Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

• =· =-:;;, ===· •:::►=·:=:::===..:✓_.:f:_ 4 0=L=B=A:...-:::.DO:..=.....:Ní::O:.:B=·:.:ft=-'----✓_:.tftílntã-fen T." de Janetrõ de 1948' ___ FIM DE CAPITOLO ,. ... .~ 1 .I ~P- - ~ - .(;.j,::.\;.J#'c~~l;.:...~=--~ --· l ARTE • DIRETOR. PAULO MARANHÃO ! SUPLEMENTO J LITERATURA 1 ORIENTACÃO "' - DE, HAROLDO MARANHÃO ~----- ______ ,.. COLA.80.RAD-ORESi - Alvaro LJns, Alonso Ko– cb.a Almeida Fiscller, AJpbonsus de Gnimaraens F ilho, Augusto Fredttlcq Sehmídt, Aurello Buarque de llo– lland~ Ben.edltc- Nu:nea. Bruno de l\lenezes, Carlos Orum.mond de Andrade, Cauby Oru2.~ Cecllla l\fetreles. Cecll U'dra. Cleo .Bernardo, Cyro aos Anjos, Carlos 6duardo, F, Paulo Mendes. llaroldo l\'Iaranhão 1 lo!io Condé, Levy B.all de Moura, Lêdo Ivo José Llllll elo RêKO, &hrquis llebelo, Manuel Bandeira, l\lax Mar, Um l\lurllo Mendes Otto Maria Carpeaux. Paulo Pll. nlo • Abren, B. de Jltnsa l\l01.1ra, Ro:tt Jlastlde, Riba– m.al ' lt• Mourn. R'liy GuUbume Ba.rata. Serrlo 1'1illlet, Sultana ~ .. Wllsoo l\farilns '1"',. - ~IDA LITERARIA: 11 E NCONT RO'' . .. - .... ,. Os d ias que s e sucede– ran,, ma.rcaran1 uma modi– f icaçã o radical no d est ino de D. B rites. Dias cheios de Do Romance ''Vovó Brites'' 1 • Oséas ANTUNES festas, de cousas classicas. Desde a !ogueíra t radicio- lainl1a e n ão saia à noite, nal, até O mungunzá ido t o- senão aos domingos; o Fer– roar lá em cima, n a casa n andes, empregadinho de das F arias. no largo do Es- seu Estevão, do tio Estev~o quadrão. D. Mariinha para de Vila Nova de Famalicão; isso estava sózinha. Todas ~nas, as meninas. agora, nã-0 as meninas. Pulando de ma- iam casar senão -<:om un, drinha. de comad res, p re- homem estabelecido, com parando banho d e cheiro, b ast an tes recursos, para Je• fazendo sort es. vá-las, de vez em quando, -Vamos ver se a Briti- a P ortugal, ã Europa. "l]1ll sinha casa ainda este ano. . • h O m em rico - - . rico .. . --Só f alla O noivo. rico ... ", no dizer da prima. -Ora, isso se arranja. . . Q.uís p orém o destino ~sso se arran ja!. .. F ác:1 q ue.·· mesmo, al·ranjar um n oiv() J oão da Silva · Soares, o para aquelas mocinhas q ue n ovo sócio do F ernand<?s, vinham d e Cu.ruçá e q ue tinha enti-ado para a sacie– não precisavam de esco- da de, da mesma forma & l her muilo. T udo servia. pelo mesmo p rocesso, de Q ualquer empr egad inha de t odos os seus patrícios. armazem, era um partido. T ambem. como o Fernan– U1n bom p art ido. Muito des, abriu cedlnho o arma– mais düicil e ra cons.egu:r zern. arrumou secos e mo– ma ri do para as f ilhas de D. lhados, limpou n-n,1i ta gaio– Ma1·iinba. E las, sim, iam la de papagaio, suportou. é custar a casar. O noivo P !'C- o t ermo, t odas as descoin– c isava estar em condições pusturas do patrão, mas, economicas, pelo men os, guardou, a\'aramente. t odo igu.ais às do F ernandes. d inheiro que ganhava. des- "-Homem rico ...rico. . . d e o p1·in1eiro d ez reis, com r ico ..."