Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

.- li e . ame da, apesar de certa fals~ poe:– s ia que tende por ve~~s a I ou li ~ RAYMOND LYO?f (Copyright E . S. l. - Ex<:lusividack para a FOLHA DO NORTE, neste Estado), na pi •·– "'• a.g1na ---------- - - • li li erm1 _or avec llOUS", u-m êxito, e "MessJ1.line" um malôgro. A– conselha aos diretores de tea.. tro que ,fa&am e,oonomias, e o faz· nos seguintes têrmos: ' . . i "Há crise. Crise financeira. dard", que possa utilizar um v elbo cénârio. ''S6 vejo, pois, para salvar o que certas pessoas chamam , :PARIS - (Por avião) - O "Thêâtre. ciu Temps", de Pier_ re Valde, é uma das · novas ~"mpanh1as naséida:i após a "guerra, ' companhia que ga_ ·li'lhoú nótôriéda<le ·em virtude :de algúns concursos de axte ..ôramátiéa e que o indiscuti– :vel tale11to ~es11e hon1~m con_ _'duz lentament.e para a glória. Depois das · estr_éias n~ ."°'Théâtre de Poche", sala .Pt:"– ~uenin a, num beco do Bou- 11-evard Montparnasse, -eis que -!Pierre V.àlde se instala à r~a ele la Gaité no teatro da "Gai_ ifé lvforitparnàsie". Curioso "destino o des~a via. públ_ic,a ,tão tiopular; erii que se· in.s.. ítalam pêsgu~sadores · ·e este- . banhar-se em tom sentencio. so. Mas essa criatura que a Jainilia ·repeliu, essa faceira · tida por santa, êsse falso ml. Iagre, apr'esentam--se che'i9S de um ceticismo que sol:> ou– tra :torma dramática se1·ia rL · s,omho. Aqui, para empregar o têrmo justo, o tom é o da lenda poética. E o -espectador tro" entre as temp,oradas teatrais. Os êxitos em cur_so já alcançaram a centésima representação; e o cronista, a quem os »ovos espetáculos la para atribuir a reponsabL !idade da situação ao Estado . (eu lhes declarei há um mês, quê colhera, . a respeito, a opinião do representante dos diretores de teatro. Um aci• dente infeliz retardou o nos– so encontro. Voltarei ao as.. sunto). O. preço 'das localidades não acompanhou o aumento das despesas. Crise de 1>úblic_9; os espectadores es.cnlhem, na:o vão mais a qualquer part~. Têm :razão mas a co11sequên,. eia é cert~. Um diretür hesi– ta em empregar ~hõei. nu. ma peça que pode cal.l' em quinze dias. Que íaz êle? Pro_ o teatro de arte, o que é o teat ro, simplesmente, urna volta ao bom senso e à po. ))reza. Não à pobreza do tex– to ou dos atores. O -essencial do teatro ~ um canto, um diálogo dos protagonistas llUm estrado, di a,nte de uma parede. Se form,os suficiente_ mente ricos para vestir a parede e es ator.es, bravos! Se não, tanto pior! ltas, de tal lliodo· que o · públi- h,o simples é familiar do bair_ cro ten1 ao alcance da · mão ~n_i.a àrte de qualidade, que os ..snobs" vên, saborear de suas ,Yiver.clas distantes ''de no_ i>lesst-'' ' . , 1'.i já vimos . o "Théâtre iMo-r. tparnà$s.e-Gaston Baty" . o ~'.T.héátre A.gnês C!apr,i". Re., coràemos a-inda, no mesmo 0:oc!ll, um dos· último:;; ''.music– 'ihalls" •populares, "Bobino~, ao. qual desejo ·conduzir, num dêsJes dia_s, '"os m~s · leitores. ':Agorã, a ·"Gaité': ·tran.sformou_ · ·ie e..m. t s'ií.tro de "taJJguarcia" . se retirá co1n a satisfação de · haver assistido a uma bela · história, b e-m montada e re.. presentada. l. l -o- ' Este é um mês • • de "éncon- • · Pierre Valde nela · repte. 