Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

1 1 ' • v.: ............. , .. _..... -.. --... -.. ,......,_ . .. ,_ ,_,... , ..... ~-~~==:_--------:-------------- J. . --------------------_;t-••··-·-···-·-·-·-···~·-·' ---------- - -------- ----- -- _, __________________________________ Literatura Nacional E Outras Rachel De Out:iroz . Copyt"lgbt E.S.L com \f'XC-lill:ilviclatlr par:i. F,11ha do N~:t.~ neste ~t~c{o. ou:r: d•:. um 11mfg-, Q>i<! ._.,,,_.. ,.,,, vJ 11(!,) ele J U l7. D_\lffi (:U}ICUl'tiO de 1111velil 'l fe%.-JJJ.e quetxa• ~t'n- - Domingo, 11 de Ab rU de 1948 B6 J,'1M-PAltA , • • unc1onar10 -·--- • NUM. 74 sc ritor CADERNO DE VIAGEM MARQUES REBELO C• 1 1Jl"l'i#ht E.S l. com !-x.1?lui.1vt<1a;ct,;- para F11ll1u. do Nrn:tf' 11esl.e :&,tado. PF.OR .\S BRANCAS se "1.1~ sou bcss,• Is Cluol.n eo unnt13 unia pL-Of~~ora pulJll– .:n, 'llo:.,.t$ Cac:l'~ cobc,r.,e_ ian1 de vcrgouhal SETE ,I..AOOAS t i<lis~:ma~ 11 re,i~lto du q ,ui ele ~h,uru1. o "llivel ::1:1111lxo de prl– lllarlu" u:1 orudu,:iia Ut,.,l'l1'1o, oo. nfornd .• E ,1.,pol'I ili' n'l.U! to si.+ <'n rpl r II multo mnld l:ttr rc- • m , ou "" q11efxu1nri; "ºm 11111 flll"ll, r.i: '"Ah• ~e te1,to c,,,11:unio t o~ ,, na -rra.nça 1• co~,~ 1•,1::~~d~: 1 •: : ~::.:a~;~;,: X:Hl pela Fraru:o e, por tn1.11ce. 11r-q l1 ftttl.a t• ,n q11e ot rlb11,r .f!Yt111d::- 1,:-nc du• @eus rlgl)r· p,11 ., con, os pautotol!. Cumo l>-Sr) tlc rll.:.. r l'JUC LO(lo,s 08 orl– 'f11na l,1 ,le r•>rnnnce'! que l4!m U_ do ntc n1e•mo os n1f>lh1>ree, a.,e m -,,-m r, •"!! que ,-ã,) b111 bada part\ S EMP'flE io 11\l()U m;i} <le fuMcionâr lo~, lncluis1v11 dos que plll\.S:.tm a hora, flo ,xp edit'UtP escrevl11httntlo> litrrnturo. Nilo sei s0 êssr, t.i– P•> de burocrato_cscritor 0111- da. exh,te. A ruci.onall211çllo uo se rviço públiro, ou o "~– fórço por eoSa raclonolli.ttção, trouxe niodHlençõe.s ~enslve!s no all.'lb 1 1'nlP de nossa.s repor– t.íf, ões, e é de crrr que as "º– n 1ções lit•rôrias 1nonifes111_ d~ à 11ombr:i de processos st CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (Especial para a FOLHA 00 NtJttTB> hajam re~.'lentido con1 05 no– vos n1étodos de trab:ilho. Co11tudo. ni.io s., terão t1 tio. ! tu.lo de toflO, t5o for ,e, é, no <"•<"rlLor, 1\ ncC('ssidot1° de l''f– p1·ímlr-se. l}Pn t ro ou tora da 1·otino c1ue lhe ,~ lm110,t11. Se não t't<'rov.-r no e..•µ:ic:o rlP. t<'nipo de11t.lnado ã producuo ,,~ or1ciot, f' ' crt'vrrfl 1111 hora rlo cono ou do co•ni<lil, r ·crr. vt•rú ~ob o eh Ll\'l'i ro, nA f ila. ao sol. e"'c.r~v•·r{I 01~ ""'" p~prl - no in t~rior ti,> própr o e{>_ r •bro, como o, poetas prisio– n~ i1·0$ dn 11Hlmo. ~Uf.'l ra. Q.11" vo)loram 1to .,'l1,eto conin 9 u,na torn,a q~ por .si m,s_ mn ~,, lltflv-i n~ men1ór111 E por qtll'! se fnh1v:1 tan!o do ht.P1·ato-ru,1~·lont\rlo'/ Por. 1.1ue tiesperdicova os 1'1') i1i uto,,. do !'1)\1 c.11:i rcser vndt.> aos ln. 1,-r(~~ses da naciio, no tnllo ,1.,. ~uas ,,ulmeras ptF"oals. .ai nllç;io ptt~DV3-lhe para r~llL ,t:ir popi•L• c,u.. cuTos ,. ema. rsnhodos ordt'nar ra11os dl. rl c,-·s. f)ron,over n1P<l hl:is ítlr'i! 011vir con1 l)nn iiini()ade t111 "oo,l, li". 