--<:amo d iz ia a pri- aquele desespero al.a, :ico ma Izaura. P obres não va- q ue cara l&r1za .a sua ra– liam nad a . A pobreza e :-;; ça. N i n g u é m lhe disse para aqu ela gente pior q a e que devj::i ser assim. Ele o moles lia, que tilra, q ue de- f oi aprendendo, vagarosa feito íisico. e dolorosamente. E, de to- D . ?.fariinh:l tinha vin<lo das as suas virtudes, aque– d'? Curuçá; casada com o la era a que o fazia c-0nsi– FeTTU1ndes: o FerPandi?S derado e o tornava c~paz de que andava de mangas áe vir um dia a ser o segund.>, carnisa, de ~amancos, ~'.ipis na razão comercial do Fer– • O aumento d e seu saldo no Deve e Haver da esci·itura• ção do armazem, era a se– gurança de seu futuro. O Fernandes sentia que o l u– cro do palricio íazia parte integranle da casa. E, o convite para sócio, como na n1a.ioria dos casos, era a forma mals vulgar de en– carceramento do outro, n a ~orte, b oa ou n,á, que podia sobrevir ao seu n egócio. P or isso aquela permanente a utotidade do socio maís ve– lho, do sacio antigo. Aque– la ascendencia que perd:.i.– rava até, muila vez, a li– q uidação. . .. E o Soari?s, J oã o da S il va Soares,.era socio do F ernand-es. Não importou que o Antonio Alves, o guarda-livro;;, fos – se mui lo n1a.is antigo e m ui– t o mais inteligent e d o que ele. O brasileiro con tenta– v a - se, aliás. com aque le i i• t ulo "-Para essas cousas de tarifas e legislações. .• procure o Al ves. . . é p ar.1 isso que eu lhe pago .. . ". E era. As q ualidades in(elec– t-uaLs d o guarda- livros na– cional, não in1plicavam ao . ~ ver do Fernandes, na raz!io •-•--------1 ai.r:ás da orelha, verru1ninha nandes. Econõinlco, traba- p.ara ::lv~:i:ar i:tbaco ele mó- lha-dor , honesto. I,Jonest o. 1111, e f ·irador de mêtal ama- até onde fosse possivel ser; ~..,lo p ,•a t>:--.:a mtnar P pro- principalmente. honesto p:ira \'ar í arinh.a d '.11.!ua : e F fr- com o sócio. Trabalhador. a de ser de seu oon,ercio. O Alves resmungava, na in!i– midadc, contra este pon to de vista. "- T1·abalh.amos como aniniais para esta gente; e, no fim, que1n en– t ra para a sociedade, são e ssas ali111arias que vêm chegando da terra ... " Con– t udo, no fundo, parece que aclla'\~a aquilo natural. E, muitas vezes, não deixa"ca de acabar que1·en<lo bem aquelas gr.indcs crianç:u:. Sen1pre atrap alhados quan– do apanha.dos na ne!'essiàa– de d e resô.l \"er os proble- u ·nson Martins já fL"Wu a posição dil ger:u, ão mais llova do Brasil, através de wn penetrante artigo, mos– º trundo como o escritor d:i província, sobretudo o que i csti aparrce.ndo agora, vai conseguindo libertar-se do ! odir-so "centra llsmo'' literário. No estado a tua l dn nosS:l litCJ'alurn, nessa esp«tativa que se senie po,- novos ca– minl1os e novas expetl~cias, c.abe aos novos tuna ati- l nandes q ue acordava às n101a real da