Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

I . FOL..~A DO NORTE· ·- ·- -- -. _...;..__,. - ·----"- ________________ ..;;;;,;.;._....;..:;.. _____________________ "'---- ~----------- Ouinfa,-feira. 1. 0 de janeiro de 1948 JIO'r compxeende,r., pru,que, -eo• cunstância decorrente, p.or m.o logo. véremos, ele apa;._ um làdo, de. fatore$ flalnrail,s, renta en~rrar ~ e~ve· do resultantes da, evoluçi:o. social, pi,óble'JPa, .do ftit1,tto da de- e, ãe ·outro, do ap~r.elho de mocro.eia. · i,a,í, t.lilitb'ém, re- compressão· políeiat; de que sultou, um cerló ofunfsmo in- S'e, servem todos os Esta.dos gênno Q pr~ta:t}o, prestes modernos, ,éin. m.aio.r, ;ou: me• • co~verter''a, ,:Bús~iá. em no,vi, Jior (Is.Cala, dai resutt~ an– )laraiso, ·pa.-rabo soo,ialista s~ gustiosos pl'~blemas, d~ntr-e ' . .~o lfo parariso ca'Jptalis- os quais p-ô'.dem ser desiasea.- t.,.. y.ankee~ e:1..·1n:ess~ de u.m dos: ;Cti.modo. e pueril anseio de :r:r ~ soluç.ões. .l} - ·a possi:bnib'(fe de p · À_.. - .., ê~-ito potít'i~o de uma mino- • or enqu...,..o, na,o sen..o ,. r~ ,ião representativa, exér- " líeíto avançar mais · .concln– sões, vemos nos l\•Co;nteo• m.en – tos l'efe-rid'os. apenas motivo :p~i.:a aeei.ta ;r, irrest1•itam.ente, .a; legjtimidade üo p:ocle.r so– •~iéti(\(I e a;11niit.i,1:, de modo lnj:egral, as .consequências. que deeorrém ~ t:d aceitação-. . «;:om efeito, nii'o I1f:. como .reeanr o que é evid'ente. No .~o. meno:s a: vitória militar ·,ró que a solidarieclade iuta:n-· ,l'ÍNC:l, que perdnrot1: nos mo- - inentos de insuces,so, dá.rnos -a flena e jus,tifi:cad;a conv.iÇ.Ção - q legitimidade incontestav-el cl'o reg;ínte soviético. Mas, si a-ceitamos essa re– · gitimida.de, ao passo que · de todo a l'.ecusa;mos, , UQS países .f~eis.tas, d,àí de.co11J.1ett1, como já, antes assinalamos, conae– q,uênctas de alta. significação, .<\. primeir,a dêias é 11erti– nente à. legitimidade do po– él~r político, em tése. E' faeil Clf.nstatar, de· p.ront<>, a. der– rocada \las idijas tradici-ona.is e a falta. 1le. nov.as id:éias q11e. ~ swbstitúam. De fato, a ex– periência, so:v-ié'tica m<istra que a i,woluçao da hnmanida– d'e chegou a. um ponto em que- é imp-0ssivel de:f"mir, em função de elen1entos quanti– tativos, <' legitimidade ou il'e– gÍtfmidade das revoluções~ Sê,ria, utopia conceber uma .nov.a Rev,Qlução Franeêsa, em ·que a pfêbe, de modo' r.elati- vam,ente espontâneo, ,o~rou llltla ra;wcal muàanç,a poli– irea. As revoluções de hoje, _ Jlós países de meil.ia :na civi– liza.ção, hão de ser, necessa– ziamente, circunscritas a Útna diminuta minoria e nã.o po- • ilerão ser julga-0as em fun- ~ 4Jª,.. 110 seu elemento ·mat.eri:iJ tl,_naiílft,a.tivo. Essa é ~ rle– C01'1'ên.cia, ineluta.,el do pr.o– gr.~sso ,d'a técnica militar, da -:xtellSá<> e com.ptexida.J:e .dos t~tei:'êsàes eco.nômic0$ e, tam- 1Iém, lll!< p.erfeição crescente do . ayar-elliam.1into poUciat. Tu.do iss.o det~minou·, inel'u– tave!mente, o i,enômeno do oc~--0 das revoluções., tão ma– gis'tralmente estuJado por OR'.FBG.<\: Y GASSET, (Z) Mas, tal i!áto. einbo:i,a, ver– tlatleiro- e Jr,réctiSavel, vem c.riar x,robiemas novos de i,e– gsurança popuJ.a.r. €omp.reen– did'a a revolução co1Íto · um -~ Co·nceito (Conclusão cen:do UUl pocler ilegítimo a'e cara:~r ti-picamente ,militàr (fasçismo),; n)' - a. possibilidade de insucesso dê uma, minoria re– pi.:esentati~a, in1potente pa,ra alcançar qnalq_uer resultado útil, em "•i,rt11de da estrutura ...., ________ _,-:_ ___ ._ _____ - -- -------·----------· minoliia..