Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

, r -' fOLHA DO ·NORTE ~ ___________ ..;.. ..... - :;. ... ;;;- :;.· _;.;;._, .... ;;;';:;•· ,;;,.- .:;;. ____ _ _________ , ___ ___________________________ .Dómingo. 15 de fevereiro de 1948 ' , , l ' JRETOl. PAULO MARANHÃO _l A-RTE_ l SUPLEMENTO J LITQATURA ( ORIENTACÃO ~ DE HAR.OLDO MARANHÃO , • COt"'BORADO-Itti:·S :- Alva:ro Liw!, Alonso Ro- clla, Ahl,-~idà Fiseber, Alpho.nsus d e Guimanens F i– U;o. ~ ugw.&o Freder ico Schmidt, A~ )i.o B11:ú:q11& d e l toJanda. .Ben edito NUDe,<;. Bruno de Menezes. Carlos ,. ))rwnm.ond de Andnéle, Cauby CrQZ. CeeiHa. Meireles Ç.t>cl,l Mdra. Cleo Bern~o. C:y-r o d os Anj os, Ca-rlo; Eduar.c_i~. Daniel Ooêlho de Sousa,• F. Paulo Mendés. , Garibaldi IJJ:asil, ,B~roldo M;aranJi'ão. U;io Cond:ê, Lt-yy Hall de Moura, L'êdo r vo, .Josê Lbis do Rêgo, Joao l\Jendes, •~rqu$ .Rebelo, Mario Faustin o, ~ra- 11uel Bandeira, Ma,r, Martins. l',J:atià, Juliet a, l\l u rilo l\J~n~es, Orlando Bitar, Otto ~ :ula •c atj,eauic, Paülo r 1m10 Abri!u, ~ . ele SoJ}sa Mo,ura, ·!tomar Bastide, Ri– bamap de Mowa, Ruy C.ouünho, Ruy Gailb.erme Ba– rata. Sergio Milliet, Sultana LeVY e- Wil~ n MarUns. assa CECILIA iGopyriglü E. S. l .• cóm ·exclusividade nar~ a FOLHA DO NORTE, neste- Esfado) R 1 O. -" No caminho, n1ll• dores levantam os olhos ü,a do de- nome e. de cara. En_ ba.téia -para me mirarem s"'m wlh,eço, não para adial).te, . a menor palavra. E '· peios como todos .envelhecemos. córregos vão nossos · diálogos mas ao contrário, - minha :Candidos em água, desai'ti. cronoloiia se vai fazendo ao culados nes:;a lágri'm.a inde. 1·evés !)O cômputo pru-a a11'. cifrável que caminha pelo tes d e Cristo. cbão para longe, detén<~o-se Logo, no ç,omêço, passo a. um poúco em l'!dor dos p·és -0l1am3l'·me Un-1behnà e con1 ~ das ·:mãos que ali nie1·gu– largas 'tranças e wstido sé. lham, espreit1ndo o rastro rio, dej;xo esp.airecei- meus do último our o. "Que é das· olhos ar.i:o'll:eaâ'os pela doce riquezas esperadas? Que é da paisag~m • d,e B~~bacena. O tua promessa, Vila Rica?" casa.rio entemicido l)le vê. Uma pQi: un1a, as jgrejas deslisar pelas 1·uas aiilda so- brancas l-$vantam e, testa nolentas, qua11do a n1adruga. ponte-aguda pa1·a recordarent da cus1a a. Qespedil·.se, ins_ o ~isitante que chega . Mas _ tada p<;los sh10s ~ue alter- estao- muito velhas e sem ~1am, frágeis e graves, S.l.!3.$ m.e.mói.:ia. Sacode1n o cá1n. aé.l'<as vo:t~. panário, - -mas liar.nbém, es~ li; atrás de mini ,vem 'lindo- 1ão surdas. Então, puxam o a 1nultidão, con1 í:nan.tilbas e xal,e das nuvens para os om· missais•, ain'da enevoada de bros e fecha1n os olhos com sono, de olb;os mal acor da· resi_gnação, po seu torpor dO'S, pl'-estanclo aten1;ão ao deSln.teressado. ruido de seus passos i;.as pe. Tilmbén1 os burros levao– dras, µa-i:a ir ,Saben do qu,e tam a cabeça par.a n1e olha. vive e caminl;la em direção à ren;i; mas bem_ se vê qu.e nãO' jgreja . enxergam 1naJs - há cinza E todos !lSSim sonâmbulo:; nás suas pestanas, e nos ces_ subiu10~ a sl:)ayé e$CAdaria, t os que carregam u1n sal -de enh·amos na igl,eja azul, aí. esqu.ecim,ento se ad ensa con• a11te de cuj.os rufares e-sc9l- centi,ado. · pidos ~lll p.ura. nuvem, eu, Por ~tas pontes, eu, p;ílida Umbeliha\ le'l!anto 111,eus to• matrona indignada, desi-lu<li– xos oJJio'!;; para ós .anjini;los d-a de · óuro, s audosa de ou_ de ileves matizes, esvoaçari. tros póusos, n1e renovo em tes e impossiveis- con10 eu l.