Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

Em vésperas de minha Plll'– tida ·para a ·Alemanha, Al– bert Camu!i maxcou co1nigo um elicontro na redaçã-o ' da ..Nouve.lle Rt vue -Françaí~e", instalada n a editora GaI:U– mard, de que •é um dos~dire_ tores lite·rái-ÍÔ$ , Antes {las onze l!or-as, che- 1,(ava eu all.• Mas, ' 1 com sur_ ~ .. , ♦ presa, soube, ao anUl')ciar..me, qb'e Camus ainda não havia chegago. Tive que esperar. Afinal, bem depots da hora marcada. entro no seu ga– binet~. Pede-me desculpas pe_ lo atraso fuvolu:ntário. Camus é um homem de a– parência calma, ,mas, franco, gr,ave e cordial. Néle o pilo:. :r,esco é. . mfnítno. Ao cont fá..: ri0 de Malraux. Se-u trato· dir~to e simples faz, de pron– to. aluírem as barreiras da convenção. D:as· aptes saira a público UITI manifesto de intelectuais sobre a situação do mundo.– O docume11to se pro.nunciava contra as ameaças d!. guer_ ra. e seus signatários dizia,m que não eram nem russos nero americanos; eram veuro_ pe.us gue queriam se enJen– der; independen~ment~ .da:s fron{eiras. pela unidadõ •con~ iinen'tal. O nome de éamus apareceu. uma vez entre as ass:naturas. 1.-fas logo de:1:rois o manüe.sto passou a sair sein ~le. Várias razões foram da. da& para essa omissão. Para un,.~, esta s~ devia ao f~ to do autor d·~ Ca.ligulá ser "antl– russo", Para outros, era, por. que ele simpatizava com o gaufismo. ou então, porque seu pacifismo ~stava em de. saco1'do com certas passa:f~ns dG do.cumento. l"Edrgido em parte pór Sartre e seus ami– gá... Essas ci,:cunstâncias me fJ_ zei;am · n1uito ansioso · em: ;sa_ b •r à verdadzira razão da re– tirada de sua assinatura . E foi esta. assim, uma das pi:i_ m~iras coisas que lhe pergun_ tei. Sem hesitacão. respon– deu: "0 t s)!\to f·inal era pru_ dente demais: não chamava -as coil1as peló seu nome. -tor_ Jlan<lo-se insúficíente. A pri. rileirl\ v~rsiio declarava o mundo dividido e.m duas so. ci~da(tts - ~ dos banqueiros " a dos ·1>0Iiciais. Ayagaram rlenois essa divisão. oara não f,.rir nem a_o,i stalinist3<i nem aos outros. Preferi. en tão, r.~. tJrar minha assinatura a con– eorr0r para aumentar- a am– blgúiqad•e ." . • • • s ua voz f cà1Í)1â, ,; JJe fala sem -ên!~se,: Mas vai · expon_ ~:o.. no se9,, t9m P.~cato, as tdé~~s rilals su)>versivas deste mundo, como·se. estfv.~sse d,i:. .:zenão as coii;as mais conven_ . _,: . , CiOu·a!s. · . - Sua n1~s "1 · de ·trabalho esta. va colocada,.no ·furtdo da sa– la. q.uase r~pte à parede . De pé'. P.i>t detrás da,. mesa, re_ coshúio à paiede, Camus d~i– ,ca coner l~v1:em-ente i> pen- -samen.to . · Como bou:v.esse . eu feito Umà refer;n,cta ao seu ~.nsaio - Ni &urreaux n.l Vietimes - declara que ainila se man_ ~ó~: _e~ cón:iunto, naquelas pos1çoes. "Un1 tios males mais corrosi~os ·do nosso t.;mpó. acrescenta o autor de L'Etr~ger, é que nós somos t?