Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

\ Boroava ju,nt.o à jaJlela. Ia– cli.ua 'da s_ÕJ)y& o basti~Q!, aper– ~ va os olhos para nao per– c:le'r o ponto. porque a l'IU debil q-a U\.rdÍ'nha já quase ·" não per-mitia vêr. Afinal, a-cómodou a a.gullia. n a mea– da, que 1-ecolheu com a te- 11ois, sol'riu para ela, pergun– sourinha ao cesto, contem- toil o que queiriá. Quanto plou ainda O trabalho, ali- podia custar essa boneca? .sou-o com as unhas, tornou a .Ah.! 1 não era para venôier, -contemplá-lo e d~pois cobriu- servia de modelo. E o que fi. 18 com O prôpi1%o pano que pen- zer am .a.e uma, outra, com dia do ,bastidor. .Deixou o um V'estido Itr-ande, br!l,nco, • • - de folllos, uma rtlild,a, na ca- ~erv1ÇQ, e so entao se sen. beça. . . uma. do tempo do tiu Ci\'nsada; fechou os olhci-s, carnãval.,. Essà es,ta,v•a lá distendeu o corpo, ·n~· lar– g0 espreguiçamento que um detH,ro. Qúeria · ver? não cus– tJobressalto interrompeu·.-Ahl tava nada. entrar. Era im'Pos– po.ss 'ivell se:ria o tre:m.? j á era si-vel r-ecusar um convite para então tão t-ar:de? Outro api~ ver Ca,xmencita, ver ao .me– ·,to. . . era mesmo. nos. O moço procutrou-a, com Olhou o c'éu, com um sorri . vontade de en-contr,ar, no · t· D' · te m,ei.o · êle uma in'finiôàde de so. 1n J:lllO , 1a. q.uen , ama- . inhã, na ée:r-ta. L ª onde O sol cai:x:as na prateleira . Era es– • Conto dê SULTANA LEVY tu,d•o, num p-edaço de papel, ~ embrulho m-e~o. e 1 a 1\-POssou-.s.e da cabca, esten– teooeu~lhe a mão d·esp,~in· do-se e· àgrade-eerido. O mo.ço ,, _porérli, foi acompanhá-1.a a,té à porta, ainda perguntou se e~a muito. longe da cidade a, sua morada_, o hora•rio do trem, e ia p,eirgun1iar mais al«uma. coisa, quando o chamaram ·lá de deút.ro . para atender a ou– tro :C'.I'eguês... No domil 1 _go, passeando n?. arraial, q 'u e surpresa. No·· ;prfanei.ro n'i'omento não . o · re– conh,e,éeu, e fica.ria sem sa– ber q·uem era; se ele não lhe perguntasse: "Então, e o m o vai a Carme:i1cita".. . Daí co• meçou. E foi iiid Ó, foi hido, até chégar ao nofvado. Tudo mundo tinha inv-ej a . Ele eir-a um rapaz de ·p reparo, .. bem pa:r,e,cido, v.estia uns f-a.tos de . cores . vi,vas, usava gravéltas briiLhantes, sa,pa.tos de duas côr-es, cabelos com brilhanti~ ná, de suiças, e apa•rados n o peoooço, que nem poeta·. Ca– da vez que desemibarcava âo trem, p arecia mesmo um f_t– gurino, com o chapéu de fel– tro bem justo <não era pe– quenino nem grande, corno os dos moços- dali), o paletó to– do abotoado, a pónta do len– ço de fora d o bolso, junto com a lapiseir a.. Nunca vinha sem t razer um pres:ente. Era ma is por isso que tinham in• veja. Todas as sextas-feiras a mãe defu,mava a casa, J)Ool' is– so não houve olho gra-n<ie que a.tra.palhassé. Amanhã, a es– sa mesma hora, ele chegará, e dai' a oito dias ... Essa i<léia. pe.rturbava-a. F e c h-o u os o'Lhos, sentindo f ;i.1.ta, r o chão..