Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

• _ __ 0_._:..:J r--agm:=:..=ª:._..., ______ ~--=--==;:;:-;;;-..,-~-:..::;;:::.;;:::;;;:::;;:::z=~--------~.a:=u~::i.. __ 1:_1n._ ~J.10==-, &-,--~u 1 _n-:_-x-__-:_r.~..,.---------·=::·::·:•:;if,r::_~__ 'vo __n_1_mgõ, 'ri üe 'a'iiiü ~ I E A lnlerprela1ão Histórica 1 e llnt!... gl entre os pnrtldru'toa da hls– tórla nt1.1·rat1va e os partldârlos ::>IRETOR do histórla Interpretativa - e ' AULO MARANHÃO se houver algumo posslbtlldacte de decidi-1!1 não serfl, por certo, e:,t:ibbk-cer alguns dot pontos WILSON l\.fARTINS (Oopyrlgh t E. S. 1. - Exclusiv ida cJ,- para a FOLHA DO NORTE, neste Estado,. 1 Supl.,EMENTO 1- L-lT_l::_R_A_T_uR>_ nri e;;paçq dum nrllgo ele jornrll. Em lQ(lo caso. sen11>re se pode ------ ORIENTAÇÃO e,-~,,uclals d,, assunto, e para D • iS-'iO u1n excelente pretexto ê o nãGI ê meu intuito repelir nei,_ le lnstabte todtls as Justas cri. Uc:\s que por vezes se fozem cootra quem c01nplctou tantos panoruu'l.:-u1 b!11lóricos ao seu e de oulnls p;ilses. zcs com algumas lndispe.111ãvels visitas aos arquivos, talvez al. gumas colocadas com mais ln. !l~lêncla de tempos em tempos, pndessem transformar este vo_ l11me num livro de h istória no livros alheios. s e m pel!guls;i.a proprlas que talvez pudes,sem. modlfic:!T opiniões slmplesmen.. te colhillas ao az!ll' das leituras. Mas, ê pl!la vulgarlznção, no bom sentido da palavra, que ee– realka a demooral17.11.ção d.!1 cu! _ tura,, que se dl!undem, em w_ ma. os conbeclmenlos - llnall. dade a que UPlrnJ'n todos 01 que, em qualquer dos gêneros lie dedicam a escrever para ocs outros. E! nesse partlc\llnr s, po!!lção do s r. André ?.1au;.ois é de um destaque raramente al.. cançado por qualquer dos que s; livro que o sr. André Maurol:a HAROLDO MARANHÃO vem de P,Ubllcar: uma .. fltstórla, ------- da E'rnnça". na qual todos 011 • g1ande sentido que a expres~âo U(tLAl10RAU01tES :- Al varo L l ns, Alunso Ku • ena Ahnclda F'll>cher, Alphuns us de Gulmnraens fJ . lbo· /\ ugustu frederi co Scbn,ldl. A urello Uuarque dt noÍnnda uenedllu Nunes. 8ronu de Mrnezes. Ca rlo5 urnmm~nd de Andrade , Cauby Cru,. Cerllu l\1el~el e& L-.. cll l\1c lra (' leo llcnu1rdo CJ•r u dos Ao.l os <,arll Fduardu, Oanl el Coêlho d t !::lousa. F Pau!o 1\-lend . Garlhaldl Brasil llaroldo t.1aranbáo J oacl Co~de. L,t-v:y (IJJ.11 de l\luurl\ Lêdn Ivo .Josê 1,11\.11 do Ree;u , não Meneies. M:1 rque~ Re belo. I\Jnrlo F'~ustlno. l\~a– n11rl R:tndelra. I\I B1- l\tarlins. l\lnrla Juhe\a. Mnr•:ll ~len<lcs. Orl:inrlo 1\lt 11r . Oltn l't1arl:1 Ca11>rn~uUd Pa~f 1•1inlo Abreu. fL de Sous:i l\,our~ Roj!'Pr .R s e. a t>am:ir de l\1our11, Ru,• í'oullnhn. Ruy ~u•I {rme _8 • ·a ta Rtrl!I ~ I\Tllli r l <;:ittnn~ f ,r•·~ .. W1l i< 11 " \\1a~bns c;tpitulos se l nlt ·.11nm - "Co. mu . . " sucedeu uma coti<a ou c11.1lra, numa tenlsllvo do ~lxar, so mesmo tetnpo , as cnui-r.s e ai. Cflnsequenclas dos aconteci. mcntos - de$de que ês~ei: "t'O– mo" ae entrelaç.im lntl mnmon le nQ decorrer cl Qs 1<éculos. uns nasci-ntlo por ll~Sfm ()l'lt-r lne– vltn.velmcnle d os outrôs !ln 11,1u, com relllçllo II c~ta "Hl~. torta (111, França", piirecc.rne que o 11r. André M11.urols foi pnrtlcu_ lar111t>11 te rel!z: I!. nlio aer- em c:t>rtas qu1U<tõcs de detalhe, que talvez n!lo al\tlsfnt-nm um blsto. rh1t1or pr<,rlulo11111, tlt•dn-sc d l. zer que. t>m c11nJ, 1nto n obro. • POl!llúl? Cert:imenle. O 11r. An• dré r.'laur(la não é um historia. dor. ainda que tenha escrito v(,rlos livros de história como • nllo 6 btstorlti•lor um ho1nl!m q11e tenh11 lido muitos livro• do b 1Hl6rll'.. 