eficiência da- i qaillro d a r.1aüY..:E!ada para quela maquina. diz.endo varrer o arm2zcm, arr umar respeito a lodos. Econômi- 1 os fa1·dos de carnE? sêca e co, a j!;arantia pessoal de 1ulle espiritut1I mais criadora do que critica, ma.is construtora e menos destrutiva, muito embora essa r,l'l.i(-á< venha sendo apontada injustamente como s ln– tniw. de um lllllllen\avel "conformismo" . Doeumenta.J1- os p acotes de -pirnrucú e sua vitoria, de seu exit ,. do o c,ue o crítico 1,aranaense chama ile " difusQi Tev1>– l11t;{to llteraria", aí estão as publicações do!I n?vos: r e• , ,is tas, auplementos e livros, ates.lado~ da vltal1dad1; de uw trande moVilDento renova.dor nas letras brasilei– ras. Eu.si.a citar " Orfeu", no Distrito Federal; "Joa- 011im' ' e as edições 110 "Lhtro" , no Paraná; " José' ' e as i.rttçõe~ '•Oli", no Oell.Ti; ''N ortlml!'' ' em P êf.fiãiübüêô; ' 'l'anoran1a" e "Edificio:' e suas edições, em Belo Hoi:i– zt>pte; ""gora", em Goi.ás; "J;>a.ralelos", em São Paulo; ••u.ira).lUrif', em Santa. Catarina; "J.\lagog" , "Fonte", "A l Epoca•·,. ' 'Clima.", sem falar nos suplementos litérári"ós ~ d,os jornais a:os Estã,dos, que ofe1·ecem opo,rtunidade à. ! i Çlen t~ no.~a. r epud.ian~o os ''me(l~Í}J.Ges" in".:e~~râ#fos, a · con1 toda: a sua sub-htcra.tura foss1J1zad-a e r1d1cula-. ~ O ' pá~á vai a.gor:i: torí1ai- n1ais efetiv.a a sua cont,ri- ~ buiçãt'-a êsse movimento, atra,•és de uma revista lite- ~ ~porta.qtes jniciativas, visando sempre revelar o qlle f .· 11r,iséritemente sé reali2a, eín nosso· ,Esta(lo, pelo exer- i– cício <'Ja literatura. ho,nest.R. " ENCONTRO" circulará sob 11,; direçlto de l\Í:ario Faustino e Haroldo Marannã,o, 'i t'el(ninilo ós ' 'no,•issinios" e os •fnovos" do Pará, como • Catd>1 C1·u2, Benedito Nunes, João 1\{cndes, Jurandir 1 lie:.-:e~r.a, 1\lax Martins; 1'\:lonso Jtoi;ha, :{tu:y Guilherme Jt e . 11:arat-a, Paulo PJinio Abreu; Ruy Coutin~o. Cléo Ber· - ! •~ardo, F. J•aulo l\1endes, R. de Sousa Moura, 1'1a.nio t 001!-to, Ceei! Me-.i,ra, M.ach.ado Coêlho, SuUana Levy e i outrc-s. · • Pcdemos a!}ianl:àr que ª 1·evista. de~erá sair a pú- .f blici, possivelmente e.m fins de j~,ieiro p-róximo. 1 JO...,.tt~~.-0 • o.-.~<,.._c,..... C..-.u..-c.-..O.i • (Conc:lusêio d'<I 3ª. Bastaria um gesto, um pas– so. A próptiia l ê,mbrança da vi– z.inJ1a cpbiça-da livra João, por momentos, das moscas i tnpo·rtunas. E' quando a jovem cresce. das asas d e uma mosca pou. sada no ehão. Cresce muito, subindo para o teto, abrlndo– o, n;iostrando a João o céa imenso. Mas a metamorfose repête– sc cm sentidõ inverso e m.i,– Jha.res de moscas cobre:m os olhos de João de · sombra, afugentanilo a lempra;nça da viz:inha. Tra'Zem o calor, o pr!iprio sol e o corpo d,e João está, pesado que não sabe co– J:llCI ,a rêde ainda não desa• 1 :4TIYIDADl;S DOS -ESCRI– 'J.ORES P.aRM:NSJ!;S F. Paul'o Mendies, que jã pub1%:0U u.m importan4.e en– saio ".Raiz.es do rom.a,ntismo" • 1 ,. ", ' doires", ·"Int!'odugão ao estu_do b,ou, como seu corpo não per· da litera tuxà", j á e:m 2.