• Não podia. pensar em casar, d-eixar a m ã e; a q u e l a ca~, aquele retalho de cêil Espero De .Ivone NO MOMENTO FINAL JUNTOU AS MÃOS, CHAMou ..o . . SEM ESPERANÇA, PELA ÚLTIMA VEZ. TROUXERA-O SEMPRE .CQNSIGó, EM SONHOS AO ESTRANHO PAIS LEVAVA O CANTO AMARGO [VISITAVA-O. DA ESPOSA ABANDONADA AO MARIDO AUSENTE. • JUNTOU AS MÃOS, OLHOU O BOSQUE ADORMECIDO.. qU€ C()IÍlhe-cia de C!J'T, recorta– dó pela cas-tanhe1ra e pelos ceque-i.ros, não podia pensar em não mais senti.r aquele c~i-ro de queimad·a, à boea ' da nojte, e aquele gosto de te:,ra molhada, d-e m,gnhãzi– nha, sem senti'r ~a contra· ção, uma especie de sus to nas ent-ra,n)las. Agora e$tava escuro, mes– mo. Um vul to irreconb-eciv~l vinha pela rua silenciosa. A 1n.oç.a s,abia qu-e era sua mã·e. q\1€ vbltava da venda dos pa-steis na es\a~_ão . .Olhou-a um instante, l 1m.pou os olhos com a mal)·ga do. vestido, e en• _t'i;:ou para acender o candi• eJo:o. O .Toca chego.u. Trazia, além d-a mala, t\ffi3 grande . caixa. Não podia dizer o que havia nela. Era segredo. Só em ca-sa. Toda gente sorria para. eles, alegremente, de um modo que queria dizet,: então, quinta.feira, · hein? O .Toca de vez ·.ern qua·ndo, em todo o caminho, beíjava-lpe ievem'ente as mãos, m·enos com os labios do que com .o seu bi,godinho bem cuidado. Ela sabia que não estava pro– cedendo bem, mas só pensa– v.a. n,a, caixa; o que seria a.qui– lo'? F.in casa. ele continuou r enitente. Ainda não,. tem wmpo. Tirou o cha~u. tirou . o p aJetó, abriu a ·mala, esco-, lheu uma blúsa de pi j an,a, ' vestiu-a, alisou o cabelo em , frente ao es.Pelho. Nesse mo– mento, el,a não gostava dele, q,\l,e implicante! · QUANDO CHEGASSE MEAULNES, EN1'1!,E AS TREVAS, PÁLIDO CHAMANDO-A, A FEB~E CONSUMINDO-O O :APtLO DA MOR1E JA ÂTENDlRA. ,.. ., ---CAUBY CRUZ -- • :O . Ina,eia veio, trouxe o r.a . fez.inho, que o Jaca bebeu com toda a calma. Piscava para d. Inacia, e apontava. . •p,a;r,a, a noiva com os labios e.spiclla.dos e so,rridentes. Quer yei1·, d . . Iriaci_à? Abra . Deva- , · ga.rinho, co1no instruída por ele, d. Inaicia desmanchou o fio, abriu cuidadosamente o pápel; havia outro fio, que deu ·nó e ela teve a p-acie·ncía d-e des,ma-nchá-lo. O Joca sor– rià, ,puxa<1d,o' baforadias do t1e deit_a está ve 1 •melbo, que ta? Não. Está? Não. Tâlvez pa,rece queima de ro.ça ~o. A !1~º _estivbe~se mais . Qt~~a s-ombra veio j usta,mente cair 1r-se em ora, porque_ 1.i1..a n a sua janela, quando tinha • um certo_med•o, o eor~çao sa!– ain,da tantõ o q_ue f a:rer, e tava. Nao er~. prec1s~ mais vai vê.r, os c ;oqueir.os da ou• trabalho .. Pore~ de r.epe:nte tra banda estão tão · ilumina- Ca. ~menc1.ta surgiu.. E sta V? dos. Bem, -n1es aqui é a cas. am~•rrota<la, empoe1ra~a~ co1- itanheira êl.or ~nhoca, que tad1nlla. O n1oço e~t1cc:>u-lhe ,:i,em bem o sol vai embo-ra, se a l'-0-Y.1?