~ºª ~perl!,tll\J:tado~. A po_ lit1ca inva:Cle tudo~ O novo .no entanto está eansado" dela. . . - • OUVINDO A·LBERT CAM ·l_JS O homem de ·todos os dias, o ho1nem da rua, tende cada vefz 111,ais~a s<ir sul:istittiido· pe- · lo hom~m w·stórico. pelo ho. m em _categoria. A política interfere nall . suas reações, inclusive sentitnentais. e na sua maneira de considerar ó mundo." MÁRIO PEDROSA Inclinando a cabeça numa posição que faz sobressail·em os ~lhos claros e a testa lar-· ga, discorre quase co.mo num,_ ,mon6log:o: "É p!'eciso com_ · preendfr os europ~us'; eles,vi. vem hoje sem contacto · lje~– soal cotn as ~oisas e objetos naturais. Até do pão são separados pelo coupon de ,f.a_ cionàmento. Em tod.is ·as a. tivídade'! e relác.ões concre– tas da. vida. ao in.vés das cof_ sas ~ dos objetos, o )Y.oroP.m f:l~ -defronta com a a hstração, No plano da s6Ciedàde, . o fenôm<;,n,, ii)terna.cional da bú,r-0cracl,i transfOÍ.'1'\0U nôs_ sas rel;,J•ões- com o E~tado t>m abstraçõ.\is jmpessoais, sem qn~l9U/'!r nota humana". _ reação camP-Onesa é de na. tureza anâ(quica. Os me.:. lhor'e.s socialista!! die hoje r.f'agem também no mestno sentido. Para a into.xicação atual, do mundo, essa a-nar_ quia moral viria agir como um abcesso de fixação". 'êle se detém uín mQmen_ to, e. ~u . int>erv:enho pf)ra le. yantàr a infalfvel questão QUi> pllira. 'f)Ô}e: s ôbre toda a Eurqpa có1no um pesadeló. E a guerra?' .Acha..a prov~. vel? Que atitu(lo ,,,;, deV'.e tomar em face· dela? 'l pvô~·s, nr--n; de a raui'tetat idéias e planos pela ~etade. ffabituado a meditar, d!)sde os· -anos 'âific~is e b er9ícos dá Resistência, sobre a ,,sor_ te dos hom-ens no n1undo contemporâneo, p~nsa as coisas até o fundo. Mas .tão pouco é um especulativp, um intelectual incapaz de apre~nder as coisas .pelo seu· la.do concreto. Ao c-onti-ãrio, suas qualldades ~ escritor se cáràctei'ízam precí$amen– te• p ~Ja ·torça por assim di. zer plái;tica coin que sábe· transform.a'r os conceitos ma:s àbstratos e traduzí..Ios - O criador de I:a P~ste não é homem de meias- r,e_ , . , Mas s<> os' homens estao f~rtos ,d~ i>olítlca. observo, nã;, aC':ibarão abdicando. nas mãos dos govP.rnos onipoten– tl's,- de se.us · dlteítos e ~o de. ver de int~rxiJ.\ de dehberar, de escolher?· Não· é este; preci. sarnente. o ideal a tjU,- os fascistas. os totalitfferios, pro- ' curt1m atingi r?' ; Com a mesma tranquila doçura com que sempre se manifesta, Camu.s 'repli'ca: "Em . Nure:mberg, os vence_ g!)r~~. por seu~ juri-stàs, de- 1 ' f1:n1rarn os crunes de· g,ller.. ra; em nori¼ dessa defini_ ção, hom~ns de Est.ado fo– ran1 resp-0nsabilizados par sua ação política e- pela ntt– ~m,eza do regime . p~I;ítico\. ' Ora, por essa d,ef1n1çao, os dirigentes atua~ caép, to. dos sob a class1ficaçao de criminosos. A lei de Nu– r embei? se aplica . a t-Odos êles. Não. pteconízo a. obs– tenção. O qti~ é , preciso é· que n os · retenhamos de qualquer colabora(;:ão com os governos, inclusive com o n1ais simpatico d-eles atu– al menté, que é o trabalhis. ta britanico". Eu · admirava a cor.age1» daqudP,. pensamento que ee envolvia de calma e ,!?(). m e(il.Da ~n.ti > "P,ar:,.-o,,p;r.egaJ" á -~ revolta contra · os governos. Sua -audácia i11telectual é, entr-Etanto,. fe-ita de bon. d.ade. d<!'