Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

· Dc.mingÕ. 15 de fevereiro de 1948 FOLHA DO NORTE LONG ISLAND - En.. quanto espero, lenho ~mpo de olh.nr com caln1a o.; qua– dros. À entrada o auto-rc- 1rato: u'a másc9 ra an1oleci– ea. iSCorada por muletas. sô_ br!? um pedestal. !ornugas entrando pelos olhos. Estu_ dos para a iJustração de Mac– beth. D-uslrações para. os ;Ensaios de Montaigne. Es_ tudo3 para a "Ltda Atômica". Diz Dali: "Que 1;U saiba - e eu acredito que eu sei - na "Leda Atômica", o mar é pela ]Jl'itneira vez repr..!– sentado como não tocando a terra. .isto é, poder-se..ia fà_ cilmPnte botar o braço entre o ma1· e sua lllllrgem sem se molhar. Nisso r eside. eu creio. a qualidade i..m1.1gL'lnti_ va que determ~nou o~ tr ata_ ruenfo de um das mais mis– terlicsos e eternos dos mj_ tos nos quais o humano e o divino se cristalizam atra.. vés da a nimalid.ade". Em seguida, Dali nos fala no "nada toca". moderna teoria ~ física intra-atômica, e acrescenta: "Leda não loca o cisna ; Leda. não toca o pe_ destal; o pedestal não toca. a bas?; a ba.5e não toca o mar; o n1ai· não toca a mar– g~n. Ai está. eu crejo, a se– p ::rração d-0s elem , nto-s água. e terra, que fica na ra.iz do misté.rio criador da anJmalL d.ade". S hn, mas..• voltemos aos quadros. Uma natureza. mor_ ta, em óleo, onde, pela pri– m-;iil·a. vez, na obra de Dali, o fando quebra, a rigidez to:nna1 da mol dul'a, em pla_ Dos ge,ométricos dist.iHtos: lW'la batata semi..descascada, uma caneta, um tinteiro, un1a. cabeça de cisne, uma perna d z cisne silognnte. um len– ço, uma pena branca, em el}uiliorio sõbre a mesa. Tudo, 111enos a pena, a levi. \ar no espa.ço it11to de um .realisJno mjoucl'oso, .Cot.ogrâ.– fico, tudo presidido p . la enorme mão cinzenta en1 suspenso co1no um sol de lnverno . 'fitulo "Equilihrio intra-atômi co de uma. p-ena <le cisne". Mais ad.iantê "Três Aparições do Rosto de Gala", três concepções dis_ tintas, três retratos da mes_ ma mulher na mi:sma posi– ção, mas r esolv:dos de ma.. n~ira diferente, cada um sô_ bi:e uma pedxa, em que o l'OSto vai surgindo como em c.i;istal de qn1rtzo. de e.xtra– ordinárla beleza . Forcoso re_ conhecn· que o poder do ar_ tista cresce e_m rM.ão inversa ao la:manho de seus quadros. Sua fôrça como que se con– centra, abrangendo todo um conjunlo de cnprichosos d~ta. lhes até às proporções m:l.L métricas; seu !arnoso "Per– sistências da Memória", com os relógios g l latinosos q,u?, segundo nos conta o próprio Dali. ÍGTI,\m motivos de mais , "cartoonsu nos Estados UnL dos, em 1947.. qlle qualquer outro tema, não lcm mais q ue dois palmos de tamanho. O mesmo acontece com o não menos famoso ..Crsta de Pão", que Dali torna e. exL bir, atendendo a pedidos. Mas, passemos adiante: aqui está o rewto de Picas- 10, na Galeria dos Gênios, 4'4;!} inelwrá Homero, Freud, Cflstóvão Col-0mbo, Guilhe1"– me Tell e o próprio Dali. O pintor :retratado apai'ece liôb:re um pedestal, eqwli. brando um calhau na cabeça, com uma noni.nha miúda entre dois ieios moles e es– corridos, o nariz a. dar volta pela face. entrando por um olho e sainda por outro, o · cérebro na forma do um ca_ i'árnujo, o cabelo enrolado ' penetrando pelo corte da. nuca o saindo pela bôca, na forme .te uma segunda lin.. ·_gua qu.ilométrica, qUa tenni- 2il8 11uma colher empara.ndo um minüsculo