ª• soprou ~- po, tu:ou-a mete no escuro. Tamben1, po- da 1:a1xa com, c1,11~ado, a,~re• dem. todos 0 s bancôs dá cida- _ sentou-a de pe, de1t?u•a· para. de, atê os da piraça cair, só m.O&trar com.o dormia, _le;van. ~uele ao pé da castal.}heira to~-lh-e a saia para efJb1r .as e stá sempre renovado.. .Quan- ana~as bordadas. E ra r.1a– tà.s vezes eJa mesma sentou- se, ria-se . _Tomou a _boneca se alí, a-0 lado do Joca. E de em suas maos, ':! reP.eh~ tudo outros sim. Mas nenhum co- o_ que o m~o f1z~ra.De1to~-a mo o J-0ca; ele . sabia cli-zer ainêla. no çol-0 e ninou-a. R_1a- . coisas diferentes, . e · até os se. ria-se. Quanto cu~ta ? seus car inhos ·eta.m difeten- Ah! . . , pensava que fosse tes. Quém h-a-vi,a de ,dizer que 1nuit0, ma-is 1;>ara,t?, m~s assim, Ja dar certo. Uma b.esteira de duzen1os mil réis, tao caro! at'raial, tai, e deu meGmo. Quant-o supuriha~ Muito me- 1 Nã-o, foi a.ntes do arraial. nos...- Cem? J\fu1io menos ... 01)1-ou pa.ra· dentro, como a O rooco io,rria com bonda– pedir_ confirmação à bOl}eca de. Podia dizer; taívez tudo • :sentada no ·so:fá, ; muito tesa se aru,an jasse paira ela. Be.m, , nQ seu traj e espanhol. To- pensou qu-e fosse uns cin– :rnou-a ao · colo, virou.a pará quenta ... Quem sabe, ia ver, 9.ue ela. fkhasse o.s olho.s, ia fàclar com o paitrão. E n – bej.Jou-a, uni~do à sua, a fa- trou por uana p<»."ta, e .ela, ' ce fria d e porcé~ana. "Você,- depressa, t.i'roo. o dinb'eir:o da hein, Carmencita, você"... ponta do Lénço, Ci-nquent-a . Car,menci!a fÔ(ra a iiiterme- Ele voltou logo, e vinha rin– diaria en tre ela e o J oca. To- do. Não? Sim, podja levar, das as vezes que ia à cidade auerja que m andasse deixar? !evar a-s encomendas de bor- Não? Mas e.ta costume na éa– da,d<>, pa'!'ava ante a vitrin'\ sa ~dD 1Tegu& ~ar o noone e daguela loja, a conte:mpla•r as res1denc1a, •Podia fazer esse boMcas . Um desejo que não favor? Quando ele escreveu ~-alizou em cri11nça e que r-;;,- <:::;:-;:-:::::::;-.::::::::;..:::::5-;oe:::::::;:a:::~:::::5,:~-~::;.-<::-;..::;::,.-<:::::,.,<:::::,-5:><=><0::<:::,..<::><:;::;;-- Q)-;ç:,-<:::::,<;:Y:::::::;-~,<::::>-<:::;,...:;::::,,,:: - • · - • • não .fot e<>m.pensad-0. Quando ,,• .;;•;:::,..<::::::,.<:::;;.-:;::::;s:;,~::><~:::S-<:_~ -~ ~-~ ---~ - ~ cigarro. D. Inacia ' desdob1'ou o seg1~0, pap1:l, e ah1da ih-~, via itn1a t itâ féchando a ta'm.• pa. Aí ela pa,r ou e cilh-ou in... terrogativamenie paira ÍJ :ro– ca. Espere. Ele levantou-sé, passou o braç.o em volta da.