Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

..Gradliono 'Ramos, ®risfo lE O :Gran'de--~l(lquisidor • .E' o Ltlis da Silva, de . An- .._ Publicando em 1934 · o· .seu 1egundo e maior romance, não se distanciou o sr. Gra– ciliano Ramos do interesse psicológico. O que houve a mais de Caetés foi o corajo– so aprofundamento do tema, foi o arrôjo de mexer no -que o homem tem 'de mais· íntimo e de · mais mis_terioso. Isso proporciona a S. Bernardo uma universalidade a que pou– cos romances brasileiros I po– derãQ aspirar. O drama eco• nômico da vida social na re– g1ao e os fenômenos típicos da · propriedade só compare• cem no livro porque são eles, jus.tamente, que porão a fun– cionar o complexo Paulo Ho– nório. O objeto do roman– cista é a personagem e n'i.o o ambiente nem a sociedade . Ao contrário do "Ciclo da Cana de Açucar", esse, sim, eminentemente "scicial", isto. é, visando antes documentar um período ou vários perío• que dedic•a ab pi·ocesso 'psi~ · cológico de p·aulo Honório, contra . guiem a menor nota · ·de ridículo não · é atirada, mesmo em st:as · manifesta– ções mais brutais e menos simpáticas . Paulo Honório é uma personagem dramática; e o sr. G1·aciliano Ramos sa•. be disso. O seu drama -não provém de acontecimentos externos, como o de "seu" Ribeiro, mas da constituição psicológica de. um homem que desde cedo construiu o seu próprio . mundo com as mãos. Por isso, o romancis.• ta desrespeita e primeiro, ·que não soube enfrentar a vida, mas respeita o segundo que vencet: a vida e foi derrota– do, por assim dizer, dentro - WILSON MARTINS - II 6 5stia, quem nos vai coloc·ar rlge ·para ma.is longe do qu de frente com o problema. 0 espetáculo imediato doa ~o-, Não somente o Bem e o Mal roens formigando e defen• ('Copyright E. S. 1. com exclusividade para. a F'OL\tlA DO· NORTE, neste Estado) de sl mesmo . O guarda-livros me aponta inimigos em tot!a perdeu o que tinha, material a parte !" Entre as duas ·pa– e moralmente, .mas· conservou raleias marcadas por "seu" preoc-i.:pam o romancísta com wna. persistência e com UJI:lª inquietude verdadeiramente calvinista: é também a indis– tinção .moderna entre o B~m intacto o seu tesouro intimo; Ribeiro e pvi:' Paulo Honório e o Mal, numa sociedade em Paulo Honório em meio de . pode-se identificar perfeita- que os valores se misturaram uma yrosperidade material mente o interesse psicológi- . <!e taf maneira que se repe• que resistia a;):. maiores em• co do romancista Graciliano. te a história do Cristo e do bates, viu-se lentamente des• Ramos, a suá extra-tempora- G r a n tl e Inquisidor. Im• moronar como se estivesse U.dade, e, portanto, o seu possível evitar Dostoievski P cdre: "Estraguei a minha vi- desligamento ,.dos problemas . quando se fala nas concep• da estupidamente... Creio imediatos. E' antes o proble• ções morais do sr. Gracilia– que sempre fui egoísta e bru- ma dõ Bem e dq Mal o que tal. A profissão é que me atormenta· e escritor alagoa- no Ramos: rias suas concep· deu qualidades tão r uins . .E no, e, dito isso. terei definido ções morais · frente à socieda– a ·descoDfümça terrív-cl que toda a sua obra. ,de. Seu olhar. assim as di- dendo as suas reivindicaçõea da classe. A fonte do pro– blema · é mais profunda e mais long.i.nqua, encontra-se– da classe. A fontejdo prob !P.ma é mais profunda e mais Jnn– ginqi;ia,· encontra-se no pon~o de