<; tanto j>odem, (Rússia) ·e~mo n,.-ío podem (Itália) le– E ·sentido pá9inc) po1ieial do Estado, e conse,– q'llente risco de esta;gna!:.iro d'l' ordem políti~o-1>0.ciat Se o critério quantitativo deixa de ter aplicabilidade P,ara. o julgamento da Iegiti,, midade ou itegitimidade do p,oder · revo!ueioná.rio, se as ;OAO ·g-itimar· o poder . alcançado, exercendo-o ou não de modo. . harmônico com os interêsses coletivos, daí resµlta que a . • • llla!is i>remente necessidade ;de; • > ' • segu-i:-ança popular. em nos- sos «ias, estã no ·ah:ance de ·-· .. uma formula .po,Iitica qtte re- duza pra.,icamenie .a zero q11atqµer p·ossibiií dade ele êxito rev<Jlúcionário e com– porte; denirp da . paz social, a réaliza;ção das _reformas ~ t.ra.nsformações q.ue se foiem ín1,pondo, como inwernti:v-11s novos de ecvolução. Claro estâ qu-e tal formula não pode ser en'Colitr.ada na su.p.osta. v-iJ1tude dos gover• 'na:ntes, pi:opicia qu~ se mos 4 t'Pá-ri'a a:o mais in-transigente eon~rvantismo, senão que há ele-. reipousar- na própria. es– trutura do podei:, considera– do ·ma,is. em seu exe11cicil, que em sua orig~n:i, Além . de tais questões, em cu.j:o va{;:aioso estudo seria f;tseinante penetrar, ta.mbéJn dbcoire da aceitação ila le· giti:mid'ad·e: do poder .so.vif\fico ur,ia consc9,uência de i.nex– cedivel im_portâ.ncia para. a, . . exata conceituação do regi- me dem.ocr-iti:co. Com efeito, enquanto 01,; re– gi'mes faseistas íosteriores, à primeira Guerra-MUI,dial p.a– re-ccram aos observaclQres· menos a.visad-os de assina,ladá imP.or,tância. pal'a. a. história. da,· democracia, da. qraa•I se ro– tulavam tumulo clelinitiv.o,. sem que, no enfanto, pela ·maxcha. f,ut'ura d-0s aconteci– m~nt'Os, tivessem essa i·mpsr– tânc~; - en·quanto ll'$SÍm acontecia. com os 11eg.hnes– fascisfas, o contrário sucedia 1· eia.ti: vamente- ao t:eghue so– viét.i~o. Julgado,. n:os seus p -ri– mótdios, mer.a t'l!n:t.ativa ut~ pica, de insucesso f-alal e inevita.vel,, o regime russo. com.o j:\ ressaltamos, most.rou– se, em nossos dias·, s.er uma. esti:utura política. de,fmii::iva., cuja. legi'':imidad'e não pôde n1ais sei: 9b.ieto de contesta– ção. E, sen.hora a lJ. lt. S. s.• como a Gt::ã-B'retanha e- OS' Esta:dos-1:Jnidos, de. uma boa. parte dos destinos do mundo. já é irrecusavel admitir a. in– fluência qt1e t'e;i:â n.as solu,• çõês pbl'íticas poS.té.iiiores ã , pa~, pela contribuição de um elefuento :novo· à d~ inl.çã, 1 üoSc regim~s · demoe1•ã-tieos · que se forem insta1f.lland:o. · • iPortanto, ·se qneremos con– ceituar a de-mecFaeia n1oder– ~. ou melhor; precisar a sua, ·dh·ct'r,iz histórica, no, mo– ment'o em, que tente a universali,z;a.r-se, temos que julga.r a e:iqiel'iência. so,'l'iêt-i– ca, assinalando. escrupulosa– mente o qne tenha; tra,z;id<1 d.e novo e :r,eal, pai:a a fonna– ~o d&.i reg·imes. ·polibi'cos contemporâneas. ·ccont. nq. p:i:0xi.n10 aúro.el.10;) (1) (2) • ~ Pitinim .\\. Sbr0kh1 - "Rc\1/'SSM E ÉSTADOS l:!N!IDOS" - 'Frad. R. Ba,rreto - Ed. Univer~ si1ári.a · São Paulo, 1945 - · pa;gs. 15'7-/ 8. - Josê 0.rtega y Gasset - Ef:, 'PEil'IA DE Nl:i- ~ . , . ~ . • 111_,•·Ô:~-V-J.:,m_·_en_t_o__ d_e_mm __ ·_o_r_.i_a-'s, __ c_i_r_-___ ,_·-_-_____ ~ .... n...,.~ ... ~ ...o-c::.c>.