Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

LETRAG ESTRAWGEmAS mo -é um w-tica. ' FO~ DO NORTE meló" de expressão es_ 3 ª •· pag. MúSICA Esta definição do .ex.is ,ta,c!a. J}s:mo c.01no movimento estétiéo não deixará de dccepe1énar to– dos aqiieies qu.e consideram a aTte como' coL~a ''hnitll": çomo maiG .um ;ofeite da viifu co'!lfo.r– t,á,v~i. ou ~ntru:, como .diverti_ ~1.en t:o .dos h~j,qw teii d?, to,rr.e de már.11m•: e é ês·tl? .o p.pnt,o e.m que conçorda1n os burgµeses 1ro. peni~tes ,e o.s 1ua1·¾{s~ ll'!ill. t a n t é s. Dai o ex1stenciall:;m.o ,l;3o é para os burgueses .senão . uma no,;a "m~da" d.a :fa~~ .boênti;a párlslense. O.s marxi$tll.S poréw, anal'L~-ando-.o à ll.tz da t1'!alé~ica désç.0t)rei:n no e'l):iste,~- RlO - R:omol~ Níjins,ky, no seu li-vro sobte -a v-ida do gia11de danç,alino, cot1Ja-,nos o que foi a eslréia em Pa– xi,s do "-l>allet" "Le Sacre du P1:intem·ps", a 20 de maio de l9l3, O depoimento é pito- · 1·escq, e vale ?, pena tra'hs– ere-:rer â'lguma.s passagens: ". . . · s.im, _na ve1,dade, a agi– taçãe, QS gritos ·tinham. cbe· ga:do .ao paro.xi.smo. As p·es• soas .asso ~iav.am , insultavam as atores e ,e coropo~tor, ,gri– tavam, riam. Monteux laJJ– ~va ol'bares. desesperados· a Díaghr1etf que, -sen.tada, no camarote de As:truc, 'lhe fa– zia sinais para que con!Íf.l't!áS· se a tocar. Asi1·uc. nesta '.ba 0 rulheir.a ind-e.scrit1v.él . deu o.r– d-em para q\1e -se ilumi.nasse a sala. Uma 4ama ~gnüica• n1ente vesttda levantou-se no seu camarote -p.a.ra esbofetear SI RA V I N s.·Ky ,: 1 Murilo MENDES OTTO MABIA CA.RPEAUl(' (Copyright E. S. t, com e~clusi.v:idade para a ":Faia.A DO NORTE , nesie Estado} ( Copyúght E, $. I" com exelusiv,.dade para a "F,OLHA :DO NORTE", neste Esfado} inspiração propriamente dita e o tr;11bal-ho do art~ão; Iem~ pro-me do seu c-oi:neo!á,r ro antes da execução -do mag– nHicG cope~rto, pa:ra dp: s p,ianos, gue êle ia tocaT com seu .filho S'411m.a·: o coneêr~ to, de te,nqên.cía francamen -. te c1ássica, apre"serntav.a na sua s.e,gunda par.te um ·"no– turno": Não espe.re: s, disse o comJ>o.s"i-tor. um noturno à m;ú1eira de inopim, mas sim à -mane;i:ta d:OS • v~h-qs tnes• tr~ .i.tgliano.s. Pois pem, de• po.is d-a exe-cuç,ão -dê~se . c-0n· cê-,rfo maglst.ral, um mús'co d-a nc0v.a geração l;)rasU;eit:a, oue devia andar ;pelos 28 ou 30 ános, vjra-..se para mhn e 1ue dí.z muíto seriamente: - "Náo go.sto; isto é puro Iutu– r.ísn,o". :aro - O.utro dla, o d:r;etor de un1 siuplo:nento lite,rári,o deita c í<,:' ;1.de ."dirigiu-se .a vãr1~,s ~ev~s– ta_s 'ti: tsp.an, o-arnericana$ 1 _pedjndo 5.nfcrn,à,:ôe9 ,sobre o .tnGYllnento iiteratio no,3 respecltvo,'! pa-i~es. Pro:ntame1ite recebeu" -de_ "La Paz, !U»l a1'-tigo de m.ut: tas tau<las,: ue, movimento e.'tistencialL>ita .na B ·oH•1kt.''