íriça Leonor, 1nais antiga e me$ma. ma.is jqvem, tanto é 1i m inha O<i .pretos de Ibortioga re_ t>r6p1,ia contusão 1'abirinto pal'am n:~sa D. Umbeliha easulo, nevoeiro, ' que mira encantada o cani• ¼onor - aqui suspiro. panário loc~, onde uma .si· Mas as pO'nles m~ dizem que n eta pueril toca para, as aves .s·ua pedl·a é inútil. não con_ do céu . e os bichos da ,terra, dw.:-em a nada; que mais be– e dança de saia i,aclon,da, pa_ las são ,essas pontes suspen – ra 'lá é. para cá enlr,e ban.. s.as p'elos pa-ssarinhO's n o jar. deir,inhas· 1 d.~ papel, âim de Der.ótéia às janeias Eu,. Unlbélina, carregada do Ouvidor., nas quais se d e_ de :pal~_s v-e:rfli~$, vou p o.r s.em :o:la,m fitas com versos aqueles .campos pnde o dj,a é ·,escritos e borbO'letas• bcijan• um luminoso cavalo, a ses• do.se sôb.re cada letra. pojar-se entre, ~ .outtos o,a. .e,.. ,,sombra de um cav-alo, valos ·que a manhã :pinta de imateria.l bebe a última gota azu, e cô.r d e- r osa, e q~e dágua na ru; i.na verde do a9=a-vessam a estrada sac'u. tanque da Casa dos Contos. dtndo crrn;:IS. e cauda.s, dio- Qali$àS· sobressaltadas aü_ nisiacos ~ se.m _voz. , r.am- -se da •~ar.a.nd.a do pá• Vaca~ q~ àli estão &enta. ~o~ e o.s fantasmas da umL das há nwio .século, 1'(!.C.<>lhem dade, :negros e esc<>rregadi_ sua • _esp'afsa a;bup.õânlti:a os, s.e estendem pelas pe– plasllca_ (iue num esforço le· ~ras subtel'rãneas e vão Iam· v,.antam.; para a u·em debru.. ber ainda o riacho apàdreci– çar m.ai .$ 1-onge, na ~rv,a fôfa, do, e eoptinuarem seus pensa.. mentas rn,errompídos. ;E nQ, alto, as ntt:vens são ttm di~o gado que cre.<i~ ce, que tamQ.êm co1•1·e, q,u~ t-ambéil) t eW)USa CQ!)'IO º d.a· -terl'a, ç ~.penas ma.is ráp1do. se des-f ~z. e ~~mpõ,e, po,rqtJe a Sl4ª metamorto.s:e é s.em mis– tério. Só depo.i.s, ao entrar na $.• trada. íu.,~e~e. estreita e si11uos,t, de cujos casebres saem ~"~!lª!,ldO g~lii,has , ' aro?-1•alas e arJsc~s. eu,, U.~ J:>ehna, torD·o ~ 1nuda1· de :fi– gura e liil-e faço ma,trona ·pá. lida e $&VEll:a. po.r nome Au 0 gusta ou F'e}ipa. Os ca·valeí.. ros -recpMCIC~-:m-e-, saudan• do-n1e sem voz, na paisagem ~lta qu~ esco1'rega e1n lar_ gos prad9-9, com i-élêvos e sulcos ve:cd-es- ~nde o sot des,,. cai sombra.? f râtticas. Assim avisto ~ cidade al· \te.jante _no .tiegrume denso PI m.~:qt~g!!a.t~. Qs mi!1C! à· estás, • • •• E pór e,quí subo, çom a muttidãQ. que me desco'nhe_ e.e. Estou red~ida a esta. sombra que avança êm ritmo p ela pedr;1, cinzeli;ta· e galga a , _pra~a larga, triste, sur– pr~nctida de si, dos transe• untes, do rosto imóvel d<as Clllia&, com caprichosos vi. d,r,ói; e :rendadas varandas cisn1-arentas. · Das igr~jas distantes, . to. d-os -os anJos se mo-vera.n1 e s11il;am à :rua nes.te domingo ainda plácido: lá vêm, desa• costumal-'los ao contacto ao chão, com alpe,rcatas l:iran• QaS, ca1J1iwl.a,s d.e côres ame. nas, a;rrastando na pO'eir-a e na- p:e-dx,a a a1vur.a e leveza de suas orJ.as d~ arminho. Tunto s~ humanizaram que ~ _J~O!!