· convicção l'\_un1ana, de '-do·çura profunda para C'·om os homens · e as coi$as. "~o . estado atual do mundo. ó. que- pcderiá haver de me. lhor seria · uma anarquia provisória". E t>ai·a tornar mais _ clara a idéia, passa a, descrever () que entende por essa anar. quja -,provisória. Áliás, :iã hoje. prossemie. a re,acã,o de · uma grande parte dos ho– mens ten'de a s i r u1na , ~a– ção . . ;i_ná·rquica, Veja: Co_ ·m src,antes fecham as lojàs e negocio.e;; caml}Oneses pa_ raro de· lavrar, l'!!CUsando_se a en~regar os seus prpdutos em troca de ficcõ~s. "tick.,ts" ou um di11he1ro que não serve 'para 'nada. A signifi_ ,cação profunda· da atual UM NOVO .LIVRO De Manoel Bandeira O Suplement-0 Literário da "Folha do Norte" tem a ia:tisfação de Sf l'. o primeiro, n o Brásil, a dar a not[– cia da prõx-ima publicação de um novo livro do grande ~Ia,noel Bandeira. A eêliçãe1 de un1 livro de poesias .é un,:a cousa irequente li! banalíssima nesta tert·a de poe. tas gue ,é -o nosso pa~, mas _qu~ndo o poeta editado se chama Manoel Bandeira o fato provoca uma rep,ercus– são ext:raor_dináría, porque sel'á, sem dúvida, um dos grandes acontecimentos literários do ano, Os poemas d,e Mai1oel Bandeira serão agora edita. dos por um outro poeta. José Cabral de Melo Neto, autor de vários. volumes dfl versos, atualmente em Barcelona, servindo rto Consulado do ~rasil, é que vai publi,car en1 sua tipografia particular o novo . livro d~ Bandeira que se intitulara Mafui .do Malúngo (jo– gos onen1ásticos e outros poemas de circu11stãncia), numa' tiragem_ lin1itada de 100 ex.emplares para as de_ lícias dos bibliófilos e dos admiradores fervorosos do Potta. De Manoel Barrdeira saíram, também, recentemen- , te•. P(lesias Co1r1ple.tas, ediÇ,ão, da · Casa do Estudante do Brasil, e Poesbs Escothiaas. edi(;:ão Pong.etti. O poeta Bandeira -=stá ,t1•abalhando, atualmente. num estudo sobre o romântico Gonçalves Dias. a se.r editado p-elo IP1l:. ' · ,: Transcrevem.,o.s ab-aixo. enviado pelo autor espec!_ · almi>nte para o nosso Suplemento. alguns dos ooema, ~e Mâfuá do Malnngo, · ~ • KEAT8 A thing- of bea.uty is a joy for 'ever, Keats exprimiu. Ma~ ele própFio sentiu Quanto .essa ale1,11·:a dói. ..,.. K A N C 1 8 C A Fra:ncisca. me 'dá Tudo aquilo .que Nã~ gosta~ ep'i ti. E et~ fiirei com isso Um, prazer tão grande · ~Iais lin'clo 9ue as J;}a alvorà'da êlara ! Mais <!oee que•a briga Da alvorada. fresca 1 Francisca. Frartcisca ! nuvens N. OME ,Teu nóme, voz d11s s,Teias, Teu nome, o meu P,ensament6, Escr.tvf_o n~ areias, . Na águá,. - - escr-eví-o no v.ento, . . VERLAINE • .. - ., • N_ão t~ posso da.t 'flçr nem fruto. F-olha, ou galho_ Sim. Forha e nao será de álamo ou tília fina F&lh,a do mato, mas. cheirosa ,de resiriá, ' .Leva,ndo à tua glór1~ uma gota. 