ª edi- fur,ou o cllão como a moça o ção, "Ima-ge.m das horas" e • ·teto, como não caiu com es– "Ressurr-ei,ção e Vida'', pu- trondo sobre as lajes do po– blicará pi•oxim.a~:nen:te u.m 1·ão, abalan1lo a casa a té os lil\JV-O trabalho, "Rota obsóu- alícerees. e'Stá• pr~sentementt é,screven- d,o um amplo e minucioso es• ,i ,u<;io da obra de Rainer lvia- i-ia ~ilke. . ' 1 -Ruy Gui1he1-:me Bara:ta tem 1>-ron!o urri. n ovo livro de Poemas, que devewá- P,uólicar nó dei:qrr'er de~~ àno. J á se ence>ntra e,xgotado o s:iu l ~– vro de estvéia, ''Anjo do abis,mo", edlclia<l-o em 1943 pe– la Livr aria Jesé Olyrn,p;o. -Aguar.qando at?enas edi– tQr, Maiio <:;outo tem a pu– bliéa.r dois livros: uma p~a de teatr0. e t)ma coletânea de COJl·lOS, , ~ R. de Sousa, Mom:a está re\liJll{l40 n1aieri:;,il para o seu í-J:nt t•rr~j))..tl-o ensa,i?o sô:J;)re 11- ebi'a ,de In,gl~s cie Sousa. -O ll'Oeta Paulo Pl1:r:iio Abreu, tem pron,!o, fá} d seu livro t\e es~réia, agua, rda.do, com :gr;inde espect!)\tiva, pe– los cL.-cuios i-ntelect.uaJ.5 de nossa terra, -Ant.111ci:a-se. taroJ:~ém que CQ.c,il Me}ra, ,autor d.e várias obras; COílno "Poetas e pensa- ra". Joã.-Q, os olhos vagos, con- A A.B.D E. PA:R.l\'E,NSE Ru,ndada .m-ês passado em nossa caJ>.ital, j á se encontra em atividades a se.cção pa1'a• ense da As;ç,cia~ão BrasUei– l"!l- de Escrfto1•e.s (A.E.D.E.) O prbu,ei·r,o 0011,p-0 di1-iget1te ele f,to é 'o seguinte: DIRETO– RIA - .Pre$id ente, F . Pa_ulo Mendes; Vicce-iP:1.iésidente,. Er– nest o Cruz; 1. 0 Sec1•etário, R. de , S-n.~a Iviou.ra; 2. 0 Secre– tãr,io, Haroldo Maranhão, fl, Tesoureiro, Machado êo.elho: CQ,N'SELH:0 .FISCAL: Levi llaU de Moura, Osêas Antu– nes, Cecil iV{eira, M~riam M·o– ra,is e Paulo Plül'io Abreu. UMA EDITOiRA ~· Cogit.a-~ d:~ orgf11ilza-r em Be_lézn mais urr\a. eài-to-ra, que será par.te .das jn,ic,il!tivas da revista "ENCONTRO" ou J - tomará o nome de um-a ou- tva re:\'>ista, , ".M;ERIDIANO", que F . P aulo Me:ndes e Ru_y llara.ta pretendeim 4:fundar, . ' ' templa o espelho, escurecido p.elo 1nor~aço. As quatro, g·a r– 'ras c1e aço amarelo seg{\ram– no co1n for.ç.a e os dois pla. nos cruzados da rede par1l– cem diminuídos pela energia dos deiesscis declinl10s vora– zes, querendo enterrar-se no vazio polido. Aterrado, João l evanta-se da. rede. • As g:\rras do espelho estão ('rescendo. Recua. Não são ,vais de · ferro doui:ado, ·mas pei-dera.m ,a rigidês. G·arras de 11m monstro estranho coberto d e moscas, saindo de trás do móvel, crescenclo pelas pare– des, dobtandÕ-se tio teto, c,hegando ·a ,c~beça enorme defronte do rosto de .João. . ' . Gürtas se ~J)erfando, as qua- tro se ap1•,ó:iimaado e o baru. llto. ,. Vem um be 'r.ro ~e tot:a. João volt.a à real,ida{le, con– templar.do os peila~os do .es• pelho no. chão e.a