Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

úLT . _ ... os LIVRO s , _______ ..;__...;.._..;_ _____ • • Simp1~ • lntelra, 'que 1'1il benta e luz ..• Na madrugada inesperada e branca, Na madrugada pura, Chegaste como a rosa sena pergunta, Intensa e nua para o es• paço, Intensa e nua p ara o ven• to sul. r S. PAULO - Mais üm livro de poemas de Marcos Konder Reis (Me.nino de luto - Pongetti, R io, 1917), que estreou há t rês an os, conquistad'"<L:> o aplauso de críticos de nome. Se n os novos de Minas P araná e Sá~ Paulo, é pos.sível d e.s– cobrir uma preoc.upa ção se– v era de arquitetura poét ica, o que lhes empresta p or ve– zes um jeito sêco e rude de falar~ em contraste com o d erretimento sentimental ou humorístico dos homens d e 22, nos do Rio e do Nor • te o que se percebe é o tom romântico de seus cantos, Nesse sentj.do , poetas como Lédo Ivo continuam, po: .assim d izer, a obra de seus mestres. Não nos trazem surpresas nem nos podem chocar. Ao contrário, com<> b or.s alunos, oferecem-nos uma poesia mais limpa e homogénea, sem aqueles vícios irritantes dos primei– ros modernistas, mas tar-i– pouco sem os brilhos ines– perados deles. Não q ue os novos sejam pouco brilh1:-.-– tes: Un1 Lêd() I vo peca até !Pelo excesso d_e brilho. Mas os achados sao menos au– tênticos. obedecem quase a uma fórmula aperfeiçoad,;. através de alguns lustros de prática, ~IIIIUllltit!IIIIIIIIISlll:1111111111111111111111111111111111111~ P ela amostra já se pode ter uma idéia do romantis– mo do a•.1tor e de sua n'l• breza. Observamos, a pro- (9) "De que serve a infân• cia, i;,e a perdemos, (11) Se ela iica inútil co• mo a rosa morta ou êste dísUco: (13) Horas houve, nossas, tão intensas e tão (11+9) Em que os anjos ou os nossos pensa– mentos passavam no SERGIO MITJ..IET (Copyright E. S. I ., com exclusividade para a "FOLHA DO NORTE • neste Estado) rosto como um beijo. ou ainda, d.o mesmo poema: (9) D e que serve o nosso rosto de anjo de noturna com resplandecente ? o mar Em "Ode l" ao contrário, joga quase ex:clusivamente com ve1-sos pares . A pri– meira pa,rte, por exemplo, toda ela construida em ver– sos de 10 a 8 silabas: pósito de um poeta de São P aulo, (Péricl cs Eugênio ca Silva Ramos), essa caracte 4 rislica nobre do verso que e vi ta cuidadosamenle a descida ao vulgar atrav~ das f alsas joias das imagens ou pelo declive da piada amarga. Mas, ao tomar ês• se caminho da seriedade, arrisca-se o poeta a cair no néo-parnasianismo, e res– valar pela grandiloquênc: a... .Em verdade, Péricles Eu.gê-– n.io escapa por milagre a e s s a solução tentado~a. Utna grande auto-critica ajuda-o a recuar em tem– po. O mesmo se dirá da Dantas Motta, que a ínven.. çâo sintáxica auxilia a des• v iar do escõlllo retórí~. Com Marcos K onder Reis ten1os a impressão de que (9+7) E a nossa intimida 4 O poeta. porém, não se cinge a esse modelo f luído. Chegaste no m"•t dia como a rosa , Com Marcos Konder Reis temos um.a síntese das du:is tendências assimiladas. E' :-~ântico. porjm 4iscreto n o jôgo das imagens, mais atento também a uma vet – dade interior feita de ·me– l ancolia e de saudade. Po– de:.se mes1no dizer qÚe seu novo livro é um poema da saudade. Temas vagos, mas não demasiadan1ente her– n1éticos, ritmo largo sem intenções de efeitos e, enl– !>ora sem pesquisas de construção sólido e pur;, . Un1a certa espontaneida– oe expre:rsiva, que some11tc apela de quando em ve1. para recursoo sintáxicos. nunca para as riquezas do vocabul.