Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

Tuda. moda literária nada mais é, em principio, do que revi.vescênci-a, duran.le um período mais ou menos demorado, de um terna al\tigo que se ajusta à t~ição aa época. E' o que J:..tá acontecendo com essa famosà. noção do absurdo que. araalmente, impera na Hte.ralura francesa. E' ela uma peç11, essencial da concepçãó elo romancista Camus, um dos maiJ>– res durante alguns :inos pela sua for ça e pela sua asper,.cza n ua e crua. E' tGmhém uma cot:1Sequência da fUoaofia existen– c i111isla. que Jean-Paul Sar Lre e o seu Grupo, após terem..no exposlo em autênticos e volwno~os tratados, usam incessan– t emente como nma filigrana, na sua obra romanesca. O t-alenlo e o crédito da sen1elha-nt;es autore11 em voga provocam naturalmente imitação, o ab.suroo abre caminho por ent re a jovenl geração ltterária,,.. De sor te que o 1:sh·an_ g ei ro que lê a, produção ü·ancesa atual e que, por inshlnlo. s ~ int-eressa por tud,0 o que nela há de mais novo e de ma.ili carnclict-ístico !ica i[)1pressionado com a presenç;i insislente de Um me;i:mo lema; incoetencia do universo, passagem ~xlrava_ gente do homent -por entre uni conjunto de Pli!!senças inco. ercíveiii 6 indecifráveis; imp(l.§ibilld.àde de LsJ;'!!>u:naL· a dig_ 111ld.àde e a ação ht1n11111ias por me~o de um acórdo com. lUdo o que gira e,n tõn10 delas sem lei e sem razão. São ti,;tes as :seus principais aspectos. E desde que o her ói mode-rno cne~ 1a, ritualmente, a f azer a si m~ s.mo a seguinte pergunta: .,que é que eil ~o !Ili?'' (êle diz isso muitas vezes de uma aauein. m.a.is violenta) , podamos ficar ekrtos de q ue êle e~tá Estética Moderna Na Literatura 1 - - RAOUL AUDIBERT - (Cppyrigb l do Serviço Fmncês de Informações , · po:ssuid-o dQ sentimento do absurdo e que faz, ora com uma angustia desesperada, ora com um.a lucidez orgulb-o.sa , a per– gunta da, sua. própria e impossív~l explicação. Um mundo agitado, o choque de gra ndes mortandades, um fulu..ro sem direção clara j ustificam a predominância des– i.a metlltação. Entretanto, não seria crível q~ a. segunda. guerra mundial e as suas consequência.s expliquem, apcnns elas, r~tamenl,e a obsessão. E' ainda mais remotamente no tempo em que a sua origem. deve ser p:squisada e podemos as,segurar (}U,e- as grandes cris~ que, desde trinta anos, re_ volvera,m a estrutura das sociedades e dos espkitos, tõda vez que elas fizeram com qua os homens &~ntissei;n o seu pouco pêso e a sua .verdade ira. nulidade, levaram certos espítitos a ~e in;trr.o,gar a r ~ p ~i.to da. pr-eseuça 'e da. razão de ser

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