. Parl!ce an-eciota. No entanto, revela a amplitude de yôo do en>:aJRe de ino.scas 9u-~ saiu do C~fé de l'J-01·e. Não h~ iTIS!lticl:.. '1a .que n-os yroteja. Pa1:a cad'a ~m tl'.e nós ch-e,i:a, ,nais cedo ou ima:s t3.rde, a J)O)'a ela ôe.f; i.ni ,µo en to~•)lóg:lea. P ois be1n, a mi. 51lla h,ora <:.l1egou. Vou escrever i.ob1·e exmencisa!Jsmo. A l).Versã.o ~ 1.nuitos le!t-ores <:Ont~ o assunto é bem co,xipre. ensivel . Quantas vezes n <10 se ~s'conde o vazto "a l~ mode·"., ~trás d-0.s .termos e-ncyeneado,s êrn que prete.n,de-m cli,vulgar a tr,<1n.s– crl,;âo {srailcesa di:, uma dif:ie'I:. ).in)a ru:~;ta,H!liéa alemã•! O "nj_ Olisn10 heroico" cre Heldegger já :foi re.ruta-ào pelas arn1as - ou i;erá?... e O 1·ei;to não vale 3 pena ·lia discu.ssãt,. ?-ias o pr.o.ble_ ana literãriÕ fie.a e1n pé. Sar– -t.i•e é u1n grande e.s\ll"itor. Cl.i. mus é :u1n grande eECd-tor. Até o3 ext,nené,i:áli:staá meno,.es -co_ mo Simone de Beauvot-r não d e.lxam de apre.sentai: próbleJt).as interCJ1;sa1,tes. O ex,l:,tenc!alls– m,o ccntinúa a .agitar a lnte1·• tiacional liter.árl3, ele -Par.1:3 até S an Fl)ancisco, até La Paz. A ' 1n fluência desSQ. fíioOO'fia li~ :rã:,·i;, - desta vez, o atljetivo não ,tem ,se)ltldo peJorati.vo - pa_ :r.ece irre~i$tlve1. Até M llúmi– .:os· prl>:fli;sional6 da filosofia e:::ct·ste.neia.llsta não coosegu41m ' 'defen4er.se da co .nmm:ln.açáo «2uancio escrevem ve1.sos, qµa:n__ do !:e ':.nterrtan} em co-ntos np,tur- 1 :r:os. A influência dp extstencta,. ' il.inno sobi,e .a Ute!:~tura <:ontem. porãnea é um vE.>rdádeir-0 pr-o_ i>le:na. Com.o resol-v,ê.1.o? De ma• , r. elra. literária'? Não con,vém., em 1a.ce de um mowimento, cujos }lart!d"ftrJO$ e àdve,tspri09 .reiei. i tam 1gualme.nte o conceito ·"li_ ! tcratw:a". Dos dois lad-os d'a bar-. ! :1:!eada est:lio -i,epresentantes da ' ~pécie "homo politlcus". C~uem ' l e.e n1ete nésl,a bagunça preclsa ' da coragem de atacar o proble– nta pe1o la.do mais e,~pm11oso. o .ponto de pa1·t1~ será a rela. ção ir;amWosa entre o exisien_ ciali.s1nô e o marxisl)l(). o éoneeito marxista da llte– iratlli'a é. um tan:to cpm.plics,do. < 'A;>eti.'<JS não parf!ee .assim àgue. lei que simJtlifteam o neSQCto, súbstjtuiil4c!