Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

• ' • • • • Ismael voltou a. Paris ~m poe'tisa: Adalgisa .Nery ..... orà 1 1927 é 1 fez conhecimento _pe's- subornando as empregadas-. soal com alg1Nl$ escritores e . 'Íli.nha grande,s qualidades ds . pl.ntol'es su.rreal~stas. ~ªtlt./"':'1omem dé teatro ~ · de. een'ó• ,!pesar d~ ~e mteressarew.: ..... grafo. O el:npresãt10 , Vmei:n--· •mUito as 1dé1as novas, pegnã; -~ so Gioçoli - que há. mwtor )lecla firme na sua , fé'''que anos não vejo - deve, certa– c,onsiderava apoiada 'sôl>Í'e um mente, conservar ainda uma· ,valor absoluto,.~ liél~tivo e boa quantidade ,de. Sel.lS dese– eterno. Do comüãismo ado- nhos e croqUis para peças que /': ~ --lI-- · . "'~. (C~yrltht- Jt.½,S.~ I, eom exclusivid~e para, a, FOLHA mas sem tempo" (não, tenho o volume à mão), b.em como diversiis p~as- dê "0 Visi9• nário", nasceram 'das çonti– nuas conversas de Ismael s6- bre sucessão,., analogia e in- o rutebol é ó box. Gos-ta'\ta dit. displ1cência do homem brasi– leiro, do seu jeit&-o de fazer pouca tõrça pela vida, enxer• gando nisto um ,instinto .•de sabedoria. O brasilt.lro de ho; je, que, salvo " as bonros:as excepções, é arrivista, egoísta e metido a dinâmico, certa~ mente não lhe causaria 'mui• ta simpatia. . . •Digó estas co\s,a-s pa.r.a ressaltar o. li.ido mais accessivel, o que geral• mente é tax.ado de humanf), d_e uma pel'son~lidafle .tão forte, sempre disposta às 11,;, .. ta.$. da inteligência, um ho• DO NOR'J.lE, neste Estaclo) , POST-ESSENCIALISTA. ENTE DOS ENTES. e ,o t~bém o poeta Mutilo Men– des, múito deve ao grande / . tava certas P_iu:j~ . que lhe sen:nire se 9:11wc!avam f! ni;n-r parecer;un muito Justas, mas ca' ehegavam a ser represe,n- ter-penetração de formas, idéias a que êle tentou dar vida plã:stlca em váriçs dese– nhos e quadros, idéias que apoiava. todo o dia em bases de observação na rua, nas reuniões, nos hospitais, que frequentemente visitava, no m1liluseio de livros de anato– mia, em histórias de familias, etc. :tle, o homem p_reoci;,paçlo com o eterno, compreendia e rejeitava-o co1J1.o norma de tadas·. • vi.da e concepção filosófica do • • • ih:omem e d~ natureza hwna- Nosso querido Manuel Ban~ !1ª· Co~,r-va il}fantil . e -: deira: inc,iuiu Ismael Necy mgê!).i;o íéier fazer qual- entre os poetas biss.extos. Eln t qúêt:-restfição ao CriSto e ao relação -aos documentos escrt– E~~ngelho. Apresentava-nos •tos que deixou, está certo. o Cristo não só na sua divtn- . M1ls na verdade, ' Ismael era dade, comó.na s.ua h11rnanida- . poeta contumaz, e ninguém de, mos~r11n_eo eo·nstantem.e-nte conheci piais poeta do qu~ a verdade da incarnação, , e . êle. Punha mesmo a sua qua– ainda o Cristo ·como filósofo li~ade de poeta acima da de e modêlo supremo dos i;>oetas filósofo, e muito ac;ima da de e dos artistas. Em diversos pintor. Como às· vezes eu o atos e passagens da sua pró- interpelasse .a respeiJo da -pos– pr.ia vida, transpôs iíertos sibilidade de êle escrever e~-emplos e ensinamentos dQ J:10esias. Isroael respondi_a q,t..e Cristo, dando-lhes · atualidade "não desejava ser poeta ofi– viva, provando, assim:, sua cial". Escreveu_ de fato póu.