Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948
• R I O - Era mesmo mo· nótona. a vida t.o hot,.l. Pe- 111, 1nanhã. acor&v:i.-f;e com o tilintar das campainhas das charretes " o plcc-plec do.~ cavalos de a lugueL Abria-se a janela: um am.. plr, céu derram!lvu-se pelas v~1·des montanhas. e a chu– va da noite got..jav'l nindl\ d!is folhunas árvores d.n jar_ dim. Cri:;talinoa páss;iroa; leves l;>or)Jolelas: abelhas en– tretidas con1 as redondo;, pa– poulas, - côncavas, irisa– d~s. finas taças de seda. O menino do sàpatinhos azui~. acocorado. a espiar o c;a1ninho das formigas. O criado. batendo º" grandes tapetc-s. num canto dó jat– dirn. Os velhotes de gorro, palernais e friorento1'. p-re– pa-rando a garganta p;ira a ' oonversinha interrompidn na vé-..pera. Vinha-se pelo longo cor- • • l>omi ngo, '1 de marco de 1948 BF.Ltl\1-P ARA re.~fol ~gav.am , suados: e en· liio os bons velhol('S se l!!– vantavam. - por<1ue ert\m muito cortezei:, e gostavam de perituntar pe1a saúde dos seus semelhantes. • • • • CEClLIA MEIRELES (Co pyright E . S. I .. com e x clusj vidade p s.ra a "FOLHA DO NORTE , n este Estado) ça que in subindo como utna escadinha de nuvem 11,;l..l. tlore~ta acima. Depots . o céu e!!-Cur-ec!a.. • va depois clarões dL' prn.ta :no céu e um groSS;:, orvalho em cada folha e em cada Clor. • NUM. 69 roupa. e descia -se para o j:inlar. Ninguém mais prest.av.t Logo que salLaram do au– tomóvel. todos ficaram sa. bendo que se cb:imava.r T-•- ' resa, Francisca e Loonor. E– ram como u.m ramo de cravos porlugueses, como urna ban– deirinh.."L de papel oue disses• se: ''ain! .. ?.Tal disseram: « .>\1 qt ~ lin– do!" quem estava e:!l seu qua1'10 abriu a jan,,la para V<'f o que aconl;ecera Teresa, FranCÍ..'lca e 1,eonor deviam andar pelos di:z.:iito a110s. Subiram pelas esc:idas 1 e encheram os corredores com o seu tropel. "Ai que .. riC<'ll" Abriram_se a.s portas. para se saber o que havia. Havis. Teresa, Francisca e L<'oni-.r. Debruçaram.se e1TI tóc4\~ ns bala11:1tradas, olharn rr, para. todo11 os dormllórios. mira• ram todos os quadros ,. es– -pêlhos. todos os ta])t>tes e cabides. e todas juntai: E>X– clamav.un : "Ai qut> beleza!" DescPram pelo jardim. bis_ bilhotal'am entre as r;;saa, experimentara1n os b:1nco9 sob ns árvores, investigaram as pereiras. entrnram pela sala d e jantar. sairam pela vídrnças do C'!l.Sino, lnvadi.- redor em desalinho. e nelas portas. os ss patos enira.xa_ dos repetiam a expres~ão ln· solent.. ou me.lancólicn de seu.s donos. Cruzava-se com os arrumadeiras de preto e bronco. já carrei3ndo ban• dejas de café; descia...se a > escada t'tn coloveJo. com o tapét<' for a do lu~ar; atra• vesaava-se uma sala de jan– tar de cortinas azuis, e al· cançava-se o bar, que era. recente r parecia um cnm– partimento de navio. coro o seu teto envernizado e suas mesinh:is de to:t lhas escos– sêsas. Un1a hora depois. todos se encontravniu ns sal'.l de al_ môço. de Tnupas mudadas, com os cabelos lustrosoq, e um ar esportivo de anúncio t,uri.!;Uco. v~nham nuvens tumult1.11U:,as de todos os lnáos. os t r<>vões roncavam enlre os picos da serra. Quase todo." volti. vam it press.a,. e as vtzinh:llO gri– tavam em vária.,'l Hng.u..s pe_ los S<'US meninos: Enquanto se rvaporava o calor cheiroso da t~rrã mo– lhada, b!mbalhavam tlS C9m– pafnhas. trotavam os cava– los, e Fritz. Peter e Jean tornavam a sair com suas bic'ícll'tas vertiginosas. atenção à enlusiáj?tica músL ~a dos sapos e dos grilos, entre os gerârdos e os li– nhorões. I>Ppois do jantar. todos voltavam às mesmas conversas, com o mesmo sor• riso, ou saiam _para os mcs• mo!I lugares. co1n o m,esmo a.ndar. Mrds ta-rde. as janelas !