Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

,.. No Mundo OOe Graciliano amos .- (Conetusáo els 2.• Pag.) ' rlo seria grande pJ!rsonagem em qualquer literatura. Por que mllagi:e êsse ml!.Ildante 'iàe assàssinlos, -senh9rio bru– -lal, causador do suicídio da JnUlher, · 'homem completa– .mente amoral, _suscita ' com– llPaixão e simpatia:? Eviden– ·cia-se nêle o indivíduo deter– ;minado pelas antecedênc1as ;e pelo meii>, o produto social 1 ,que se adàpta à socieda1e :?como · esta lhe apareceu. Jul– ~va que não tinha -outro de– '[JVer na vida senão subir; es• lbarra num obstáculo imate. ~ ial e f.ragil, que não conse– igUe vencer e qu~, -finalmen~ te. lhe esçapa dás mãos: e .:ei~Jc,. num "tlos · espetáculos ·mais patétJcos já exibidos por um escritor, a J)rocurar -o Sêl'.ltitlo da v,ida g-0rada, em• punhaudo a caneta com os dedos emperrados, contendo a custo as odiadas expansões de sua ternura. Apesar de tô- < 1.il a pur·eza de linhas dêste iromailíce., cada r.eleitura revl'!– !l.a seni~re novas zo:qas na al– 'rna SUQpstamente primá'ria Õe Pau~o: .Horiõrio. Também ihá ~sto: que o romance · não e só dêle. Leiamo-lo como a lhist'ód.a. de :vida e m~rte 'de Madfllena; ·oi.t ~a dec.adência '4ie Pa.dilha, 't>U das transf-0r– .ma{;õ,es da f atenda de São ·Bernaido; e teremos outros ' -; ' tantos .o.mances diferentes ~nib-Ora igualmente dolorc.osos ~ verdadeirQS. . A técnica do romancista l\alvez tenha. atjn'gido aqui a 'maior l!)erfeição. A<i.uêle momento de sere– nidade de. Paulo H-onório · SU• ,bi9,do na tôrre da Igreja; sua repentina isenção de alma. ao eetltemplar. dé quinze t:ne– tros de altura, as co.isas do rnuncto·: depois. mal chegado l,· a0 solo, a nova ofuscaç.ão do- :.el\ ·espírito; a última PJC1?.1i~ .êação com 1VIaàa1ena, e o des~êclio brutal, at,errorizador apesa-r~de já sabido e espe– rado. -graduam a emoção e resolvem a tensão como num fim de tragédi~ grega. Rét.omando AngusU,a sin– to-me prêso novamente, desde o in1ci.o, -na baraf1,1nda ilt).fe1·– ~al de uma imag1cnação l~i• ·pe1·trofiàda. Nenhum livro é tão fiel à impp.essão provoca– da pelo -tít,uló. · ilJsse Ltiis tla Silva-. que .não vive; .que nun– ca viveu transfere tôdas as suas capacidades para o 'Cam• •po da viela· imaginativa: Mas ~ s.ua imaginação não lhe 1'ornece sucetlâne,os da vida mo viv-ida. cerno para a 1nn– 'i-0ria .dos introv.ertidO's e dos tímlidos; ela funciona única• rnent.e· par~ atÓrm:entá-lo, ..en~ venena1'-lhe ,as feridas e man• tê-lo num quase delirlo. A- .. costuma-se a "er nas p~ssôas além do- que são, o que foram, o que serão; o que poderiatll. ser, e em seu espírito as dife– :vencças entre êsses estado.s d~– sap:a1~ecem progressivamente. • Primeiro prolonga em J:!Onho gualquer reali!iade, âepois prolonga en1 realidâde ui;u son'b,Q, e ex-ecuta de verdade o assassínio que tantas ve-zes já co1neteu !n.entaln1ente: Ilá nes-te liv.r@, ainda roa,is que :em Sã.o Bernardo, uma at– ,nosfe1·a -de inevitáv,el que tot>na o pe!':.ldelo ainda 1nais· Op);esSOt'.' . . A .c1esj:)eito da recÚsll ex– :plfcita do escritor a ,epr-0- d1aur 'O · , a~1biente, êste se a:e,!ip:tende das personage;as .e dos acon,tecimentos, e acà– :tn,u:pos. por ver: com absoluta irlitidet as duas miseráveis cãsas Juntas onde se t-i;am-a e se cresfaz o . romauc:e falho •le Luís da Silva ~ - de Mario.a. ' ' '.Em ambos os 1iv"l:os as ·pet- ,!,Onagens a.gem e deba:tem 0 se como deut1·0 dos mwt'-0s de u,ma p~isã'ô-; am.b,os forma1n - 2.