– permanência e perenidade. cas poesias-; as que éncohtrel Pouco a pouco, aJ?e.sar de nos- entre seus papéis, pub1iqpei• sa rebeldia e nossas indeci- as na · revista "A OrdemY, em sões, cooneçamos a perceber ·revereir_,p de 1935. Mas, des• que o Evangelho não era um sa pequena série existem dois livro- remoto e "superado". poemas em prosa (que não -rllll\S uma fonte de vida, pois co.nstam, de resto, da antolo• contém à dout,r.ina d'Aquêle gia de Bandeira) é que çon• ql:e se declarou a própria sidero até hoje, .depois de os vida. 0 · Cristo passou a ser, -ter 1·eli-do inúmeras vezes, ex• pata mais a-lguns homens, traordinários com uma atmos– uma reali~ade fortíssima, a fera , única na ·poesia brasi• r .e .a 1 i.d a d e 1nesma. )1;ra. _ leira. e que são: POEMA • A --- · , - (Especial pua a FOLHJl DO NORTE, l\4!lde Eetaao) Para a morte vivemos, e a espet,lnça :t âncora lançada a mar sem• :fundo. Onde o sonho b.abltou, onde a .lembrança , ... . Desferiu para trãs um voo azul, - Onde um canto um ~ator te impulsionaram. ' ' Agua turva constr~I .a frigidez. sombra fiuida repóüsa, horizontal. Onde estrêlas caladas se acenderam. Para a morte 'iivemos, e à esqufvança Em teu peito enredou sarg11ços frios. Qnde. a vida estuante foi meni;agem. Vélhas vozes dllutdas Ifo teu can'to Se transformam, se apagam e são boja Ressonâncias de um mar apri.$ion.ado·. DARCY DAMASCENO - , t • sen'.tiá melhor que ni~guém até mesmo a poesia do coti• cÍiano; do bat1al, pois· nenhurfl <ietalhe escapava à universa• lidadé do seu olhar. Possuta uma in-compar'ável organiza– ção de sentidos, qtte con:Side– rava uma grande arma· para a vida. Era partidái:io de -um si$tema de educação ·har,môni- - ca dá inteligência e çlit sensi– bilidade, ,contra o cultivo uni– lateral do tem,peramento. -4· chava que a utilidade aos 11· vros residia sobretudo na pos– sibilidade de por êles poder– mos conferir o qi:e aprende• mos direta1nente na vida. Conforme escrevi ·na época de seu falecimento, um ·ai;tigt> para o "Boletim de Ariel", amigo. De !ato, uma parte do tnet:: prlmei:ro· livro, a que chamei, sél:IVO en~ano, "Poe- Havia um homem comum dentro dêsse homem excep– cional e singularíssimo, um home1n que adotava o cine– minha do bairro, a conversa mole no café, ·, as regatas, a leitur11 de jornal, até mesmo· • ' mém sob certos aspectos tão anti-humano que, sem qu,ere!", provocou o a'fastamento· d.e muitos amigos, escri~ores e artistas que não suportava·nc't aqµela ·tensão p·erma,nente, aquêle contínuo- 'exaine de to• dos os fatos individuais. na. cion-áis ·e univé'rsais, ·sob cii- . .. . . . versos angulos, · prmc1palmen• te o filosóflco, o poético ~ o teelóglco, mas ta~'bétn o psi~ co16gico, o social e o éientíJ fic•o. ~J Sér.esta·s– 1 • ESerestei,ros '. (Conchts~o da s:o pâg,) · portanto, possível ser em 1930 grande artista, homem mo– derno e -católico romano de ·confissão e comunhão fre• quente. Assim foi Ismael Ne• ry. Quem não passou por , tal Lembranca De Bernanos risqae de passer pour 11n des", com uma mímica írre– ívrogne et peút-être· le serais- sistível, imitava a