> a d011t~tna l,)Í!la prop11ganda. .E$ses pseudo-mar_ :,tistas eneontrarian) tiifieuldl><ieil em cllstmguir entr-e a ''lltératu– raa part!cipanteu das s11as amJ:>i– ções literá!tio_1>9Hticai;. e a '11tte- ' :rafure engagée" de Sartre. Fat-ece -a: mesma coisa. Se Ilªº fo1>se cer_ tas alusões e :reaç?,es. próv-0cad;i,a pelos ataques :mti-e,c:isjenclalista~ da critlc.a. comttn~. ó jã faro~ , ,artigo "Q'est-ce q;ue· la íitter.a_ ture?'". de Sartre, valeria J>Ot ~rogrania de a.ção JH.exá1·la &I :revoíuçlío sociaüstà. A tê se po– deria affrmar: nada é n1ais mar. :xista cfo que o conceito de "ação" .,em que ás e:,;r;plleações ·teóricas <le •Sartre cul,roJnam. E êsse en. contro enti,e irmã.-os inimigos não é" dev._ido ·ao meJ10 aca:ro. 0 e.:i:-istencialismo tem como ponto de pn.rtid'a, como ·t-09-0 :mundo ,sa:be, cei'to•.s conceitos de Klc.rl~ega.ard: a in<:ornp,atibH}dade .absoluta entre Deus e o Mun– do. ,Essa teoria do "abismo dµ\_ ~ético" 1-e;is\tl'gJU. .mrJs d:e melo século depois da morte d.o pen_ ,'<atlcr dinamarqu~"I. na "teologia dialét;c.a" de Barth, que inf!u_ ·ehciou, par sua vez, a tilosoüa de Heíl)'egger, que e por sua vez o "precurro,r" ele Sartre - a-pe– nas 8'tlste 1>eqµena. difere.nça entTe os dois teólogos de um la.1 do e os ct-oi.s .filó·.;,ofos doutro"ª– dó: Kierkegaa.rd e Bar~ conde. inam o Mundo fatalmente anti_ cristão e diabólico, de modo ·que subsiste, como única, realidade -autêntica, o Deus de rost;o eu- ' co-berto e o seu 1·efle.'{o (,a an4 gústta,) na alma. numa1,1a; l"~i– osg.ger e Sartre, porém, ;,.te:u.s intrépido.;l, supri·mem o o \l t-r o , ' membro ao l>inômio, <le m,odo que apena'S sub-s1ste como real:l. ·,'!'ade, o Mundo e o seu refkxo tl\a angústia humana. "Deus_Mun• do" sem Deus, eis a fórmula do extstenclalismo. Ora, a relação eatre Heldegger-SaJ,'tre e Ki,er_ k.ogaa·rd,.Ba~,th é -repet~ão do dissl-dio ' entre Ma.i-,:c. e Re_ge}.• Com d.êito, lv1a:r'.'- é tnn ,:Heg.el ateu, ou ep tão .Marx- é hegeU,i• n-0 sem 11-<1 ,w.tí ·r. a ex:istêhêla .c:ia Idéia, ~ E~pb:ito A'b-.siolut o que é, na fi!"o.soíi~ 11egel:!:arta, a ver_ d3de1ra r.ealkta.d.e. Pai .a l"ea!I_ dade de ll,farx é de I).atureza ma– terial, a rell,gHio é subatitui'da pela economi-a, li;'; 1:1;.wôes :""'l!– gio.sas pelas re~Hdad.es e~@ UP.nn– cas. Rege-) é ideallst.t; a evclu_ ,;;tio históri-ca, na sua .f1l<><!o-Í~. é um .espetâculo !lº reJ,no d-as idéias. No m.l'rx!smo ti:-ata-$e, porém, da e,q.sten~!a ''reàl" .nc, .treino das lutas soctais·. Neste :;ent!do J:e.strito, pelo ·anti- lde.a.. Usmp, pela rep.til;."a cóntr.a a "teo– l' ia pm•a'', Marx é - erjsten.cta._ lista. Essa , ·q,o.sição. é multo sim~ p.liflcatla, até simpl:11,ta, li\Ç qu.i. se;r-ém. Não pretende defjnir o n;w._1·x 'is.mo e si n-j. ape,na,; esela_ r.eeel' a si tu;;,!lá<>. nls•tór,ica d.e tlarx: -ç1:nno a,nt!..1deati$t..'l, êle coloca-.se (~sun oo,n:,.o Nietz:,;– cbe) ao J.ad.o do,3 ~ilsap.ores exi~– tencla.listrui. De cel'to, e$Sa atu·.,. mação ainda não pasta ;v.ara e-x:-, plic.ar por que porção <le escn– tor.es d.e formação marxista se serve dos m,êlos de expressão d.o e~encía11$mo. nem r<1euando dwn te d-a:B •CO)lclW!