'F:n1 "e~ disso, •Cont.lnun na, 3.• pug ) D zun\ 4\le o povo n;io sabe contar - são oito. Ma:s 1\ gen– te bÓ vê u1n~. SAN'l'O AN 1 rONIO \)E ALM.EIDAS Santo Antonlo do, Atmct.. d.ls ~ ~rc.tcza e barro, b.irro .i 1riste:r.:i, Porcos 110 afundam na tamn. O mastro de São> João é feito de um único oa111bll d~ Jltura intl nlta. 1..:, no alio, a p~uena bJndelra hr:i.11c:1 furando o céu do chumbó, e.!!tú tesa como ee t l "'·!se 11100 paN.lisada pelo rrio. No ru11do do nt'gQC:o, <> chofer cte .Belo tlo.ruonte berra lllucin.s.do con1 uma cqlica de r ins, pedúido Jnj •_ cuo ou tnortt1. <111 prfmlo1.1 de1xan, n•l leitor 1t Jmprf'"rio '!.le teren, •ttlo e•c:rt.. t o,. p,,r p1,.,.,,oa11 que nprende. r~m n ,,.,. "ª •rnnnn- p ~~,...u!n. e ., lnd11 ~e ~eu t~m "m 11lcnl\ lua ,10 m11.I dn a l(l\heti1.:1~io 01& "l'le l' 11m.i. ru•IJrld;i•lt' uni nrl- • m11 ,.,,,11\•1, 11111~ 111.., pc~o<la que • té du , ver 11flcilo t.fi• J ri.1,1 e,n po,ter de 11f1e\11fs tA11 ~rn.,,•,•lr-O•: "" enl;.o fl llrnlfe .oi;,l),.t,,: - o rebDtU.'1.IIUCnto, 11 lant~JflUlll, O abusa .i,1 ouropcl, o r: 111tnqutr.ll "_ = •' ,, o, llterntura. t'm todo o s&\I 1nau sentido. Pare~ q1,1f' nilo ti,m nQÇàO nenll,1rua elo bom • •lo •~1hu, Glternam. colsas exce_ )enl~s e cotsa11 lnfame,i. , raetn ' ..,. IJ1J!Juêuct:is mais dLqpa r es. e d entro dll me,sma pâ&il:\a po– .iem-11e encotltrnr écoi, do ":Snt1e <"ubas'! ou de "El:.t,lra a Morta._ Vlrg€-m" •.• w Agora, \'Oéê pe,r.\ U{'ll: i ivro 1rnucê, - jà não cUco d.\is nw– lhoresL mas QU:l,l quer t(}m&ni:e d e tre'1}ntl;, linha - e ve~a sõ a qegu1•~çu., o cou1edime11liJ, o e qullibtio!" o Juiz exa.ge.ra eviilentemenw: e Deus lhe peruoe flS u ce$1'!ó)s 1,-v3ndo t'1ll CQtlta o muito que bà Je t11r p~d.~cldo, e'l>rl.cndo a 4lebulhar tal to.nehlcein .le l>\'O– • vtl.,iada; com lnten~â'l d:e o coo;.-ol"ar, apenas, ensa!&n\O"S 11.qu \ •lgu111aa ob ~e1·11as~ que e ie .le. 'Vt>l'la ltr !4!t;i, isol'111ho: J)<ll'<IU.• afinal yilo esta.mo1t h1ven~uclo .iienhuma pólvora. mu it,a nn t e jA. hà de t Er dito e pen ,ie.do isw mesmo, antrs de ""'· e;> tato é que nas l lttrat.lU'39 ,1 ustres, cuje temPQ .Se 1!:X:f" – :têncl.a, e.re! lei'l\le1, to e e~1J',uifl – ~ \Çâo n,cde-!!e por i;ee\l.lO!!, pa• rec,: q-.e já S<t for niou um pa_ AI r.>Q u1,lie ou m,11011 eleva.do de . p ,·oilu~áo, um n lvtl d~ qua li~- de nlém ,le 1rn,Ucf,:i11~l,, uuUor– ,.me e 1:1.11ge1·lot:, - rinrttio t!<~e 'l\le, dentt·o d• certl\.s CQII\H~,1 .ffl..lnh;na,., po.de !l.tr aléança•lo po::– ~ ua.'!e tollO!! 011 p roli('siQJtnl:s da:s 1., tras • que de certo mot\o ln . depende ~ ~ tdadea de '-– l ento. capa~i4;J.&4,e cr1adora e Jt~l5 don~ peiw>ai!! do e~ntor. Cómo g.ue se ctin&!i\úi uma ,,_ pecie tle pa,tl"ún,O.nlo Ct>lJl\l'lll do 41ua1 u socorrei;n t.odos, o qual r 11pre~xita so7.ll 'l.bn muUt s ve– :&e.'1, o m.l!rlto. único .i;e «~t~ lContiJlua 11a 2.