é– chavam-sc. os olhos techa– vam-ee e o hotel dormia en.. tre as árvores. N(l. vidraça negra do céu. as estrelas co– lavam desenhos de neve. de almôço. espiaram pel;is ram a biblioteca. mf xer:,m nas revislas de cima da me– sa, boliram nos cinz~i'ros. ti– raram as flores dos seus Ju- , gares, - e quando viram as crian<;oo que brincava111 a.e • T odos os dias era renlme>n. te a mesma coisa: mate. cná. café. leite. pão boht• cbas. n1anteiga, geléia. A geléia. na verdade. tinha no– mes dlf~rentes, mas a únic:t vct·ossímel eta o de moran– gos, por causa do:;, carocL nhos. .Já $8 sabia quem \'inha para a mesa às sete q1,1em Vinha às nove. :fá !le couh:e· cian1 t6das as rou1;>as de lô– das as pessoas, e lôdna as atitudes à mesa: os CJU! mn– lha.vam o pão no café com leit.>. os que comiam com o_s cotovelos para !ora. os q ue espalhavam o a çúcar na toalha. (Porque era aind9. n,:i \i,da,d~ do açú,car) . Enfim, não havia mais surpres:is - como dizem ser llm ano de · pois dos matrim8nios. Nin~uém mals repa.rava na j a r r i n h a d1 mesa, que era liio fe1a, nem nas suas flore.';. que eram Ião bonitas. Ninguém repa rava n:i ,od, la de mal'lteiga. no pâo7.inho redondo. no co. po dágua. nos palilos - tu_ do era ~ssim desde o pri • meir,, dia. seria ~empre. SR· s'm, e ~sA paz da me~mice gu 0 m ousaria p•rlurbar? Depois do alinf>ço. todos se recolhiam aos seus quar– tcs. Um tu lgurante ro1 abra– sava terânios e sen1pr~vlvas. corava roais as papoulas e 11fugentava as borbote tas. Calava•s? o run1or das char· rete!' r doi; CRVRlos. Crian– ças. velhos. todos desnpare_ c!-am . Só o port<:lro sonolen– to ficava rle guarfl:t. na Slli\ c:idrira imen1ori!Jl. com llm::t fardt1 azul n1 11 rinho de galões dourados. Por cima de pos– tais com montanhas e casca– ta$. um11 abelha extraviada zunia. Na !'Ombra. :i folhinha marcava o día. e o velho 1·e· lógio - pra cá. pra Já - contavn a~ migalhas de ca- da mlr1tito. A sesta ctur:,v,a u1nas duas horas. O porteiro eRpregui– c:ava-.se. Rcn pa r?ciam as senhoras. os moços. os cava_ los. as chnrrelees. O holel an lmnva-;;e c,ulra vez com projetos tte pal'ISrtos. e nlguns romântico!<. reunido;; em tôr– no do piano ermélico. tei.. movam en1 a.rr: inear-1he val– sa.s lenta., e lacrimosas, do ..:.:imêco do século. '.tudo ern exatamente as• "J eanl Peter! Frilz!" - e os m~ninos que estavam em ca_sa vinham pnra ais j ane– las e pa~a os terr&çoa ver a chuva caix:. como na véspera e no dia 1JeguJnte: uma chu– va de mela hota,, que deLxo.- • OIS A noite cB.minhava do céu para as montanhas. das mon– tanhas para a floresta. e da floresta para a cidade. A noite entrava no holel. A.. cendia•m-se as luzes. amare– las o frouxas. mudava-se a oemos De Rafael Alberti • • • - Is~ é un1a calmaria . .