ban~olim. A .coisa ma.is desagri\dável à vista qUQ se pode imaginal', t)assível, a d-espeito ele suá genlal:dad~ d ? ser ·resolvida no braço pelo pintor retrata_ do. Junto ao ped~stal, u.n"l cravo ver1nelbo. que parece sair da. telo. à man?ira das íotogratias f!11l relêvo, tão em moda ultimamente, e de novo neste cravo a nota r ~– alista <a impressão é a de um cravo de verdade preso à tela), traball1ada com pa– ciência verdadeiramente scn_ i:ual. Num outro ôleo, duas gotas dágun. em suspenso, parecem refl.?tir-Se no qua– dro de sõbre um vidro 1ne_ ::<lislente. Há tambén1_ um óleo cm marrom t sc:. i.ro, sem outra coisa\ senão a espiga. de trigo, sôzinha, cm equilíbrio D! FERNANDO 3'J\..BINO (Copyright E . S. L com exclusividade para DO .NORTE, neste Estado) a FOLHA tro de si mesmo, é quase aC1J.sam de "cabotino inteli– deccpcionante para o,; que gente", êlt s:, de.íende co11'\ se aproximam dcl? p1:la por• as próprias artnas ou cotn as ta falsa do seusaciouali:.11:Jo arm1S alheias: com o seu "daliniano·•. Acuado dl? to- caboti,.isn10 ou com o cabo– dos cs lados pele~ que o tioismo dos outros. Do des_ O Estranho Sartre vertical sôbre uma tábua . !ntcrêsse. Huis..Clos, que se Ainda nesta tãboa. os filJ."OS p3ssa no in!:eruo. nuo1 infe:.-_ de prego são lão r ~ais que a no cujo suplício consiste própria tela. parece estar .tu- unicamente na. sociedade rada. Quando DaU não se tterna e .!orçada de lrê3 cri– salva mer;ime11te _p~los seus aturas que não se conhcce.ni. achados d? conjunto, p,rocura hit uma nota curiosa para em vão impôr_se pelo ~ª- nós: um dos personagens, lismo dos detalhes. São dois que em v!-da foi jornalista e virtuosismos distintos quo lle se chamou Garc.in, el·a bra_ chocam, o da rni:,i,t.e e o do &iieiro. carioca, casado com pincel, às Vot zes gerando uma preta que enganava com obra de gênio, às vezes um um11 mulata, tinha um amL cartão postal. Aqui e ali o go de nome Gon1cz; mor– pintor não resiste e se mos- reu Cuzilado por ter Iugldo tta tn!iSmo um mestre da nú_ ao ser.vlço miJita1· àuraot2 a niatura como un1 chinês, guerra. tugldo num trem pa.. proiunda1n..Jfte cioso das mL ra o Múxico, s2ndo preso nn llúcias. fronteira qu.. .tclizmente não Cioso das minúcias, mas te diz se é com aquele pais. não dos horários. O pintor Pequeno deslize sem in1por– estã atrasado. Em vez dele, tància, que se prova mais aparece o poeta panamznho uma vez a proverbial ig110- Jioque Laur.inza. . que eu rància geogriifica dos trance_ havia encontrado naquele ses não influi no valor da mesmo dia, d~ois de dois peça.. .Esta. lidando com R anos sem o ve-r - o que incompreensão dos mortais prova que Nova York nen1 r ela eternidade, e com um tiio grande é assi.tp. Mas, de dos dramas essenciais dos r epent.-, uma senhora, atrás homens - a terrlvel ser\'i_ de mim, junto à j !luela, sol- díio que representa. a rreces– ta um s11splro extasiado e sidade que temos UllS dos leva a mão à peitaria: ouu-os - atillge monJentos - É êle !... d ? grande iolensidade. Corre uni "lrisson" -pela Morts sans sépullw:e é a llis.. sala: Salvador Dali acaba, ~ lória de tim grupo da Resis_ entrar. Há mulheres com tência torturado pelos sgell– catálogos na mão, à espera. tes ele Vichy; n1esmo enquan_ de uni autógrafo. Estud11ntes to tem vida. as vltimas se postad<>s diante dos quadl'os, S1!ntem como se já