Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1948

• • • • - , OfRETOR • ' I , RIO - Quem nunca saiu PAUL'O MARANH A.O d~ RJo, ou conhece apenas as . . . , ..,.plácidas re·giões sulinas cuj~s f Supl rMr:1.ayn \ <;,í1"üR~TURN paisagens 3rdena~a~ mold~- . · 1:. lt.,11 U · r..am sugestoes tur1sbcas de fe- _____ ORIENTACJ.0 - ri~s, dece~o ficará sempre itt• trigado diante do ipundo des- 91 conhecido representado pelo !/ nort-e do pai.s. Essa vasta fal• :ica territorial, cujas capitàis · 1itp;rineas siío escalas de ae-: ..:.------~l ;., raporto, · suscita,rá um triovi- mento de curiôs)âade e te• mor. E' prec-iso ter "nascido nesse norte iàbuloso, que. a um. sociólogo ou a tim témpe• ramento pitoresco pode evo– car a India. ~ara co1npreen– -õer certas simulã.ri' dades mr,– rais -e psicoló$(icas que o ha– bitante llo asfalto não está autorizado a anret:iar. " .. )/1 , C.OLABORADORiES : - Alvaro Lins.. A:ton9" Rocha; Almeid~ Fischer. A·lpllonsus de Guima– rães Filho, Au.guste Fr.ederico Schtnid~., Aurelio B .-p;i.que de Ho4tJda, Benedi~u Nunes. B-runo de Meneses. Carlos orummond de .Andrade, CanbY cru·,. Ce:eilia -M-elr-eles, Cêcif 1'1-eira., Cléo BemaTd~. Cyro dos Anj!)S,. Ca.rles Eduai-do, Daniel Coel~o de Souz:i, F . Pa,ulo Mendes. Fem; i.na~ Ferrei11_?, ,de I ,oanda, Ga– r1ba-fai BrasiL liarolcto Mar.l\nhâo. João Çonite, Levy Bali de Moura,, 1, êdo .Ivo, .José Li'ns do Rêg-o, .Jõa<> ~eju!es. M'antues Rebê1o, Mário Fanstlno. Manuel Bandeire.a.. Max M;arti1ís, Maria .Julieta. Orummond, • Muriló-Mendes, Orlando B1tar, O'tto Marta C.a~eanx, Durante a tentativa de #'. , ' 1mpeach:nent' do góverna:for do Piaui. inúrner-0s carioca1l ficaram h·o1·rorizados com o .vo.c-abulário político do \)ovo , Paulo -Pfinto; Abreu R . íle S-0112:à Moura-. 'ltog:er Ba.'l'– tid'é, , IUba-nur ele 1\~oura. Ruy Co1rtlnbo. ~uy ('".Ui• -. 1 . lhenne Bar.ata, Serr;io l}fillet, Snltana l ,evy e W<il- , - -son ~ _ _ --·· desse Estado. que se .C:Ólocou -0entro da seguinte nor,1na de acão: "Se "impicharern" o go- - vernador. nós •respicha" oN depvtados". EntretanJo, para quem nasceu no norte, t!SSa ousJi.da definicão política não causa inquietacão, tur.a vez que seria consequência nstu.– ral apesar de per:igosa, de um fato revoltante. como a degola d:e u1n a1ministrador oo,· mo– tivos tipicamente esoeci·osr\s. "' .,. . ,'i o ·TAS LITERÁRIAS Auto~etrato De Je.$e- Lins.Do Rê.go . ' DEZ.EMBRO DE 1947 . ' Certamente. os metropolita– nos nã(). poderão entendét nuncP. em suá o'lenitude psi– co1.;t?;ica. os habitantes da.hin• terHlndia brasileira. co.m :is suas leis inflexíveis aue em muitos lugares -é a-}ei do tifle, , '.[enfio. \-uaceii,<1 . e seis ~apos, màreno. <"a.belos ~retos. con·, ..-,meia duzi'à .d:e filos brancos, um· ~etre e 74 centlmef-~os, ,ca– ,.-- sado, .~m :!" .fi_lhas e l#gênr-0, !16 qurlos bem pesados, rn1;1ta sau• de é. muito mêdo dé mori:er. N.ão .gosto de t-rabalhar, nao fumo, d~~.nú) com muitos sono.$., ,ce já ~scre-vi 11 romances. -Se chove, · tenb:.o·s;µdades·'do sol. se faz ·calor. tenho sa~dades da ch:H~a. planificação - conquanto sal– vaguarde a existência das eli– tes. Seria a transformação da verdade em Fato, algo come, a rP~Tb:ação do Espírit-o. Este conceito, é. inegavelmente. he!'