-...,...o~~o~a..... ,,,_..~,--(l.-:.~... _,O~~-,(l~o~1~,,....,.,._.•,...~ . . F}S:J1R:O 'llIEMPOJ' _; E, Ca,J:j;)e Arg,, S/A. - B. Aires, 19'11 - 3.ª e:cL. 1 1 l . . , ;·-r Thihaudet, na pr,ofu,pdiq.a~e i;ie sua análise, encon• fro 1 tl'.fs: pe:;s'.on~idades ~m Ernesto Rénan: ie clerc .phi– lo.lt "gue-. _:Je ct-e1-:c lazque, le el-erc scientifique. E' sugestiva a deslgna~a. comu1;"• _sobreiud-o porque e:r:n~res:tad~ à no– mendaiu!'j:I. es~olàst1ca. ReYela a.té na sua elimologia ·a persi:üê~cia ~o ambiem~ cultural, moral, religioso e 1 diga. n,.o.s.~esmo, ti::ieo e conµngente de cujas influêncips nunca se lihti;~ttá Ren.an por ,in'feira e nas ·quais se comprazia, ~u-m nam~oro i;,e:rigei>s:o. córi,i as coisas que ren~.gara, De ou~ 1ró lad:o. é a E,x.p.ressão dO: irabaiha encarniçado do b.tneõi– :!ino (o Cfle-rc medieval é o símbolo :c{a ll'adl;ão da cultura nos oen.ver:.to:s, tr.ansmi±i~do ó fardo cienfífico e li'terário prec-k>só de gerações ~esaparecidas), dos estudos tentacu– .Ja:res em que m,ergulhou o jovem s·eminarista egie.sso, que, ao ?.ssistir a urna prele;ão de , ímgua or.íenial no Colégio de Ftança, frz~ra <1. si próprio a pro.mess•a solene. de alí ain. da pt-0:f-essç.r u,m dia, naquela idêntica pequena sala. Nas palav:= que diri!!J-~u aos Jl'.\OÇ.0s e.m 86, quando lhes pod!a ;fa!,;,.r co~ o p ,1fe,siígio e o ~} de uma posição oracular, di– :zi{I se.m a,p.:l;a'r-g_0r, ou. rejubilado. qué da's duas partes em que s~ deve.ria •repartir o tempo do esfudan:te-irabalhar e divertir-se. - êle 'só tivera -- a primeira, "à época e.m que ios d-e.mais se diverlem foi: para mim o te:mpo ·de um ar• denle t:rabaih.o interior". . Pela filologia lhe vem a crise decisiva de sua vid.a: Jl)a e.xeg,:f)se hebraica d9 an!igo Testamen,to surge a·dúvid.a, que ·n:~.o w,:de éxisiir oµ. ins'inuar-s'é na profissão de fé sin– cera cle um lld;imo bretão (~ais mde dirá,que gostaria qu~ ~scJ;e"l/e.ssem sôbre o seu iúmulo "V~ritatein. 'di~~xi,t"). ·E :faz s~fter t;ua velha mãe! ")\inda que muito inteligente a $eu m~o,. minha ~ãe não e.ra bastante instruída para com·pre.ender que u.ma pe-ssoa mudasse de fé r.eligiosa por havJ~r chegado à conclusão de que a,s explicações messiâ- 11icas dos Sa:li;pos são ,fwl'sas e que :~ .ésen:ius, em seu docu– :mientário sôbr,e Isaías, tem 11azãa em quas·e todo.s os pontos sôhre os ortodoxos',._ E, passado o ori;lálio. parado-xalmenfe ~wa Aquele •·~u.e.9 ent<>lvet~ ~mi;~ .t'i:,unas i,ntrin~ .. ' ' . Orlando BITAR ( "q a t - f d u n .~-irazao . e.n e.s em o c:omp.ata:r a um santa~'), oli'- cadas". D.eus me. pre,gou uwa bôa partida e, l'l}ais incisivo, ~ervar c~m efeito, faltou-lhe algo. Nada mais que al– aó futuro padre Co.~at, que viria'· a ser vigái:i'0 de Noi1:e ~~s ?efei:c~s. T~lvez lamentemos que l'l'áo soubesse sc.r– Dâme - "Die,u m'a lra·hi-, mon p.ére" e· es·tá convicto d'e ri~ · Ele sim, s,abia sorrir. um sorriso cons,irufivo, porqu 9 que Jesús lhe diria: Abandona-m~ para se.r meu discípulo. t;ri,a nê', bondade do .homem e no ideal: "Oue. bôa criatura• Ouís realmente sê-lo a seu mod·o e, novo cav,afeiro do e O homem! Oue quantidade, de devoção iem cons::umid:c:, ' Graal. como nas gestas de sua te.rra. sente 'palpitar. em par8:? ~em e a verdade. E quando se. pensa, qgµe êssés afagos de :te,rnura ardenle a terra sagrada, lendo a evi- sacrif!cios a um Deus de.sconhecida