- cinbura da noiva, que tremi.a, de ansiedade, V1r ou-a· de coi;– _ta.s par a a caixa, e, não satis-· fei:to, cobr i-u-lhe os olhós cõín. uma das m5os . Correram uns minutos em q:ue só se ouvia, o desdoprar de alguma coi– sa_, pelas mãos d•e.. d. In açia, que r epet ia admiràda: Hum! que beleza! - A moça não pôde n1ai.s; d.esvenc:lhou-se e vó1tou-se. l\lias não deu um passo_ D. l;nacia sus,tentavà, erguendo a custo, um mara– vilhoso vestido de noiva. Foi! preciso que o J oca pe-rgún•· tasse - E ep..tão? - pa.ra que ela despertasse do embevPci– ~ento, e cofresse à contem– pl~r, ~ p·!i)r~o a ma-ravilh.,. A~ tnaQs ti,em1-am, e mal toca– ua,m n o vestido. Lindo. lin• do. O fo1·ro de cetifn detra.– mava uma cauda que se es- · palhou pelo chão a f óra, co-' mo uma onda; era me.smô ai ba1,ra do vestido; a saia, de TP..ntl;a. . t.ão fi-na, aue nunc:i .,;_ r.a igua1, tão fina, que e,ra, roi'r ada de ·gaze; f(Jrmava , tu– (ps em gomos;· ca._indo sobr.e um folho 1,>liss-aâ:0, de gaze,· .. que ·cada vez que :sul:>ia ·nos ar:repanhados dos tufos. afi– nava e era apa11liado por um t>ubuezmho ele :flor de J:,ran– jeira; a blusa justa;- loii;ia·. <,Qm a cintura em bico, o d&,,.i cote fechado com uma gar•· gantilha do pljssado d~ ~ª~•' e ó mei;mo· · pl 1ssado, abi·1nJo m,a;hgas, de omJ:>ros b.1!antes. bem na gargantilha ml;lsmo, um br"<:he em foo-ma de maia lua, õe péroJas toore ouro. Quan clc:i s<;>nhou ter uim; vestido assim? l'fun:c:i. Nem sàbia que pµd,es~e bav~r có's_a; tão rica. ÀS últ-i.mas valavras~– n o auge. da en1-oção, caiu n os br aços do noivo, chor-ancl.o. ~ N·un ca se viu semana .tao comprida: Todo m1_1ndo es– pP.;rà'li::i. com ansiedade o di~' do c3saroento. Não era paJ:a dizer nada, roa~ d. Ina~ia cQ._11-· tou a u.rna amiga, no n:,..erca• d-0, e na vila ,só se falava ,101 vestido da noiva. Dizia.m unsi que· era bordado a our1;>, ou- . tros que tinha b_otõ.es de -bri- ; -l11an•te,-43- os- ex-age,rQs d~f.01>.,' mavá,m a beleza do vestido die Viu • Çapro.encjta. o , rle.~jaG cresceu. De$creyeu-a a mae, à.s amigas, e todQ mun,q-0 fi. ' cou sabendo qu,e Carmenci– Derraaeira Endeixa Para E.delwis. Caindo ' · I-nocenci'a. 1 ta, t fnha um lindo ve.stid<> 1 1 11:,ran,co, de fo1hos, cobria~lhe a cal?'eça, levantâ<l'a. de um · 1 pente alito, mar a-vi-lhosa. reri- , , da, e uma r osa vesrmelba ani. nhava-se em seus cabelos, unida à face . Desejava Car • menci'ta, sonhava com ela; aumentou o pi•e·ç-o do borda · . 1 do, vende1:1 os vidros vaiios 1 de l~ã-0, tirou as moedas do. - ' · mealheiro, co.htoú.as , amar- ; 1 xo:u~as na ponta d9 lenço; via– jou de segunda, andou a · pé hl!, .cida,ge ... l\fas foi 1nuito , l mais dificil do <1t1-e pensava. A casa de Ca:rme•nciia, era muito elegante. De um la(io, . 1 a vttri.na de bonecas, de ou– trQ a <le maneq_•qins. Então • 1 r-E(!')a~ou que o vestido do ma- . ,. n equim e'ra i,gual ao da bo– ne-ca.... Cari!llen ciita não es– ta-va mais ali. Deooe o tem. po <!_o . ca,rnaval, quém saJ;j'.e • - -- - - - . Edelwi's'fragil e lout a, ~,-.:~,~er,<afii: --- .. ~· despencando-se CiJ.