intersecção originária des• ~e feixe de preor.t :pac:f.es mais ou men·os divergentes que chamamos política, ecG• nomia, religião, arte, ciên– cia ... Como um moralista, o sr. Graciliano Ramos sabe que o mal reside principal• mente no homem e que sÕ• mente será possivel sah1<1r a sociedade no dia em que pu– dermos . reformar o hômem . E' . estranho qi.:e as ideias desse escritor comunista se venham encontrar tão v ' i– ve1men te com a concepção católica do mundo. "Um cri• A MISSA- D E. PORTINARI <los de transição econômica, ·uma luz eshahha. Não é em 8. Bernardo não depende das vão que se passa a chamar h'a!lsformações-exteciores nem Terra de _Santa .Cruz. do sistema de vida na .sl>cieda• , . Os amarelos de .i~tensa ..lu– de circundante para ·ser o que min_osidade de ouro se cru• é. Talvez me digam que se zam de tons verdes, azuis, fosse outra a sociedad~. Pau- ro;-:os, até mesmo toques de lo Honório deixaria simples- vermelhos mas raros. A ba~– mente de existir, porque se- ba do sacerdote acolhe salp1• ria outro homem: concordo, cos verdes, talvez dos matos mas reafirmo que a preocu- e do _Y!lªr. Por trá~ dele, ou:– pação essencial do romancis: ·tra . figura, seu diácono, na ta não foi a de marcar lite• meia penumbra. recehe as rariamente os caracteres de fulgi.;rações lúminosas do pa• Uma sociedade, mas o carater dre que sustenta o c~ke . de uma personagem . E' um Suas "..est~s . ~ornam uma romance psicológico no mais tran~~arencia 1n~ada: é uma amplo sentid,o da . palavre. materia quas~ _v1trale_sca. Todo O romance existe em A compos1çan p1rafl'lidal torno das relações intimas de converge para. esse P-rupo do Paulo Honório; a sua luta centro en."olvldo numa luz pela propriedade, 0 seu amor dour~da ext~ei;namente clar~. infeliz, 0 fracasso de seu ca- As _figuras aJoelhadf:1-s dos pn– eamento. o seu isolamento e me1ro3 planoe rebatem a ver– ruina . Só O vulto qi.;e O dra- beraçao, por acordes _grave~. ma individual adquire, esiu- De e_ncontro à afrrm•çao mando completamente as ãe- que:nte, dos amarelos, tons mais personagens e o ambi• azuis, ve~~es, ro,cos tremem, ente (que jamais aparecem embora fnos sem a . resen do heroi), O .desenho t~d~ em ângulos, ' P. ça,t'tud d ro as linhas vert1ca1s do altar e comprovaria a . a 1 e o • fi - t ·· mancista acentuando em das igul'as c_en_~ais, das co- mais urd livro ainda o seu lunas . E: la_~J:<:3.S envolvendo o G il . Ra campo mtef'lor alagado de luz, estilo . . O sr . rac 1ano • t t d 1 u • - é fa áf . do empres am ao o .... qua q er mos nao um ~ ico _ coisa de gótico. O amóiente gru,po, nem tem p~etens~s espiritual é tão distante das a çloc~en~ador da vid~ s~~ 1~ 1· protu.berãncia.s. do barroco, Uma . im~or tante confissao -a -..do barroco ·tão do gôsto ' bra– respeito de seu método ro- sileiro, ' sensual, faceiro, indo• manesco, que embora com as lente! - · · ·devidas reservas :·acho indis• Portinari como que volta à pensável citar a(iL:Í, encon• tradição cristã e chines'l que tra•se à pág. 89 de S. Bernar- faz dõ amarelo a côr sagra-· do: "Essa conversa; é claro, não 'da. Ele O coloca no ponto saiu de cabo a -rabo, ,como mais alto · de sua espala to– está •no papel. ·Houve sus- nal. A partir daí os tons bai– pensões, repetições, mal-en• xam, até às sombras dos pla• tendi-dos, incongruencias, na- nos externos. Não desce ele turais quando a gente • fala aqui até os