(elia.n,:,. Em Hegel, na ~s• piritualidale dàs suas leis d·e evolução histórica pretende Mannheim abrigar-se contra o hegeliano Marx. Adia11ta? O próprio conce:ito de leis históricas. racionavel me nt ·e formuladas, é espécie de transcri<:ào do conceito d-as leis da N,itureza., n1atemát.ica– m~"lte f-ormuladas. E esta "r'l• c !onalizar.ão " das !ôr.ças ce• j!!as da Natureza provem - rna·is un1a vez - de Baco·,1! Co.m efeito. ó a\]t<:Jr d-0 pro– verbio "Kno\vledge r.; P o– wer" expôs em "Novum Or• ganum" o pri'lneiro progra– ma de planificncão técnic:i~ uma elit~ de cienti_stas-. ra• • V-ou ab J1.1,i.ebol, e sofro como u1n P.Obl'e d1a~o. J -o~-0 ten1s, pes~iinam-eníe. e- garla t'Í!do_ o__ara ~er o meu étube ca,mpe de tudo. Sou homem de pfl•X,o~s vtolen~. 'I'en~-0 o~ ?qder oe Deus• .e fui devoto d~ N-osi;a Senliora da C-Once1çao. En• fim. Hterâ_to· <la ~abeç:i a-Os pés. ami~o dé meus a~igos e . cn paz de tudo se me pisarem nos,. calos. Perco · entao a cabe<:"< e fi:co ridicúlo, Não s.ou mau pagadl)r. Se tenho. pago. mas s não tel)ÍlO não p ago. e não petco o .sono, 1'6t: isso. Af.inal d cóntas so·u um homem , como os outros. E D~~s quclra qu assiu, chatfttur · UM 'ROM.l}.NCE DE l' A-Ul,KNE.'& • PlM'a e-ande nút'l"ero de . , críticos.- William Faul:kne--r e N·OTAS SOLTAS Êdgard Cavalheiro. escritor paulista. que viu seu nome consagrado depois ~ havc:r publicado a i:ua hiog-cafiJI é!e "Fagundes Varoe.la" e urn en– saio sobre a ,..ida ~ a poest;i de Gat•cia Lnr.ca. regisL,,a ca• lorosamente a ilnp_ressãó que lhe ·causou "Presenca- de Ant- . , ta". . r.omance àé. Mario .Do• nato, que- estâ · pa-l'a ,!'er Ian• cado por êsses dias: " Lí êste ron1iu1ce há mais de um ano. A primetra impressão que me fico~1. l(nfo apó.s :1 sua leitui-;i., f()i ter rível. Êstava ·diapte ele uma obra literãria JncriveI• d · t 'd " mente au acioi;a e a t·ev1 a . "São pá~nas· Q..Ue nãt. '. lal,g/.\• mos sem fúnd:as 'etn.oi :;õe~. Fundas e perdun1veis eni-o• ções· ' incontestávelmente a maior figura da ficção americaua contempQrânea. E aiiida "ª· r a êsses críticos o s~u melhor l'Omance é SANCTUARY. ;<\:s, sim, a .prci-meira tradúção bra– sileira· de · um ron1a nce c;te Faulkner não po<\eria ter s fd 0 ) mais acertada. Escritor vigo– roso, às vézes, mesmo. suüs– t ro. Faolkner vai buscar os t ipos. das suas hist(.rias no Sul dos Estados Unidos. é11t.re brancos decadentes e nee;i-os remanescentes das v~has p-lantac.ões "Santuário" -apre– se11t:.. dessa maneira. uma ;é– rie de personagens mareados pelas mai'S ~ _tr.annas t-<1l'as 6 CGJ!tn) le.xo '§: o sádico Pop-eye. 'Femple, a jovem domin.ada IN MEMORIAN . ~ ': pelo tnájs negro vício. ftorã• (Conclusiio dn 1." pág.) cio, o advogado AUé fazia <la Bacon até Mannheir,:i, ne_ga– de1onestid,ade· sua arma, e ram a ind·ependência do Es• tantos, outros .. . 