escova de cabelo mergulb~da ~lltte seuJ ded~s j,n-ertei,i, ·· · Não responde. Que ba.tam ~ -pl>·rta, Que a derrubem.. Que g1:item, que a mãe cho- re, desesperada. · A C!lda tuna das portas vol. tam os q:ue, há ponto, fa– z.iaip-11'1.e, discursos, veemen– tes, trepados em cad,ciras, inflamados. Em ca,:la canto do quarto, agora, está, ,sen tada uma som. ROTA ' • bra cinzenta, todas quatro mu.ito iguais, serenas, ~con– templand«i-o. Joi o· l e-Va as mãos ã cabeça 1 puxa os cabelos com força ·e pâra, aümiràdo; diante do gµ.arda ·roupa amarelo. Do fund·o do grande esp.e. Jho, entre a~. manchas escu– ras como as moscas,_o Louco de Picasso aproxima -se, de (Conc:lusóo da 1°. pági.no) Para abs,õrver a fé e dela se ro ])ofuem é aquele- que não nutrir. procura coisa alguma porque Sua carne, viva e clara, tudo possui. E' aquele que Sucumbe ante o delírio e o tudo· tem porque nada quer. gôzo. Seu peito não é de aço, mas Na aurorà, nas cores do arco- resiste a tµdo. Suas mão,s são . íris, brandas e alvas, mas elas tu- No Sol que tom·ba, do suportam. Seus pés •domi- Pressente nam toda§ as distância$. f:sse Apenas é o verdadeiro homem. Os incertós anseios do cora- 1\las o ve1·dadeiro homem ' çã, 0 magoado, não existe. O Outro, ·o irmão dêste, é fra,co e o seu corpo está. inteiramente curvado para a Terra. E o, Céu, bel1l alto .. . <IID Não te julgtt'es um frac;is. sado porque hoje te ofende- 1·a,1D'. A ofensa é bôa e bons sá.o os seus frutos. Descobris– te; enfim, que és um fraco e a fôrça eín que te sustinhas' esvaiu-se. Não será, mais dé– bil do que tú o que te iuj u– rioq ? Seus membros o· sus– tent11rão q' u.an, to êle ·pen~a ? Amanhã, quanao. for ofendi. do, sua mão se levantará e tornar-se-á homicida. Teme, somente, ofender a Natureza. <Ili> Declina, o_ So1 e o pensa• ment o, como ·a,sas. cresce pa. ra o lnfinilo: ''Mordido pela Fé 1'fus arei.lindo em '·Desejos O Homem duvida e vacila; Seu espírit-o ê acanhado, Estreito, (Vielas de. urna gr.a~d~ ci– dade), Como em um Mar líquido e espumante O barco .indífe:rente navega, Ofegante, ·Assim Q • nosso espír.ito ã àn~a Motemente N.o seio da Terra, Entre · o Mar e a Terra IIá o l\iistério. '.Entre o Homem e o Desci). nhecido Nasce a J<'é e o Desejo. Vog~mos entre os Dois, A caminho da 1'-iorte, . . Quie tos. t\ Mudos''. <IID Qualquer cojsa de 1:eal vtve e pal pita na imaginação cio Jiomem. Os sonhos também são r-ealidades: Eu nunca vi Olivais. l\las ~us olhos lembram a sombra de olivais Que eu li na -descrição de um poeta. europeu Cujo nome esqueci. Os oliva ~ ,. as sombTas, a eatn- pi,n;i 'e o rio. . • · ~encontto a paisagem Nos teus, ·olhos. mas, mesmo os mais int i • nos, e, apeland.o p ara a cul_ tura e para a exp~riência d o nacional. Era assim que o Alves conhecia a vid& inti– ma de todos eles. Sabia quando o F ernandes tinha os seus dares e tomares com D. Mariinba; era con• soltado sobre a educação das