Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

' ' 2.ª p'àj. 1 . FOLHA DO NOR'I'.E Domingo. 18 de janei:ro de 1942 ,.._...::._...L_ _ __.!:;,.__....;__,_;_....._.,. .....------------~-~------------------------ ------- ----->-------~--- ----....._ - 1 JORNAL DE CRÍTICA \ OIRETOQ PAULO MltRÀNHAO ORltNTAÇ,Ã!) , DE HAROLOO MARANHÃO - ' COLABORADORES :- ~Ivaro Lins., Alouso Ro– cha, Almeida Fischer, Alpbonsus de Guimaraens Fi– lho, Augusto Frederieo Schmidt, Aure,l~o Buarque de Uolanda, Benedito Nunes, Bruno de h1eneze$; Carlos J>J ummond de Andrade, ú auby Cruz, Cecilia Mei11eles.--·· Ceeil Meira; -Clea Bernarêlo, C_y:r.o dos . A:nj_os, C.'al)Jos· J,;iJuardo, Daniel Cqêlho de Sousa, . li', Paul.o Mend~. Garlbalili Br:uJil,, Haroldo l\1aranháo, João~ Condé, Le\1y; ~lall de !\loura, Lêdo lvo, J ·osé; Lins do Rego, João Mendes, Marqµes Reoelo. l\fario Fau1,tino, Ma- 1,úel Bande.i i:a, Ma"' ltta,rtins, Maria .Julieta, Murilo 1\Jendes, Orlando Bi~r. Otto Maria Carpeaux, ):'aulo Plinio Abre~, R. de Sousa Moura, Roger, Bastide, Ri· bamar de Moura, Ruy Coutinho, Ruy GuiU1frme Ba– rata, s ·ergio ~lilliet, ✓snitana Levy e Wilson Martins. , - - • .- go teve bom gosto e o senso.cor- reto de não se ·conduztr dentro do esqu.ema. de alguma tese ·cien_ ·tiftca, tazen<r.o o seu herqi sair de· uma -ficha de cun·icll psiquiá. tr~ca. Ele não se refere, J,1enhu– ma vez: à ,ps!caná_ll..se' çu a qu-a)_ quer outra d~utl'il;1a . C01,?-ttt<.!o, e ta'..11to qtia:nto me é ·poss1vel neste t-erreno_; creio que:_'Julio corres– J?'Qtlde de c.erto rnodo a uma das 'teorias <le Freud, aquela que ser.. ve de bacse para , o cor.ceito clL nico d,a fixação. Fre·Jd tinh,ct , id~ias e é'1tperi~ci;(s ,nu),to ni~ tlü'as a respeito da inex,istêncla d..o ten1p'o ·para o iucon'scíeI1te, part:nd'O-se ·d,al para a hipotese sôbré ,:, carate~ con1p.ulsório da repetição . .Ei'S a formulação que o1e p9(le· apHcllcl' a Julio de "Eu- ...,ridice": "O cone.eito ila não e:<is. têncra do, tempo pa,ra o lne6ns• cle-nte sl;nitica que te1nores e. d~ejos, devido à repressão, se 'dlssoc'[ain, dá con'tinuidade elo present~, não pal'tfcipa,m do de– Yis-ita , A Léon Fargue Paul senvo'lvimento do in<livlduo e não são inlluencfados pelo cres_ cimento ou experiências ulterio– re-s". É o que acónteée com Ju- • lio, segundo o que revela de sua existência nãs me1norlas da prl_ são: êlc t!cara marcado p~lás sensaçõ1)s mól'bidas de uma in- ·(Conclu~ão da. l.ª _pág.) 1ãnc1a .infeliz, fi1ho retar<l'atário de um casal de ve,J,hos empobre_ lncessant.emente. Era o téis. Fa-;rgue, muitas vezes, cido, com uma paixão anormal poeta dê Eatís; ·merecia- assistiu. PrOU$f; em e stado pela úmã, det~tado pela n1ãe bem êsse titulo, quem s<>u- de cristalizar Albertina no - ,;filllo.s de velhos". ,,..podia ser • (Conclusão da ,l.