'rl1a.s, ae nllo o encn rn r. 1nni, por ~,s, lln,rulo. t ~lvez mui _ t o entretto, ■e nao exigirmos ele. le 1111ullo que e le n4o poc'Je ofe– recer porque aeri'I loml\_to por nqullo que ele nllo 6, ê lnegàv<-1 quo a WC\ obrn pt1dc pro,luilr, mesmo do ponlo.de -vlata (la Jli1tt6rln, rellu llndos routlo mnls rccundll■ o n:11 IBfatQrlos quo os de muitos dos grossos cnmpl!n. dlns que dnrmem nns estnnles das blbllotecl\11, • como ele, encaram a hl&tórla dos bomen!I e dos pais es como um ourh:>so cnleldoscóplo, onde se aprende a compreender me– lhor pnlses e homel)s sem a fa– Olga e os enfados a. que n pre. cl11ii<.o obrt gn. PRESENCA DE ZOLA (Ccnclu'-5.o da lª. página) \ de 1948: a l está o ge:i;:m~ de La Jíortune dCS Rougon, • n,esma form3 por que, qu~ndo se encontra nn. hli<lórln 1l1>l'I ho– mens algum "n lndn Q\IC" pocla. mos estar certe>s, cu1uo dizia Proul'IL, que f &Sr11 '"guolquo" rc– presenlll.m outrQ!! 111nt.t1s "p:ir– ce que" que "" lgnc,ram. cc:,rreRponcle às lntcn~Ocl! Cio 11u. t nt-: ~Jtrr com que o l!'ltor Olltn. prct'hlln r ,,1nn r p,1r quo n Frnn. ta se con1,tllulu 001no F'r11 nç(l a travêa dos al•cu ln, . l'orn t,wr,, nl'iti aerln 1<llílctcnte, é claro, um t rnhalho ~lmplt'Prncnlr nnrrntl– vo nt1m ,;e exl11tnm certo~ r lgo_ res ~ que lnlvl'i 110 obrlgn~.se qunlquer oulr11. O ar. An,1rê l\1"u ro l~, 1J u e, 11aturalmC'11le, !Ptlll o flc-tl f}íll~. f Cl!t)IVCU escre. ver n 11un h l~tõrla como quem t>Mt'fe\'c um uml.stl-rlo" e 1\ ver. (l a1le 6 que o ll'ltor ncnb'l por 1.'.\-ta cn.ri\ o que,m lê um mtslê_ rio. Tnlvpz crrlos nconteclmen– tn~ l')Ofl!!alll nprcse-ntar outras l'>tpllca.c:õe• p!>flSIveis ou provfi_ \ri,J,r_ tnlvez cerlris !aloli pud~R. ~<'m •er lluminncl.o!! e nnv:,,, 111- O 11r, Andre MnurnL, que ê u m psicólogo de certas e pro. fund~ pro11prcções, que é um hnmem lnlE"Jlgpnfe e ()e cultu– ra, que possui em materla lt_ terârto. um bom go~to Jam.'llil rlesmentldo não pas11a em hl!'. • t6r l:1 dum vul!?:l rltador, pois n tanto corr<''<ponde o oficio de quem resum• e lnterprctn oa 'lt por laso que os isni.s livros de htl'llórla e, em pnrUcular, es– ta "llletórla da Frnnçll", nos reconciliam, de certn m11ne1ro., con1 n Ulst6rla: porque cncon– tr111nos ncllls o drarnátlc1;1 ln. tllrease q ue a hlstórla Qtl<> ~e vi\'C pos11ul. e que n3o ae tn– cnutra nn. hlst6rla que jll rc.t folln; a vtdo., a mov1mentnotio • e o sentido que faltam mllltns irdSrnO de Zola 13 rtJ 8iõll' os d,r•stlno:. d JS lnrnll1as l{ougon e l\•'lacquarl: n-111:1 1111,i::t1en1 o adivinharia, Lao llmldo é o com.to . l!. o üt~111,o romlinca DocU:ur 1•:isc;1l ê lcnttill\·a qua~e l 1111e11távc1 de reíuLar o detcrminls1110 , n1 que n epopéia lod:. se b ise!a. No entanto, Zola sobrevive na 1nen1ór1a llteráru:i du llumn. 