esHv>ts _ se voltam par& olhar, uns sem mortas. ;>orque há so– com curiosidade. outros com f~imentos físicos que degra.. um desp?it.o que nem Frank dam, que envilecem, (JUe Sfuatra inspirarja, Mas a. sufocam para s ·mpre o ~ sericda,de do pinlo1·, logo que plrJto. A peça de nome in– êle se aproxima de mim pa.. convl'niente é, de-pois de ra conversar, se impõe como Les Mouol, es, a mais signi'!J_ irrtcusávcl. A loucura de cativa. pois mostra uma po_ seus olhos se desmente ant;i bre ra1>ariga em Jut.a contra a sensatez de suas palavras . u1n maquinismo social opres– Pc.;-soalmenta o s au eqwlibr io, sor, contra a Pálria, a Fa.m!_ a lógica. de seu pensamento e lia. a Propr:edad•:?-, ludo isso o modo nobremante viril com nos aspectos convencionais qu.v p r ocura a verdad~ ,jen_ que 1ão frcquenten.•ente rt'- vestem; em oo.11le d? tõdas essas instituições irnp_onen– tes, presta um d epohnento falso que condena à morte -um pobr, negro inocente. Como se vê, é um teatl'o grave o de Sari're, um tea_ iro que obriga a pansar; não hâ nele nem resquicios da_ qoelas g-auloiseries das co– n1édias !'rancesas nem do am.. biente mundano tão explora_ do bá nlguus anos 11tcás; não bá amor, não há adultério, não hã sentimentalis1no. não lià frases de espirita. Está ple– namente de acôr do com a missão que seu autor atribui à literatura. Com o que está em desa_ côrdo patente. é con1 as or_ gias do Ta.boa, com o caboti– nis_mo <Jue reduziu a filosofia existencial a ser exploradil. e ridicularizada por todos os indivíduos que se querem dar ares d ;, artistas. Qõse movlmen:o, cujos adeptos se caraclerizan1 até pelo modo de vestir e CQ1·tar os cabelos, e detendem em todos os ter_ renos a liberdade incoudf_ ciona-t do ser humano. será e:utamenti: e1'pU11ado mais tarde como uma das co~– quências das llevroses de guerra, e não é na verdads mais ào que issd. O que escandaliza é q_ue um grande escritor. UtT\ ho_ tncm consciente dós deveres que a hora Impõe, empreste o prestígio de seu nome a ê$_ se deseuf~eado snobisn10. Talvez t ?nha tomado muito ao pé da letra o asp~to vi– tal da .filosofia que adota, a aproximação que -estabelece eot:-c as experiêuc!as contte_ tas. quotidianas e os prob1e.. mas especulativos. Ainda com esta atenuante, todavia, ô e.l.ranbo o seu caso . (ESI). até chupam os dedos, lan,. busndc; de açüc!r. (Dr Cont . da 2ª pag. ) Vem ;; lua também, armi– nho puro e distante. preso no azul da tarde que va,i pass:1.0- d-0. Então, · Senhor dos Pas_ sos balou,;a os cachos negros do seu cabelo, acíma. da mul– tidão que parou s :m rwdo, e fala com a Virgem, que é uma fina infanta espanhola de espada enterrada no peito e lencinho de _rendas na ~ mao: "Por que choras. mulher?" Mas não é a Virgem. sou eu que :i.espondo com voz de cento e cinqu-enta :iaos: ''Choro porque meu tilbo é aquele sôbre o qual nenhu– ma piedade cairá: por seu pê o obrigarão a ir receber trá.. gica morte, e ali no meio il– cará sua cabeça espetada, diante destas casas, d.esta gente, de6tas igrejas, destas D.1.0ntanhas, destas estrelas!" O ~nhor dos Passoo sa.. oode os cachos do cabelo e eontinua a caminhar no alto do an-dor. -"Nada posso ta. zer... - vai murmurando cab_isbaixo - • •• o mesmo fizeram comigo . • , De vez em quando se !az isso com alguém, porque as coroas de espinho têm seu sentido e esta caminhada. entre