~ase para a ,inap~ láv.el lágrJma:: ,. ....:.. p.ensa nas que sê:--f&i:am-para o nunca maJs virá ! · Se quiser~s, inclinarei me..u on1b~o para te ajudar a voltar, ~as o m~u mêd,o, Edelwis, é que ess;i ·fuga te corrompa a me~óri~~ e que seja tarde demais pa.ra regressar aos ànios_ ~ às rosas, 0"?-o-te e penso nas q~e. se !ôrarp. pal'a ó nunca mais virá. _f ,VeJe-te arfante pela fur1a nao v1v1da inédita e suspensa ani:'e a vertigem sem tétô:rno. Edelwis, por Deus, pensa nas que se fôram parâ o n1tnca mais yi_rá ! Nas bôcãs que afinal se cansaram de outras bôcas - nas ternuras_sem amôr, nos abraços sem i'aízes. ·J Não t~ quero vêr chorando a lág.rima de fogo multiplicando os écos da perdida aurora entre aquelas que se fo~am para o nunca mais . . , vira. ' " - • Haroldo_Mariinhão . 1 • ~uanao ela se viu pronta, l'e:fileti,d-a, • no esp~lho, nem se r:ec·onheceu. Olhava ce)n ad•_ .mií:ação e res·peito para aque- ! la m :ulih-er :fiant2~tica . Só ; izyiaginara a sua · figur a de i noiva corri o vesticlinho de j i · _ma,rqui~ete, co1n:prido T'!l as l 1 , peq'L\.enino, que ·a madrinha; fize-ra., os. cal5elos s~ltos 1 com ~ a _gtinaldind:J.a de dois f:os de l botõ.es de lar anjeiras pousa- 11 1 da ti,in pouco a.cima da testa, • 1 1 ) . . 1 : i '., ·E agora, aquela rainbaL Nã.o j era ela ... S -entia.se constran- , gida· e nervosa. Pa-rece ' que j -fi.cou mais arta, e aj_pda o i J oca a-chou de lhe levanta!' J os cabelos, que ele ·rnes-mo , qu:ís pentear como a bpne- i ca da vitrine, arrumados I)O ; alto da cabeça, num · rolo que i • i • a cõroi~ha de pero.la ~ cer- 1 · ca:va . Disque pe-roJa da azar à,s noivas . Boca do pi'.>Vo . .'. 1 1 • Qesteira . O J'oca mirava-a e · . rem'ira:v-1:--a. Com,punna aqui, · , ' ajei ,ta.va alí, com as mãos prá- ', • jâ nao ~nde.ram.• Mas veJo • um moço. f.icóu . nrimeiro na '/\ ,,. V (C 1 5ª. pa' gi•o) l1 ~ a olhá-la, roo.dou-á de- 5' ,.ç• >-<::~:;:::;:;-~ ·,.,- ,;::-;;~::;..ç:::;,.c::::;-c::::-:,-.c::::::,.-<:::::,.,<:::::,..ç><y::::::,.-<:::;,..<:::::,.,<:::,,-<:::;:,-<::><:Y::::>-<::::,<::Y<:::;::-><:::::,,c:::::,.-<:::::,.,Q,-:<:::::,,<:~::::::,.-<:::;,..<:::::,.,<:::::,.,<:::;:,-<::>-<:::>-<u<:::::;,ç':J on.c; ue no .. .. ,--,...------------------------------------- -------------------------------------- ----- . V i€>i;an1 as gra~~es chuvas. C-om as primei.tas á4:uas, cs regos borbull'lav.a.m, eram <>S peixes s ubindo paira Ô& ea,mpos. Os -i·ios e OB la.gos engros-– sava.m a sua voz na trovoa– da-, no r-0nco doo ' j_acaTés qµe desciam das cabeceiras. De miadO'>ugada, os vaqueiro~ saiaon a galo,pe pa:ra salvar• <>S b ~tt;.tos a:,to~aüos. D,eze– n~s de rezes mo•rriam na. 1,nundaçã.o-. Os búfal0s so– prando nãgua., imóve-)s e. ne· i ros, a.sis;us(avaan os jacarés. AJ; su-curijús. ia,m apanhar os p i tos e ro•ndar as cri-anças n os j ira-us das fazen>das. Com a sua vontade de ir pros lo.nges, ouvir o vagido d.a.s nascen'1ies, o p ulso do 'rio e11cheooo. Mi.ssun,ga a:ndou a c:a,vaJ,o duran!t,e o dia. Via as fa2:en<13<S do pai, •naquele a'f.'raso crôni,co sob a lei de natureza. O atr a.