cada upi je en effet si les puissantes .deles, de -StaJin (a quem cha– Republiques ne frap,paient-. ~e mava- "le grand Moustachu") droits, impitoyablement, Jes a Churchill e Roosevelt. Eu alcools cónsolatfeurs. J'écri§ nada podia dizer, po;_s êle sur les tables de -eafés paree não se interrompia, ou ape– que je ne saurais me passer nas interrompia o seu pensa– long temps du visag~ et de la 19ento parâ me pedir que be– voix humaine dont . je crois besse alguma coisa. Não es– avoir essàyé de parler noble- perava. -resposta, porém, e se ment. J•écris dans les salles embrenhava por novas frases, rle · cafés pour ne pas être du- repassadas de um -sentimento pes ae créatures ímaginaires, trágico e generoso a t:•m só pour retrouver ·d'un regatd tempo, chamàndo sempre ~ jetê su.r l'inconnu qui passe, minha _;i.tenção para a mlssão la juste mesure de la jo~ ou que cabia: aos moços,. . de t0<1o Set:! poema__ se chama: "Seten• ta balcones y ninguna :flol"·,. "Setenta .balcon,cs hay en est.a casa", iníc!~ êle, para acr-,s– centar: "Setenta balcones y ninguna flor ...". E .princip .i,– mente para 'indàgar: "A s11s habitantesr Sefior, qué les pas~? Odian el perfume, od~an .::, (Conclusão da l.ª pág.) : la eolor?". _ !xperi;n~ia,. talvez não possa velhos hóspe'des, inteiramen– )Ul!ar do. alcance dessa revo- te . familiarizados com "sett iluçao. ~oJe, apesar d<lS pesa- . Jorge Francês", tal como os res, eX1ste t1m~ corr~-e •fl:1· moleques da cidade o chama• tel~ctual c~tólica . r.d1a_a dia vam. Ber:nanos, falou muito, maJs C_?llhe_c1da•. e Ja nao pa• de si mesmo, do mundo, do ;rece tao b1zant1no ~ fato de Brasil, da- França, de seus .ur_n ppeta, um escr.1tor, u~ àmigos e de seus initnlgoi;. -pmt~n•, àeelararem-~e eatóli- Leu-nos, a certa alti.:ra, um t::os. Mas, n~quela epoc:t, era artigo · polêmico- que pouco qualq.uer ço1sa suI'J)reenden- depois publicaria nos "Di:i- te·. · · . rios Associados"; Tôdavia ~ão ,. Fa!toU a Ismael Nery, um demonstrava irritação, duran– , e1,~n- 1 sta, ou m~lhor, um t:i- te a leitura; antes,- ria muito, qwgrafo. Eu 1 ª a . sua casa quase infantilmente. A sua. CI.t1ase. tt,da_s as noite.s, ~ •ªº versatilid~dê:, naqu.ele -dia, ~ra vó1tar, muitas veze~ abria t> formidável: pássava de uma caf}erno para- resum 1 r ª . c~n- invectiva tremenda ao comen– :vc7sa,_ mas acabava. des1st1!l• tário engraçado· sôbre O sarn• d<?, nao só ,forque el.~ fala\\'a ba que o rádio aberto trans• corn ~~·ande .!ibun~anc1~ sôb~,e mitta,' ~mítando com graça a _to.elos os ,assuntos 1mag1nãve1s, daiíça americana e a br.asilei- como também porque, tendo · eu que tr.abalhar no dia S'e• raQuando deixamos evuz das gutnte, logo ~e fatigava. Etn Almas, jâ _à rióite, Bernanos várias oca§ioes e~poçava o era mais qtie um •grande· és• liv.ro sôbre Ismael, livro difi- critor: era um -homem huma– cil; pois se tratava de u:.na no, pr6x.imo .a nós. um aml– ·personalidade tão compleX!\ e go. J'á íamos longe, a cami– 't~o grande. Ismael não dava nho de l3arbacena. já desp~• menor importa11cia a qual- didos. qu_a)ido êle surgiu, quer reali&ação. -A meu ver, ~montado em seu enorme ca– emb<>ra pareça -paradoxal, o qu·e .o prejudicou. humana- va1Q, ~ lentamente nos acom• r.nente falando, foi o excesso panhou, lamentando q\le par- <le qualidade_s. Er.