suor e vírulgre preci.3a r.ipztir..se pa. n. espetãcul-o d-OS at'.ljos e dos monstros.,." Na esquina, antes de des. ce.r, volta um pouco o perfil, e ainda ~ l_!lurn1ura, sôbre a tln:ba: "Nao chores por– que tudo t jguql p.1râ 'todos, mais dia. menos dia . .." E tre damnScos e br(lcados, só eu o escuto, porque a .lleluzindo ouro e prata na mul~düo vai chorando por l rnta marcha · ritual. E es_ si, pela sua miséria, pela sua cuto dJzer que já é o dia lepra. pelos seus ossos dis- seguinte, co,rn a. mesma na– formt s, pela sua cegueira . • , turalidade com que saberia Só a Vlrgem, que r.:m le11- ser um século antes ou de_ ço de renda, não = uga. os pois. olhos. Seu ch.ôro não càba alí: <!$tá engrossandt) .irrolos. ribeírõ~. marfs e nia:es qu~ dão a volta a o muu,lo, eter_ narol'nte. Todos estamos sonâmbul>s e descemos e subimos ladel· r~. entre lampeõcs de p -a– ta e turibulos, os.:ilante.;. pi_ sande a fumaça do incens-> que crepita. Todo:; levita.. mos entre âg-uas e lua. Só um orador ficou longe, bra• dando, com vo-i de :,cordado para os écos mi!enaNs: "Cristo, 6 grand<;, incomp.re• endido Cristo! . . • (Mas :is sombras da noite acumulam_ se-lhe na bôca e cxtinsuem– lhe as palavras como fruto., de cinza> , 1 ! " ., ~! :,.. ·lo! .-~-~ ,..,, •• - .... -- .J __ ,_., • • •• '.Agora Estou en1re os peli– canos e os anjos, de ,manU. lba preta pela cabeça, e mer– gulho minha cara. D."\S trevas. Há sombras conversando em latjm, distantes, no mundo roxo do drama. sacro, onde, liígubres vielas se vão a_p~ gando, De tal modo !-iquel :ioutro tempo, noutro corpo, que apenas pO!so abrir os olhos »ara ver cbega.t o bi$po, en.- Depois disto, talarei con1 São João, o dos olhos lãn– g:uldos, e com Judas, o da bolsa preciosa. P .rovarei do aubo, do piio e do vinho, in.. visível conviva dast~ serena Mesa. E uoutfo amanhã. ou– v irei com shnpleza o cronis. ta ler seu relatório à luz d.e 1una vela. entenderei a voz de P ilatos, assisti.rei à cou• denação do Mártir: - e nem utarei sonhando nem a.cor_ dada, pois estarei vivendo cada um l!Eles, e todos ê1es, e ~üida viverei, um por um, estes pobres. hum ili1ados, .sucumb,idos, qu.e estão la– vando as pedras da, nav~ c,)n1 a água de seus olhos assus. ta.das e suplicantes. Verei o Santo d~'l!".?r õa crw:, e as mulheres s~gui– rem..no, e disclpulo:; ;, lcgio• llâ:rios troe.arem palavraa suroas. entre focos ~1-ã!.r1cos é estrêlas verdadeit·as. Quando todos -s~ forem, ainda esl.arei aquf, entre os dols ladrões, q~ nlnJu~m retirou das suas cruzes, E agora me chamo D. Mécia, e est-0u a uma. janeln Cal'11ncbosa acendendo ar_ enotes. para a passagem do Morto que a alta l~ ~abe • • a . 3. pag. • p -.!:.:o com que o ce:·c3m os público noticiá.cio e ln.forma_ 1nt.elcctuai.s "avanÇados" ê lc ções n seu regpeilo, onde tõ_ ">~ vinga !urtando_lhl!s o da a n1atétia é redig'.da por público e avnnçando mais do êle próprio. i\ssina o seu no– que êles. pnra escorregar às me nos quadro., com uma. vezes nas armadilhas que o precisão de quem endossa despeito sem:-ia ])elo caml- ch: que. Escreve a '•Vida S"~ nho, caindo em cheio no cir_ ereta de Salvador Dali''. li _ culo vicioso de sua soUdão. vro onde revela um Pllder Não a solidão interior - extraordinário como <'SCl'i• porque. em últin10 caso. SaL tor, e indispenaável para o vador Dali conta con1 a conhecimento, em