êle os· reáliza .pobr~ · d~ncía quase mís:.tica de que algo de extraordinário .se pa:;. sofreacr, ,prostrado por ferra como um orfão maJ/ certo cio sara naquele cenário de natureza torturada. E i em êxia• · ª~ª:thã"; A iroi:ia e a piedade eram a expr"es~ão da toloe- · se compartilhada por sua dileta H.enriefte (Te souviens - rancia e da conf1ar.i;·a no _ideal"-o triunfo da ciência é, na fu du seín de Dieu ou iu repeses ... ) que levanta a . saga· r1=aiidade, o triunfo do ideal." A experiência de gera– do Nazare.no - êsse homem admirável - como diria na çoes, no e:t:1ianto, o agita na Inquieta.cão de um Jean Ba– inau'guração tumultuosa de s,eu cur.so, E' a e.closão. -do rois: ficaria desolado de ier de. aira:v:e;sar u,m. dêsses peri-o,– cler-c lai:que, criando na his ±ór.ia das origens de Crisfia,, dos.. de ~qi:eci;nen~ em que o· homem que teve fôrça nismo e na história do pov.o de Israel uma si'sfemática e v:rriude Ja nao e mais do· que a sombra e a ru,ina de ·s'iJ heterodoxa - o desenvo<Ivimenta d~ uma religião· l'ev,- mesmo e~ mui'tas ve-zes, para giande alegzia dos e·siulfos, lada .. . sem revelação. E' o erudi!a que en!ô.a o "Avse.n1r se empenha em destruir tudo aqui:lo que iãio lab:oriosa– de la Science'' - pr-ogra,ma que c.umpri~á à risca. Nú o mente edificou. Queria que o esct.Íi:assem são de espíri~• c:ihandona o ceticismo que o sustou à orla do aliar. "De- :to e de coração, não um Renan me-io de.struido pela ~or-' vem ·dar .graças a Deus os que não possuem o dom da cr.i- te - apqi;taia de convicções penosamente adquiridas. Com tica." Dess,a atitude- cI;o espírito, porém, não aflora. o pes- o seu sacerdócio pela Ciência, terminaria aquela "carre1- simismo doentio de um Schopenhauer ou a misantropia ra de cône.gp ", como diria Thibaude.f, nos se.us lábios a desencant11-da de um N,i-etzche. A sua alma bte,tã ou. co-. sorríso hym.ano que faltava nos do ·amável e a.rraig;nlo mo. dKiéÍ com prazer., a sua alma celta. é• por e:x!c.efência contisia. Pois sua mãe, uma velhinha. de oíien±a e três incl.1nada à' alegr.ià . "Nôs, os celtas-, ruí.o somos pessimi$• all<l)s, mir,..utos antes da ·morte, não esfa,v:a· a grac.E>.jar? ias, niilistas. Sôbre a beira mesmê> do a:bism.o~ o sorrr.10 Par..a' isso era uma bretã, uma celta e êÍe~ seu filho, da naiureza ou de uma mulher nos salvaria", confessava não iria. desment i-la ·naq1.Jele irans.e. ~pria!i-a c.om fi 4 àos seus amigos de. Tréguier, quando, após uma ausência delidade o que acons-elha.ra aos. estudan•ies em 86·: "Pre.p~ de quarenta anos. revia o pagó natal. É êsse espírita que_ raipara a vida uma dupla pr0,visão de bE>Qi humor. .Sal~: o sustem em sua fé tna.rginal ao Catolicismo e o proteje vo os casos de desastre nacional, deixai um lugar para o diante da tempe.stade que o aiinge na desenrolar de sua sorriso e para a hipótese de que êz.te ?p.Undo, depois de iu– missão. Êle, se transforma em irOZ\Ía piedosa. Íronia gue do, não é _uma coisa muito séria. o certo., ém. .tod'o o caso., À'.natole- cultiv~ia. por sist~ma e que em Rena~ se alia ao é que tal, como é, não deixa de ser meaniador, A velna pallado*º• a-~.e-ndo P,asieur na, Academia France.sa. e, aleg11ia, !;J~la ainda é ª maif p,roí~nda •4e' t4ªas as. fil,osa: flwend'o g ;paralelo ~o sábio com Lil-t:ré, s~tl anieces?Ol: p.at4., •.•."., ~

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0