• - dizia um velhote que tinha sido navegante. Na verdade, se o b()(el fôsse um barco a vela , não se mexeria dC> lu- gar... - Calmaria boa . . . - continuava. (E viam..se tufões antigos nos seus olhos cinzenlos). Olliava para lon– ge, para longe, como por d~ntro de um binóculo lnvi- 1,ível. Sorria sem moslr:i.r os d~!ltes. Seu sorriso fazia si– lêncio e trll nqu!lidade em redor. Mas uma senhora que Jia romances írance,ses queixa– v.i-se: - Isto é um vêrda• deiro horror!. . . E explicava: - Só se vem pu.a um lugar i---.( MI NHA CORÇA â Min..'Da c:orça, amigo, - destes porque é verão. e que se hã.-de ía2er, senão Ir pa_ ra qualquer lugu? n.1a1:1 é um h.,rror . . , Todos os dias a mesma coil!11-. Tudo Igual. i Minha corça branca. 1 Mataram na aos à &eira dé.gua . lobos Os lobos, bom amigo, que fugiram pelo rio . Mataram -na os dentro dágua . lobos ,1 l ! . Fali.a Vida, animação, ruido. novidade. . • qualquer coisa ,ensacional! Ah! eu nbomino ou lugares assim!. .. - E saía, abanando a cabeça, marcando com· o dedo a pá– gina do romance que estava lendo. Excluídos os que andavam t«lo o· dia _fórtt, em passeios e brincadelras. os habitantes do hotel tie • dlvidiam nesses dois grupos: os da calmaria e os da tempestade. Findo o café. os velhotes s enlavam-se pelos bancos. a tomar sol: os moçoo S1>íam parn pllSseios a ca valr> o!s em charrete; os meninos iam "brincar na pr:icinha em re– dui: d11 igreja, - e um gran– de silêncio l.'hvolvia o hotel. jurto com o sol ardente, a brisa frl'sca. as borbol~tas. as cigarras e o ar oma sereno d11s pinbeiros. Os passarL nhos pousavam sem medo nn, sombr1 dos velhotes sono– lentos e (elizes. Pelas onze horas . come<;a– vam todos os hóspedes a re– gres11ar. Charretes am11.relas e azuis entravam como brinquedos grandes p?lo jar– dim tranquilo: as máquinas :folo~t·áfieas eh eg.ava m. a ti. racolo. de pálpebra fechada. runiioando cascatas, monta_ :nhru;. mocinhas de pijamas e rapazes de boné: os cavalos ::! rr,. toô OS OS 11 tall . i lll'as ea;;:u. p róximas. as SE EU FOSSE EM~OR.A 1 AMADA . .• Se eu lnsse embora, umado, se eu fost e embora, • • • Mas, um domingo, chegou de longe uma f.amília oom três meninas. A IrunI!ia ~– fu_mol.Lse logo num últfmo plano indistinto: um grisalho varão de unponentes bigodes branços. uma frondosa se– nho.ra de véus. As três me– ninlls é que se precipitaram sõbro o ho~l como risonhae rarlótides. se fosse e não voltasse. minha amada, o ar trar-me io de volta, minha amada, ;;t>nnoras, senit:ld&s à varan- li da, em cadeiras de balanço com ~nco5~os de crochê, co– siam tricotavam. rl'lover,;11- vam.' enquanto os filhos de pa5linha prnteada, sa iam de bi::lc1eta pela rua abaixo. nl(l à igreja. oié à íarmácili, alé o cinema . A3 chamtnes ln-n– para t i. i 1 --·- Y radução de MARIO FAUSTINU -- , '-- --- .... -----------·-------- .. ,;;a vam um penocho d 3 tum" • • RIO - O d~ver do cronis_ • ta de iniorll\ar os leitores ;;ôpre aq_ueles acontecimentos llte1-ãrios que são ao mesmo tempo importantes e atuais. não ,encontra seu limite nas dificuldades 11 prt"sc-n ta das pe– la. poC.!'ia ínJ.(}esa - então. as citac;õ2s adinntan1 pouco, netas - nem trat,uido-se d,1 um poeta "hermftico". Jó é pr,eiso tomar conhecimen- GASCOYNE E A ARTE POÉTICA sa." d.! Entwistlo. Jli é uma figur:i. invisível de ulcade-r" da poE:-iia inghsa. este ~t..'