~g pesstmi...oi– tas, ao i?.Onto (!e i;-e transfol'_ .mar,l!m ,em poet<ls existenciall.s_ tas- qua-nélo e8<;revem ve=-11 êl,XI vez de "h1ft>i,mes··:. entre nós, vários Jovens _poetas "drum.. m-0ndianos" compo1·t.am_se assim, O "existencialismo" poético-des_ is.es 1na,rx-lstas devê ter·raízei; pro– tun<tas porque está em GOnt.ràdl– ç .ÍÍJ) co1n as convicçõu iPtelee_ tu.ai '$ dos 1)Getai,, pois coroo tn_ teli_gêucta.s marxl.:.s.tieamente 1or. ma.das · devetJam C-Ondenar a atl– tu_de existenclal.1$t.a, . .antl..dlal-etl_ ca. :Resta e:i,:p!Jca.r em que .<1ron_ t ido o exist:enc.lalismo não é ilia. 1áu-0.o. • . . ' e1-a,lj,sino mals 1µJla manom:a p,a,_ ,ra envolv,er e1n nuwem;; mítol,ó_ gfca.s a -veriladei:ra ~11\Utção d'a SQC.ie< l.ade. M.as quan(lo nã<> ·ana_ lisi\tn r;itu,a.ç.ôe.s .e -siln escrevem v.erso.s, essJI\\\ nu'l(ens -de nwscas lhes perturban:i a vi~ta : n á .o é C!,e el.ementos raclon.aJJ; sô que . vive a. pces\a.: e os el-e1ne11to,s lr,racipnai:: são justam,eôte aque– .les que -perm.. nece1n inalterados 1tt;;ás da fachada das estrutu– ·t-as rac!Óna!lzadas. A atração -do e,"í.istenéialJsmo é mais um ar_ gu.me -nto e?n "favor cre outra de_ fi.nlção. A força da arte e da. lítera. ltµ",1,: como expressão s-ubstitui– vel ,<Ja criatüra humana. -Dai a permaneneia. dos valo.res sirtL<J– tioos: o p.roprio ~arx confessou. sus t11capacidade de expl!. cá.là {h~ introdução esboçada à "Cr!_ tica d~ e-conomla poUtica"). Dai a ~rmaneJ.tCia de certoo m<>fi. vos co1no os <!a tragédia g~.e.– ga, 'que também reapa:,'ecem em algumas obras de Sartre e Cn– l')i)l.S; ó.'exi-stencialismo é o melo dle e_:ii,p1'Efssão da "traglcid:Wde" d.o n,-0mem contemporâneo. O re-verso dessa "perinanênçi:!" é ·a nionotonla das expres-aões exist,encialistas, de Paris, até "La Paz. Os marxistas, do seu ponto de vista, 1êm o direito de explicar essa monotonia. cOl):lO conse_ quêncta do cal·:',tcr adlal<\tieo ou antl~dialétlco da doutrln·a existencialista, espécie de 1no. vJmento nu111 beco sein .!,a!d'a. À filosofia d~ Sartre apenas se– l'UI- uma pseudo_:f,iJosofia e a. sua açãQ a-penas uma pseudo.ação, F..stá certo: por.que se trata de a~ão Mtética, sem con-~quênelas na. r.ealidade social. S.eria pos_. sí.vel concluir que Sartre não conseguiu n1at-a.r as "moseas>•; , ' a.oenas 1lS substitutu