à por exem- preen<lido, ~nessa ocasião, ao plo. um dançarino , notãvel, perceber que êsse arrebata– tendo recusado uma vez, em mento era 4 bastante egoísta, e Roma, convite -paTa trabalhar Que meus companheiros de ·com o célebre Volinini na suii repouso n~m sempre dele troupe de bailados, Foi um compartilhavam. Coµiecei, •.en• <ios primeiros arquitetos ;no- tRo. a procurar 1ugares soli• <lernos do Brasil, tendo feito •(ários e, encontrando-os, es– ur:na vasta série de pi;ojeio.s,. forçava • me pacientemettte muitos afé sem assinatura• para domirta:r meus dedos e Uma ocasião mandou vir bar• disciplinar a respiração·: Mas ro para o pequeno ate1ier consegi:ira apet"teiçoar - ·me que tinha em casa. e cons- (meu professor :já retornar a truiu uma quantidad~ éno.rma ao seu regim_ento.) e o• nosso de esculturas que desmancha- patalhã,o n6s-se em marcha va 1.tn1a após outra. Pintava para Verâ-un. Tà,pidamente e · ·apagava· logo; debaixo dos qt:.ii.dros que dei- '?osso afirmar que desde :xou, existem oútros, pois aquêJ:e ilístarite minha flaut,i q.Üando não apagava, pintava fffl. un:ia amiga benfazej-a. A· '(POr cima. Tantas idéias e su- marrada aõ saco de couro que gestões lhe vinnam à cabe:;a. eu levava a tiracolo. elà não que não tinha, paciência pa-::a I me abandonou quiindo. segu– pousat a mã:o uu1u tr-aballto rando · um bastã.o. marcháva"\ ·lento; o intelectual sufocou o,, mos na xetaguarda da t_rer,a artesão. Desenhava com '?S· por estradas devastadas. Não pantosa façilid.ade, itnp1:pví- me abando1;1ou nem 1nes1vo sando a todo o momento. ,na5 q.t, andp. mais tarde. foi-n1e mesas dos cafés, em qualquer conçedida a alegria ' imensa -pedaço de papel que tivesse rte partir em licença. liav,ia ao alcance da mão. Não tinl)a longos perío.dos em que, qp.1·i– em cai_;a, nenhum quadro de m.l.do por mil deveres. eu não sua · a1:toria. Jogava os dese• podi,a encontrar tempo para nhos no cesto. de onde e1\ fazer suspiJ;ar minha flauta, conseguia retixá-los. ora çom Retornando a calma. ela vol• a · ajuda de suá n111lher - a tava outra vez aos m:?Us de- ' . tíssei'hos, pois - disse - sen– tia-se muito .só. ••• Era efetivamente unpres– sionante a vitalidade de Ber– nanos. Essa vitalidade, por terto, foi que ,o levou a par– ticipar de uma. • • }?rlga· vio• .-lenta num café d·e Barl>acena. . . Tratava-se de uma questão co1n um do.s seus filhos e Gilbert, t:m f~artco-brasileiro que o acompanhava di!sde Paris. Não sei bem ·-por que, o fato é que Bernanos entrou decidido n9 b&rulh,o, distri– buindo bengáladas para todos os lados. Ele mesmo nos con– tou o caso, de que salientava i, fato -'de·· tei:em querido t-l• rar-lh,e a bengala, a êle, "Ún vieux respectable com1neça'\ Parece que chegou a haver • um inquérito em tôrno 1o epi'sód~o. de que não esteve at;sente a 'policia da cidade. ••• de là douler". .. o m:uni)o. Poucos dias depois, . .. . ... . Numa tarde em· que o en- lendo no "O Jornal'' um -'•r• contrei na "Brasileira", B.er - tigo de Bernanos, pude veri– nanos estava às :voltas com um . ficar que êle .traJlsptlsera pa– caso cie set:í filht> Y\;'.es, com ra o pa'pel muito do que tinha quem, tão cai-inhosametite se fala.do , naq*e1a tal'de. Talvez preocupava, cõmo- de resto fôsse êsse um processo de Estra-nha o poeta: "No hay en esta casa un·a ninfi-a no• via"? E pergunta se ne,nh•un dos moradores desejaria ver. "Una. diminuta eópia de : [jardin? En la piedra blanca trepar !los tos:iles, En los ~,rros negros abrir– [se un Ja.zÍnin?" . Para concJ,uir: "Si no aman Jas 1>lantas, no [l\llla~n el a,ve, No sabrin de mµ:sica, 1le [rimas, de ain.or. . ." acontecia em relaç~o aos seus elaboração · d~ se:us artigo.<J: l'l.fas não sejamos injustos: outros fi!hos apesar das fal- vlvia.-os primeiro na coüver• amara-o cotn cert za ., . l · • · S"b · d . · ,. , , e ...s p an• .sa! api1;renc,1as. ~ re a .meSl• sa, pa,ra epo1s escrevc-,o!. .tas, e:, a ave. E ar.nà: rão 41 m,ú- nha, diante. da qual se sen- naquele es,tilo inc~ndescen-te e síca Só que lá em 1 -- · · t t t . f t , • · . , c m.a. como ava sempre, es ava um_ ar 1• or e. _ que se afastam da v·; 0 go ·começado. inten;om·p1do às *-,. • a recebem com u 1 ªª· . u P ri'meiras linhas I com a c'ane A1gu·m me dfl:•e nue rec~- m eco, i:tna t º" b · ,. d . '.•b· , · ; b · e ti· . -~ "' t .. , tr-n-agem. Porque vi:vem prin- a a an,,.ona a _ so re o pape,. , e.ra a no, c1a da mor e ue cipaJ.mente a vida u . t ,..: "" be d ·êl t b 1h B · n rgen e, ll • .,,.-erce ,º o que . e · ra a a- er,;1-anos com a mesma se - vjda imperiosa. inadiável. A Mais tarde. vi Bernanos· no va, quis me retirar. ~erna- saçao com qi;,e se _sabe áa -que matou as se , ,_ . n R • "B ·1 · " · d é ~ · ·t· · · t d t ó · rena .as. " 10, na ra:s1 erra , on e n~, por m, nao p~mn 1u que mor e .. e um par_en e pr xi- xilou os seresteiros. · costumava escrever seus artí- sa1sse. Segurou-me à mesa mo, ou de um ai:n.1go. A mor• e · ----------- 'go~. quando•. aqui se encon- dtu;ante um· longo tempo e te do · autor de _"Monsieur. sência incõm.oéia e an,gustian·- trava. Sempre teve essa ma- entrou. a falar da sitt:ação do Ouine", o persegUira o dia te. 11ia de escrever no çafé: mundQ, eriticando a última todo, doendo ne~e co.mo , Un1 Pento agora eeme não terâ "J'écris dans les cáfés aulreúnião dos "Q·uatro GJ·àn• vazio irremecÜável, uma au- sido êsse mesmo o sentin,en• A música é uma libertacã_o ,-.,- - --- --- • . 'to de mUito,s bra~d.leiros, a.rnl– fraça. Quando, por acaso, gos de ~ernanos, que ·com êle coincidiam nossas horas de conviveram durante á sua descanso nós, como os ade~- perm:anênclà em nosso pa•is, tds de uma religião secreta, amigos próxin1os ou dista~1- furtivamente corl'ja·mo~ -para tes, gr,andes· oi:, p,equen: 08 , lã. Fazíamos ·então um pouc-o intelectuais ou não. Be1'nanos de músíca ciássica: tocava.