'de orvalho. l em n1oed,~ cor ren te, nas q,uestõ,.s candent es. ão· dia, ao _plano das. pequenas com_ pli ca·ções quotidianas do ho– n1em real. Não foi ele quem disse que; "só há um proble– ma filosófico llerdad~ira. mente sério: o suicídio"? Out ros ·podem. perdef'..se e1n discussões sem fim so– bre as, causas' da guerra, a sua. pi-obabiliqade imedlata ou não. ,A p1:op6s~to disso túdó sua r:esg,o,sta. !oi esta "C'est lirie qués.tion futile''. E ex_ plica: ·«~-ts condições h,is~ tóricas da guerra já estão realizadas". '- Aprofunda rido o proble- ma. esclarece: "Nossa po_ sição em face da guerra ,não é um absoluto. pois que não compramos a paz a. qualquer- PFeço. N.ãp se podé agir 1oc~aln1e1-te em nome do ahsoluto; 11-ão é · em non1:e da V"erd~çle a,bsol,uta que <le– vemos nos reunir para re– jeitar o:u · combater isto ou aquilo. O absoluto nã·o se exporta. Ao làdo do aspec_ to pul'ame"nte politico, há a questã9 decisiva da atitude p'.!ssoal · en1 face dos aconte. cimentos, Esta é ,.que · c0:n– ta. já .que 110s coloca_ mos ..:.. pata a a.cão - fora das ideologias e da'S' verda– des absolutas. pelas auais os homens ~e entredevoram. O di:cisi:vô é r e u n i r homens éirspóstos a manter, no i11te\·í-0r ~smo do mun. do. certa ordem de cóisas. Esse11 h,otilens se unem. não em torno d? ú1na veivad,, ou de um tiin hjstórico absoluto, mas de 1:lrtl. p-n~an1ento ·mo_ de~to". É conhecida a sua atitu- de contra a pena de morte, por ~xempJo; ele taz disso· u1n teste decisiv<> pa,ra me. dír. a forc<;a de resistência do. inçlividúô. e a condição para l'!atvá_Io da engrenagem to– tal. Voltamos às questõ'.!s de. polític~ atual, e o movim<>n_ to d· De Gaulle entra em dis. cussão_ Camus. que considP. ra -o Qenr,ra) -un1 homem de hot1:r-a; , poi s. provindo embo_ ra , do can1po conservador tradiciopal, soub, manter sua oalavt a de . deff>n_der · a rE'póbl~. não contia n.e"-'fé m.ovin1ent-0. ne-m se soHõil– riza com ele. "0 triunfo, ·óu não de D~ Gaull~ é o.uu -a ouestão Jútil. r.esponflP.. e isso._~ f>la. si:rnp'les ra.zão çla frtU:tihõ;aq~ d-e bualauer em. .t>l'eendimento Jimjtado 30 /\mb;,to '!]acional. de . qu~l• auer noh.tica purameilte na– cior,al". ' '0 · .g.rave problem, de nosso te1i100 é que tôcl<t po. Jí.ticâ Sº baifeia nn realism.ó. n'a vontade d-e 13oder. e . -e:m P,j·inciJjio$ ideol6gicos que. tao sen1pre_ falsos. Nessas cóndiç~s. seja ela de l'S. '1Uf'i'da ou de· direita. térmi_ na sen1pre uelo assass:inio. Hoje. a ·política estã tão va- 7,{a de cont~úêfo gu~ os po_ lítico~ mentem, " sabem que ment Pt:il, Por tôda a nà.rte êles fingem QUe estã!) à "st– » ~ra de uma revolução, Mas t1~õn não passa de mistifiea– çao". Por ,a.Iguma objeção que fiz; @Ie compreende a n ~– césgidade de pr, c isa r s,·U p n»àmcn to. e diz qt1e a:nàa se cons iderg e :n g'Pr a,1 con10 socialista, e1nbora nã<1 con_ corde e-0m a polít ica dos so– cialistas. Aliás: lembro_m·e que êle teve ocaef~o de afi·rn1a1·, numa n1~sa d:' dis.– cussão,. que cov.Eidt>ra·va ainda -inteiramente váUâ;a i a· "analise de Ma1·x da cons– ciência mistificada" Vol– tando a acentuar a n~cessi – dade. de se. p ensar E'ln t~r– mos ~ reforma, tím.bt a em afirm.;;tr que. esta não pode se.r feita isolada1nen t~. no plano n~~iona). • "Na , oci~– õ ~d!'