ª p~g.) ação romanesea e•m sentido horl- ça no escuro, s,ó vendo a neces_ zontal, .surgíndo a p;iéolqgia ci.'e 1,.idaóe üle· uma n1arcba ou esca-i,a. cada. peroonagem atr.a.vês · dos i,1uça quand·o termil1ada .a ant e_ seus .Pl'OJ>,rios atos, diã°logos . e rl:or·. :A.ssi,m, Ulll Fo'lltes, um Fá;– •aspe_ctos exteriores. Um Carlo.s r ia, um· J'ullo; ~ rsona'gens ·-com de 'Melo, um V1'tor.lno <::arnei:l'o t;a.ntas' po-ssibílicla-des, ficam ape– da Cunha, un1 moleque Rícat·do, nàs e,sboçados, sem atingirém o c~a um deles nasce, cresce e plano das complet as re~l_i:iaçôes; existe e.m ligação con1 o inundo urqa Eurldice, e:nvo1'1ri<ia no pro_ 1los engenhqs, de mocro que se blema do mistério, fica :m-<!ls caract-erlzam juntos as feições fluida cl'o que rtropriarrteliíe mis_. dos personagens e o ambiente so_ teriosa. Os sentimentos dos' per_ cial etn que ·se movime"ntam. Em sona,gens, po: outro Iad,ó, são ·•Eurídice", não; os persona,gep~ destituld;(?s ·<!e força e àu~uU– ·são esbcços ou so)nbr&-,, tiu1cá;_ cl<1a-d.e, ora c_Ol).vehciona1s, o,ra ·ba_dos e incaracterísticos. ·soltos arbitrãt'ios . Le-m6re _ se, p o r 1. o e'spáço. Aliâs, alguns d'éles sé: exeroplo, que a obc,essão' d'e J'u. riam talvez positivas e aut~ti- -l!ô por -Eüridlce :a-parece um-pou_ .cas criaçõe::s .se o romancista. co paJlda, sem que o ~ltor sfr1• houvcs-~e m.elhor e mais de. ta a ,a-gltaçáo- Interior, o trenesl morada,mente tra.balhado :ia que lhe séria peculiar. Tambei;n cem.p?Slçã.o <la sua obra. Mas o .a.g,uele ódio <!a m~e peio filh_o se sr.. Lins do Rego cometeu•<9 êrro torna iliverossiméi pelo exeesso. ·tle escrever com a sua veloc-ida. a não ser. que hGuvesse a e:1.'l)li– de habitu_al um ron1.á'ri<;~ <?e ana~ ct.._10 uma causa -extra.ordinária lise, ~m ·qtJe tudo de'llll'là, ser- ou demoniaca, que não encontra. p.l'evlste e elaborado, ~entamen.- mo11, todavia; no temperan1ento te, sobretud·o se -0 lillto não es- da ,velha se.r..hora nem em qual_ lava "feito'; de há niuft,o na sua q i1er ponto do edmecho. Isldora, memoria. e na sua - Jn111ginaçâo. por sua v,ez, p assa arbitrar-ia– E at~da neste ponto encontra_ r11ente de er,iatura amada a odia- "' ' . .. ' . .. mos um ar•gumento de contra_ da, nu.1na. b.rúsca e Jnexplicada lndJéa~ão temperam<:_nt't1;l : o sr. mudan~a q~ seJ1,tin1entos· por José L1ns -do Re.go nao e um ge_ paEte d1e Jullo. o que é licito n a. ner... l (J.'lle. ti·aee planos e mano• .ar.te da ficção, co,n as suas exi_ br3:s _,pa1;a.,_ as suas ,ba.talhas lite~ gêncl,a;;, e Je[s pslcol,6gic~ m4ito l·árJ.as, ·inas um·gen'eral que avan_ menos liVl'~. ou multo ~als côm. p1exa.s, d!). qµe as C:a vid.a natu_ rál.. Deíxeí p ara o ii1n a r-eferên.cia ao pei:som,gem C a m .p ·q $ das .A:gi.i;as, que é' ,sem ,d.úviua a t18cu– i·a mais vivá é ' melt1e1, càraé.e.– í:iz,acla elo. l!Vl'O. .N,o,.:; d!