½o n;Lcionai deixava. ali os fazendeiil'OS nas suas rê.des, nos seus pa.Jacetes em Beléin, n-as su-a-s estações de âguas, grudado.s na :rotina, \incapaz de resolvier um pro– l>letn-a, entre muitos em Mara– jó. l\4issunga em sua r êcl-e, na sua soHqão, na su~ v ida inú– til, n1 ,ur.mu, ou~ esl.,e Brasil m eSl!l1o.. . . h grandes · aves selvagens ' . ' po :voav.am o.s ,campos, M.is1>Ul}- • • m _ - O ÍtLJ O e li • , 11 ·ara o ga- deu 2 ,tiros sobre o peque– no lago a.trás do baniburral de onde, com aJQ/r1do, num baru– lho de asas, deba,n <l.ar -a:m as oolh-eireiras ve:rmelilas, um tui-tLtµ, as :iparrecas e um ail– tís,s.i,mo e g,rave magua.rí . Dalcidio JURANDIR --..., --·-- 1 "''11 •. Re.colh•ia a sua 1-i.nha de ·, -a-nzois com isca, de pitomba Os socós vo1-tai-am a co-ohi~ J,a,r mais aXHante, arrepia.dos. Missunga disti'nguiu, na l on– jw·a, os vaqueiros a galope rompendo o agúa çal, a.fraves– sa,ndo as la.guJ1as, tocando os rébânhoo para os •ral'-Os "têsos". ' A luta. dos vaqu-eiros pa•ra sal- var o ga<l-0 se tornava ma-is difíi.cil. T.rabalhavam nos atQ– le~i:ios, f~i-n tos, es,tro;p-eados, doen,bes. Os jacarés, os su-ou– r i,jús, as arraias tocaiavam. No La-go A•raJ.1í, Orminda viu de repent e a água ores– ceir em tôrno da pa1h~a e em ioda a beirada. Via seu .r.osto refletido, ondu1a,nd-0, :r.,aque-la ág;ua d.e inundação, fieu oot.-po, seus ca:belos pare– eia.m m-orurés e o 1h a v a >11ant-o pcara as ~guas q.ue Ramir o fal,ou :_ . E-h. ·pequena, tu a-ca.ba, !lecJ)ada. ~ .9 Lago se es-pa.lhou pelos ca-mpos, comeu as 1-onjuras, ilhou as palhoças, bateu de leve diel>a•i_xo d-0-s _jiraus, e-spi– ando o so,n,o d.os pobres. Cai-u en,tão nos cam,pos um siJ.ên– ei-0 de principio de mundo em que os hon,ens se mistu– ra,va,m com os brohos desli– sando na.s ãguas e na lama, na espuma das e-nx,u:rradas e na folha dos moru1rés. · O peixe, em abril, se es– conde e yai d,esovax nas bai– xas e nos lag,os mais distan– tes. Os t~iplllantes das gelei– ras gritavam "até o fim do • ano", a.os pesca.dores, e, estes ja,n1 deixa-r o ré-sto de sua vi. C'la no bal-cã·o de Sinhuca Ar– re.galado. Seus bo4es pegam porfia no la,go. Orminda vê da janelinha' da palh~a as piranhas na. água tra-n&pà:renite. Tal,v~z -f◊--s.sem as mesr.nas qu,e ha– viam comi-do Gaçaba,. Elas attxavessii,vam :01 j~a,gem de seu corpo, •deslisa:v.am sobr.oe ,os seus olhos e .suimla~ pe. l os· cabelos. · N o1tes e I)oites, ouvia a á,gua er-es-eendo na VIO-Z da t:ihuva. :Oe 1na<I-ru,gada o ca– buculino pl ava1 a sa-racura :fazia trocl1opl- na agua, a 'al– gazarra das