tõdas as con11>anhia o a soli~ru;c1ade suas caracterisUcns da p~r _ de Salvador Dali , e ambos se sonalidade daliniana - ad_ diio muito bam. se estin,am jetivo QU1? ê!e mes1no forJou, nu1tuamen~ se admír~m. antecif,)audó-se à posterida- Falam na solidão exttrior, de. Em suma: Dall usa e no abandono no ostracis_ a,busa elo direito de t{:r sL ma, contra o qual Dali tenta _ do batizado. defcnder..se ~gammte tJ'nns_ Resta sab . r, porém, em gue pondo-o para o plana exclu_ o cabotinismo. tão conscieo_ sivo da experiência.. nrllsticn. temen~ pra_ticado como unta "Eu não estou sõ~nho!" das exigenclas da attc ou d& êle n1e diz com vee1nência, e geui:11idade con1pulsól'ia, on– tala em seguida nouttlls pln_ de não se con!'unde cont a. tores. cn1 Vermeer, em Leo. publicid.ide, _ pode incorrer nardo, ~tn Raphael, c~rcan- n~ cond..tnaçao da obr_a do do..se indist:ntame11t 0 de !ai,_ pmtor. DaU fala. de s1 mes_ tasmas, de vetdádes e d-e mo para nutrir a vaid-ade sofismas. Sim. com êles. nalural do artistn, tazenc,lo talvez. mas sbzinho no meio dela o seu estimulo - e is_ tkles como entre almas pe- so talvez porque o~ ou!ros se nadas, desligado . \i<)~ homen5;, r~cuzen1 a talar _ como de– condenando_se d:ariamente a v,am (Dali se cre, e em cer_ nostalgia d-as coisas que não to sentido é. o mais honesto fez e a alimentar-Se de ilu- e bem dotado de seus criti_ sões. O grande drama de co.s). Mas Dali fala de Dal i Salvador Dali é5tarã t:ilvez também, e principalmente no fato de ter deixado de _pa.ra poder recri.ar íora de si ser personagem de um. so_ o pon~o de apoio da,; v-ei·da• nbo para. acordado. se per- des em que só Dali acredita. ceber habitando oul-ro pla_. É p reciso lembrar de passa_ neta qu,~ não a Terra. Ago_ gem. todavia, que intencio_ ra êle quer voltar, mas seu nalmenle ou não, e. publici– orgulho de artista exige co- dade costuma, quase s,;:mpre, mo condição uma nova Ge.. decorrer do cabotinismo, le_ nese . .Eni tro~. a Terra. lhe v.intando consigo a admJração €Xige que nasça de novo. d-ns ovelhas, conco:ri1jlanle Falei no cabotiri'.smo de com o desprêzo dos pa&tores. Uma das mais genetalizad:is Salvador Dnli e quero escla- acusaçõ~s que .razem a D :i.li recer que não emprestei ao é a da venalidafi.? de seu termo um mínimo sequer de talento .u-tísti::o, que o ent:L sentido p~jorati\·o. Como qucceu à custa das variadas justificativa, limito_me à concessões i1s exigências verdadeira significação da mundanas, que se perdeu nu- pala,vra, que o diciooário nos 1ilid ,. · d&: ''Cabotino;; - cômico Illll V&T§ll âuQ LUC!00!1~- que11le, desde os retratos de ambul.anle; aquele que laz encomenda da alt;i socieda.. barulho t>Dl tôl'llO do próprio de até a id{!ali.1.ação dr vitri– nomcu. Ora, nesta úllL'lll- 1135 em casa_, d ~ moda, con, acepção, podl!mos a!irmar co'_ escalas pelos anúncios e1n re– mo constatação preliminar de vistas femininas, os vest idos um fato concreto. em nada e os desenhos :n,Jniados. desprezivel mos possivelmen• Nunc3. vi nenhum de ta.is i·e– te louvável, qu.? Salvador trai.os. não entendo da:: 010 - Dali é o exemplar mais per_ . da,s e não leio revistas femL feito e acabido de que ja_ ninas. Acho, porém. que a mais tivemos nollc:a no influência de Dali na conce– mundo da arte. I~so apenas pi:ão de vilrh1as foi um ver_ porque Dali é exatamen~~ d adeiro sõpro renovo.dor que aquele que faz barulho em Pll.SSOU p,. ltis ruas do comér– iômo do próprlo nome. Pu- cio cm New York, arraa;lan– bllca um jomal. o •·Eall do para longe de nossas vii– News". por ocasiáo de suas tas a monotonia dos arran.. exposições, com a exeli1siva jos, a monstruosidade de Clll'• finalidade d? forne-:er ao tos manequi11s e a vulgnrida_ por onde "em. Gran1t:'.3 p:i– vores cruzam-te pel:\s ruas apag1das, de soml) -as J:,ngaa e inquit?lantes. O c'hu.!o das verdes fõlhas pu.