- ,· '(Conclusão da últ. pag.) , dos, nem sempre dócil a tô– das minhas súplicas, mas ge– nerosa ap~sar de tudo e, q:Ua!l• do_eu mais precisava dela, compassiva üiante das maio– res tristezas. >. •' ••• Passaram-se mes·es;' e e'U fui transferido para um corpo de ambulânciás. Tive a sorte de eneontrar lá com_panheiros Il)lJSicistas, n.:í,o me sendo pos– sjv,::l descrever a alegria que com isso -experimentei. Um dêles tocava vtoli~o e rabe– ção, um outro era violonce– lista. As ambulâncias não ofe– reciam muito espaço mas, gra!i:ª.S a uma lice;nça .especial, me'us camara.das Pl!àer·am trazer seus instrumentos. Aca• bávamos de armar nosso pa– v:ilbão oper,atório no hosl)i_tal de Soissons, é passavároos os dias e a~ noites entregues à nossa sangr~nta tarefa. O cheir.o -ne carne humana - i'flist'uradó ao dos r emédios, . . ..,. tornou-se uma pessôa de casa, da roupa fervida, dos e;xcre- l}' J.OS sonatas de Corelli J:)ar,a e êle soube sentj.r e:,sá teati- mehtos. - l1(1uêle- cheiro de- tr~s e, qu~tt'o instru,meptos, dade, pois testemunhou ·por. carne macbUCl'\da e retalhada quattetos e q4intetos de Mo- v~rias vezes a sua .itratidão ·ao subia como ·um ineenso lúgi;.- zart e de Beethoven. Nem Brasil. J?ela acolhida qhe aq·w bre, paralisando todos nossos sempre conseguíarooi1 inter- lhe fôra dada, nu.ina hoI1a <làs pensa_rnentos. As vezes, entre pretar coueta,!!lente aqu~es mais dificef;; de suá · vida, dois 'ataques, rec(lbíamos com textos. Apesar de tudo, per• quando aqui v:iex:a ''cl]ver sà es!upor a esmol-a de um lnes- sistia1noi;, inspirado_s por i;rna honte". reduzido ao desespê– petado descanso. Um de nos- chama ·sincera. A maior parte ro,. como eonfessou. Foi uni!\ sos companheiros, que sabia õii.s vezes eu ·roe esfoDçava gl,óTia e tuna bonrli parà 0 piano, descebrira na rua da para, com a flauta. suprir o Brasil, recib'er _ e saber re• estação uma casinha burgue- violino. A princípio nossos ceber _ Georges Bernanos. sa, residêncla de um sim1>á- instrumeµtos vacil_a·vam, não i'lle deixou marcas profun·das tico casal de velhos, ónde ha- iam a tempo. Entretanto, aca- em nosso meio, onde er a ama– via um piano vertical, acfini- baram harmonizando-se. Ha• dt> ·e ad,rnirado de maneira rável móvel de proi,ríncla, ~n- via dias em que O esp~(to tôda particular. Por isso· mes– feitado com u1na toalha , de dos me st res, como O 'EiSJillr-Jto mo, a sua mor-te nos- toca l'll • borlas e um vaso de porcela- Santo, baixava sôl;>re nós. dernente. . Não é apertas µm ná. O instrumento, desafina- Durante um ou dois minuto$, grande, escritor que faleceu, çlo, gem'ia· e v.ibráva com a com -nossos sons i,rnperfeitos um grande home.nl . E' tam– trepidação. do canhoneio.• Não e nossa pouca experiência, bêm tim grande amigo; um s,em esfôrço conseguimos 1:es• sentíamos que a mensagenc1 irmão de gênio que sé -vai e titt,ir-lhe a alma. nos fôra confiada e, num ar- 'deixa um ~ugar va:i;io ·entl_"e Como evocar sem emoção rebatamento, nós a .i:ecol-h!a- nós. Daí êsse sentimento an– aqUela sala acanhada? Divér• mos e era nossa até o momen- gustiante e incômodo, como sos vidros da <mica janela tl- to em que tropeça-vamos num se morresse t:m parente qu~ n-ham sido ·supstítuid@s :(JOr com.passo ou cometíamos qual- ar:n~mos e, sabemQs ins.ubst;i~ pedaços ·de oleado _e a luz era qu.er outro êrro; tnível. · ,. I \

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