=.&: 7 - •• Tem cinco a-n.os de jdade • • • rt t -; i'5YGiTW' .. gou e 4~s)igou o rádio, faiou inglês, seip que ninguém lhe desse as .respostas desejadas . Vai embora, não liga às pes• sôas gi'àndes que o.· chamam aos ro:itos. • o terror dG Posto 6. E' 'l)OS• sível que essa atitude de en– carar o ambiente corno uma J?aisagem ~inita, um labiz rinto . pron.to as maiores con- '·, c.essões da evasão, 'lhe venha do fato de ser um 'membro do Império Britânico. P'{is é i~·glês e cbama-se Roy. Filho único do casa} estrangeiro (lo edifício, talvez os _pais lhe façam tôdas as vontades. 1:le, pórém, se satisfaz 6nica– mente com utna: a liberda• de. O principio das líber<la– des fundamefitais a serem exercidas em uma democra• eia encontrou nesse guri um exj'!cutante a!'doroso. De ma– nhã à noite, Roy imper.a. - r.moIVO!..-- E' hora de refeição, mas Roy não sente · fome, Sabe que sua- mãe o procur.a, que todos o procuram, mas dá '!lS costas a êsses impertinentes cuidados. A rua se lhe ofere- do. O aspecto de doutrinação politica, tão acentµado, como vimos, nesta 5a. sél'-ie, repre– senta um como que _tributo do escritor à sua época; que• ro .dizer que vejo nessas pl'-e• oéupações a - literária& ma'is um fator de extravio q1'l_e lie realização para o critico, (Copyright E. S. L com ex cluslTidade DO NORTE, neste Estado) ' pàrra FOLHA , -ce como uma dádiva. Na praia, \ietém-se junto aos vendedores de peixe, co~ templa barbatanas êle enxo• vas e escamas de tainhas, v4 pessôas aprisionadas dentro tle um 6nibus. ô chão está cheio de amêndoas caidas das árv.ores. Roy, de relance, busca em seu pr óprio e,spítl– to uma e1tplicação par.a a lei da gravidaqe. 11:st.e sentido de participa• çãÕ política não se encontra, ali;ís, apenas no sr. Alvaro Lins. E' antes uma nota co• mum a quase todos os escri• tores - é não apenas cx:ltic6s - correspondendo a uma in– junção da nossa própria épo• ca - é,Poca de transição e ele crise (como já se tornou lu– gar comum dizer), de pr~do– niínio do social, apresentàn– do-se à tnteligência e' à sen• s.lbil-idade em termos dramti– tic·os de opção e de renuncia. A 3a. série do ' 1 Diátio Críti• co", do sr. Sét:~o Milliet, por el'{.emplo, é atravessada por essa preGcupa~ão de defi~ir·– se politicamente, de assenl:ar e disciplinar uma atitude vi– tal em fàce 'da "revolução do nosso tempó" <Laski). Vê-se que o proõle}lla o tórtura e 9 divide; o autor se.Rte-se s.oli- Junto ao edifício; · há um terreno baldio, coberto de pés lie mam611a que lembramuma plantação selvagem, despojos de muda.riças, m~-moeiros, uma 'fii?ueira bravà, o escon– derijo de um gato. talvez co– bras dóceis e vento. Tão su– gestivo é ~te terreno baldio gue o cronista. cioso de seus assuntos e direito.s autorais, promete volt~ a êle •em épô• ca oportuna, pródigo em de– fâlh~s. Roy fica mais inglês do .. que nuncll a.o transpôr a abe1:tura do muro e entr:tt nesse lugar. Seus olhos cla– r-OS fitam a . paisagem densa com,o se êle fôssé gente gran– de, tivesse na cabe~ um .ca– pacete de cortica ·e acabasse de- pisar a lnd~ mlsterios1. Nos verdes arabescos da fo– lhágem, esconôem-se col)r~s inofensivas. EntretantQ.