álog.,s, a·).gu.m11s das sua,s frà~es ~ao n1ar. ca,n:tes pela :i,topr iedacie, gr_a~a e pitoresco. Intelectual 1alni\do, más genéro.so , co~ ás seus im_ pulsos cayalneire-õêos é os seu;s ri<t'ícÚlos, ele nasceu. talvez da iru:gestã•o do :Alen'c,ir-, de "Os Maias", como' já: o le1nlirou o sr. AurÍl,liO .Btuii,.qµe -dê Holano·a . Càmpos {las Agua\; .rep1·esenta p que' há d.e mars su·gestívu 1:Hts pá:gÍnas -dê "EuÍ·l<llce" . C;;'1t1<lt10, f.alta_ih_e a,mt:iie-nte, o-u dei,envol– vimi!oto, para 1/ivér plenamente. O ,pl'Oprl<> ron,anci.~ta classifi– ca-o er.rada e desat.e-ntai.nente, en1 certo sentido. EncQ'nt.t·arrios referências com!) esta:;: "i'táo go,sta-:va d'as conversas do vetho Ca.mpo.s. Implicava n1ei;mo- com o home·m de tant<1s palavra,s dt.l· ' . ' (iceis" .( . .. l "O -fal:at dUlc11 era• p11ra .tudo". · Or.a. eni tódos os. diálogos, a linguagem de eam– pos das Agu~3 não tem nada d& dlficU; é wna llnguagem sin1ples, natu ral, trivial, apenas um pouco. r0mãntíca. Ele fala na lingua_ g~ do pró pr 1 ·o romancista . Aliás, não há nos romances do– s~. Lins do Regp c~iiereilças · sen_ s iveis- entre a Ungua.gen1 qireta' • , d h neto·", "f4lho de uma · derrota". N t s b ·M bera transformar uma ci- pequeno empregado e 0 - . Q Q S . Q r,e Q r 1• Q ' d tel Depois, na exl-stêncla de adu1- ' · dade numa especie e · to, esta1·.á cercadll e dominado antante única, a11+a11te de· Falava em tudo i<iso, o p or esses fantasn1as, Jnsattsfei- 'do autor e .a ·linguagen1 indjr'e'ta. dos persona,genr:. Esta é. -aüas-: uma defici'êncla dé quase to(l:t>3 os romancista:, brasileiros, pois uma arte do ron1a~lce e fazer ca_ , . d .à personagem exprlnúr 0 se ver- ' balmente co111 o· estilo peculrar· vítlamente compreendida, 110,!!SO poeta, -eo~o se não to e · Impotente, '.tra<:o d'e vonta_ D e 'A n d ra d e não sÓ, na sua beleza visivêl , lhe restasse mats -suro.1·esa de e incapaz pal'a O amor. Pos- · ~ ·· · · mas 110 seu mais escondido nen·huma de todos os ab- to em presença de Eurld1ce, C.<'>ritinuação da l .ª pâg) e ·se-ereto encanto, no .seu surdos. A vida, para êle, se sente-se tomado de um espé'cie. •. cb'ártne recôndito. esvàziara e o s!!U futuro, era ele o'bcessão por essa criatura. cré<l.itó- de estroinices aà mo, o que mais nos sed,uziu, 'êsse n1esn10 p assado, cheio vagainente misteriosa, que lhe cida<le; que ô tempo se en– a San Tiago Dantas e a dos fantasmas de Paris , exa<.~rba al nd a mais os ner.vos carregaria d,é corrigir. Aliás, mim, nessa visita, que fi- das grand es sombras que <lescontrolados, com ,a-s suas fu. somente no fim d.a vida Má- zem 'os· a. Léon Paul Fargue se recolb.·eram e não mais gas, ternlina-ndo })<)l'. n1nfá•Ias en_ r-io começou , a s.er, entendido tre às árvores do alto de . Santa e compreendido, no que· diz - foi a evocação que o passeavam nos fiàcres de Tere...