meninas e até da esco– lha do proprio Soares para a sociedade. -Anda cá, oh ! Al\' es; se puderes dá un1 pul1nho lá em casa h oje à n oile. Olha lá, leva a comadre Crescen• eia p ara tomar chá com t 1r– radas com a Mariinha. P ~e~ ciso que me aconselhes cá 1 n un1 negocio O Alves í oi. E, enguanLo as duas senhoras se. entret i• nham !alando da vida alh~ia, das crieda.s e de modas e tal e historias, os dois n o • • terraço junto a va.rllltda, fa - lavam de cousas sérias. O Fernandes f oi ao p onto: -Estou com v on tade de botar o Soares. como rnou • ..._ ? soe10 . . . o que a<'Ua.S. --Ora, F ernandes, o ne• gocio é seu. . . que é que e u di 9 p osso %er .... -Mas, YÕce t em mais ex• p el'ieu<iia d essas cousas .. •. conhece o rapaz. . . -Tanto como você. · -Cá para n1ún e!e:lou a cr er que ele é um alho .. . muito t rabalhador . . . mui– t o economico . .. - Ent ão~. . . Que é que f alta? .. . ......Ben1. Con10 a final vccê é o l!;uarda-livros da cas:a ..• - . . e, nao so isso, uma pessoa de toda a confiança, não q ueria fa zer n ada sem lhe consultar ... -Muilo obrigado. Quin– do devo ir preparando a mi– nuta do contrato pai-a a J unta" -É isso: Amanhã combt• naremos as c1ausulas. \Tá ' . - (Conclue "º pijama. Cabetos fl'esgrenl1a– dos., e gesto,,; alóngat1-0s, en:ioc– peóidos, ,declos mais Jongos que os das g.arras do outro é_spelho. 2 :t,rão. João não p ode ntais a guentar. Nos quatro cantos, a;s 411a– tro ,so~bras cinzentas JJi:.re – cém levitntar-se, os mantps arrasta.t)do moscas dcfwifas p,elo chão. Em babro, na gaveta a:bcr., ta, dev.e estàr qµalque:r co'i- sa, Deve es,tar. Não camisas ou embr,ulh,os d e presentes antigos, não es– se ramo, de flores se,cas que. llte es11eta o ded:o, não essas cai.xas de sapatos, não er.s& qu-ad:ro, frio e velho,, de v-i– dros rachaol·.os. . . . _M:as isto. Isto mesmo, -este objeto frio como o quadr o. Através d e mais um esP,e– Iho partido, no meio do rui• do que v em de fora, e.xc.jta. do pelo tiro., parece-lhe ou. vir um ,gemido: Abc,rta, a, por– ta furada, os olho$ de .João embora va,g-os, ·i:e1;i'ficam, 3-to– 'Ditos, que nã,o esti ningu~in. Só· o vestido verd.e, o grande buraco Dreto no meio, balan– ça como a fard.a de 11m ·herol morto, condêcorado de làn• tejoulas. g Com a queda da primeira.. banda. da por,ta for-çada, os :rililhal·es de pregadores, o pai, a mãe, o avô, todos se precipit,am para dentro, mas estacam, temerosos. Um. tir,o certeiro para ca• da uma das sombras cinzen– t as, · qltC fogem espavoridu para dentro do mundo do es– p elho. ' O último, para João. ·, Sangue. Muito sa.ng ,ue, Ne– gro como ,1lé 1,.ois cansados,. n 0 matadouro. , 1 T:uµbém como o de um touro .abat ido, o pescoç,o .lon– go dé João es.t;i estir,ádó nc; eh.ão, paralelo a um dos bra– ços abertos, tedo cob.erto de estranhas moscas p~etas, de! P.trna$ ~erm~lhas. ·

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