• Roy, tua imaginação inventa ó m.u.ndo novamente. Coín um pensamento, faz-'se maior sua grandeza: são gra.ndes . ser• pentes que. pararão transfot• madas diante da música q•.,te o hindú estã tocando, ,são oncas· e não gatos êSS'C$ bichos elasticos e prodigiosos que saltam. entre os arbustos. Roy examina tudo à sua volta; como que um circulo fecha• do, e· vão acabar no ponto de . ' onde partiram. .~ .. sente desejos de colonizar o mundo. Caminha por uma ~rilha e c'hega a uma vere– da, a: poucos passos da figuei– ra brava. Das janelas . do edl• fício, jogam inúmer)lS coisas no ~rreno baldio; há jornais, pédaços de madeira, copos quebrados, baralhos incom– pletos, papêis de cobrança, restos de vestidos. Roy vai juntando alguns dêsses nau• frágios cotidianos. Amontoa– os com o maior zelo possível e depois tira do 'bolso n cal• xa d~ f6sforos roubacda à co– zinheira. Ateia fogo no mon– te. E a fogueira que nasce, testemunhando a .presença do homem na terra selvagem e inexplorada, ameaca civiliza. ·doramente os capjnzais e .os pés de mam.ona. Em um áti– mo. Roy desaparece. Cinco minutos depois, os bombei• ros surgem, com os seus carros vermelhos; seus apitos e seus jorrO's dágua. ltoy, aborrecidÓ com a na• tureza, r.esolve pesquisar os hábitos dos mo.t .adores do edifício. Conheoe todos e to– dos o conhecem. Sobe as .,_es– cadas e pára no último- an– dar. Tem · preferênçia pelo ~apartamento fronteiro porque nunca fecham a ,ponta da en– tra'da. E°le entra sem apertar a ca·inpainha. e vai direta– mente para ~o dormitório. Sal· ta p;ira cima da cama lai;ga, faz ginástica, balanceia-se gos~osamente. Depoi3, enfa– rado, ·começa a acender tQ<las A sua máscara ríspida, des• confiada, prop!'lsitadamente in•sensivél, é mais que sufi– 'Cieniemente explicada por- Em Vicias S~. por ne- uma infâri.cia tão sem alegria, cessária reação contra sua':! tão ·~ubjuga·da p~r mêdos ir– criaturas anteriores, mais ou raci9na,is e entretanto mot!• menos autobiogrãiicas. tôdas vados; o que é · espantoso 6 roida,s pelo sentimellto ou a ca.paci<lade de .c.ompreeus~o pela idéia, o roman.cista a~ hu.n:i.ana que aquela ériança presentou um grupo de per- pisada -e desprezada póde ~r– soriagens im·permeáveis ao mazenar e salvar através <te pensamento. ~ uma tremeu- tantas atribulações ,Para de– da prova para u.m escritor de .pois a~ranger num sentimen• inteligêneia agudíssima e to frate1·no todos os infelizes de doentia sensibilidade ª!?[e• que há dentro e f6ra de seus séntar sêres ·embotados · e liv.ros. , - quase irracionais, de tão tos• Vãrios cap{tulos dessas me• cos. Graciliano Ramos ven- m6rias tela<:ionam experiên– ceu-a ".tnag1'iificam.ente neste elas ,do ,autor com cênas de . ' ' livro d,e extr.en1a simp:icida- seus romances; -a :Palavra in• de. A construção parcelada ferno, que tão estranhas re• 'elo livro, en1bora e~ part.e percussões provoca no cér~• devid~ a circunstâncias ex- bro obtuso do menino n1.aior ter-ior~s. ~daptá-se perfeita- em Vidas Sêcas, já