-a. respeito à sua linguagem, poeta nos fêz de , Marcel outrora. . Disoosto e desenvolvlao cor- Assim. ti.les-!l)o por: pou.ca g~!1- Proust. Sua amizade con1. Estou revendo, o pequeno .reta'Dwnte de úJn ponto dé vi-$ ~"l' pois 1;e1nJ ainda_ n1u1ta Pt'~ust -datava - de l<,>nge, aos, apatta~ento do .poeta. Na digam.ôs cientifico 'óu obfêtil(O,- f·n_comp}'~en~<!º• n_1esl:tio ~~nti:e primeiros tempói$, quando o sala, os quadros d.e Mme,, este romance se· mostr,a, no en- g1an<les crlt1cos que sao ao jovem ,}4:ai:cel freqüentava Fargue, que é píntóta e .tanto, insuficiente ,e frágil do me 5 J?-1o tenlpo Seus grandes os salões ·e _colhia e econo- a;ma o exótíco. Nessa sala, Pº!~tó d.e vista art!s~lc~ ou !!te- , ~~~r~~~!!; ~;~u~ºig1~ss~~· mizavát -~'Xpei;iências p~r'a o ficamos alguns monientos. rár•o. o person~em ~e?trai .~ niii;, desde j~. ~títud_es de po– seu vôo só\:!r e'. - o témpo. Jl· O poeta terminava as m ,as'- porventur~ uma sens,.bil_idade, lemista. Mas a verdade é qu-e »em.· o. s,. atrll.vês de . Le9n ~a~e1;1s éom ~ue p .rocura• ~a lntehg~ncia, 1'1~ ; carate:r-? ~oüv.-e muita iQ-terpteta~o ' p t vain ' reanimá,lo, ou impe- Nao, é un 1 _ se_r. amoito e !.n~c~-- errada e se afirmou; COlJl ,Pául F'.argue, . um rous ct·· , l;i-ado na a.rte romane9Ca. Eu1I grande espanto pa•ra o ptó- re. al·,· .. ~ Pxottst vivJdo, um: lT o avanço da sua para- dice" nem revela ~ vida i,nterlor . ,... .< ,· . 'l ta' · ...... al }' · D · • • • w · pr10 -'"-«r i,o, qu.e e e es va Proust de· carne e osso, t isia. epoi~,. e no proprio de criaturas humanas, com? nOG volta_ndo. ao cfassicísnro, en- coxno foi e se movia n!> quarto, deitado na sµa ro1nanoes em qu_e predom,na o tendend~-se _.nessa palav-!a, f'empo perdido o p~í do cama, que Fargue nos re- processo da anãhse psleolõgica, um retorno as for 1 nas elas– romance moderno,. Evog~ndo cebe. Ali e$tava o poeta d.e - ne,n revela uma época ou i\m sicas de expressão. 'Puro en– Próust era âinda :e sêtnpre Paris .....::. a fision,omia ilu- a;mblente, como nos !e1:1ancf!s ga•~?· O ?.P!l rente "c;assicis– de Pa:ris que Fàtgue , nos minat:là. por um. so1;riso dê em que predomina. a <;_rl:t1~a µ'e mo do escritor, era o re~ul – """l'ava. A le,.,.,bratl.''a de doente mas q. U'e era assim costu1ne:3 e. ª. apresentaça,p- de 3 $·- . tad-0 de todas l!,S tentativas .... ,.,.. " · ' . ' . ' pe,ctos sociais . o sr. José Llns ' espalh,a<ias em d1vefsos v..olu– Prou.<.it se mistgrava a. ~ern- mesmo, um sorriso de ho- cio Rego decidiuase desta vez pe~ :me:S de crônicas, ensaios, poe– brança da c1dad:e a1n~a. m.em, b_em é!.e b.~m~n1. 10 prlmelr.o prooessó, quando a s/a.s, co.ntos, co~f~l'ências; a~– feli4, da cidade q~1e na~ D l;lpols da:.: Cl:ass1cas Pa-: wa natureza l.tun1ana e a forn1a t-i,g-Os , etc. Te.ntatn,as d.e. ,d1- col1,hecera os sofriroento.s l~vras sô,bre o Brasil, as do seu talento de escritor são zer o essenéial co'.!n as pala– das duàs gl'andcs guerras queixas da falta · de café e ·mais propícios ao segµndo, de_ vras e a:3 frases essenci.