por outras. Miw as moscas não são poTV<?n. tura t.an1bem hab!tante.s autóc– to,,es dl?Ste mundo? ' ' Uma ancora .. um moço gue .estav;i a asso• biar n:0 .camarote vizinJ10. Sua com,itj v·a l,ei;., a·11tou-se e os cav-alhelt-0s trocaram en• tre si os ca'.l'tões de 11isita. No dia seguinte, ·})ouve duelo. Outra dama da _sociedade es– éarro.:u na cara de u1n dos ma– nifestau-tes. A Pri:nce$a de P. a:b·andonou o .se:u camarote, ex-e.lam;HidO : .. __:').'enho ,sessenta à.nos, n1as é · a primeira v:ez que álgué_m .ousa fazer pouco de mim. N esJe ;rnom.-ento, "Diagb il eff. lívido, no seu can111J'ote, gri· tou: -Por f;J.vor, d eixem fermi• na1: o espetáculo". ;F':z que~o ae citar êste e_pjsMio. hü,tórico para n.os – so próprio cons.õlo, qua-ndo topamos c,om as incompreen– sões qtle a música m-0cl.erna despe;rta. Afinal, .se en1 Pa• ' rls ;i .rea@,o assU:tniu tais pro• porções, _s1rm justo :que. :iqui -n-o Rio tomas.se mesmo as– _pectos (le eatástN)f-e, entre• tanto <!9Ui ap~sár ,da ef~r– vesoonc.ia tr-opic.a.l a coisa não se passou asshn, Tudo s9 proce·ssa num amb1ente mor· no entre r'izinhos e cochichos. Lembro-me bem do.s dois c.oncê'rto.s que Strav,inslj::y re– geu agui, no '.l'eatro Munic.i· pa 0 I, há algl}ns anos atr.ás. Lembi:o•me ,da peq-u.ena. pa– lestra inicial que fez. estabe· lecendo os limites entre a na retina. ~ espumas nas veias vagàndo E na insônia • um gage,rp na gayea hrumc,sa,, guaiando . Angástia -de cristal des feito, alienado .(e_11} ao alvedrio insigne do acerbo intento no·s sulcos lav.raclos pel'! nau em desterro ;;, , A e.:i.ecuçÃo, ~ "Pet'se_p.ho-.. ne", _,obra estr.iul1~ e sug:e.s• tiva. ,em que 'Vitor1a Ocampo. ve.stida eom uma túnica gre• ga_, s.e desíncumbiu da _p_ar– lenda (texto de André G.ig.e) não obteve maior êxito. A ilttsite escritora .arge,niin.a não cantiwa, não t,rilawa, n.ão enfunava ,o .pei:tQ,_ .hão da:va guincho.s. o q_ue evidentemen– te chateava a ma.ic- rla. d .o a.u– dítorw com .saudàde.s dá "Traviatz.'', da "Norma" e. de outras maravilhas parecidas. O.s cpncêrtos resultaram num insucessp absoluto, O n1es~ tr'e, que, regendo. lembra un:i da-hça:rino, manejava a. · def.i– ciente orquestra do MunJci• pal (cheia ,aliás, de veroo• ,deiros hé:rols) e ap1~êséntav.a. a interpretaç.ão 1ie texto.s m~• sicais que exlgein um afina• m e n to da. sensibjlid.ade, uma adequação mjiioi; da in– teligêncí11 ao fenômeno de a.j11s.tam:ento entre o fll>ndo -e a forma, a medit-a-ção de un1a cultura que os .séculos a-pu· rararn e que combate a fa• cilidade de expre~são, com– bate. 13, pregµiça it,tele~.tual. Mas, em tod o o caso, não houve ,a. grikria e º· tumul– to_que. a mulher de TilUio.s~y registou pa.ra a post~1·!dade , - unia nova batalha de \ "J;Iernani", d e.st.a vez musi• cal. Foi pena. A:ot~ :tivesse havido ·ba,ru.U1õ. Porque en– tão. tl/,l-vez. o gênio ~e Stra• v.insky. despertasse Ína.