• p~g.) A úiu leito~ j•Qcoso e de agudo espíri to. critcico de\'O o iu;quenu s~in~ do. ctu1.ma_ do "r121naoce social"t toma... 11e uma toi:le porção de tra– balhadores. ,nvolvendo..0& n.a massa csiwcifica d.as misérias de de{ennin <1.da profissão eu l'egião, põe-~ em CQnt. um môU10 de !rases soeialista.it , escalda-se bem e servt.s~ na m .esa d11; livraria: ~ a g.e»te– reeiam, porque a coisa toda estou1ou , cb1una-se a. ,tenção J>ata a nQta no cardápio: ''des- ' ta vez. o bolo tracassou, mas Q. côr (\os p.~cla~ já prenu»-. eia a aurora: amanhã tem mm". Realmente. essa recei– ta é o esquemà caricatural d os inúmeros ro,mances néo. :natul'aljstas ela nosso tempo, isobrebldo do11 am,erkat10$• lindtL.s.meric,.uos e atro-:ime– .i-ieanos, E' a Ci\l'icamra de *Gcrminul", Mas •·Germinal" • ,_, '-""_ a nça o ., re u CIO 1'Zspecial para a FOLHA DO NORTE) · An10-te silenciosamente. Dispenso todas as pala"•ras para o nosso a n1or. · Acreilito na ponta dos meus dedo~ na retina dos meus oll1os, na linguagem violenta dos tecidos, que força a base da montanha e abl'e as comportas do mar . Urna semente1 não gera uma flor da areia do deserto mas eu cravo uma estrela nos teus olhos • e trago o céu inteirinha para as tuas mãos. ; Plantarei madrugada nos teus cabelos enquanto ·a noite dorme no tett corpo; estrêlas se despedindo '. pircarão à hora exata de eu te possuir. -· - • Quando nunhas mãos forem raues no teu col'po haverá estalidos de terra na tua garganta e nos teus. olhos, um aparente desprezo pelo ool . Meu lleijo conte.rã a música de todos os séculos · e me1.1 corpo a vibr ação silenciosa de tod-0J os sons. . · t é uma ffl!s grandes obl'l'S da ltt,eratm-a uriiversal permL nente como - por que. !Ião o diztr? - C(!ID:O Da.nte. . De]li)js di. um petí,odo de esquecime:uto qutae comple– t.o1 cbama.,s~ nqvement. a 1ltenç~o para Zela. A biogpa_ fia ele Joseph~ cmiltjbuiu algo para l.s$,'O, e nãç é mero acaso que ês~ livro, talvez o mj !l.bo :r q~ exista sôbre Zola, t~ss.e w:ti\o por Un} ame~icano. O .naturalis~ e~– pertment .t) d• 2!.oln aínc,la é o mêtl)do. novelis.t.i~o indica.do para desc~bru- n Q.VOS ambL entcit. E dâ mais do ql.Je· isso é 4u poderia su- ~ocií!lo de um realillmO de ",,,and~ eE. • • OTTO MARLA\ C.."-R.PEAUX (C9fl'1'if lll E . S .1. - behniv.ktMle ...... a. l'OLBA DO NOlt'.l'E, a~ bàio) . tllo", ai)e~.r dos pormenorl!S pitate~ oo esc:al)rOS-Os ou pseudQ-cienijncos; d ê s s e grande estOo & que se cl'la. mnr.ia. "danteS<:o" &e não ti_ l(~ein t.uito abuc;ado ~ ad– je~o, A influência dess~ nêo..zolaismo é enorme nú literatw-as ametie~nai,, a~ :nas ebras dos 11ociali$tas dia– léticos Q.Ue se opõem ao uto– pismo pequenQ..bUl'guú e a_ dialético de Zola e até nn ~rtos (1QStoitlls1úanos e ka1'.. kaianos, à maneira de Fau.l~ knel', ,ue cU1tiv11m espécie de zolaiswo àlJ avessas. OUtro !ato in~ável é, Po– rem. Cl¾ ninguém costa de co.ntessar aquela in~êneia. O nome do mcsb:'e ~ntinua numa tspéc~ de ostrac.ts~ o. E' o caso, por exem»lo da 1,e.11ercusaãa. i ntensa d.o 1'),. mance ameriq@o conteml)(>... rG.ru:o, ,m grande parte zo– J',j.ist:i, na Fronça j á a partir dos anos de 1030, e muito • mais ainda depois da Jibcr_ u.