'isentif •~a Dame. de l',t,ube", ,que . o sr. Jean Ca;irip~ ti-ad11:– :z:iu do a,utor espanpol _ Al(t- 1 :\andro Casona• . P !:)di,r~i im;. !l)re-stado a .Róbert K,ámp· o seu_ resumQ desta peça: · "A Morte é uma peregrina C)Uê se detem ·nà estrada · q~ Con_i.po_~telã. O cava.Ieiro· :Mar– itiro, de · quem ela rou):iou a .ie_sporll,, nã.ô cáiil do · cava.lo; _ Sa'lvou itJ.esl'.!).o das ' águas a io:r~npsa - ,A dela, qu'.e· es tiiV'ã . 1 :eni r.íscó de· per,ecef. Adêla · ê irecollii:da a uma éasa enluta: -na, em que s.e º:tala . bai:i,:õ, (Porque se_ acrecli ta~ q-q1; ·ª :tÇ ' illiª AI!_géJica se af9go1t : n_9 ll'io. .;'\lgun;ias sémanas , bastan.?, ' . - ' .. ca belei;a , d~ 4de.la · pa.ra .de- ,volver ºa. aiegri.a ''e( a · éi;pera'n.. ta, a ~ssa - ca,sa.- M 9 rti·1Il, -que · li!'ma:va .1;:ngéJica, · e ' sabê que ~la fugirá" ·co1n um· sedút.õr ; ~ã , .~ma · A'de_la, · s~m ·cofttüd,o iesqüêce,· "a 'il')fieI. · A· niãe: tór: ºfilà-.s.~ f~é_,il:a,_ bate ' ~S,_J?~S, ~ ~e. contorce pará, mostrar que <lançava oem ' na ' júverifudé. , - .. .. 'As crianças -i·eericetam os a_ 1nin1ados --folguedos . .-• . E• ·· en.' - . ~ ~ .. -- Jtao. que a ,.- Peregr.1na retorna. Qual, a presa que vai eséo– aher? ·Ela· é · suave , éril rela:. l!;âO aos humanos. Morte có~ ·soladora, mórte que cura .. -: o av.ô, que a entreviu outro.:. .ia e que é Ó único a conhe: «:ê_1a ; _ajoelha-se diante ' dela; e des~jà sacrij i ~a.r.se . . . Ela h esiía. -Empolgará um dos pequenos, . aos . quais ensina ,as suas historias? A mãe? Quem?" · '"Ora Angé1icia · reapâi'ece ' ' ·~ ' sempre, ardei:ite... E'_ ~ma , intrusa, est·a. falsa réssusc1ta;– nà; e dificil1n(nte : se fará ,;perdoar. A P e'l:egtiria coroa_a de flor.es . preceffe_a ·até o rio. Angêlica será . encontra-· da ·no fundo das águas, n1or_ Jta tã.() nova, tão é-heia de · • • ' • ,, ... -1 !f.resoqr Q~l'l se acred1ta,ra que môrr~u uma. santa! Martim . desposará A,deià": . • . _ D,ever-se-á procurar nesta rn;irrativa uma. tese ou u'_a moralidade? Não, sem dúv1_ RIO - Está aberta, na As– socia.ted Alnerican Arti~ts Galleries, em Nova Yorll:, uma. grande e,-,--p.osi_ção de Sega.li. Murílo Mira:ncla cleu-me o ca– ·tálogo da exposição e um re– corte do "Ne,v York 'l'imes", fa.zendo o registro da inaugu– ração, à qual, segundo a lin– gua,gem usual na imprensa :norte-amel'icana, comparec1!– ,ram proeminentes figuras 110 ca.mpo if.a. arte e da dit)lo– macia, além de mi.l vistta.ntcs– comuns, cujo~ nomes não fó-' ram, obviamente, anotados. É claro que estiveram pr e– sentes os reJ]resentantes di– plomáticos do Brasil e direto~ res de vários museus e insti– tuições artísticas dos Estados Unidos. - · Sega.li expõe apenas 34 ~adros a oléo, além l1e clese– 'nhos, guac:Iics e gravuras di– "7ersas. Várias das telas ex– _postas sã.o de gra.ndes dimen– sões, como "Na-vío de Em,i– grantes", {'Guel'ra", "Ca,mpo íle Con centração'.~ "Exollo", e "Pogrom", q,ie fixam uma. o série im;prcssionantc de tragé– dias desta épooa de insani– dade que o mundo está vi• vendo. SegalJ é, cle$iie alguns anos, um artista brasileiro, do mesmo modo que é hoje nor– te-ame1·icano o seu antigo companheiro George Gro'sz, que com êle conviveu e'm Dresde, juntamente com K?