àis. moâernas, da'. cidade '4ve.:n- de fumo, d.o bgm café e dó vendo-se a-s.slnalar que nenhum N~a lp~IS, nada . menos, _ ~ d o O seu .. nei' lll.dl 'l cl:~ d.escui· bom fuí:no a conversa •se dêles é sµpertor _ao outro. na l;lis. qu_ Mar10 procuro_u exaust1· "' a d l f ' ·'u · t ' l d ·. · toria universal do ron1ance que vamente, e parece te-r conse– ' dada alegria, ó murí o . 0 e evJ, ·oge . ~ es .1 :º. e sa:u- El,pi:esenta obras_pritnas eq-i.tiva. guido, ~oi ;:i_pena,_smen!e isto: teitro, · a sócJedade e a rua, dai~o. ao estrangeu;o, e eis• lentes nos dottl tipos. De resto, ~ JJ.1~1,0 de exprei;sa-0. Ha– ptineipalm:é'ntê., .?> rua de· no~<.1. v1vengo alg~ns instan- -nem no roinarice psicológico de!- v1a,✓e ela.r-9, a hn~?!;ª pqrtu– PariS, viv-a, cheia~ de ru- ~,,; .em c9mpat1.h1,a daQ.Ufl• xa. de havei- amoteote ou senti- guesa, com seu!l mestres d~ mor e ·,de palpitaçao, a rua le e~pititq, q_ue à véspera do social, nem no romance de aguem ,e de ~l~n 1 . mar. Mas pe>r qndé de.~lisi:1,, esCP~i·e e do sono. par~cia. ~e ter tor-. critica de costumes :altam anál~- !~sªes!:~f!~ ;e~i°ão i~~1d~~~~ vibrá O flú~ó huma:nOt ??-_ado an,da mai.s agudo e se, ca,racteres e per~onag~ns vi_ mente. 0 . que êle forcejcu à .tuá. parh,iênse ilustre ,:~ll 'IJ:lVO.: , i v<Js.. Hã ii.~enas,_ nos dois pia. por eacontrar, foi a "s,Yct" pitoresca, ~ , p~quena r~a Nao traq.uzirei a inten: nos, .um, si.tuaçao ?e prect-0;11 1- lí' ng.ua, a fala brasileira. Não d1~~reta ~ in•tima, que e_ on- sj:dade com que viven1os· nância ~ um~ qu,7 st ªº, de_ meto- ~~ll;Q'Iàva, está ,e.lar<?, cJ.~ a : t f t o aquela hora eom um des- do. Em 'Eur1dlce , .por exemplo, unguagem es,ctita e sempre Vida aos en·con r.os ur lV' !:!., on: h ., 1 't· h .d· , o sr. L!ns do Rego quis revelar uma convenção. Mas não e as . grand'es avenidaii, os C ec:i_y,o · ao c 0 n . ec1 ?• d~ senH=,to•!J, as paJ.<ôes e a ign9.1:~va, tU:inljériJ, qqe uma bouleva; r.às , qu e a incó1n.~ qu~ nao . verlar.,n. 0 ,s ll':1!1-C~ v1çla interior dos personagens a.prox·:·m·açãc, n1ais i:ntima en– parável ,graça femihh1a m.a.is po~que a morte Ja ·o pela d'ireta anál1se _psicológica, tre a li:::igt.a"em el;erita e a francesa pôvóa-; a; rua com àss~alara Particuia.rmente tsto é, quis fazer a -caracteriza 7 lingu':l.gem i. <la.da , setja b.~– as sU~,g ' i~jas é '\ll,trines, a e nos estávamos apenas de çã.o pela introspecção. Ora, o que néfica. e muitissin10 útil. ·O ?lia tôfit Qs seüt restá"ura~- passagen1 no seti país e _já m~ parece é qu': êle nao teve re~ultaào da sua exP,eriência tes .e as auas cnsag de chá, par~ _voltar ao nosso. Pro~ exdo nessa tentativa. A _sua ma_ foi e$Sa pr o~a der-ramada. '8, rua ·d~s neoado!i e das cur.