íot il}~ te.l'esse, e ·o pr6prJo meslr.e póderia 1·eUrar-.se com me– lhor impressão dQ. B~é!$ll, a o contrârio do que. ê!.e :mesmo n.os confessou, depois de ·sa• caT do bolso a. sua cruz -gre– ga que -beijou com .fervor••• _,_ - A divisão, que se costuma -;.fazer, da prooµçã-0 de Stra– vinsky em dois ~.riódos:. o ..rUSS-O e ·o europ,eu, o prlqré.iro se estendendo até l lH.8, e .o O ca,s,o dos ma;rxistas trres1:IÍ; tlvelmente atraldo.s. pelo _exlste.n. -cíalismo lembra -a quer.ela, ele há p,,= anps a-t.-ksl, en'.t-re o mar. )tislno 'e a -psli:.a.nalise. 1)1.a Rús_ sia, a doutrina de :Freud· foi so .• J.1!,nen).@.te cond'.-enada, co:mo psJ.. eologia .buJ·gtre:s-~ ·, an'.t:l_dia-lética: u::1 .Europa Ó.cide1;1tal e · n.a Ame– rlea., porém, os escr.ltores mar_ xiata,3 usar.am se1n muitos es. erl•pules a --psicanálise, llbn:sidi?– r.ando-_a como cioutrln;i revolu– cionàr.i,a. Não fo1 ,a filosofia., -cl_ entltica de Freud quê. os a.traiu n.e-m a .sua ação .tera-peuµca - _ assim como .pg. eiscrltores marxis_ tas d:e hoje · nãó q _uerém · .saber da. fltosG!ia de Sartr~ nem $i·a, sua · açã,o p.seudo-re'V-oJ~cionã:ria. Mas a psíeap~e fQl'.ne,ceu aos ~scriwres 1r1arxtsta.s de 1930, uma coisa p:reclcsa que 11l!.o en. 00:ntr.:iram no mar,(lsmo; uma m1tl>logla . Com etejto, o meéa_ n is mo das funções psiquJcas, em Freucf, ,é' :\I.Itl verdadeiro õ.ra_ :ma, representado pelos persona. gens "Eu", ",S.uper-Eu'' e ~sub– êO,l'lscle~". c o m. intezyenções mlsf~·tosas da "Censura.·• .e .çlo ' '.hl$~ de ?vI-0r1,er" e decli;ões de:tiniUvas do Fado "Libido": uma mi-tologia altamente po,é-ti_ ca, co}.,a de que não se encon_ tra vesti~os no m:)<rxlsmo mas– que con·3titui mateil~l -in~.ri.spen_ sa.vel para a c<>nstru_ção dos 1nundos imag,inário.s ·aa 11-teratlf',.; ra. era poesfa. Bã ~Is outr9s e,asoa, semell111,ntes. e de r-eper-~ cu.ss~ semelhante, na literatura ccnten:>'P')'l'anea-: as artes mági_ cas e a. mitolo.gia do subconsci_ ente do surr.eali.sm -0; a ·mitolo_ gLa, diabólica de Kafka. Não há ll.teratura s êm representação do lado irraéicual da existência hu– tna.na: ao qual se chama aqui uml.tologj.a". O -eXlste<nc!allstno, como n;iat~ rial litetá'rio é uma tn!wlo_gi.a Bote, de a flitas asas . , est ,:ang~1ras, e magoq de de uses d iluída nos homens. Em· mim .