§;!!.-q~ }1~ ª!" pjl{,): - ·.IORt-~AL DE POESIA • • 1 se 1 De 1922 até nossos dias a produ~ão nacional de sonetos não foi. interron1pida. }louve sempre pel1SÓas incap!!Zes de compreender o modernismo que contiooaram a es crever :poemas dentro das formas · antigas. Embora fosse per– feitamente a.dinisstv~ um.a pesi9ão anti-modernista ar• g\fxnenta:da seriamente no Brasil, até pou.co ·s ;;1nos atrás, · • os e":icr!tores que se recu.sa • 1·am a acompanhar o m ovi– mento literário inic!aq.o com .ôs "rapazes de 22" não che.:' g aram a te.r un1a importân· cia dígna seqtler de observa– ção, Isoladamente, ·seri_a pos– sível l embrar um 01:1 outro nome de valor , q ue t.enha permanecido à ::nargen1 da renO'vação modernl!,. ColeH· vamente, entretanto, as pri• me:íras reações considera-veis sw:giram há bem pouco tem– p o. Saliente-se ainda que elas não representavam a vitória tardia dos anti-modernistas obstinados, mas -que nasce– ra-m exatamente entre os n10- ços que assimilaram a revo– lução a.rtistiea de nossa épo• ca. Quan do os jovens de ho– je começaram a descobrir a literat\ira ,eram possuid-;s_ (le h orror pót quem fazia sone· tos. Agora são eles pr óp1•ios que escrevem · sonetos. Al• gu.ma coisa acont eceu. Seriá: n1.onoto,no debater o p roblema tecnjco da poesia 9.ue levá alguns poetas a es• crever com determinadas im– posições de ~étrica_, e rill)a e outros l\- escrever se1n . c~sa disciplina fórriial. De am:t>os 01; lados pode-se argun1entar– critetiosamente. Fiquemos na situação de :fato: os p_oetas novos, seiú chegar .à procla; mação de suas convicções es· téticas, estão i-étornandó à métrica e à ri1na. A rigor, de• :v:er~amos dizer ciue ~stã<> i;e– tornando ao s-oneto. De modo– geral, o.s livro.s novos trazem po_emas de r itmos l ivres en• tremeados de a1guns sonetos. O soneto fica senão assim, jus· . tamente pQr s.er das fórmu• las poéticss a mai,s conven– cionada, uma espé cie d~ smi– liol o ou sio.al . de unia aspi– ração estética que a inda nãO' se concretizou. l{ã uma ih– c.oercivel tendêncj,a , ,12a;-ra a discipli,na.: o sonetQ dos no· v os- não é o seu , r-es.ul.tado máximo, o que ·seria.. l'idículo, mas a maneira de ·fazer sen• tir tal co-.\sa. · • Quando Vinicius .de MO'rais publ:cou -suas "5 Elegias", R I O - Todos sabemos que p oucas pesseas são s'em. pre as mesmas, fiéis a uma única :!'ace e a uma. única fi_ sionomia; humano é, sob ·cet'tos asp,~ctos, sinônin10 de mutável, as cria•tttJ."as não podendo tesistir incólumes ao e t:iuirro da v..ida . 'Iíà, po– tém, na .maioria dos sêi'es alguns traços firme:, e per_ m.anentes, que forman1 a es_ trutura ·da p ersõ-naliclade, e têm entre si m~cada seme· lha,nça. Por isso é que oausa pas_ tno, a nós que ucebe,mos de longe os é.cos das suas at)tu~ des, a tigurll. do escritor mais fa.moso da França dêste se– gundo - e pr.aza aos céus que último - após-guerra, de J ea,n..Paul Sartre, filó• sofo, tr-0mancista, dramaturgo e .cabotino. Não é sem dúvi. d a inedita a -aliança dos dO'ns 1i~enírios . e exibicionistas , que, ao c_ontrário, a plu.m,iti• va gen,te s&. mostta :muitas vezes -an1iga de cha,mar a ateqção. Mas: h .