ã,vani-os guardar pata:.. netFa de con<:_~be11- "e realizar ·!lte. sensual, 1>regu1çosa,, larga~a s vraà e a-est s · , . .. . 1.•~1-!l-mente nao se enquadra nes_ e, po, entanto,. muitas ve.zes pieqo'sas ig-réJ·a,s, ., . ~ e apr1sl°,?8:r te processo, ciue -exige es-peeial- ene;rgica, pre!llsa,, claira. Ja- F ar g ue acomparthaya num. _encontro final . e. !:ln1- mente O senso da. m1iliiela, a me. ma1~ sêca ou âsper-.a. Doce e Proust, . ,eont!tàn:t~mente, ~e· c~, . toda UJJr\a Vid1!' legen· ticulosidade, ~ paciencia, 0 olhar n1ac1a C07!l-O sa.bemos . s1rr. gundo · ' nos contou 1 nas daria pelas distraçoes, pelo _l'ixo na sucessão de camadas em Pr0sa muitas vezes. em r»tmo suas peregrinações no.tu ;r- ,con;~eoimento de certos direção vertical piu.·a baixo ou de samba-, que obr1.ga .. ~ me– nas. Ia .com o autor d-e "A misterios, pela intimidade para cima. o instrumento de :rer O cor,po no bolvio da La Rech-erche Dtl Tem"'" absoluta com a cidade mai.s ~nálise do Sl", Li.n.s do R-ego não • fr~~e. , f . ,. . 1-',- · · • .st d · · d v, ~uas. esuamos ug1n..... o ao as- Perdu1' :!1as suàs visrtas a o pre<;tig1osa e poética do 00 t. m 1 - 1 ~dl .;ª ad• ~1,1ª_ 0 ª esd~ªt er. su.nto. Um passeio através. Hotel Ritz, onde Alb~rtina, mundo. Ali estava,. deitactp ,ica · -.e e _wsao, me tan e ª das · correc.ões, suPtessõies e l or artes de e11.cant~~en- no seu leito, Léon Pau,! qúal e ~eroon~i::E:_m serevel~ lxta\s ~cré.SCÍJ:A?!S .ém ,-"Ama,r, verbo ". , se.rvl· i:t "-º···b· a ap" ..,e•:nc;a F• 1·m1e e e<>"" êl'e º" fan'... · pe,\a v:itrespec.l?~º elo !}.li.e pelos 1ntra.n~1t1vo" talvez esclan:e• ,. ~ "' <>-"' , "' 9r , , u.L , ., •• · a-to~. E· isto explica, sem dú\11~, · 1· ' · , h ,, de um Pé"Uell() boy, 'rnssa tasnias que a l:lua, intelJ!,. - ,;. · ,,, , -· 1 d. "E .... d 1 .. ça, '! exp 1 ~t1e m-e1 ·or a e;vo- . ~ ,;, . . , . . . , .. , o •()ln supEµ"uei.a 11 · u,' ce , luç,:10 dr.ii linguagem q.e Má• fresca e matinal Albertina, gên~~a _luc1da mantinha ~ onde_ se eu_conwam la-l).ça.das si. rio. Ele comieça a,c'rescentan– essa ftgl..\tl:\, viva e ine$que- distancia. Deve ter morri· tu~Q~s ps1cológi~ que o au_ do às datas 1923-1924 da pri• cível dé ra11a1'ígà em flor, d-p nesse mesm,o quai-to tQr nem ,aprotu.n~1• . nem ~solve mitiva edí9ão, wnâ outra - pe,rson~eni que é. a encal'· modesto em que rios reée- •m t.er.mos de f~gao. " 1943 - e isso é signi,ficativo, ii~ij.o do- próprio fdeal fe:- beu; n,ão creio que se te- Ao cont ráx:lo, o .pr-OeeSS'o do i;r. dispensand:o p e,r feitamen~ mininç, erà., n~ realidade, nha podido mudal' como LJns do Rego, ® nua! •á nos ql!'~lquer ~og:i..entar10. Na, pn- um "'d"l=cen't"" '""' ae···~es de. eJ·ava tanto - 10 UA 11 ;:;= '"' •, m:eu'a . ed1ç_110_, ai pobre da · .., "' ~.. .'