produziu mente t,s exigências do assun- anteriormente reviravoltá a– to. náloga no pequeno G'racilia~ P.ara gente de vida inte- nd'. As etapas <ia · evolução rior tão p1'.imá1:ia como Fa- interior desta criança, lentas biano e os seus, nãõ há acon- e desiguais, iniciam-se quase tecimenlos circunscritos e sempre em seguid·a a alguma acahados. nem evolução de frase pronunciada por al– rumo detern1inaqo. Em cadn gÚém sem int.eução e , que no instante êles estão com a :sua espírito da criança percorre vida inteú:.a no esp1r1tQ" e nos ca,minhos tortúosos, d~sem- 0lhos. Por isso p éscritor l'@~ boca-ndo em consequênci~s in1- presentou essas v;idas sêcas previsiveis. Da mesma for1na, num gua~ro continue, ún'ic.o, em ·seus contos uma ,ftase de que êle passa a ilun1lnar éonvencional ("Esta menina ora ê$te ora aJIUêle se!o.x:. sabe onde o diabo . doi.:me") :Fa.te bem característico da vem a . moldar o caráter da arle d.e Gi·aciliano Ran10s: a pequena Lucialla; outra fJ;a– p.rtmeira vez que êle e1'1}r;- se tortuita C"Fo.mos -criàdos me e..icl)Hcitamente um sen• juntos ·CO:mo dois -dedest') ilU• ti.mente de compa:lxãq par~ de u.in s~lic.itante sõbre a, con1 suas criaturas. fá-lo no verdadeira natureza de ' suas caso de personage,ns em que re,Ja.ções com .um n.o::!el'oso, menos lnc1uiu do própi'.io eu. At~ uma palavi,a bem ~u .mal Outra maneira essa para me• i;:ronunciada pode exe1·eer- in• a ir a carga autobio!l':·á'nca dos fluência decisiva sõbre c.:na _protagonistas de Graciliano, alma informe, em ebulição. .a qual aun1enta na proporção Os bons c·ontos de Gracilia– da ~rueldade com que são no Ea1nos, encontrei-os n\11n tral:,¼dos. peq11eno volum.e pouco co- • • • nlfécido. Tanto mais· p1·e·cio• · Ass,im. Infància, é o se'U sos quanto -0s lábios severos livro mais cruel. -LU1s d.a ~il- do autór se· abre1n ai nu;n va, que se .considera "uma raa-o s0r.riS-O, malicioso. mas crjaturinha insigDÍi'icante, uni alegre. pe.reevejo social acanba;do, No volLHne Histórias de ' encolhido para não ser em- Ale!'candre é1e teve a feliz; pu!l"1-ado pelos que entram e idéia de pedh· ao folclore o 1 • IV petos que. saern.J'. julga-se assunto de ttm livr.o para cri- e ~'l mais piedade dê q1;i~ .anças. ~se ~le;,:~fndre. invcen– Gr .acilia.no .a si• m.esn10, ao.s ter· de liist<'.írias ma1·avill·os,~s seus e à ,pró'pr1a mocidade. e ii :i.verídic.às , é \illl M!ln- as l~s da casa. E tôdas as lâlnpa1ias se acendem. mági– c.is , feéricas,• resplandescen;. tes, como em• um romance de Virgínia Woolt E' quan– do i- ~ovo da casa descobre a pre~nça de Roy, êsse ter– rorista, a serviço de uma Or– dem mais alta e dominadora. A·contece, porém, que Roy fala mais com QS gestos 1o que com as palavras, que estas são _em inglês ·de crian– ça, entremeadas de alguns vocábulos de giria de_Copa– cabana, port\lguês no -duro. Enfim, R.oy está conversan. do. Conta a história que sou• be:'1U11 homem se atirou dá jan~a ae um editíciq, caiu na rua e morreu. Roy per– gunta por que, quer a e;x;pli• cação •para a morte.. Neste momento, sério, a eabeça ilu– minada de gravidade, anuncia sua ·meditação diante dos abismos da condição humana. ' , E todos sentem qüe um dia êJe volt~rá para a I n-glater.ra , escrev~ um romance P,Sico• lógico, que serâ editado pela Hogarth, casa fundada por Virgínia W oolf para a estréia de autores geniais e.orno Roy, ou pela Faber & Faber, cujas livros são selecionados por T. S . EUot, ou PQr Alle11 and , Un,v:in., .talvez nor Jo1l'n Leh• mann ·ou pelá Macmilian, Isso porque Roy não faz pôr me– nos. A convivência humana também cansa. Já tre;pau na!J cadeiras, abriu armár.ios, li- D.es~ e ;ité a beira do mar, mistura-se com os pescado– res gue aprestam suaiJ tê• -t'les. Enquanto isso, começa a busca para descoberta de seu paradeiro. O terreno baldi<t exibe uma cicatriz fumegan– te, sinai de que Roy andou · por ali. No apartamento em que êle esteve, vassouras, e,scovões e espanadores apa– gam as marcas de sua pre- sença. _ . Roy só võ1ta muito tarde. crestado pelo sol, mas sem nenhtll'.l). sinal de cansaço no rosto. ·0s sapatos empoeira– dos falam de grandes cami– nhadas e permanências. A caixa de fósforos está vazia, prova de CJ.Ué, c!.urante a au~ sência, o fogo· não esteve au. sente de suas cogitaçõés. Ao se aproximar do. edifíc'io, Roy exibe uma fisionõmia. grave de colonizador que. se foi t1io longe,. o ªnimou apenas o des.efo hon11oso de desc.obrir o mur:ufo. - Roy!· Neste 'lhomento, 'não a'dian'.. ta chamá•lo. :tle não se .sen– te R9y, ~Ie sente .gue é ti>da a ~terra. · • citado a recompôr co,ntinqa– mente a U:nida'de éspiri-tual ' - perdida - e não apepas a a?- sumiI' uma atitude linearmen– te polític,a, g,ue estari~ lo.»• ge de o satisfazer. O sr. Antônio Cândido cllm-• ptee.ndeu muito· bem êsse )>rob1ema, no ensaio qtte de– mcou ai:, autor de o "J or,nal d.e Crítie;a'.', ao assinalai: a pe.r• da da u ~1ida.de espiritua1 dos críticos de hoje, a separa~ão crucial entre a sua estética e a sua ideologia - o- que só ;:e dá .em épocas de dese,ql.lili~ brio e ruptura dos quadros -sociais. quando oi; valores e · , linhas de íôr~ · gue os sus- , · · tentam cai;ecem .êle sentido e ' . . • começam a se, desarticUl~ ltírner-ório Urn De Crítico inter-namente. Esta solicita– ção da social se realiza, âs-– sim, por contínuas revisões de ,_posi.ção. em f'ace do con– flito, e não ral'o se complica com problemas esi:trituais r religiosos, que podem leva1 aos caminhos mais imprevis– tos, como é o easo de um •AldoJ,J.s Huxley, que acabou .enveredat)do pelo héterodoxia mística. (Conclusão da últ. . pag,) êi~ ,já se· realizava "com maJs firmeza nà análise. e discus• são das ideias do que na in– terpretação d«1 romanc-es e, m.esmo, da poesia" (Antônio Cândido, pg. 19) é porque n!o seria ap~nas à inter_preJa• çao de poesias e romances o que visava o autor, n1as so• br.etudo a realização do pro• cesso da nosso romance e da nosta poesia. Yma vez termi• nada, ou quase terminada a t;,: • • ... '• • sua: m1ssao,. nesse catnpo, é natural que a aventura de - . ' sua personahdade passe a se desenrolar no plano das idéiàs gerais, do ensaio histó– rico ou 1itei'ário.. Com a 1 bio– grafia dé Rio Branco êle já nos ' deur áli'ás, aJgo mais que uma indicação dêsse novo as– pe• de 'seu itinerârio1 e o .fató de estar pre.parand~ um livro sôbre "Gilberto e ~11- clides" revela claramente o no:7? sentidO' da sua_ direção critu;a: que é completar o !e., vantamentG er.n extensão da.11 ch.ausen que apa:rece aqui seb os tra:ços do matuto brasilei- nossas Ie(rfs. Q\lê êle iá fet:, COJl\ o ., e.st' udo.especial e .apro– fundªd;o das mais. altas ex– press~s da nossa cultura. A verdade é que o sr. Al– varo Lins é cem por cento crítico, e é n~a cat'egoria ,que êle h!