tons supercarre– sem · pensar que aquilo vai gados, sombrios. neutros de ser. lido, Reproduzo O que outras composições quase des. julgo interessante~ Suprimi- pidas de cores. no espírito de <iiversas passagel)s, modifi• Guernica. Desta · vez, ele sol– quei outi:as. · •, • E O processo .ta as rédeas ao seu velho que adoto: .estraia das ..acon- amor; -seu amor itaiiano, ve– tecin:ieritos algurnàs parcelas; rista, ·,veneziano às cores ·can° o resto é bagaço"•. E' a · pro• tantes, aos belos tons altos e fissão de fé do romance- psi• puros. Nada é sombrio oi.:, cológico: eliminar h:do o que mórbido. Dentro do espaço não servir par:! dar da perso- interior as sombras são colo– nagem . wna idéiá éssericial. ridas,top.s verdes. cp.mo os A ir,t>nia ainda acomJ?an~a o _.- da · barba do s·acerdote; vivos, roma·ncii;ta, · mas em dose ex- ·alein-es, contrabalançados por traordináriamente ' reduzida• ·· -cintilações ·;-r ;il.is íntimas · de Deixou de ser a atitude do roxos e azuis. rom~ncista com relação _a to• . Ao subir para os · planos das jlS personagens. para se fina is. superiores, · a degrada· restringir a uma única, jus- ção de cores estaciona nos tame'nte aquela que repre• valores intermédios . Os tons senta o avêsso dê Paulo Ho- lisos se sucedem por contras– nório: "seu" Ribeiro tinha si• tes, os padrões variados do do tudo na .vida, com dinhei- desenho ligam-se entre si, di• ro, · 1ar e consideração social, retamente, çomo. colcha de e lentamente fôra sendo des· retalhos. a fim de evitar qual– pojado, até terminar como a uer ilusão · tridimensional. um martirizad_o guarda-livro Esses planoo sobem- ·de .teta em S . Bernardo, Mas esse . •-.icima. ou se fundem na IU:• fantasma de mil mundo ,p11ra mino!iida_de do grand~. espaço sempi·e extinto. ainda cônse.r- interior. •E' !nesses planos fi. vava' o aspecto exterior de 11ais, autêntico pano de· fun• . sua passada grandeza, e o do, que o pintor evoça dire• sei.:, linguajar pro_voca um tamente ~a natureza, uma con traste "attreux" com a mancha do céu azt:l páfidÓ, situação atual. Exempio: · "A ·recortes coloridos -de morros, senhora D. Glória é um co• outra área azul de -mar es– ração de ouro e versa ,dife• quematizado, e é tudo. Ele rentes temas com proficiên- -limitou-se assim a dar a ·to– cia, mas eu, para ser fra nco, da essa parte função mera• nãq a tenho escutado com a mente , decorativa . . devida atenção>; . • N5ó fugin- O -pintor desperta, Impon– do de meter essa l:oloração · do-se . ao artista fiel à con– de rjdículo no; •CtePlit culo de · cepção' do conjunto. -no tt a– sua ·personàgejp . derrotada, o tamen:to · dos primeirg's pla– sr. J ,raciliano Ram91! i>inda- p os, qos ~ e rnndes- .g'i::Üpos éx– enalf a:centua • im.portâ!ncia !.eriores,. - A pintura· teelãma . ' ' , . . , 1 ' (Conclusão da 1." pág.) do gênio ~spanhol para cami- me, uma ação boa, dá tudo nhar. Ao contrário. Quand.o aqui os seus aireitos. Portl- sas. O panejamento de cores lhe dá as costas; como pintor no mesmo. Afinal já nem sa- na.ri demora-se nas passa- interisas e ag_uela carnação é quando Portinari mais obe• ?emos o que é bom e o que ··gens, restaura o J·ogo dos va- pe'trea·, marmórea, 'degrada d • t e ruim. tão embotados vive- ece a suprema le: do ar is- ., .lore-;.., trabalha amor·osamente num cinza tosco mais . escuro, mos · Essa reflexão âe Luís ~- ta, isto é, à sua própria