111dod,·, co1no part1ciárlo do <iett-nninb1n<>. E' jusu.1mcnle .,eu d termlnlsn10 pseudo. científico que é lnact:llâvel p:tra os sociallftas d1alét.cos, tanto como para os néo– .naturalbt:is de n1atli ctostoL e\·Skiano. O pl'oprlo Z.ola co1neçando, e t~rmtnnndo a epopeia, parece ler pres– senud.o isso, lazendo lentotL va d~ tvilar o esgutrna infe.. liz. Será preciso perguntar co.mo aconteceu que o deter– minismo se i11trooaz::u L1a sua obra, Ainda quer opbr ti corrup. ção Il\l•tcru 1:,1ulo~a dos bur– guesc:. de província o id!llo_ poét1C'o dl- um rou.sseaun1ano slraso.do lmanlérn sempre ess:, ICiéio. em La faut: de l '11bbé 1'11ouret, em Joie de vi. v r1•, em L e ft é,•e ). E,n conjun~-, o 11r~scr1l0 li vro pode ser tldt1 comQ urn excm– plú de Maurols DOll IICU!f melho– res mornen LO$, como umrl obr~ Llplca, nas suna q1L1lld111lt. e tl<lll -,cus dercltos, 110 lrnnqullo pi<lcólt•co frn11cê!f. Porque, nlo &el se se te,n IC\'tltlo n.1 c1~v1t1" con..lderl\çllo qunnc:10 110 apll,u . tle ou qu:in,ln se cundcn~ o er. A111Jré M11u1·ul.s, que e le n/lo p,1M. ~a. 110 fundo. c.ll ' uri, pslcóh.1a,, ~ pn•cuf,\ doa 11ssun10~ - e QII~ l'"m.;' ·e 08 \l'IU, abortlud,:, 1ht pc,nto-ue.vhH,1 !la p11lcolvgl11, f>u11co lmporl:t, Qu11nt1., un~ ,t_ luarnos nesi,e 6ng,ulo , que o ª"· c,•llor H,,j.i por ,•etea menos rL. goroso do QUt> ~e e~purt\ e llll exige de \lm hl~t1>rlador: pouco Ih~ Importo, rnqunnlo hlslnrln. dor, que n l).llllbclà por vezes 011re1Jente IQcun.is ou 0)1scurtda. cJe.q, um;i vez ti uc, çorao J:'sfcú– logn_ (lle pode preencher llio bem umas como oult'a.S, par:i n1'1 nal nos npresentnr O!í seus livros, sltnl-lrlcos e completos literatura NacionalE Outras vezes aos s1zudos documenlos, e gue &6 o Interprete, qu::ind<> esse lntérpr-ete Fe chama, l)rlr exemplo, André Mauro!~. pod& o!erecer-nos. Se o sr. Antl r é Mau.rola por torça de seu m~to– do 11e coloca somp re "a 1,,.Ble_ ri orl" do11 ncontecl men l,,,._ nol.J, nl)S p romete exl)licor IJC-l'dt> o titulo, como, por cxe1nplo, "ro. mo a G~lla se tornriu romnna", rle n!lo deixa, 11.0 mesmo tempo, de s" coloc11.r como seu con.:.ern. pórânco, o que o capacita n nos orerecer deles umn vlsâo hnr– moniosa desde que o narrador pot<i,úl, ~!multaneamen te, O$ es. quemfl.-S que nos explican1 o me. canlsmo tia engrenagem e as t-.1ab as suas idéias pollti– cas exlg m reptesentatii.o mais lotte. Etn 1869, sai m~dlocrlllndt:i 0t.1Ja11 obr/1:'I 11e e.spalh3 11 1'<'111 1nunclo l11tclrC1 gozando d& uma reputação ab~ solutamente :n,u111 líltadn. 1ª. página) ..L'cducnLion sentlmen tale, o romance da dei,llusão depo:s de 18~8. .I!:' mais unta revéla.. çiio para Zola. La For tune des ltougon será o prirn, iro membro de um ciclo d e ro_ mances descrevendo a detur– pação das idéias republican-11 pela burguesia. com e. pers– pectiva da futura v'l~órla . da 'a. públ H'I\ Essa vitória veio mais cedo do que Zola pen– sara c:.m 1870. ao preço de uma' derrota desastrosa da Françll s6 explicável ao ro– n1ancista pc.la detQriorização bio1óglca d a substância na.. t'iOno L C&reciam verificar _s,~ simultar,eamfO\e as t-eorias polí~irat otimistas, e as teo– rias b:r.Jógicas p3Ssimistas de Zola, e:., modo que o escriloT não sente a contradição ln. tirr,a entre elas. Nesse mo. menta, Zola introduziu na Fortun e d es Rougon a farru– liil Macquart, representant~ da perdição humana, ví tima do detertninismo naturalis'.L co. Pode começar o ciclo de Les Rougon.Mn.