á em _a-egr~ uma tal ou qu.a,l rselaçao en-~ tre as a1.ividades inteleét.uais e espall1~.íatôSas: ,um pensa- . dor, por exem:plo, poderá apteciiair a-rti$>s 1audatórios, mas nunca se lem.brará de se mostrar n1un eirco par:Jlt :fazer f i\'lar de si. ! A atts.êné.ia d.es: ;a 1·êlação é ljl~~ g,\>.P,illlt\\ e.m. §!.rt.i;~ .®i· \ • • 1na 1 .. - PAULO MENDES CAMPOS- tado da consciência que te– mos da sinta:.."e e do léxieo português em n ossos .dias. Não é gramática. natural– mente. E' apenas o conheci– ·mento das palavras e das constl"uções qu ê deve1no~ usar no por tuguês moderoQ ccopyright E. S. I.. com .e; xclusi:ri.dade para a "FOLHA I>O NORTE • neste Estado) achamos que o livr o tarnava sem sentido a classificação ,"modernista,'' ou qualquer outra que se pudes'sê inl(eii– tar para êle. Havia uma enorme liberdade naqueles poemas mas esta.vamos. dian.· te de versos ma:11ejaàos por um. poeta de todo coos<:iente dos multiplos recursO's da poesia.. Existia ali a ' discipli· ;na subjetiva da madureza p oética. Aliás, aconte<:ia o ~ mesmo com out ros poetas que ":fw-am mode1'nistas''. Ten1os agO'ra outr o liv rQ de Vinicius de Morais ~ " Poe•· mas, Sonetos e Baladas". De certo modo tra ta-se ' de un:a coleção' de poen1as bem dife- . rentes das elegias. Podev:ios, entretanto, encarar esses ul• timos peemas de Vinicius de Morais sob outrô àspecto. As "5 Elegias'', na sua liberdade ex<terior eram' uma demons• tração das virtudes de equi– li~riO', ritmo e met'Uda; "Poe• _mas, Sonetos e Baladas" é uma demonstração contrária. mas que equivale à primeira sua obediência à convenção da rima e métrica não trái a liberdade ª°' p oeta. E ' uma solução n1u.i:to feliz e muito invulaar da liberdade dentro da. disciplina. Consideramos da maior im– portattcia do ponto de vis.ta técnico, êsse n ovo , livro àe– Vinicius de r:.iora.lll. Ele vem justan1ente cria-r - un1a possi– b ilidade e esclaréc& bastan.– te aq,uela tendencia à disci– plina manifestnda nos poetas q_ue estão a-parecendo. "Poe– mas, Sonetos e Balada_s-'' é quase todo c·omposto ·d e ver• sos rimados e meti:ificados 11as medidas.·t1suais do verso português. Dema-é> dest.a.s li– mitações, êle não chega. a apresentar propriamente "in– venções" técn.icas - como ,.fez A:rag-on - · que nos permitJs– sem falll.r numa l!enovaç'ão da . . . form!L antiga. Entretanto, dentro das limitações, Vin i• cius dé Moráis mO'vimen t-a·se com versatilidade exti;aordi– nãria. Mais do q_ue obedecar à ri-ma, êle usa da. rima; quan– te à, métrica, sabe desobedecê 0 la .com segurança. Esse é o aspecto que me p-arece inajs impo1·tante r e· velar em "Poemas, Sonetos e .Baladas". Outro serja a. lin'• guagem.. O método mais ho- nesto de conhecer e expJicar 'llm poeta é pela linguagem. .A análise do estilo supera ou, pelo m~1;10s, dela não pod,e es• tar séparada, a interpretação do pensamento. . Peca contra à pO'esja e insulta o. _autor o _,comentari.sta que expõe as '"idéias'' de um livro de poe– m a sem ponderar suas carac– terísticas de forma e musica· lid'llde. Aquí, não tetnos va– ga.r ne1i1 espaço para falar so– ·b re uma e outra coisa. Diga• se apenas que há nesse ·livr:O' . ,. . . de Virtl.cill,$ de Morais umà harmonia entre, a lrnguag~ que podemos cha1na-r erltdi– ta se a linguagen1 que vamos cb,átnar de "particular". Po:.. deµios caracterizá-las. Nossa linguagen1 erudita é o resul~ • de maneira tál que a grande maioria dO's que falam portu• guês r econheça essa lingua• gem_ A linguagem· "pamic.u• lar" pelo contrário.