per- d S'l a superfície da tela para fa- formam um diálÕgo ·plástico sonalidade. ª 1 va é a mesma que pre- ·zê-la estremecer de uma rica que vale por si mesmo. E de· A Primeit-a. .Missa nos mos- side ª vid-'i de Paulo ·Honó– matéria plástica. pois o amare"io desce até o tra um Por.tinari em pleno rio: "A verdade é que nunca Dentro do conjunto litúrgi- verde através de , uma suces- •dominio de i:eus recursos. Es- soube quais foram os meus co, esses gruoos entram com são de .roxos, azuis, laranjas, te painel é uma súmula por- atos bons e quais foram os a parte coral, mt:sical. Há cinzas, que se propagam · às tinaresca; do que ele pode e mái.:s. Fiz coisas boas guie aqui admiráveis detalhes pu· figuras da primeira fila, -pro- ao que não pode, ou não de- me trouxeram prejuízo; fi:z; Tamente pictoricos. As suas jetando-se depois em li:que ve . Para sua realização, 0 . coisas ruins que re.e deram figuras rompem com as to- abei:to até a massa bra~ca · nosso pintor manipulou em lucro"• Duas personagens nalidades douradas dominan- kmmosa, por sua vez apoia- si.:as· mãos poderosas todas as aparentemente afastadas sem tes, acentuando os contrastes da em outro grupo de. som- técnicas da E~cola de Paris, remédio uma da outra, ·en– de tons, dando maior intensi• bras dos soldados de pé. Todo a partir do post-impressio- contram-se, por fim, na Qli~s– dade ' às cores e tintas . Obe• esse bloco é . segurame_nte o nismo, e até repôs em moda, tão esi;encial. O que origina decendo ao que há de mais que há de rr-ais forte p1ctórl· com certa faceirice, abando- 0 infortúnio do mundo é a intimo no seu temperamento, • camente no painel. nadas pre'ocupações com 05 indistinção entre o Mal e o a despeito de · suas próprias O baú aberto bem ao cen· valores. Mas nem pÓr isso Bem. O Mal dominou em teorias e doutrinações estéti- tro do primeiro plano, verde. deixou de dar asas às pró• aparência ª vida do homem cas, ele se deixa fascinar pela com passagens de sombras prias lnclirnações aos seus simplesmente porque este se pura beleza dos tons, pelas que vão do 1·oxo ao violeta, gestos instintivos '_ 0 amor · encontra desorienta<;Io no subtilezas de um modelado do azul ao laranja, liga essa das belas erres, das largas meio da rede de confusões apenas esboçado, pela sober• grande massa à direita. à mas. áreas coloridas das harmo- que a si mesmo extendeu . ba maestria do colorido, a fi• sa cenh-al ao·· monges. Estes nias felizes à' Bonnard dos Vem dai a v1sao pessimista nura de toques por co,tras• representam as únicas tona- grandes <.S~aços, das ·p;dero- qi.:e. o escritor Graciliano Ra– te das passagens de t:ns acor- !idades terrosas, escul'aS. som- sas figuras modeladas, da ma• m~s tem, <1;0 mundo _e das des, , em outros. .a tessitura brias de toda a composição . • téria rica coisas. E · amda um smal de del~cada aas superfícies. Em face 'dos planos lumino- Certos detalhes meramente moralista, a contraprova de Ele evita as oposl ções si• sos do meio, onde a escala de descritivos ou deliberadamen. suas preocupações diretamen– métricas de matizes e tons. valores chega às notas mais te expressionistas, vindos de ~e orien:ad~s no sen~ido do Está ago1·a preferindo as to- agudas, os monges respondem fases anteriores oriundos de segredo mhmo da vida hu– nalidades adjacentes, mais pelos tons • graves severos, snllcita.