– koschka, Otto Dix, Chagall, Soutine e Ka.ndinskym, no·– mes de primeiro plano da pin– tura contemporâ.nea. ror um feliz acaso para o Brasil, Se– gall resistiu â tentação da Es– cola de PàriS; à quàl logo se incorporaram Cbagall e Sou– tine, que com í\Ies saitam na mesma. época de 'J:tiga,, com tléstino a Berlim. Embora. muito tempo t ivesse estudado na Alemanha, e .formassea en~ não proporcionam matéria para largas disse~taçõ!!s:' :faz uma pausa e circunda os olhos em redor de si. A cr ise do teat.;o, bém tl;l– tenáido é o tema que logo , . . ... se. aprestnta, T~-dos ·çs Jo.r. ~ais esp'eciãlizados _falam de- . . ' Um cronista, contudo, em1_ te um.a nota disco;danteí e é um ·· autor dramático: C aude Vermorel autor de "Jeanne ' ' cura de preferência uma peça de três ou quatro persona– g€.ns. Ou uma comédia. "stan- ''Mas, subordinar o hon1em ao vestuário. não répresenta1· uma peça porque o_s hábitos de prosperidade ex1gen1 ~m an-ionioamento de dtcoraçoes, d e telas pintadas e de vest~– d bs de 40.000 franco;, por uni– dade que o "standing" de um encartador não permite que :raa. ha arlra. d ,sãpareçam, já_era um êtro: hoje constitui um contrassen;, , so a.bsoluto. • "Di.r-se-á que o público llabituou~se ao ru~o das ·apte-: sênta.ções. 'E' falso. O te~tro é. ilusão. Pode.sé dar essa 1h1.– sãe com muito mais arte, com quah·o pedaço,s de pàu; c.om cordéis é es1iópa ·rê cortada, se não houver veludo. O melll<l•r cenário de TQuchagues não é o· ce.níxrio milionário da Lti. • xei-aburgo é o arranjo do 6 Fa).seur;' ' com feslõ.es . dé grossa amarra. Fiz cortar, .e111 1942 os vestidos de "Jcanné avec' nous" em pano de uni.• forn1es militares fora ó.e µso. E em "Thel'rlliilol'" que (JJ:O- ' ' - . curei montar quase sem d•~ nheíro (20 ato1,e~ en1 cena:) Rob-fspierre, •Fouch~;· Tallie1i . ' ._ ... tiveram. roupas . tal)ladas ·em jmper meãv-eis' de ·2.ÓOO !râ,n. . ~ . .. . - . .. ... cos. Con10 ? E' a nossa tare~ .. ~ .. ,... .. . f;I . . . ra.i:efa de engen).10. • P,oqe-se gastar nci \,~atro d4,as, três vezes. .menos diilQ,-siro do q~e .habitualmente se gasta. · Mas ·é: pr-eciso gastà-r, em cón_ tràpartida, · duas vezes ·oll maís em matéria cinzenta. · "Vhfte e dÔ1s atores!· -rsto ,..... .,. se pagá! · "Sjn1.i' _]j: l)ão si r~i ep, que dsis~je repfgduzir à põrç,âó côngrua, com que d eviam, há dez ano~. satisfazer-s e, ,os que: constitrtem a metade .de um êxito. Mas os ator~.s- são . artistas. Sapem qpaixonar-!.e p-04' uma obra, por um · tra.ba. lho, ~nfrentar un1 risco qua:n– do preciso, qua.ndo o e-mpre_ endirr;ei11:o os seduz, Reuni um cfos melhores conj\iníos • quê se pode· fo1'mar atuàl_ merite em Pàris. Atores q·ue . > têm qualidades, que têm n,o– l'lle, como Jéan Serv a:s, M;i. che V(told, Luciel1 Blondeau, Gér ard Ourw. E Trabaud, e Poste):c e Squinq_uel, DefUJ1e. ze Martin, que têi;n méritos e ql;e terão nomes!-. Nã-0 _fal,o d e minha espôsa, Claire ~~~'fe-i. Todos aceitaran1 a i0,e1a de uma coopera ção,. sem sa– ber ainda e1n que teatro atua_ riam. Semelhante prova de confiança, tão confortador otimismo, num'. momento em que todos se lamentam ,, con – sideram tudo impo~s ív:e-1, P~– recem. me sobremodo reccn- foitl nte. . "O teatro vive de alegt'1a, e n ê,:, de di11h: iro". 