çã ~ do pais: no entanto, ~ en1Je J,W.rcorrer todas ,s d iscuiis~s viv.issimas em tor– no dct glnf!'tO "rom~nce" nas N!V!St8.9 h a.nc: e.sas onde se fa._ la do Bali:aç, Flaubert, Proust, Joyce, Kalka, Doswievslti, TQJ$.toi, sem se enco,rau o ™>tru: de Zola. O prot>lema importante ela atu-1. ln(l)Jen_ eia do romanc.e americano nas lettas franeffas não JIO• càrá ser di scutido a:n.tes ll• t.(~_se analisado aquele D'OVO "caso Zola.". Basta citar alg~ ti.tuJos da é])OCtt- zolaiana.. e ~nhwn observador tmpal'ci:,l n.egarâ que se ~i·ata de uma. das ~RA DO ClPó A c11uva to:rrenc:illl poo u.m véu brauco na. lrent~ elo a,u– tomóve!. O chão colcâroo é l>tanco como se estivesse co_ berto (le neve; pela v, g.m:i~o ra:ste-tra, marcada l)()r um1>.& 11or1!.x.tnllas vel'Ulelbas de c.!Jl_ co pé-tnlas tão dUJ':l"S qu..i nto as tolh1s, co~em. em decli– ve, unprovisadoa e ~pidos 1iacho1j dunra ág:un cl,-ir.i que ~à vontade de ~ber. O ven- 10 rustlga os vidro.s do au.'1,1>– móvel. As pedi-as muito pre- 1-s aalt.am do ºchão lembr.u,_ 410-nos cat11clisma-s ime.mo_ :riaJ.~. De repente a c:.buva ~ 1aca, como se tl'l!esse hav.i<li> um milagxel A nuvem. b.r:in– ca $e-abre e divisa-se um val e verde. <te um verde bri1l\a11te tle u1nidade, onde há vagos. boie patados, cheiUdOs uns M>ll outros. escorrendo ágU,a. Parece um11 pa.s~gem alpina, c:Qm.O as qUe a, gente vf em c-comos europaus. E. bá d1tas versões piu-a o coso du vatal! holandesas. Diziam uns que o lnglês vtlt aqu.eltt al tos. L~mbruam-lbe os pastos da sua lngiatorta, ou os da Sui~• por ond~ ao. d ara, e tratou logo. de coro– prar toda a. Serra do Ci~ Ce>ns '1'Uiu un1a grande- casa de fa2~nda, bem cel\tortA,;el, ma-.ndou vir gado holand.fs . t spalhou..o en1 volta. O paste t>ra traco. Tudo e ra. uma il\l. sií.o da vist.a na teTra ealcá– .rea . , . P erdeu dois mil con.. l OS; :Jã outros d iziam que o ca. nlh~iro tinha um nome in– glês. Viu a1111e1.., utoa, que Je.mbi-ava~ as mact~ pasta.. t e;ns (lllropéiu, e reaclV4tU IL ~r um oon1 neg6ci.o. Para montaT a tuenda de tino ga. tlc hôlandê$, p,ttcisava de um empr.éstimo ne Banco dl> Erasil. L...""\"11.t1to11 antes a ~IL ffll com boa varanda, ~pa.. lhou o gado. pelas cuc:anja.s. e, tsl)tl:OU o Cscal do ba.nco. o (Continua na 3.• páir.) mawres. ol)ras de todos o, t,en1~ Le Ventre de Pari$, La faute de Pabbé Moure~ L'Assoinmoir, Nana. P,1t- 110uille, Au Bool.leur â,e, Damo, Germinal. L'Oeu.. vn:, La Terre. La bfte humaine 1 La Déb,a«:J~. Tantas obras-primas. pa;is.i . ®m garantir, ape11ar c:la J>N– :rençil de outros romance11 d»– siguais, a homogeneidade da epopê.ía. 1-fas uão é tanto as– sim. Logo a pr~ir.i ob~ La Forhne i es bop•, e base frágil de1nais para S\L porliar o grupo enonne,; e o último ro,rnance, lhk)t~1t, r-11-. eaJ, é d ecel)Cionante. Ai não. se trato de tnttas d<sj:J!U.alda– de11. n1as $1m de defeitoir eSl.. 1ro.tunis: La l'•rlue- ll.t 11 JlllD( OD :iã contém todos .. germ~s d.os quais Q determ.L (Colltinua na. S. 11 pãg.)

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