ár io. P irei mesmo qu_e êsses re~r.Qts sintá.sp – cos, que consis tem na s11- pressão de preposiçõ~s e na modit'.icação de algumas r~– gências. dão ao verso un,a ô,me,diatez feliz, sintetizam a imagem e portanto a tor– nam mais penetrante. Marcos Koader· R~is é úm elegiaco. Como VerJai • ne. que deve ter lido muito, :pois inicia sua "Ode iV" . . .. . icom uma rem1n1Scencin cu- r acler ística: "Hora triste, chove na mi– nha alma'' -perafi·ase de n p1eure dans mon coeur Comme il ple ut sur la ville . •• I· • • ' ~-~\JS:~· . . ~,1 p,-.':,_~j_f':•!f ~ · W.W'·' .., :·':-: / :?):í.:i·t~:f <.1/. -;:;Y,~:;:,-,: t,;)::: :~fiti,.~1- :,.:-,.;. •-< ·~8:' f~;~:\ef~i:~· ~ •.~ ;.. .. ~ ,, ,N(, ; .. J "',..: ·~;:, :-,..;7, ·:::·:i•.. "'·<•. J': •' . ~. .., ''l>'J..;:, ❖.... ~ ~-· • • .:J,z . ·. . . : ~w... ~ ' . ' • r. ~~;} ú'·;_-~ . • •. f$}..,(.~; ~*l' ,:: ;~:_ W"';' ' '\o·:: ~ ;f:": -;e ;y : . ,, ,Í,li~ .-. ..-i: . ; ' ,,d- or.;,: fw, -~,# ;, ":~. :;;;.r ,;m:, ,., .'i:fl'. . ,. .• ,• /-". i ❖ ·t·. ~ ~cf . ,,. t? ~;,t ~~ J;'•~ ,.."> , :4 ' .•;,;e -~ • . .. ~.,. \_ ~~-,~, ~ . / ': ... " ¾ • . , .· ' ~»':õi . ... ~ . ~~;;:,e_ •• • ,, ~ :~> . . ...... • • o perigo e menos grave. l!:le é n aturalmente pur:> e seus recursos visam ant.-s da.r à sua expressio uma/ sensualidade barroca. como que para disfarçar e ate– nuar a tendência imperiosa da fr:ise diret a. Re.fer[-me à melancoliai saudosa de seus . poem~s. Devemos f elicitá-lo por teL" conseguido conservar êss,e as~ pecto original de su.a pe-rsona• tidade sem se entregar à obcessão das palavras-cha– ves, da indumentária pecu– liar a êsse g.ênero poético. Poucas palavras se repete1R com insistência em seu li· v ro, Pu-de notar apena& duas ou três, n eblina, rosa, ' sonho, etc. Em geral a co– municação é fácil entre o leitor e o poeta, pois êle vai direito ao alvo e suas in1a– gens são cristalinas; entre– tanto, quando se vale dos re~ursos sintáxicos a que aludi. seale-se o desei,o de embelezar uma • emoçao que l he parece por demais ba • nal. F ica então precioso, embora não seja despida de encanto a solução encontro.• da inteligentemente : Mulher nunca flor ou anjo, • • • e por demais paisagem.. •. mulher · por isso terra. e o que ela nos devolve ~ de rosa e de crepúsculo t .. - .. .. . . . . .. .. ... ... ~ mulher, riso e vaidade e o que ela tem de nuvem e d e g11itarra ••• Corno Verlaine Konder Reis prefere o · "impar", mais vago e solúvel no ·ti'. Analisaruio-se a sua técni– ca, verifica-se uma preclilr;– ção acentuada pelos versos d e nove ou onze silabas, ou compostos de medidas im– pares. Daí por certo essa doçura sem monotonia de seu r itmo: i... nrnrnrrnr Z ti d ti L U L U W - ...... n r n n n n o J4.7J P U ti ti U U W L -- Por mais hábil e sutil que seja, entretanto, essa acu– mulação descritiva não co• move, apenas agrada. Nãõ ntinge nadB ess~n.cial em !lÓs e deixa-nos em um cli– ma idêntico ao de certos s onetos perfeitos dos p ar– nasianos do segundo time. - O b lA 14 DE ~2ZEMBRO DE 1940 Sou o homem 'das cavernas, da ireLh·ada de Dunkerque. do a.brigo anti-aéreo, da segunda tnnda de Cristo. Para oncJe f ugir? Está morta a viva sin– fonla dlls mulheres femini– nas, das crianças dançando • 1 em 19Ll nas ruas pobres, do som dos .realejos guiando os fabricantes de guerras, ~ ceigos nos jardins eucarísti• esperança. e a rnem6d11i . ds, da apoteose das bandas MONUMENTO ~O FUTURO de música sem finalidade O Homem fica espel'an– guerrei~ . É t a r d e I do debaixo da, cariátides a lái m uito tarde! Eis-me senta- metamorfose dos quatro ele– do na caverna anti-aérea, mentos, A antiguidade da LASAR SEGAI.I.: - • 1 MURILO MENDES (Copyright E . S. l .. com exclusividade para a "FOLI-L\. DO NORTE", neste Estado) u r.ra ru:lo contra a Alemanha, terra pesa sôbre êle, :!