çquart, histo1- re nalurelle et sociale d'une famile sous le s : cond Em. pire. ' com respostas mais ou 1nenos Veja.mos, por cxen1plo, n llte_ ratura francPsn: regra gernl, qualquer novela de selo !rancês nante!I rln !'eu tlvro ,1~ Yendos - comprtr<'nv,.to com âlgunt< dns noi,,m,. mnls ll\l"lres rom..'\ncL~las bra.llllelroi, <IU" 1neg1l\,eln1ente têm gronile lnlenlo e nallcido!I em qunlqucr fnrmn grandes ro. m:,ncl~to«. chaves que nos njudam a resol– ver os enigmas . Isso lhe permi. te, por vezes, e mais como pai . colos:o do que como h istoriador, a re~umlr to~o um c11pilulo nu. mn. observação deflnlUvll e mar. l'tlnte, quando não é o rcsun10 de toda o história. humo nn que nlls é o(erecldo como n<-s ta !ra. Os .assunto, - ciuase todos éles novos - de Zola, são tão ín1pres~ionantes e sua manei. 1·a de trala..los é ~o tradicio_ xial qu: nunca s;: deu mu1•.a atenção ã sua técnica rl-0-VC.. list1ca: tampouco o esillo convida a isso, de modo que Zola aparece ás gerações atuais como mero industrial do r omance, produzindo ano por ano um livro, ignorando as dúvidas técnicas e ideoló– gicas que hoje nos preocu. pam. Só recen~.mente co1ne.. çaram a perguntar quanto às origens da inspiração novc– l ísLica que transformou o aulor de romances "negros", como Thérese Raquin, ern fundador do naturalismo 010. derno. Ainda são raros êsses estudos, entre os quais o d~ Ugo Tolomtl merece destà. que. Em Lukacs e Auerbach também se encontram obser– vações peuetrant.s a r espeL to. . O jovem Zola chegou a Pa. ris con1 preconcebida!l idéias iJ.oliticas: como quase todos os jove~ sulinos~ era repu– blicano, de!endendo contra a opressão policial do Se.. gundo Império as Idéias hu_ manitãrias e democráticas do jacobinismo. O desejo de conseguir rapidamente o êxi– to literário levou.o a escre. ver romances-folhetins à ma. ncira de Sue, s i m cair por isso em contradições lntimai.: a obra de Sue tam'bém ser_ v iu àqueles ideais políticos A êsles opuseram_se, em Zola, a penas as teorias b iológicas qu~ estavam no ar da época, teorias de um sinistro deter. minismo que levaria as cria... turas decadenles fatalmente para o abismo, sem esperan... ças de libertação polilico– irevolucionãria. Thérese Ra. quin é o produto dessa con. tradição inicial: um romance– folhetim de assunto palologic,o, Continuando nesse camit'lho, Zola teria desenvolvido suas teoria!!, ma& nunca criado a epopéia do século. Sobre\--eio o encontro com F laubert: nladam~ Bov:i.ry f-0í. para o principiante, wna revelação. Logo Zola preten. dera e~crever o romance de bw-guesia provinciana, d ep ois • 1iallsf.1l6rlas para tod,:,s os "co. mo" que lhe propusermos. Naturnlmente que ainda como p slc61ogo não pode ou, pelo menos, 11ão deverltl o sr . André r.Iaurols escapar de certas re– gr.is, digamos de certo mêto lo mesmo ns do p recflrla, qo~allda– dr. possuem cerlns c:iraeterlstl. cas de acnb~mento de confec.. - ' Numri ,iltnplef' ~~calo de v3lo– re,i intelectuais tnJ campa.ratão não 1mrla pns,.lvel; o gue a lor_ na. p ossf\,el ê n aju,1n de ta t p ah1monlo tradlclonal que foi n escora, a alavanca Oe êxito do velbo Bordeaux: ele que nii.o • se a propósito de Gambetta: • a. superlorldt\dP é, de todos o!' cri. n1os, o que os homeni< perllorun menos"I "H:.stoire naturelle et so– clale" - mas entre "natureL le" e "soc:ia te" a contrad ição foi inevilãvel. No fundo da teor ia natura!,ística de Zola estava. a Idéia de que toda. vida é um n1al, f atalmente destinada á decadência, de– generação e m.orte; idéia que é tipicamente romântica. E no fundo da teoria política de Zola estava a idéia de que toda vida é bO!l, d ,stinada · a vencer os obstáculos· d as con– venções sociais e policiais, idéia que passará do realis_ mo pequeno.burguês ao ma– terlalism.o proletário. Verifi. car essa contradição não sig– nifica. fazer r eslir:ções ao grande romanc ista. Antes contríbal para, compreendê. lo melhor. Sempre se dizià que há um romãntleo dentro do naturalista Zola, procu. r ando- se seu r omantismo na exuberância das visrn!s pan_ sexuais e no sópr.o épico da sua obra. Na verdade, o ro_ mantisn10 de Zola. reside n o seu determinismo aparente– mente c ientif íco, profunda.. mente pessimista. E embora êsse na turalismo s~ baseasse em teorias írágeis e a té íal_ sas, exprinuu a natureza verdadeira de Zola. Aí está o verdadeiro Zola. Quando êle aplicava ê..oSe determinis– mo r-0mãntico p essimista ao assunto político da sua obra., enlâo sa!1·am as obras primas: "L'Assemoir que é ipn "pen. dent• 1 à. Situação das classes operoria,s na Jng1at.-rra de Engel Nana, que é mais cr.i.. de lrnbalho Intelec tual a. que lodos estamos obrigados. ?.lui•,o lem 1111.lo d ito a es;ie resp'.eito, e tica social do que criUca se– xual: ~ La Débâcle. Mas quando Zola preténdia lra.. tar seu assunto político de maneira "realista" então ' co.iu na grandiloquência óca, que parecia aos críticos pseudo.J"omânt.ica e que é na verda14 pseudo - realisUca enLUlliasmo republicano num pequeno_burguês que !gnorà a dialética: e is o caminho que levará ao falso ollmismo de Doeteu.r Pascal, tentativa la.. mentáv,;l de desmentir no fim, a obra inteira. O v erdadeiro, o grande Zo– la. é aquele que supera o 1ea. lismo teórico, transfor1uando as descrições r.;alistas em grandes panoramas de hor_ ror - o modêlo Sue ainda se vislumbra, mas já é outra. coisa: o real:smo que preten– deu dar dignidade literária às "classes baixas'" e à vida quotidiana descob re na vída quotidiana das classes baixas assuntos de um.a "Infernal Tragédla''. d e grande t s tilo. Nesse "grande estilo" reside a contribuição "dantesca" d e Zola. à literatura universal. A obra_prima dêsse "naturalis. mo de grande estilo" é a obra.– prima de Zola: Germinal. A influência de Zola uos dostoievskianos modernos li– mita. se ao pessJm.ísmo nstu– ralistico, interpretado de ma. neira di1eren te: o "grande es– tilo" é substituído pela. d isso. cia.ção psicológica. Doutro la– do, os néo-naturalistas, d i<i. lélicos não podem, sendo dia_ ~ tlcos, aceitar o deter minis– mo de Zola. Para ê les Germi– r.al é o paradigma. de uma grande obra. inéompleta que se completará no fu turo. Dai as iniím.eras tentativas de r e_ petir o enrêdo que jã se transformou e rn esquema, em receita. Nem naqueles nem nestes d iscípulos de Zola exis~ a. totalidade da sua vi– são que se fragmentou irre– medlávelmen te. Mas êsses 'fragmentos ainda b astam