- é a rea– ção cqntra. a língua CO'l-etiva, as distinções que vão sendo ' criadas pelo iirélividuo e pe-,– lbs g1-upos a que êle p erten• cê, Em . "Poemas, Soaetos e 'Baladas", encontramos um r aro équilibrio ê?)tre a . .c.ons• ciência do português escr-ito e a li~guagem que rodeou e marcou o poeta. E' uina li_ção de bom-gost0,. poético em um d:0$ livros mais altos de poe..: sia entre todos que p0SSUi• mos. UMA CANÇÃO DE VINICÍUS DE MORAIS Fubll:-éado,ínfeli;i:mente em edição. fora do comercio, "Po·e– mas, _Sqn;?tos e Balaüas 1• nl\o pode ser conb.ecido por -todos qu,• se i?c.Leressam por p-oesia. Alguns: de seus p.oe: iiás foram publica,d:os em jornais e revistas, outr o.;; não. 'l'ranscrevemu. o $e~'1,linte: • \_ Não l eves nunca de mim A filha que tu me ·deste A (j.oce, úmid a, tranquila. Filhinha. que tu me .deste Deixa-a, que bem. me persfga Seu balbucio celeste. Não leves; deixa-a comigo A primogênita em m.im A fria, seca, inéruadá Filha que a Morte me deu Que viv-e . dessedentá-da De leite que não é seu ~ que de noj te me cha.rr ..a Con1 a voz mais triste que h.i E prai dizer ,q4e. me ,,am·a E _pra ~hamar -me de pai. -, Nao deixes nLu1ca partir A ff\b.a que tu me deste Afin1. de que eu l)ão prefir~ A outi:-a, que é mais agreste l\tiaa que não pa1·te de •mim. SOBRE POESIA • . "Que é necessário 'pa-ra que se lJOS.Sa f alar ne prosa ar- ' bshc'\ e,, em wn, ~entido rest:rito .e p.:;eciso, de uma arte d<) prosa? E necessat10 que se tratem as palav1·as c:;la pitasa como ~e tratan1 as pala-vras ·do verso. No v-erso, a pala,.vra é eons-i– aeraõa <:<'mo 1nateri-a artística, quer dizer, •súscetí\i-el dte belrza 1~~1:11a1. . O po~ta não t::-ab~?pa . som.ente a expressã'o para a i::.e1a, v1sa11d0 -a uma co·n sc-1enc,a exat-a.: éle trabalha. a pr~la:vr.a por si mesma, tendo em vista o r-itro:o · e a har– moiua. Dai nós concebemos a possibilidade de uma técnrca n_ov~ que não será m~is apenas lógica ou psicologica, mas ~nda, ~ormal. Ela tera por efeito ou por objetivo, · na obra l1te.r.. 1r_1a, crtte a pala-Ycra nãQ funcione apenas como sinal pela, vn·tvde do sentido definido pelo.s, dieioriârios e a frase' ººll1º ~r_upo de sinais, pela virtl,lde das r elações ~a.maticais e s1n_tahcas: a palav1·e funcio,1atá çoroo roateria son_ora •e colorida, q,ue, desp_erta ha-rmônicas, concentra retrexos; ã fTa– !e func1cna".a como mater~a movel, ondula.nte e v,iva, cuj_os– .;ler.nent .cs hg~m s~us movimentos particulares a um n;io1Vi• mento oe cenJu11to'. (Gusta,ve Lauso-n-"L'.Art de La Prose">• ... LUCIA MIGUEL PEREIRA tem.:i, da vingan,ça de Orês. t es. tratad°' l}Or Esquilo. So• :fócles e EUrípedes, Sartre in_ tro(iu:rJ.he, sem nenhum aberi;a.nte anacronismo i déias l e modos de sen.ti: r dó