é pre- tos. um cometa banhado do Y U D l T D o ouvido alento 80 sibilar ciSo q uebrar a unidade. De orvalho da primeira manhã, A .MOÇ~ - m~niaa ou mo- das b Oimbas que destroem a nMa lhe e.d iantari~ poder uma flol'eSt.a em maroha, um ça roes.mo? - varia muito. totogra.fi & de Adão, 0 túmu- Oj)erar a troca da miit;são dos pássar o sem antenas. Mais con,torme a cô.r e o talhe do lo d e meus pais, 0 ventre da el ement-0s. r espirar pêlo fo- uma v~z seu dedo ené.rgicó ve~tido - a maça espetou o minha mulher contendo go, incendiar a cidade com move-se. para separar a luz dedo indi~dor no espaço, in– meiu filho1t e a geração de a água, fazer 0 9 navios sul- das trevas. Comanda. Tudo é terrompeu um a rtigo sôb.ce a meus filhos .se es~ dendo no carem a t er ra . Não! É preci- previsto. A antiguidade. da cultura do cacau no ~anls– espaÇo até a consumação do so maia! É preclio forçar & terra pesa sôbre êle . P.recisa tão, e informou: anumo. É taNie! J!: muito ma téria a revestir novas fo.r- de formas insuspeitadas, de - Trata-se de rnat\dar um tardei Q11e sobra de mim? mas. sem O sôpro d ivino; é elementós viligeni. O fogarl A gramofone. aoa índios do AI-to Som.ente minha. ratva ittútil p reciso abala-r a criacão e terr~a! .As sllbstân~ias Purús, Entrei;penles, pr~ciso corura ,a ~spécice humana. que con.~a.t a face inédita das a tuais são por ~mais transpa- terminar a tradusão dêste a.tio sabe e não p ode destruir coisu. O h,omem <lOlll.t)teen- rentes. O novo c:é11{ A nova poema. de Donne . ft_ construir ao mesmo ~empo. do que todos Oo$ at~ são te-tTa.l Nin ,gu.ém o ai_uda.. A A. nt~sma hora. realiza.va -se Hornt111$ ruturoe, meus uwaos rep&tido11 de,de o pnn.c!pio corrente uni'V&J,'Sat nao 6e or- na e1qulna, da t"Ua próxima tneua inl~ool - contem- do tempo. P a.lpa-,,;e, sente- ganiu. O llomem d-eacon,ola• uma conspitação,. r:15.o con.– ~vos .em m im e acendei 1\ se um monõllto q \le tevot1J do gtra sôbre si mesmo e l ~- tr• mas a. favor de Judith. ~ tocha. estelar que mUênlos para crescer, sente- nalmente e.dormece à sombx-a JUg1,1119 gatos em evidência , ~ , i , v4r11. ~ nmN1 , 9$ ,_. 1 ~ -.c>.. ~1'-' ÇQW. se.Ulf .om.ame.1J.-. ,<fasDU,;...t~• -· , , , • , , ..•. O(.> lll)tOr , dê M,.a,i~rui. ., ~ r , ,_---., ~~ 1 1 , , , tt -. -. 11: .,,, 1 ~ 1 • , r ~• 1 j -. • " ~ • \ • , • , , • 7 , ,... ,. • ~,a 1 ) ' l ,. • t ·vergando elegantes fraques azuis, esperavam paciente– mente sua ração de leite. Judit.h ia tainbém ar ranjar– lhes namoradas. e mudar o papel da sala. de jantar de seus chalés. Chegou de avião uma. carta do Pa raguai. Uns barbudos simpáticos que lá vivem em falanstério, beijavam com fervor os sapatinhos de Ju– dith e snlicita.vam. com igual f ervot', capotes e latas de goiabada . A d~ilógrafa rossetian& 1.- OOJd . na i• pago, ) En.tret;a,nto, r esolveu anima'l' o col lll)anheiro: ;l á. que esta-· va.rn tão cansados. de.vet'i9.Idl ir j untos ao Cineac assistir a, um filme sôbre o bombar– deio de Londres.•• o outr~ descu11>0u-se. Não era. passl– vel. Mas Judith. sorrindo entre pérola e amêndoa, ba• teu com doçura o pensam.en ..– to e os pés. Venceu. En.tt"e um e outro ónibus infiltca.vam-se asas de fadas e de sona,las de Golu,ppi. Domínios do marqu& de Carabás! S aindo do cinema Judith te4 legra.fou a. um grupo de ami– gos sugerindo um plano<> para a re.construção da Ca{)ital in– glesa . Novos l)lanos sur• gi.am -lhe à cabeça.. E ra pre– ciso cuidai- das comunidades palest.lnas, e esta;belecer.- uma linha de helk6pteros para. Camcio Gr-ande. Esquecera e, dinbeiro do bon~e. Não fa,; mal. .Há tantos paraquedas por o.1. •• 1 (oomo se uma ros-setiana p11- desse ser dinâmica!), e que não é outra senão a e.ludída. Judith, observou ao compa.. nheiro de trabalho que seis horas soavam na. orqufdea pr6~a.. O o.1ihar- de Juditfl. neta tt - Qua,l orqui~. qual M• e,y6zinha, incorportWa tudo. da, (a pr6prt11, Judith r elifi.- Céu llmPo. Não faz mat. coll•se>, t ra:t-'1-se de um mo- Qu.e-rid& Floral \~ to \ ~ogari. , . ,) ~ • , , •

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