\-de ficar em nos– sas letras. Por isso nunca f:i• cou ,no processo- da· nossa lfte– ratur~: desde a la. série !ie vem fazendo o estudo de es– trangeiros; e ·tude indica que muito temos ainda a esperar dêle nesse setor. A tudo isso se soma a cons– ciênc-ia - nele tão forte a ponto de lhe suscitar atitu• des êiesassombrad'as e defiru.– ções corajosas - da cris.e so– cial que o .i:n.und-o está vi,veu- E.sta incu1·sã~ pelo domínto das id'éiacs políticas, no ca,;o do sr. Afvaro Lins, se e.icp!i– ca como uma resposta a· apê- 1os- ql!e vêtn de f0r,a e ecoa1n, em s'ua consciência, falam aos impulsos mais elevados de .sua a1ma; não eréio :po~a h·a• ver comunhão ptofunda do autox com o tema. At-ender ~ .êsses recl:un.os será, para êie imperativo morl,ll, -e não d~ personal-idade. Esse caráter ª:i~ental de sua atitude "p,1r– tic1pante" enc.ontta, ali;is, confirmação ~m s~, pr6prías pa1avras, quando er;;creve~ "·o que c;u:acterii!:a, na verdade, a natureza política do artis– ta é a espontànea e p1·onta sensibilidaci~ à injustica'' (,prr· 40).. ..., p ETA ro. s ,uas sabor0sas lorotas- - SE DIVERTE e_vocam a ;fala, os cos-tu1nes. ~ h'Ome~ e os blchos do N,ordeste. · Os ouvintes aroco– rados em volta dêle - sua mulher Cesária, mestre Ga\t• àêncio curandeiro, seu Libó– rio cantador de e1_nboladas, Das Dores b.enzedcira de que– branto, e sobretudo, o cégo pr.eto fun'li110, que. de v~z l?m quando, tímidamente, opõe . ao~ es:ageros de ,/\Je:i.rand.r~ a voi da razão - forma1n um g-rupo de pi;totesco not~– ve1. As crianças devem !êr êsse livr-o deliciaruis; os d•e– mais admirarão que o meni– no sem infância, o 1nenin-0 a quem os sofrimentos tr!lns– ,formà1,am tão precocemente em adÚltot soubesse ae.êi- i;a'I.· tãô bem o tom difícil da li, te1·attua intant.iL ,,,,,,.. <::i;cclusúo «.1. t• pa11., ' .\., terra fague,fr.a Do Senhor. do céu, E' a glóda primeira: Bus.Ana! Fe€bam esta primeira par– te as Variações sôbre o no.me de Mã.-io ae Andrade, poen1a de há vj.nte axios a'trãs. :mur. to no espi.rito do tnocfert)is– mo enJão vig.ente; . e vólunta~ riamente emb'ebido -dos pró– prios tics poéticos de Má,rio. D~ppis: da evoc~ção do am– biente paulist;lno, de uma minuciosa nosta;t:gia, o poeta tl~sf-ere esta nota ama,:·ga: 01' ~tme~ são hon-1~~ . l"ol'..Jsso llf ..' QUE Ó.S ~R ' Com os d\lt':e.mentes dos nân- Cquins-' màS melaiu,ólicos S eguem-se Lira do Brig:i– deiro, Outr.os J>oe)na$ e .P .... 1\Ianeira De..• O mei;mo versificador ágil, ent~rnecid9, malicioso, pér= :ionalissi,mo, se expande por essa's páginas, em que o ~ero a;1uncio de uin cre1ne p~t'a séi<>s ganha foros de poesk~: Jtági.n_as_que nunca são vul– gares, mesn1'o qu,a11do tnais chãs. e que cada ditoso ]))0$.– suid'or d'o livro (cento e dez exeml)lares) (nenhum à ven– d;l} gu~u-d~r~ . pom av.are~, e e1ume. · < • ' '

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