-arlas es: á tiando séculos na mln:1a vida iucomunicãvel. ºlsio é a vida.! Tsto é a condenação! Isto é a morte ! u~.. · d r ,. ..._a1, peca ores.. . . A Verônica desenrola, pa• téticn, o t:sten1unho do s2u leuço. Os archotes íumosos :revelam hábitos bt-ancos e pardos, ins{gnin-s e pendões., anjinhos adormeceutes, ve– lhos fatigados, - e um me_ do imenso. A grande lua é cada vez mais alta, mais fria., mais branca, mais deti. nitiv.a. , A.br.aão vai a.trás do ~ilho que carreg-c1 a lenha da sua fogueira; e um anjo puxa-lhe -com f ita de seda, o cluro gu. m.~ da espada, prestes a cair sõbre a. vítima, Grl-to..lhe: "Não vês que sou Sara, tua irmã't" - Esla - diz..me o velhi– nho - esta era Sara, tam– bém, e cantava. Morreu há '\finte anos, pela Sen1a11a Santa, Continua enternecido: - Que Ih.e hei de dar, co_ mo lembrança? Só se for és– te pedaço de quartzo.. • É o quartzo que me de– sencanta. O quart~o l)lOstra_ m? a cidade de Ou:ro Pr~to ecordada aos sin(),S do do• mingo de Páscoa. E o único a Abraão verdadeiro é o que vende, ali p erto, sant0s de pedra.sabão e ~deíras ele 11q de cachilr,bo. de das eternas Uq uidações. IIoje, os gel'!ntes das casas de n1oda da Quinta Avenida. doutores do surreallsn10, põem outros tantos daliz.L nho3 em exibição. E c:iuanlo aos desenhos animados. a in• da que bastante desconliado. confesso qu.? me sinlo curio_ so de saber o que sai1·á dê.s-. se b inóm'o Disney-DaU - se Disney vai perder_se, se Dali vai encontrar-Se. Talvez es– teja em Hollywood a salva– ção ou o túmulo de Dali, ou ambos, ou ainda o quadra.. gésimo segrêdo dos seus "Cinquenta Segredos da At– te de Desenhar"; "o S!!grêdo segundo o qual o -pintor pQ• de tornar-Se um homem mui. to rico - quer dizer, segun.. do o fl\tal file pode produzir ouro com suas cô,res" (pag. 140). Num mundo eapitalis.. ta, acusar um artista. de te.r– se enriquecido à custa de seu ta-lento. tanto na arte como na mistiiicação, pode ser un1. elogio para fsse artist.l e um insulto para êsse mundo. Há quem afirme, p_or outro lado, que Dali a-penas se di– verte à custa d e seu fremente e numeroso público, princi. palmente êff;: público amerl. cano., estagnado na. vulgarL dade, semprf! pronto a se embasbacar ante qualquer manifestação insólita de 1re. beldia. ante as padroniia.. ÇÕ?.S. Tenho cilrteu de que file se sentiria, insultadíssitno se eu lhe pedisse confirma– ção dessa bipólese. Não que os designios de Dali sejam s;i,grados e secretos; mas, sim, porque se uegru:mos a Dali o dfreilo de ae7'ed1tar, ele próprio no que diz, não lhe restará mais nada. Se lhe neg11.rmos o direit.o de agitar-se, solitár!o no mundo dlli arte, da sua art11 get-ando obras41rim.es, mal◄e1'li<'ndL don e conttadições, a arlo puderá um grande homem o o mundo (anhaiá um l)equo.. 110 soldado~

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