1\.l'{ora, esperemos "Th:; r rni_ dor". Trai.aremos do assunto. LASP ...R SEGALL - Navio de err1igrantes (Detalhe) }ênc~a i.le uma gigantesca. co'l'– ·rente elétrica. Seu . ' 'Navio 1le Emigrantes" ton1ou-se_ mcz– n10 uma das te.las mr,1s re– pre,sentativás da. pi~1t:ara C,?'l– t em1iorâ-nea, pelo v igor tla com}IOS1çâo a!'s-!~n cqmo pllla gl'~ndeza. do tema. A EurOP;– está cheia de gente que tertl, de emigra.r deix ando lare:, e en.t.ei< c,xue.i:-idos, tudo quant,0 " civilizacão cónstr1iit1 em t~.n• tos séciÍÍ1>s <Te llistória. M.a,s; onde encotitr~,r a terra •la JU'OJ.JÚssã.o, 11este :mundo on– de 1,ão e:.ciste 1;1énhum país H– v.re , cujas a1';torid1ules ,~,0ssa1X1 visar os passaportes (los que fogem às bestas elo ApoeaH11- se? Esse é o drama insolúvel do garfo '.!1u111ano (!ue vai cQm- 1n:imiõo :n!t 3.a cla.i;1,e· do "Na– vio de Emlgrant-es", Eston certo 1le ~\ie a árte pr<•~un_ua de L~sar Se~all, tão pl.a-~ 1C\I e ao· mesn~o temuo t.ao 11n– J?regnll,tla. de tragédia, c.ausa– rã 'prortm~a impressão à. crí– tica 11orte-amcr ieana, nesta. ... m ovo AI\fTONIO BENTO. {Copyright E . S. l. com exclusividade. para a FOLHA DO NORTE, neste Estado). ~ o grupo exprcssionis~, l1á na pintura de Segall um equi– .librio, uma so°!)riedade pro– funda e um senso da medida que não se encout1-an1 entre os (lemajs artistas da Escola de Dresde, de que talvez ês– se estranllo e vigoroso Kokos– chka. seja a.. fig111ra mai!1 típi– ca e represe~tativa. Séga.ll ~o• go passou a i!)teressa.r-se. pe• .los temas J>rasiieJ.ro.s (sua ex– posição em São Paulo foi fei– ta e:tn 1913), que .o afastaram das cogitações estéticas e tia inquietação . excessivamente subjetiva dos e:xpl'essíonistas, E, porque em .seu antigQ pa.ís báltico vivesse aind.a jovem, antes . da. _ p.rinieira guerra mundial, o drama. da perse– guição a.os judeus, sua obra está. impregnada dessa jmen- sa t1·agédia, agravada de for– ma inim,aginá,vel no recepte conflito que envolveu todos os continentes. Campos de concel!,tração, mat{l.nça. de ino– ce~tes, "pogroms'', fugas, lu– tas, núg't<ação em busca • d.e wn país dí.stánte onde ha.ja . p,az, são êsse,s os assuntos principxis d?, grande série que Segall está mostrando a.os Es- • ia.dos 'Unidos. Sua mensagem, :;>or certo, tocará. _profunda.– mente o coração e a inteli– g-ência. de to1los os intelectu– ais, artistas e simples homens de i-ua que contem;plam ou vivem cheios cl~ horror, o es– petáculo da llesttuição apoca- 1itica. do mundo, nesta fase de -destruição de tudo, igual ,à do dilúvio universal. A .ar – te de Sega.li tem, por isso ºmesmo, a fôrça expressiva de um·a alegoria ou de um vati – cínio dos ,profetas <la Biblht. Uma cjvilização que 1>rodu:1. mntos horrores deve forçosa– mente esta.r condenada. Se– ga-Íl é um dos a.rti$tl!,S que Dll!,ill profund:tmente têm Cap– tatlo o sofrimento que faz e!l– t;re1necer os povos desta épo– ca, sacudindo-os COlll a vie- sua 1>,imffira .N ov;i l.' 31•lr . ~ expos1çao em \ .

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