ções e~tra-pictóricas, mana. Na º!igem de to.das harmoniosas. marrons, que ressoam com a chocam mais em obras como as perturbaçoes o sr. Gra-• Passa de · acordes •amarelo· -sonoridade grave do órgão . 0 painel do Banco Boavista ciliano ~amos não encon.tro_11 larania ·laranja-vermelho pa- Essas grandes· massas sonoras do que em :iutras mais anti- um desaJustamento econom1• ra amarelo-verde, verde ver- reboam até o grupo à es• gas. Se, por 'exemplo, há um co nem uma injustiça social, âe-azul. . Ao invés de recor• querda, escoltado pelo solda• detalhe dispensável na Pri- mas uma confusão moral. rer aos complementares .per- do de tíu:ica vermelha e ca-• meira Missa é aquela bandei- Dessa confusão moral decor– feitos que ·fàcilmente se neu• pacete. Ali de novo a escala ra com uma grande cruz ver- rem todos os fenomenos que tralizam, ele os medeia com a~cendc. Uns verdes-rosas t'nelha. Aquele tom para não aparentemente se mostram tons mais aproxfmados, ou quase complementares sal, amolecer c:emais a composi- de ft:nda importancia para a. recorre aos subsuplernenta• tam. na ve·rdade. à. nossa sen• ção, e responder tanto à úni- interpretação da sociedade res, · lndo, por exemplo, do sibilidade ótica de tons, rõxos ca mancha vermelha ainda contemporânea e para o diag• amarelo , ao roxo-azul. Essa e azuis st:broergidos. Esses do conjunto, wn chapéu d.e nóstico de seus males e fi• maneira dá aos grupos mais incidentes, esses acordes for- segt:nda figura ajoelhl!da à xação de seus remédios. Não coloridos, :uma modulação mam o acompanhamento har· direita, como a lista da mes· é a soci-:dade que devemoit fluidica incerta, palpitante . monioso dos côros, enquanto ma côr da túnica do soldado reformar, mas o homem . A:. como de canto-chão. - o rito prossegue em plena no lado oposto, não precisava salvação de todos depende da. Nas figuras dos grupos -Ia- luz. num concretizar-se, signo jã salvação de •cada um, ao con- terais ele procura certa dra- --xxxx-- tão banalizado com a· bandei• trãrfo do que postula o pen- maticidade; aqi.:1 uma face · es- Portinari abandonou as to- ra da -Cruz Vermelha. Mas sarnento político do . auto.-rJ , garenta de um cinza-azul; do nalidades cinzas de sua face como já estamos longe dos que pretende a salvação da lado opôsto outl'a de uma os• precedente. As violentas dis• excessos puerís das lágrimas cada uni pela salvação cole• cilante tonalidade entre roxo sonâncias de outras composi- de cim::nto armado da série tiva . ·Os falsos valores se e azul. Zlas quebram o rÜ· ções se diluem agora para dos retirantes ! misturam de tal modo com mo -unitário grupal para olhar combinações que • procµram Q mestre trasileiro não ca- os valores legítimos que j para cima. ·,Jara trãs. São antes a consonância . Picasso rece de truques para impôr- não sabemos hoje o que é restos · tocadoo ·de luz que se em Guernica limitou-se ao se ou ser compreendido. Ele bom e o que é ruim, isto é, destacam contra as demais preto e branco. O mestre está agora diante do caminho já não sabemos agora o qua cabeças ~pendEfntes, encober- brasileiro nã:> teve medo das que ainda tem de percorrer, é o Bem e o que é o Mal.