~ Pássaros em torment a inseridos, crsas abertas na nave. Fartum de peixes tostados, nas escarpas de rec:iles não pressentidos/ Plumas .e escamas o mar en-saguenta,;do a lembrarem pétalas ó estranha mensagem • segund o -il-cançando os an.os posteriores, é um tanto arbj• tr.ária. como -de resto o é a élassi!icação. . dos três estilos 4e B~eth.-0-v-en. Na v.erdade, é fá-cil observar na, 9Pra de Stravinsky a aliança das tendências' eslavas com .as prop,::iall':lente· e u ·r o p eia s; exi.ste àe .rest o, como J;la _pin, tur.a, uma Escola de -P~ris da m-úsica. De Paris, com.o da àlto de -um observa.tório, Stranvinsky estu<lo11 a;s di– versas corr,entes _q-µ.e- tt;avai:n batalha no campo attlsHco da: ' . assim: Sartre matou ..is "mou_ -roes'', os bichos mltoJõgicos das 1~ligtões e íilo$o,fia; n1as substi_ tuidas por outras "mouêh,es·•. "E t .r e u e 41 Néaint", ºEn-oo" e ..Pour-soi'\ ºN3,1,1Sée~' e ''U·Héi'– té"., pt!ri;onageru, ml.tológlcos q11e representa-m uma. grande tragé◄ dia no mundo contemporâneo doo relatõrio.s estatísticos e <rds inform-cs políticos. Sartr-e é poéta trágico. Camus é poé– ta trágico.. Até os e::t!Mericia.• listas menor-es não de'l.xa1n de a.presentar problemas dramátt_ eos. En:fit:n. ninguém q,uer _pas– sar seni ês,;,e pcx'lerooo - instrµ– mento literário, o exi.stencialie., . . . . estranho mar, estranho caminho que estranha bússola me leva a ti. Dilema • 7 , ' . u :ma ancora na retina. E espunt'os nas ve;as vagando E na insonia < ~ um gage,ro na gavea brumosa, guaiall(lo. • . ' Fwopa há .s.é.culos; . e viita, (ouvida, p rincipalni-enle), sob êste ângulo, sua obra ap1e– senta o caráter de uma Suma à.e collhecimento.s mu,sic;üs. Não f.oi à-tôa que seu destino se decidiu em Paris, -0e-ntr9 essimilad-0,j.- e ,dis.tribttid<>r de ,correntes de cultura. E' por ~ ' . ' ' . . :isf-0 q~ se pode a:firmar -ser Strav1nsk.y o n1úsioo a.tual por e-:l/icelência cultõ. O refi– n·ailnento de seu espírito at.iu – gi_u o mais elevado ní-.,,el só podendo ser comparado ao de M-oza.rt na época clássica-. Se à_s vetes, diante de c.é~as .Passa.g~n.s d~ sua · o.lira~ ten;1os a sensação de coisa J,ái:bai·a;r d'ia-nte <l-0 conjunto teremos: . que êo.n.cluil' se tratar d,es uma l:Ja,rbarie don'1apa. Nã-0- nQS. reter.m: i.os, entr~tanto, ao– lado ori-enlal, de ,sua ~bra. . n1as sim ,ao elemento b.á.rbar.o que .d,01-:me no .fundo da alm_a d-0s .mais c.iv . ilizà dos: o p.t·.o– l)rio elem-ento nature7.a, ~ que vem da terra, o que e– mu;t0 bem ·$.ignjficado pela, d~m-0r.aÚz,1da e indjspen·sá– vei palavra telúrica.. Creu1.