.I que guarda um siltlnciQ obs– tinado. to tarnbém por aqui. de David Gascoyne tem pouco > David Gascoyne: seu primeL maís de 30 anos. Formou..se, :ro e por engunnto úni-eo vo~ poeticamente, na Franca, lume de versos, Poems. 1937 onde chegou a escrever ver- - 1942, fc1i Jogo saudado pelo sos ~m língua francesa. É aul.orisadíssimo St,ephe-n 'espécie de ''retrato do jo• Spend r como grand 3 acon- vem como arll..ita." seu poe– tecimenw lit!>rário. Desde ma "Noctambules", em que então, até ~o recenl~ enll1io aparece u_m "boy'' qu~ escr:_ de Derik Stanford ao "Po:;- ve dando-se as lrês ho1·as do lry Qunrlcrly". a !am~ d~ alto d.a tor1·e de St. Sulpice, C;;,sccy l 1,ào cessou de "a última página de um livro c•es~r. Norman N:cholson, · que ninguén1 cnmpr...enderá". incll! it.do.lh( ? cinco p'lemas Nnqu 1e temp:i. o ~ovem Gas• .:in , olum(" d" versos r cligio- coyne foi surreeli,-,t.a - o l<Od d, Editora Pan!:(ui11. ;i- primel1·o surre:illst:? in~tês. l)r:>>:imou o r,oeL1 rllffc!l a., Em 1936, or.;tanizo:i em Lo1 1número, lritor.-s que nllnca dres 1\ "Expo.slliorr Interna... o lerlim lido. G~ov.r:e· a!n• t1on11te" do gn.rpa. A guerra da. ni;.o entrou, isto é ,•erd.a- - que se tornaria a e~:pAYi– de, ni,s grn.ndl'; i;nlolol!ias éncio. !undament;ll d" su:i of1cia:s, f c-h·,das aos ''poe- vida - já o encontrou con,o t~ d(.' trente a11s"; mi-• já foi rcnl!gadó do movunentri, <'Onsagndo pela "munção Cc,meçou, então. o ciclo de ltont·osa" 1\(\ dlvulgadfssima poesrl!s r~ligiosl.los d"' um:i. "B.ili6ri.a da lilér~iur1. ingle• religiosidade sombrl,;i. o .,.lta' OTTO MARIA CARPEAUX (Copyright E. S. !,. cd exclusivi dade para a FOLHA DO NORTE, neste Estado) m nle !nd0pendentc. in-ro– cando o "c.hríst o! Revolu... t!on and of Poetry", "pa.m que a longa viagem do gêne. ro humano pe):t ·noite niio tenha sido em vi.o". Dal em dlanle a poesia d~ Gascoyne tornou-s cs.da vez mais te· nebrosa é um canto "do Passado que acabou, e do Fu_ t.uro qu-, serã v,IZio: e. a cõr preta, invadindo o prisma inteiro, torn"-~e absoluta". An mesmo tempo, G1scoyne deiicou de s:r hcrmétlct>: as suas imai'.en3, qu,; foram complic:idíssima5, "metafisi– cas" no J<t>nt:ido da antiga poes'a in_glesa. torn:tram.se crtStlllinas. diáfa:,as, para exprimir "uma. existência c,>r,\!!cientc ap•nas do seu próprio fim, in:itLtculada. so– lilríria, e c!'g-a". O r~ ulto.dn qu«se na~u.rnl ãe uma. poesia ssslm é o 3Uc1neio em que Gascnyne permanece há mais de 4 anos. Silêncio de um mís– tico para o qual as palavras perderam o Si!ntldo? Silêncio motivado pnT uma iniblcão antLpoética? Silêncio delibe– radan1enle anti-literário ti- • • • rando-«e as últrm_as conclU· sões do suiTealismo que o poct.'\ no entanto renegara? Ga;coyne é rt-neg!ldo do surre'.lli.smo . M'3s a sua pss. safóm pe'l.o movunento, que fo ao mes1no tempo sua a– prendizatt>m poétíca. é d9 importãnciil fuudam1!nW pa– ra s. lhe compr:-ender a po– esia. Como quer que se pen_ se sóbr 3 o valor dos m~l• testos repetidos e conlradltó rios do grupô e sõbre o baru– lho inse.n.~ato, d liberada. mente absul'do dos nd<>ptos - a Importância históriC!