-, ,.,.... ,;., s . , ., .rq: l' • ~v oi'ereceu resultados posltiv~ e Fraule1n al)atece sem. o 'tre· ~~ninos qlJ.? se iniciam tra• era ~ontpa ,r-na.ct e o l?-gar ma,~.çri&ioos e.iµ o;br.a~ an:teriores, :rn,a; ,eo:au'tó rre:x.plieanuma -notâ' baJhando nos Grandes h-0~ qtie ele amava em J ?ar.ig . eqn-slste no ~9.):lr-am.witQ. 9a .a;u.e .a ~a. • 1 ;n-ã.ó tm~ -~ t r.emad·Q e o inoeenti do li– nótipista ficava condenado a cortar tun despropósito. d~ eitct1n.flexos" N-0ta-se log.o . , qú·e os "pro", "pra" e córi;ela– t os volta·1n a forma p-oT t o– dos usada: por, para, etc. Tro– c;i, de a,djetívos, são Jnúme• -rás. Sempre com a finalida– d'.e de !ria~s preciso, de njê– lhor exprimir o objeto. Al– .guns exemplos: "unhas pla– nas", p-or '.'unhas- chat-a.s"; • ''A bulha dos passinhos fa- – risca v,a o c o -r · .r 1 é d o r''. por '"A biJ,lha dos pas- s,i,nhós al.'-tanha:v-a etc.". . ' , "Rodeava Ma1·ia Lu•isá com .os b;i:aç@Ss'', " .Cingi;;i Maria I.;'ui– za. etc." "O bife da fábric.a vizinpa". "O anglo da. fábri– ca"; · "E·spo)'.ldongava:". pai:a _ "atrapalha:va"; "com a p1:es·– sa aflitiva das pesadas", pa– r-a: "com a J?.ressa. :ttlítiva d-as g,o,rdás" ; ".õ. a,rr-astar natural d,i língua", :para "o arrastar n,atura l de hnguage1n"; "do- 9\11'3 mesmo· mulhe-ris". para "doçura ;nesmo feminina". ,E' curioso ir assinalando os ca-coetes da éppca., que o es– critor reso1ve riscar do lívr-0. Sobretudo certa "gí,ria'' dos iuodernistas·, certas pll.lavrás que ·entrava1n mai.s pal'a es– ·ca'}dal~za.,t do que pa.ra e,.~pli– car·. c~ta,n10s o exe-mpl.o do "bife,", pa.i;_a refer~r-se à u'm cidadão inglês, ·que o escri– tor vinte anos de·pois, répõe cQm a expressão certa: "an– glo". Há outros idênticos. "Um h:elo dia surgem com :rp,ai•mon na porta do pala– cete". ''Ma-t·mon" é sub~itui– <fo po.r "automovelão", pala– vra que todos entendem. Estarpos, até a.gora, exem– pl iticando com v-0eábulos. Nota-se, en1 "Amar, verbo intransitiv-o", que Mário pro– curou tirar todas as palavras de sentido mais ou menos eso.té1'ico aos l~ito):es de hoje. P.àlaY?as que !.!ª época eram pop,ulares, mas que desaP,àre– ce_ram anos depois, pois en• quanto aJgumas se inco.rpora• 1·am defi' nitiv:am.ente a-0 vo– cab-ulá1·ío, Mqui,rindo fôros de cidadania, e passaram aos dicionários, outras se perde_. ram no· 1emp·o, desapai:-ece:-. l':/.ttl da c!:·~1 ]ação, pjt.ra nun• ca mai,s. Num~ crôni<:a, tais v-ocábulios têm -a sua razão de ser. Ma<rcam um momen-~ to, um estado de espírito, um ambiente. Num ;romance que, 1nais d-0 que o retrato de um determinado momento da vida -de uma cidade, ou de um aspecto da. ~ua vida, é uma obra de arte e, por.tanto, ,com enderêço par.a -<> tu-turo, todo o cuidado é pouco;, PJ;~ cisa-se dispjn.guLr 1eUtre o pre• cário e o pepnanente. Mes~ ~g p({rque, nao é um quadro _(ÇO:n~lue n~ l,a; pá~.2. -à sua maneira -de ser.. · Além do· mais, q\lanto ao es!i- lo e à Hngua-gem., _êon:_10 este úi..,.; ' timo romance se .a<lha empobt'e-– éidQ, desvalorizad'ô, em c.o!lli>a– ração com -,utras obras elo a'U_ tor ! O sr. José·Lins do R~go nã;:, , . é estl!istlca1nente um escr:it-0r éol'reto, nem exemplar, do pcin. .to de vista acadeinico, Possui, ' . ~ ' contudo, u.ma maneira de ex_ prissão or!grn,al, personaÍisshna, víbr-átil, colorida e sugestiva. No entanto. <ii.iase tudo o ,que hã de p_articular de sedutor e pito– resco no seu estilo ctesapar.eceu em "Euridíce'; no quaJ ~e sente n. ·ausencia de haYinonía ·e-ntre· a _língctct,ge1n e O "assunto . É q.1,1e ·em .'"'Eudtltoe" não se en,coA1ttà-" refleti1:la a persõnii~dáde · d-0 àr. José Lihs do l(ego; nêJe ná~ se encontram nem ..as grandes qua– li/lacies nem os grandes defeitos, ttns e outro-.s caiactl?risfl.cos ..e . persénalissirnos, d.o i,éú ~u tó,, ~ Este ' é tim livro mo1·no e rieutró• •· ~ Sab 'é.se , anãs, que ellctá obteuc~ um e;s.t11aordh11arla s1,1çé-sso. prê_ miado, v~nc\ido aos milhar.es 1 li. do e_fcste'jaâo no sei-0 do púbH- co. r-ia quali.dade de an1lgo -do sr. Jo$é Lin-s do Rego, e dos que ·1nals o estímain e vaJori:. ui,n1, rejuh.Uo.me com ·os seus su. cessos. Como crítlc.o litetário, ~oré~ só posso expr.imi;- a opi– nião de que "Eurfd'lce'', scn.do , um 11:vro de 1éttur.a agradavel e até a;tra-ente, não se acha (!O'D• tudo na categoria das obt'a.$• de valor e. Importância. E tal vez e.s_ teja obtendo no público o suces. so d11s proprlas insuficienc-ias: é um liVl'o fa.cll, s~perflclal, sentl·– mental, sem a originalroade que perturba e sem os pro-bte-,nas que fazem penzar. Apresenta sem duvida vai-ios t.rechoe excelentes e algumas pàg!nas valiosas mas que não detennina.m o· conjunto. Ao mesmo tem,po qu,e "Eurí• dice", jã em segunaa edlçâo,, es 4 tão apareeen.do, igualmente ree~ dltado·3, os volumes de ''Ciclo da Cana do Açúcar''• sobre os quais vou escrever proximamente. 1'1'e. les, si,m, encontramos o auiên,. tico J'osé LlPS do Refo, - -pre 4 ~nte tia,mbem em livrOss <.'OlllQ. "Pureza" ou "Agua.mã:-e" - -coni a •sua tão notavel contribu1ç_~ para o romance bI>asileiro, ofe• , recendo.nos, com um·a. obra de artista, a história- social e o oo..• pi.rito ·de uina região norde,;;tin•a>; ! naquele complexo mun<lro de me..: j mórja e :fiçção, em que iâ nã'o l!EI f podem sepa.ra.r os iia~os .re11i.S e ª1' :· sltuaçõea imagina.das, pois s,ã~ f em verdade roma=es os vo}.u-~l mes dó "Ciclo da Cana do Açu:.. , c~", e o verdadeiro' romance é t vida ,e . sonhq. , \ •1~ 1 ''il 1 (1) José Li-ns do }rego'. - ' 1 Eu~ ! ridice" - Livrà,tla J01!é OlympiQ Ed,itô~'a - Rio - .1947. . • 1 . Para .remessá. d~. 1ivrçir:-Pra1a•1 ~e BotM9gl;!, ~

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