- éonden11.da de hoj ('. to,– das a~ qtiestõe(; <i,Ue tn:ipor– tàm são de ''orde.m 'i nt· ó1a_ cional. E ela só se s~ivará se d'e seu sei.o surgir u ro nn– vo contrato socia1 entre in dL víditos. Só j nternac:<;)nal. , mente s.:rá possível rea li_ zar-se essa csp_êctf!, de socie_ da<le entre indivíduos dis– póstos ;( respo!ld'' r por ~ua pe.~soa". · "Com ou ~em ~ue~•·<>. o!li indivíduos só têm llm ca. n)iJho - o da. Reforma, a ser· en1préendida in ter:1~cio:– nalmente''. Aqui o '>1!er_ rompi. pa r a insinuar: A r<?– forma ou a deslruicã" total da cjv-ilizacão. Cam.u~ . J'P<r– pondeu inconUneJJtj: "'t ês. te precjsamên;t-é o fund·o d~ m-,, pen.same11to". · O ,,~crH01? fra?icês f.. fílho da A!rJca do notte; não 6, pois. · nn1 homern da, +i e ti;ó– poJe. F,ssa circunstanci;i u~– sou na ·sua , formação:· Ele mesn10, ao fim de nó~s;1 "º.,_ v€rsa. o reconhece·: "Não sou 'kXi.stencialista pór!J.Ut> o existencialismo é uma 'i– losof,ili da historiá, d 0 .acôr_ do aliás, co.m a trad:cãn ale_ mã.. Ota. sóu um tn~à.lter_ râneo. Nasci em Arl!· l ,. mi– nha .mãe é espanhola J:t i'Y' tiens beaucoup". m'ssas ciréunstãnr.ias f <>zem dele um dos poucos e$r;-'•o_ tPs trance-ses dê 'visão vcrn_a_ deira111ente universal - _Não esau'ece o mundo r." '"n i;al p cJas seduções t;Ia metrópole,.. E j)r!lssente que uma · d!ls questões mais ,travnc t{à, atualidad" é a das rel~cões entre a "Civilização O ~i.df "J– tál e as novas civ 'H7.ZC' ões coloniai's''. Dós p,ovos' co_ Ioniais no.s vêm ·hoj,, . s~– .l!unito Cán:ius, ni,ío i,ón1$nte - sérias advertê'ncias ·mas · u:,na ~ensa!f~m que à Europa não pode dê'~cónlfec: r tob pena ele mütiláção. O tl'iovfn1entó de independencia dos povos esiático$ e, a:fticanos € uma. (tas condições de renova,.ão. do mun.do m.o<lerno. e ·a Eu.:. ' l'opa nã:o t>oderâ sobr; v-íver sem -apoiá-lo. · AI! responsabilidad'11s· pe;. los desHnol'! do muridQ.. ca- · bem hoje .às grandl!S not ên– cias, reconhece. A Franç:i, €stá exr.luida dês~e Rlano dQ, I,JQrl.ell'. Sua n1issão. . hó,jf. f . outr.a. mas do mesn10 ·modo ·i tíidisoensáveJ. Cab<!mlUe-~ .t a . tai-efa de, em meio; ao jo~o . de ·pode~s. "falar 'Qma cer- 1 !a )inguagem gUe os .outF~s ignoram. ma;; d... que o -mUn- ' dir todo precisa". IE 1 squema Da Evolução Da Sociedade Nesse p_onto da •entrevista,' faço ret->...reneia ao movi_ mento que hoje ganh'!. ter– reno nos Estados Unidos e na. Europa, nor · um "t{.Overno · rnunqial". Eis · su,-; résposta-: (Conthiua na 3" ' µá~ina➔: ·Po.raense A primeil'a i:eligião nasceu con1 a• dec,on1Rosição do re_ gíme.. ~ comurüsm9 primitl– yo. ,Os des~nbos do tetravô ]la1,e,àliti<lo - já <J obse11va_ :plOs, -'- m.ostra,m_rt'oS : Um set -que ,mio olha;va para o c,éu, ·n·em _para a n"at-u1;eza muito apartada, n1uito dúisemelhan– tt de sua pr6pría :natureza de mamífero.. A.penas seU!i ir_ -mãos homens, suas irmãs. mulheres, e _:seus :ir:rµãos caçu– las - o b1>1r o lôbo - pare. ci-am impresslonar-.lhe it re– tina prehist'6rica. Já o bi– savô lieolitico ,-,, do fim do neolítfco - começara a ob– iservai: a •notte, o ·sol, a lua, as estrelas; e como as achas. se, naturaln1erlte (literentes de sua natureza ·animal, entrou a olhá.las, não com modestos e quietos olhps de ver, mas c.om intranquilos- · olhos de imaginar, -e," p_ortan:to, de d-e_ :for~ar. V.i<mos oomo o pri:. .w~11·0 sacerdi!tê ' ;11>ro•teitou. se ~e.