\ do, mov1menlo é in-<!gávol: bas– !a, para proval' isso, o flto da existência de grupos sur– !fealistai::. no mundo inteiro e n lê hoj,,. na Espanha e na Escandiná\'ia, na Bélgi~ e na Iugoslávia. no México e no Perú, na Rumânia e na Ve– nezuela, na Checoslo\·ãquia a at-é nos países árabes: basta acrescentar que o repr39 n.. t.ante do moviment.o na ln- gla.t.errn. !oi wn Gascoyne. O surrealismo c:>rrespondia rvidentemint~ a uma n«:es– sídaóe intima da alma cr,n– tem1>orânl'.!n. Mas não che_ gou a mal.ar a sêdP des~a al– ma. A leitura da, Hisloire du surtéal isme d. ?.'1alU·ice N.i- , - . deau revela 1u; fraquezas ll– terárias e ideo1óglcas do prograrr:a. a imposs!bllidnde de esp!ritOs: re:tl'z,dore;; fl_ carem dentro d~.s~a '"igreja d> dioabo". Aragon apostou a~sim como aposta.ran, Ncz_ val. Gascoyne e a maioria dos hispano-americanos. Dir-se• ia. que "Je sUL-rl-alisme scrt à tout à condition d'en sorUr". Nos renegados. e m~iB do que on todos ôlf-s no rcn~a- pé do piano. excl:im'l-ram "Ai Jesus. quantos mi\'.:<los!" Os velhotes limparam os óculns para ver melhor: as senhorns !oram -proourar nas carteiras os "lorgn11ns" es– quecidos; ns crianças para – ram de brincar; as emprl'ga_ das chega:ram. com tra_-es. seiroa E' bandejas na mão; e o menino da lavanderia fi- cou de braços abertos. para- do como um espant3lho, co1n um cabide dó! roupa em cad~ braço. Tc.r~a. Francis.CJI _e Leonor cavalgavam pelo jardim en. travam pelo b:lr, liam 01 ró[ulos das bebi(ias, pendutu– vam-se pelas grades. tr•rra- , vam para os ca \'ales. a. quando à noite, entrarâm para o janiar os hóspedes todos já 8$tavâm à S\l!l. e.,;.pe_ ra. e comera1n de pesco~<> torcido sem poder('>m lirar os olhos daquela mesa 'lil'l– gul-ar. Sçib a luz frouxa as ltês menina.a b:rilh:ivsm.' reluzi– am. redondai, e ruído;ias. Ti– nham olhos Tedondos e ar. d'3ntes de pássaro :palrador; seus rosto:r-c eram esculpidos como as f1:utrui. com as cô– res natur1bs e alvoroçantes da madtugada. Depois do janlar abriram o plano com est~rdalhaço. 11.banat•arn-no até cairem -co• n10 P0°ifa tõdas aquel'.1S Vill– sas lacr1mosas, e então in– venlnram outra1J coisas gue só elas sabiam, e que ' E"r:i-m Pxtravag~ntes. e causavam llma especie de fren1>Sí. D<-s– eobrlra m ali mes~ de pin.. g~te-pongue, e bateram bols. con1 sotrenuidâo. Elq:>l'ri– menlar~in. fódas 11.s est:c:ões de rádio, - sem (lua nin– guém se alreve~se a um pro. Conl. n a 3ª. p agina do Gascoyne. revela-Se aquilo que,_ o ~rrealismo podia ser e nao foi. sua necessidade e sua cl.errota . • ~ raiz do movimento lit~– rar10 ou anti-literário cha– mado surrenli~mo. é o fenô. ~"!1º a _q~ 1\.farx chamlll'a, altenaçao : o rompimento entre ? homem e a realidade. O r .nomeno é caracter~tico da n-0ssa civilimção e de lõ. das as exprt>scsões dela PO• lltlcas e eC?TIÕmicas, religio• sas I' artfsf;cas. O 11urrealis. n1n ~escobrlu o fenômeno li– t r 3r1am~nte (ou antl-liter•t• rlam.ei :iL~). d8l!Cendo da su.. perfic1e da. nossa civilização par_:i 0 s ab15;mos social~ e es, Pi'rlluais, ate o abismo da lO!JCUra_ em QU:! encontrou a alienaçao consumatt.-i. 0.:1 renegados do surr,alismo percorrerlm o cantltlho in• verso: de bll.ixo para cima procl!rand~ a abolição da ali~ ena_c;ao, s~Ja pAla r.evoluçãa social, _se1a pela. fé religiosa. Chegariam, d~ qualquer ma. nelr:i, do inira-realismo a um supra-reali,.mo. David Gag. eoyne tnmbém percorl'leu é.J so caminho: dai a fnvocaçaÔ ~o "Ch rist oí ~aevolu lJ,,. •, aa[ a terminologia relig üSil Cont. . na :>. .. pagina
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