pa.. r a impresi;ionar indireto.men– te ,e influenciar diretam,~nte a literatura universal, Eis a. p.resença de Zola,. çao, de reallznção técnica que • não se cncrtntrnm em grande parte dn.;i boas obrns (e atê mesmo de algumns obras p1·l– mas) das nossas literaturas se. mJ_bflrbaras. O Upo ct>mum ele novelas !ranccs:tS mesmo ns dlspõo de nenhum dos precio- Da 11esto. pode-se cc,nslderal." que a hislórla, purame11le nar. rallva., se. é que extsLlu algum dla, cederà pouco a pouco o lu– g<1y prellomlnante à história ln4 terpretati va,. Pois a experlen– cia ao pass."\do só nos pode 1<er. vir como J!ção para o futuro, ' multo ruln~. são como traba - lhos cm ~rt~. executadas em maqulnl~mos de primeira or. sos elementos pes!lorús dos no~. sos, pôde entretanto servlr-s2 dn.quela "estratlflcação" cultural u tllizou :is seculares Uções dc,s dl'm, c!ITC'Cltla" de originalidade de motivos, de exce1encin de materln. prima, de vld~ próp,ia. e de :olorido , mas que al)rcsen– tam ao mesmo tempo uma cor– r eção, u ma dii.clplina de apre. sentação umn limpeza nc, "aca_ bamento\ que só por si lhes dão classe e jmtlrtc11.m su:i pro. cura no mercado Internacional. Dá_se com elas o mesmo que se dá com a costura francesa - com a qual certo gênnro de 11_ ter:l'lura tem lneg:ivelmente inumer33 afinidades. Tomemos para tlltlilrar a afl r . mattva como um. exemplo certo romaoclata fr ancês que lodo mundo conl,ece, o sr. Henry Bordeau.x. Os seus temas são f.ragil imos e convencionais; suas personagens não têm nenhuma espêcle de humanidade nem con_ slstêncla psicológica: auas hl.s– tórlas têm t odas uma flna lldt~• de pretensamente "moro.t'' e 1r_ ritantemente à 1nostra, talllados desde o Inicio partl o "happy. end" onde os amantes separa– dos se re11nem num reajusta_ ;:1i!~~~õ;;nirr!~s r:n:::t:::: e~ estado de graça, o que é de qualquer modo uma, maneira de " cabar bem, - e, na opinião de multa gente, a, melhor. ?,'.[as dentro desse r oteiro eonvenclo. nal de catecismo para moças e água de ilor de l a ranja, dentro dessa chatice l11variável 1 há inegavelmente uma técnica d e bom a ttozão no "cozinhar" do livro, uma clcncla de apresenta. ç ão e de valores, um equUibr.io de dislrlbulçáo, uma certa. lll• t eUgencla na escolha. oportuna, dos momentos climãticos--qua. lldades essas que dificilmente os t alentosos fundadores do ro. 1n a. n c e brasileiro consew,tem atingir. Comparemos portanto o sr. Bordeaux, que é um mecl.locre, um escrltor por a tacado, um costureiro, que s6 dave ter che.. gado à Academia F rancesa gro– cas ao.s a lga!:lsmos 1.mpressio_ mestres elo rnmMce francês a • o f:1 to t, que conseguiu uma pe. rlc1n de manipulação. uma ''cl . enci/\ de nnrrn:r", que é lnega. v~lmente o úttlco valor das suas ~en.~aborlas, e que ln Cellimente nós só alcançamos com gro.nd1> lrregulnrldncle. Isto que se observa entre nós pode-se observo.r também em menor elicnta na literatura. rus. sa, em forte escala na ameri. cana. ape.snr de es ta úlllma ter tido a sorte de dlspõr do li ngua e da t radição dos romanclstas loglcses. Salvo Totsliol que co. • n10 o nosso ?.facbado, apren- deu a di!lclpllna, o método, os proces~os li terários dos mestru franco-brlt.