ma,rrecas . e dos periqui-t-0s a.col'dava o :La.go. Orminda olhava. o dia pesa– do de água, lon,go, sua soli– dão a~1e,n,tava. Ramiro . an– dava lon.ge . E con1eçava a per,gunta.r a.os pescadores pe-– ,los piraru.cú.s que rabea.vam na pôpa da monta.ria, con10 lhe oon,~vam em Ponta de Ped-rae, pelos ta,mbaquis ar– poados n,a. c<>'r:renteza. Aonde andava.rn que não apareciam? F,o,i..se, lhe disrera Ramiro, o- tem~o em que pescacr à fle– oha fa,zia gosto. Os caboclos dC1SCiam da moota.ria oµ do cavalo· e ce;rcavam os cardu– mes, sal-bando, m,t1 i1t.as vezes, sob a pontada elétrica do Pll• x,aqué. Nos lagos próximos onde há peixes, os rifles doo f a- 2É-.ndekos oo.tão n:as mã.qs do yJgiii,, ,aitentos, , ·--· · • e nem Ulll araeú, UJri apapá, Os don'os d-o rio não eram mais os peixes nem as co,bras gt1,and·es, mas Coron.el Couti– nho, Cap-1tão Gufü,herme, Si- 11huca A-r-l'egalado. Também na fazenda, Mis– su-nga via. no fundo da água o ros-bo de .>\ristides, as pira..– nhas àevorando Gaçaba e M-a,riàna de coxas molha<las e 1i$as em que o n1en-ino ef)– oorregava à .beira do iga,rapé. Aguetas ohuv;a.s e a e,n,chente lhe clàv•am um novo torp.or , a ·suspens'ão da v:ida, a solidão da ágú-a no mom1aço. Ma ra– jó recolhia-se novaimen-te ao ventre <'las águas. Tudo volL tav-.a ao lôdo primitivo. Decidi,u regre5$ru-, talvez Guita fôsse mesmo a solução menos l'uim. An.tes d-e deooeT para Ponta íle Pedrás, Coronel Coutinho fêz as últimas re-comenêlações aõ a ,dm.il )istrado>r embora cer. to qúe Manuel Raimun-d.o fa- • r-la tudo bem nas fazendas. -Çu.idado com a matança dos :passarões; _oo'fih a. desova -dos peix~. com a febre no •gado. Vigiar os bezerrô.s oon– tra os jacarés e as onças. Ne.. -nhuma pena com êsses la- . • • ! d·rões de gado. Ia pro<V1de.n- ci.ar parà a. criaçã,o d e urna . . . sub-êle-legac-:a de pol!cia.. noo Lago. Precisa,va acabar com os ladrões que esfolam por– co e boi no meio da água. ' Energia com o pessoal. P-0u– pa-r o mais que puder os 1·anch:o.s. Ene;rgia com vaqi.tei-; ro que não podia. tirar m-erca– do,:,i-as rn,ais do que pePm-i- · . tia o O'r,denado. Manter sem– pre vigi~s arma <l.os nos lagos e nos igarp,pés. 1 Ao senta,r-se na têde ar• • • > 1 mada na lan.cha, viu, surpre- " endido, a Orm~nda en-tre as outra.!; mulheres que pas.sa – va,m n uma monta1;ia :rer.ian– do.. E ex.clamou, gr.acejandÓ,' imitando a voz do ca.bo -clo: ! -Suco, por Deus! Que an• tão aquela a,nda fazendo por aquí? 1 Ma-nuel Raimu~do pigar-· reou e riu. -M•is5un,ga, na es.. cada do trapiclle, a,oompanha– va. com ·o olhar a monta-ria! de.saparecetndo na curv1i, do ri,o cheio. E muito tempo f i• cou, ,se,n!.ado ali, tentando es– er-eve:r nas águas, com um ca. niç-0 a _paJavra . r>agmar, que era o vé>rdadei·r o nome de Guita.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0