, ni?I> para 'r~petú- os ánteriel"és, mas para cantar algwna c,oisai de ,nóvo e de próptio. E' cer– to que o sr, Ràngel Mor~\:a ainda não se encontra plena• menle re~lizado, apresen– tando .o seu estilo :roUjtàs ve– 'zes êonstru~o ii:regulat, va,:– m.1e-za ilé e~pr.essã.o é a.us ~-cia' <Í'e diS:c'iplina verbal. ~l-as tu– do.JS$ o fica em 'plano secuT',dá– :rio, pórque r~m'el:iiavel; -a 'Q.te a: sua riqueza de temas (in!io do. descritivo localis'ta ao sen– timento universal) e variedade' -de forma (-00 so,iêto ao vetso livre). Dbs ·tioetas novos, e. ;i– quelé ém <tUe encontl'-0, co'ó\ mài:s , expressivi(i,a~e. o d'om. . ·d~ cantar a ~ua prõJ,>ria ,ciâ'ade -sem. catr ~o ;pro~isi:n,o. · Gnar- (0-0nc!ue na lla. p~~)

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