ânlcos, qqase todos os autores da groncle época do ro. m.ance russo padecem !gualmen. te desse deseQltUibrlo. Até mes. mo D eus me perdõe, Dostoie,vs– kl, o imenso, o gênio. Resta saber se essa vnntagem de que gozam por d ireito de nascença, os herdeiros do uma grande tracllção llterãrla serã • realmente uma vantagem. Por_ que para êles. de contra.parti. d &, também há de reprcsenlar un1 tremendo proble1ua o abri• i:em de alélns de salbro, classi_ ficadas e numeradas a linhan – dci.se e enroscando-s~, há anos e anos, em todás as combinações .geométricas vosalvels. Para. nós, pelo menoll, se a nossa: tare(a é abrir plcado.s numa !loresta vlr_ gem, resta-nos o consolo de sa– ber que essa picada terã o nos- so nome, será coisa inteiramente n oasa e pessoal. Não fosse essa rl ctueza de materla prima hrut.1. talvez não fpsae posslvel p rodu_ :tlr-Se a orlgtne,lillade podero..a de um S!etnbeck, de um Saro;on, d'Cl um L h1s do Rego, de UID !-/furctuts Rebelo - e guem i;a- • ba ta-lvez - a or!gina.ttllade ou o é justamente n~te ponto que o psicólogo e o btstorlador sa encontram. O sr. Anil ré Mnu– rois tem menosprezado um pou,. co. cnn!orme se fl! l.be. os r lgo.. res da construção hls tôrlca pell\ 1negãvel fascinação da interpre. t:ição psicológica.. Não ignoro. estã vh;to, tndos os perigos a. que pode levar a facilillade num plano incllnado como esse. e tudo o que se tem dilo de pro– cedente a respeito de homena como Stefan Z\veig ou o sr. An. dré ?<Iaurols, q~e po11~em alguns defeitos comuns. Mas, se a po. sh;âo de um ou outro escrl– tor pode estar p11.rtlrol:.rmento e.'Cposla o certos p erigos e de. feitos Isso não sl.gn Hlca nem pode 'stgn!Clca.r, a condenação do métQdo em st mesmo. Ainda crue 11 totalidade dos Interpretes se deixasse levnr pela. !acilldade, o que todos sabem que não é ~xa . to, restaria da pé. lnobstanle, e por melhores motivos, a neces_ sillade de realiza r aquilo que, d11 um ponto de visto mais elevado e de pretens6es motores, se de. nomlna de í llosofi:i. da. h lstó– ri/\, Há os Que negam o direite; da exlstencmi ll essa dli;clpUna. a essa atlvtdadi? do el!pirito: nem por tsso ela exlste meno3, qual . quer que i;eje, o seu gráu pO$• slvel da exatldii.o. • . n força ou p oder criador de Ili. guns desses r oms.nols ta·s novos que o c11ncurso nos vat apre– sentar mau grl\clo <> üesconso_ . -· ~ o sr. André MnurolS, um !i. lósofo da historin.? Niio hesito na resposta negat.i va. Mas nes. se terreno enorme e tão ma..! ex. p lo.rado que se este_nde entre s hlstotlatlor, no aentido reatrltG>. <111 palavra, e o filósofo da. his... tórla, o terreno da compreen– são psicológica, onde o leitor comum se s c.ntc mais à vonta.... de, os seus livros, um po.uc • suporrlclals, ta.Ivez, n,1\8 de u,e_ g(tveJ agude7,a, deiliutam i}um.a lmportAnc.iw q,ue não pode s el' clese$lilllllcla. -:é !ora das cogl_ ~ações teóricas e d<,utrlnãr!as;. é certo <1,ue esto "Hlst6rl"- da FranÇ!l." pessul um atrativo e um valor e..xtrnortlioár los; o atrativo d'Cl sua. formD cspleodi . dn. ~ervida. por um francês de, melhor quaUdade, e o \'ctlo r ele nos ajud.-ir a co°'pteenüer m~– lhor, .nfl. F rança de 1,oje, n Frau.. ça de lodos os tempos. lo a o ceUclsmo do nosso nmtgo Julz:.

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