·· tas nas sombras ou pelas tremendas düicu.ldades de sozinho. E deve , mesmo ca- Ji.:stameníe como na parábo• mãos aos soldados de joelhos. uma composição tão vasta em minhar sozinho. A solução da do Grande Inquisidor. Pois Oi.1 então é ·toda uma figu- têmpera. e partindo de um que acaba de dar a um gê- quando essas categorias ad– _ra que se isola, misteriosa na amarelo já tão alto que amea- nero histórico como o da versas se confundem, a pri– sua elegânchi feminina, nas çava desintegrar-se na pt;ra missa é a prova de seu poder meira consequência é a de se vestes de um amarelo arreba• luz branca. Mas ele venceu criador. Resolutamente ele tomar o Bem pelo Mal e o tador. (Portinari si.:stenta que esse desafio que se lançou a suprimiu uma série de pro· Mal pelo Bem. Então a cor– .não há mulher nenhuma ali si mesmo. A composição re- blemas .falsos, como o âa · luz tupção se apossa dos homens, presente). DEi'° qualquer mo- sistiu ao 'clareamento natural nati.:ral, da realidade históri- e a sociedade é injusta, e o9' do, pela atitude e a consis- da têmpera, depois · de séca, t:a, etc . Foi mais longe, e Julião Tavares se multipli• tência pétrea de . que é feita ma-ntendo-se dentro da esca7 suprimiu a ,1atureza do tema ca.m. Espanta-me que tantog lembra outra figura feminina la tonal e·scolhida pelo artis- que devia transpôr para a críticos interessados não te• de Piero della Francesca. O ta . F:oi uma prova de mes- tela. Era o seu direito • ·E nham visio na figura de Julião v.olume anguloso é de um tre. apresentou a sua solução de Tavares senão um símboli> cabismo muito discreto. A ·. Sente-se nesta obra uma modo m.:.gistral. político, quando ela é sobre• primeira vista, a longa linha confluência maior entre o Em seu predecessor. a mis• tudo um símbolo moral. : do aorso, que .sobe do Ômbro ~róprià temperamento do ar- sa era ao ar livre , Era· espe· Sendo ' muito mais que _ um a cabeça, é uma lenta curva tista .e suas "ideias" pictóri· .táculo também para os es• símbolo polltico, demonstrou efegante. Na realidade, não cas . Ninguém ignora as in- tranhos. Em Portinari ela se a critica interessada não ter p-assa- de uma linha qi.:ebrada fluências que Picasso exerceu celebra. no recolhimento inte• alcançado toda a extensão, criando uma sensação curvi- sobre Portinari, como aliás rior, sob a ).uz artificial de do pensamento ou das inten... línea. Dá assim -uma graça continua a exercer sobrlC um templo. Dir-se-ia uma ções do autor. Mas o roman– feminina à figurá, sem que• quase todos os artistas moder- filmagem no atelier, entre ce do sr. Graciliano Ramos brar porém a matéria poro- nos mais moços da França cenários . Sua missão não vi- coloca justamente à nossa sa, fôsca, de pedra, que surge aos Estados Unidos, da Ale- sa ainda ao proselitismo. Ela frente, com uma insistência de sob as roupas . Está-se manha à Itália. Este painel é apenas para os iniciados; qi.:e não sei disfarçar, o pro• ,quase em ·presença de uma de Portinari é a demonstra- inicia, prepara os fiéis para blema moral, no mais amolo m.i;>delagem escultórica. ção final de ,qt:e o nosso pin- saírem a campo, uma vez ter- sentido da palavra, o proble• ._Somente es mãas • que se• tor -não pertence à família minada, a propa~ar a fé por ma cio Homem, muito mais guram um' pano e -tapam o picassiana. Aliás, esta foi aq1:e~e mundo_ virgem, desc~- · ontológico que político. rosto .. reduz\do a um- pt:ro sempre a nossa convicção , nhec1do . E nao é esta prec1- oval são rudes, ossud,is, calo- Ele não precisa aas muletas samente a sua finalidade ? {Continua),

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