bomêm / moderno-, ou, m~lhor, do ho• me~ ~te-r~o. mas que.. leva_ ram sec-ulos a se formulárem ()]aramente. Quando Júpiter , · !;ila a Egi.sto do "segrêdQ j àoloroso dos d.euses e d0$' rels..: o de mant~em os ho"·! :mens na iID"Jorância d~ que : são lil<'res, o crime de Ores• ! tes, <>Utí'ota, atribl'li,õo à fa_ tal1dade, ganba lm'la 110,va, significação. lt menos p ara castigar o assassino de seu .pai do que ~:Q 'IivFar das. Eri~as - do med.o, do re.. riloxso, da tristeza, da servi– dão que -àssumem o aspec.to– de moscas · - o povo d,,e sulli te;r-ra, q¾ o moço ma.ta E– gisto, atra-indo a~ tão i>õmenre sôbre si as Fú1:irui lmplacáveis. Depois disso, o~ homens podetão sàber que: são livres. · , fCopyrighf E. S. 1... eom exclusividade "Dara a FOLHA DO NOBT&. neste EstadÕ) tor de uma r,evista séria, co. mo Les Temps· Modf rnes e pelo menos ;!nSJ;>irador das noitadas ..exist encialistas" do Tabou, o ca-baret mais em voga em Paris n-e~te. m.omen. to. autor de um grande >f!ra,• ma como Les Monches- e pi-incipal _!'esponsáv~l pela. transf~rmai,ao de w:na dou... trina ~ lo.só! ica em prete~o p;u-a $Ofistici;das boêmias. ~~ isso, pareee exce$S,i:v.a.. me~te eontrad-itório. ai~d~ para qu.em aeeita. o -ilogismo da natureza humana. E·scre• ver um grosso volµm-e sôbre 1/être e t le il,ean-, oenSàio de ontologia fenomenológica, baseado na filosofia existen. cia.I qu,e I{arl J aspers e Hei_ degger e-x-tra,ram da obr a. de Xie.i:~egaard e Gabriel Mar'-– cel in~oõua.'l.l em França., e do mesmo p asso degi:-aãi~r ..essa !ilosofia em éultúra de urna angústia i:W'.ilvel pelo a.lcqol o\1 por pa~ha~adas mais ou menos in gênuas, n:iais ou menos eróticas, é levM" wn pouco long_e de. mais o direito que todqs te. :rrios de sé.r algumas vezes infiéis a nós µresmas, O ho• E!!~!ll §l~L f<.tffi9. ~ !ie».r.e.enq_f} do seu estudo sôbre a litera– ,tw:a - importantíssimo aliás - exige do escritor que seja não só un1 intérpret e, como -qm guia, de seu te1npo, que não se deixe perturbar nas suas. obseivações por nenhu_ ma idéi~ p reconcebi~a. será o mesmo que fornece a todos os desocupados, a todO's os pseudo-a-rtrstas um ?P.éiQ 1,de legitimarem os seus desman. dos? E, entretanto, se, para fa... zcer uma gra.nde obra a pri• m.eira c,ondição é a sinceri_ d,acle, não pO'denios duvidar da de Sartre . Vasqueiros co_ mo a ndam por aqui os livros 1:ranoeses, só lhe consegui ler em matéria de ficção o <teatro, e tanto me b àstou pMa saiber "que a literatura, guardatâ o no.me de J e.ao. . l'aul Sartre. Do ensaio :filo. sõfico, qu.e tne par-eceu ter• rivelmente o_bscu:ro, pre:firo n~o fala,r para não inva.dir alheios e -perigosoi; territó_ :rios. Mas ningµém pode ler Les l \to.uch.es . tr.a,géd_la grega ,a,utêntica, de um profundo simb0-lis-mo, sem sentir a p:resenÇ'a de uma v.e-rdadl)ira .tôr&i ~agQrª . Re19..~llf:\:4o ~ Setn o mesmo al:ean..ce à As Moscas. as outr~ peçqS - Ruis Cios, 1'J,oits sans .se. ; pultore,. La p.ullliius respee-. ' tueuse (excuso-me de trans.. crever ê.ste nome, mas não hã outto remédil}) - são, sobretuélo, a última do maior 1 - .'-._Q.Qgbi,xt;U~ !1.2 ;!," ~~l. __j

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