-0s que m:hl:hor ~ue 11enhuma ou– h,a d.a iiossa ,épo.ca .a obra iJ,e Si'r.avin.slcy manifesta ê 's 1; e choque entxe 9 instinto da ter:i;a e a cultt,;ra, que .assull')e– nele à,s vezes, pr,opor.ções . épi<:;s, como nestâ _prodígio• s-á, .s(nf-onia, que é ,,Le Sacrce– du 'Printemps". Mas o Or.ie1,– te e . e Ocide,nte não são, q& .manejra :cigoro.s.a, nero ):);í1:• baros nem civilizados: são hum-anos, são con(Htuosos, com tudo · o que de -anti· hun1.ano e de eatastl'-0.fjco en– ,csi;ra êste ·eompr.ometedo.r ~ eSJ;)ectral vócâbulo: humano. Mu.itas _vezes, ne.ssa obra; perturl)ad,o-x-a-, .s:nto .i l)r-e.sen– ça do Minotaµro,; Stravinsky, f;a:mbém (e-m su:a Guernlêa. ,O elen1en to ci:v iliz,;i,dor, en– tre'.tanto, procura dominar· o e-011:vite d.a destruiçãor 9.á não mais, dança de sangue, da ,n.ça sexuaJ, <lan9,a gue1· rei.ra - mas ~polo consciente da s.ua cla;\':dade serenamente btt<\('I.• e• co, conduz as lv,Iusa.s ne ''-bal- let" ine!;iv.e'l. A· cultura ven– ceµ, p:ol in.do as aí-n,1as .éspi- rituais p,ara o combate tiue se esbo_ça de novo na a-rr,t_e– roanhã, eo-mbate em que sut· g-em novas tehdencia.s e 1).0• vas possibilidad~ de trans– formação· e· desdobratnen,to do espírito hpmarl.'o e do ieu "d.e.inônio" artístice-vída no:– va., ritmos no'lOS; ttina no:va, . . . . . man.:itest.ação do espírito do munda. Ira Ao Rio · Beneé:litô N une · . s néve:rá :viájar pi:>r 1!$CS dias ~ara o R:i-0 de ..Janeiro !> jo• -'l.'en1 inieleetll'al Beneàif.o Nu– :nés, um do.s mais n,ov-os. :p<>e• tas pai:aens:ell. O nos.s-0 dls– i:i>nto colabora-dor acaba de s:air ven-eedo.r de mn m o:vi– m entad.o col.l-cuirs-.o es tilden,til, Ã.,wr,endo iwreseniai; o ~ 110~ Est;ído num c-0ngr-uso 4e ,es– tu<lan-tes. O T-E ATRO Cô• ' MICO DE GABRIEL M AR C E L (Conc:1Jusêio, d.o 11.lt . pÓ'grnâ, ' des.de log.o-, a te Cl+S3 lia :tamí~ lia Favier em guerer sab-er a verdade: -ela nãó podia adt:ni• tir gue a carta· s-omeri½ con• tiv-esse uma acus'<'!çáo inftrn~ dada; e que; se a ac9saçã_a da l:\a:rta não fosse v:erdad.éir.a, ela, -apesar. disso, .a pó.ria em. co;1ta.cto· com o mundo do Stt {l_llesmp· esta caric~t~a da Ser e.Stá n,a1s _pró,dm,1 do· Ser que a mentir.a. burguesa), é .qµe ela lhe ~evelava_ que, -além da aparê,nci1:1, existe um outro _m1:u.1,<;Io, wµ dominiç de.sconheo.r<lo, ~ que devernog de~~r .o cen'âr-i-0 d.l vida r~– p r e-sen-ta<la pára ~ncetra1r n_o– territôri.o ~ereto, Sem Íióll.Vl• d;i., p;er1nan'eee:rnos sem·pre _ t,10 cômico, porg~e êste domín,io hã.o passa d-e w:na- caricatura. do ·vetda-d~iro R.eino -dos E$– píritos, n1as através da ca1·i– catura há sempi·e -li:' wmi~ia do ap:êlQ, • · --.. -- ·

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