$à il,l'lagipação p3:ra, ~a. base dela., ci·i'ar a COlle'ep~o 1deàlísta do m u·n d o ' e ôª vida-, éoncepção in- di'-!pensáv~l à • maior segu- rança do· re$p.eito à ,proprie_ dq-(fe priv;ailâ t;a~cente, Sur. giu ~- i~ali:smo~'-iâ' .o &bser– :va.m~. :Ma~, o. 1deal'ismo era, atina} (\e " contas" cQnce},>cão -tilosQffca; F,~l~p,fêt é · dlSCU– tir. ~l~sofia é · <Uscussltô. :sra ,Pl'eciso a.i~rmar. Nifsceu, na base do idealismo, a pri_ mei ra -religião, a primeira a– tinnnsão - o fetichismo. A,o t·eml)O .da a~censãó . do regime e~ravag1Sta vunos como o materialismo prepon_ der;ou na filo·so!ia grega, o fetl.Chisi:no estava sendo, n1;. gado. O politieism"O só 'apare– ceu, . e se c.dnsolidou, na base do idealismo ' platônico, ao a:pa1§3-r das luzes do escrava_ gismo. . Toda a gente. que entreviu a verdadeira mensag,etn de Je.sus a,t'ravés da interpreta-.. ção de .seus ' 1 d.iseípulos" sé conveneru que o fílho do 1 cà– ~r de car_pin'teiros ·não vi io ,pr.e~a~ nenhuma religião~ 6s pr~r1os t>rofetas bíblicos, cUJo apos«>la<Jo revolucioná. rio Jesus ultimaria, colocà.. .vam.:se contra á· idéia da re~ Ilj?ião, concretizada n-a adora. ç,ap ao be.zeno de. ouro. . A . reUgiãó apareceu, depoi.$ i:Te Jesus, a quando ® di.'lS9., lU&âO dó' l'.égime feudal, a. quando ~o ch9<11te entre as gigantescas forçal! capital~tas de prQdução e a.s bisol}has re– latões {eudaís, e se estabele– ceu definitivamente com To_ m.$s qe AqUi,no, Sabe-~s~ que no perto.do pro~es~il!ta ~o papit'àljsm.o a re:tim,ao :1'.01 negada. Quan– d-o O Cà•pÍtaÍ.lsí'llõ passÓU a ~e.?. .sagtel!at-se, rela ,aQr~n~ou. se. M'Ja.,c;, em que 'c:ond!çoe,s? 1 XV LEVI HALL DE MOURA .' ·<~special para a FOLHA .DO NORTÉ, Estado) neste. Em novas condições. A relf_ gião dividiu;.se· em religiões, ,Explica-se, p.orém. o capi. talismo, como regime técni. càmenw 'mais adiantado, dir_ s.e-ia animal gigan~scó ern 'face dos animais · de menor potte, que rêpi'ésentaríam os outros riegim:es - comunista primitivo, escra.vaglsf.a e feudal. Sua agonia. sua mor_ te teria que ser õiferente da a~-ohia e mprte dos outros :regible-!,,. deyia s_er· tão rumo_ rosa,.,. tao dra~tica, como a agom~ e a morw de qualque1• rutimal ante.:.diluvian.o na tloresta prehist6rl.óa, em com. ·pat\a~ão da agon!Q e morte de animais de mtnôr deseti. volvimento na selva ances~ tral. É clal;'õ que para que a iti_ Pll- impe:rial~ta dô oo.pitaµs,.· mo, de11ütíe1a&1, tão ge~wil. mente por Ué-nine, pud'eµe déf.éndel'.se conv~nientemên– te; 'já hão .era sUficiente .a'i>e. nas ·uma 1deolo.gia 1.eltg1osa, Uma única ideôl()gia religio. sa, e:videnteménte, já não 1:>astav·a. Era necessário maior número delas. Não queremos relerir.:nos ao pr~testa;ntísmo. Par~ nós., e.m que pese e, respe1táve1' -opin,ião d~. ·Max W ebei•, o protestantismo não concor_ .reu, ide-Ológicamen:te. para ultimar as tatéfas da gigan– tesca. construcão ca;pitalista. O pfobestantis.mo apareceu ,para, sa.,ivar o re"gime f~udat, cons1,derando·- 7- ·considér-an_ do bem - que a ideologia ca. tólica. -não estava ein condicões para isso, era arma já im. prestável. Ninguém igi:iora, o descrédit,o em que caira o c~ero-romario por aquelas al_ turas. Mas, sabe.se que isl$ó ocorria por forca daii p_rõpria.s condigõ,es materiais da.-'S()Çie. d~í· Os protestantes se per– BUlmiram que o. ~gime teu. ~al, ~onizavá, ;orqu~ a rt– lii,t., se oorr~nnper~. Nao p~ceb~r~ ~ue ert -º col)tr~- rio: a -r.eligião se corrompera, porque o ,:egitile agonii.avã, conquantõ aquela -- c~rrupção ~pr-essasse esrm _agonia. Tra_ !ava_se do velho equívo:co 1deol<S.glco denunciado.. por M:arx. Para .os profleatant'es, 'ª'· r,eabili'tagão religiosa tra- 1·1,a o tortalecJm.ento do re_ .~1m~ feudal. Vimos como a .tteforma pr~stante não im. pediu o advento do cap:itálbi. mo• . In:jl 'ersa.me: nte, acelerou. o. Dat facilmente julgar~se que fe-1 uma das causas da implantação no muncío dà eco1ro.mia· Capita.lista., i!í' que . ~ te'fo' r.in! .stas n~ , ia;dverti_ ·1·am que a volta ao sentido da. obra de J'esús contra a ex. plol'ação do hom~m pelo ho_ mem, a v0lta à parte mais revolucionári'a do Velho Tes– tamento,, a-os .profetas biõli– cos. ·não c,e5ncorria para · as'$é. gfil'á.r o r:e.gime feudal e sim para, liqUidã-lô. , Não queremos também te:. ferir.nos· ão ~soterismo. A \U,lic;i. religião <se a qui– sermos considerar religião, achamos que é -~rrôneo finê_ lo) ít única urellgíão,. que ajuqou a liquida_ção do feu. .dàlisnto, ~ o estabelecimento do capiÜMismo, foi ij esote. 1·ismQ; ; ~ éhamada •ciênci;i oculta. hMâs, o esot~rismo - já o (líssemos - não ~- r.éli-.. gião·. Continuou a ouvir o ~, ' .. , . ' "d~~ônio" de · Sócratel'i. ' a utiliza:r os prodlgiows "ma.n– tras" àe Davi, persistiu na taumaturgia de ·Jesus, lia as..· trologia do ,assírio. na caba:.; la,d9· judeu, na nlquírnia d'.:, m1st1eo, do herético e do mong~; e possibilitou a psicó.:. logia expe1·imental. a ped~– gogia, ó hipnotismo, a psice.. n alise, a as('t'Qcnomia, a q'Uf.. n1íca,. Lembremo.nós do 'pa. pel .que as sociedades oeul. tas. ·as rosa-cruzes (já nos 1 refe,1·1fuoa exaustivamen1'é àj maço11aria.) · tlesempenharani · na Rév,oht~ão FranceS"a,-•. Leinbre.mo.n,os dos ocúltist'l1-·' à Cagliostro. T-an.to que a-' «uela observaçã~ de Ma,c Weber de que o prote.sta-ntis... mo teria. liqwdá<lo a concép.. ç~o da ber,n_aventur-ariça àpe..'; nas celeste, fazendo-a tam•.'' bém r~Jnar entr~ os homen?.'. _ no meio .-natura.J.rnoe.nt.e: .do;s escoUiid0$, dos agraciadag.' dos ta.mbé,m eleitos .,da te~:11.~ semelh'antes aos eleitos d(j céu, que l)O-ca!lo, seriam os eD'.I riquooidos, os capitaystas,;' tanto que essa. observaçao , dei Max W.eber melhor . s~ aplica· ao -esot.erfsm!>, à cíê11!1ã ocUl◄ ·ta:. A alqutmJ~. o elixir. da longa, vida., depois. os filti'olf ~ à!J.• P,e! lr.is da feI)ci~aile ~ U.~ t1q~e~, ptecon1zavam o Yeino "tll!i têi-ta, d~ yentU,J~ ~ do· dinh,eito. '

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