'Niió ~j sem p:irit-o; e agora êste· não •r-io• razão que .A.nclré l\,falràux derá sobreviver em fiice das' disse ser êste livro um mista dou{rinas e ações da yiolên\ de tragédia !grega co1n r.:i- çia. Nesta altura ocorre no•') mance policial. Traduziu-o vamente - co1no l ongínqu::i para o português Ligia Jun- r.e:miniscência - o prime;ll'o t}U·<!ira Smith·. a pa1·ecimento, de idéias da "11<>- • - - •ciología do Saber" no primei- o último nt'unero de "'rra• r-o teórico da viólõÚcia artti– dv:,ão" (reYisl,a de ctlltlu·a, ideÓlógica: em Maquiavel. editada em P-etrôf)oHs)--.:traz, .1'F~s.. sécu1os mais. tal'.de, será .alêm de um ensaio do jove.m )lfapolêão, "I> p.rime,h·o- di~dor . . ' bitióriador Luiz de Ca:sh·o e· ·•mod~o, que e..xprime des• SeU7.a, arti!!os assinados po'!' pre-zó ptofundo êooh;à os' teó• Hélio Galvão, Manuel A11sel- ricos do Espírito, chamando– mo, 'Mesauita Pimentel e 011- «'ós de "ideologues", criando t1;os e~crito1,~s. ,., dês.te moâo""o t_êrmo p.ri :nci,pal ,1 -. -- d;,i "Sociolog.ia do Saber'.'. Ho• Os escritores ele todo o Nor• je o mundo pertence aos Ma– te r-etn1ir-se-ão. brevemente, quiaveis e Napoleões de todos em Recife. a fim de di~cuti- os -matizes. A V:e-xdade -está rem os _pl_'oblemas comuns aes se.t1dO esmágàda pela :fótça, 011 homens de letras da região. então - pre!er1ndo-se ,expr,es,;: ~mbora os entendimentos se ;;ãv sem cunho polêmico - pe• processem com entusiasmo, la ·"realidad~!', pelo Fato. · , ainda rião- ki ma-rcàcla a da~ Come í1nica, salvaçã-0- afi-gu. C. Conlfessó, ,a•se a Ma'lllheim· a- ptópr.ia . . ... ~ <'tonalizando a vida. toman- do con ta do mundo. E' a íorn1a modero.'\ como civiliza!;)ão técr-i ico-capitaüs– tica - da voe.lha utopia de Plàtão de um Esti ;i.do gover• nado pelos filósof-0s. Bacon. o inimigo anti-p-!atõnico dos "idolos". f.oi ao mesmo te!nJ)O o Plàtão do mundo modern:l. ..\ situacão de )vl,anNÃei n1 é exatame11te a n1esma : o anti– ·:oiatõnico da "Sociologia do Saber" é ao mesmo te-moo o platônico dá planlf.icação. ;';e o pensamento de Ma-nnhei!n ::;e rhoca con1 a realidade - então êsse choque- é a própria expl1ca~ão á'é todas -as,.contra– di-ções íntimas da nossa civi– lização: é por isso - para ci– tar um exemplo entre· muitos - que os monooolistas de• fenden1 o l Lberal-ismo econô • mico e os socialistas o eapita– lismo do Estado, Por isso também acontece que t odos os ''Planos'' · sejam os ae Stalin, Hitler ou t1arsi\àll. se ba• seiam e;m "VI!i'dad·~s" para t:azer triu-ní<1r. ó ~•Fato~' que. -esln9ga, a V.e_rdàde. Rela,tivts– mo e Planificacão -;- a ciên– cia racionalizada e a 'fôrta O,· ga,nizitda troca-ram as armas. Karl 'Mannhei1n definiu a co'I• tradição em Mannheim. ela ;e tornou consciente. Dai ele foi personalidade represenlat!va da n.ossa época na q1:1al o Fa~o ti•iunfa sobre a Verdade e a p,rópria ciêric:i.-a ra.tif.iea .o .ve- ,redictc) mortal.- • ''Dispei;isam-se comeniá.r.ios". costumam escrevet· os }orna- 1 ., \ -- _, , • 1 • 1 a I a FOLHA DO NORTE (Copyright E. S, 1. com ~xclu~vidade Contudo, a metr6pole nã(f - para a FOLHA DO NORTE, ofêrecia · O/:l encantos necessã• LEDO IVO rios 'à cativar sua alma rude. seu~bitos bárbaros e a ex• f!lmilia, nada mais natural que formada em paisagens áspe.. plor.a•iião êconô.µriui do homem desse a mão de uma de suas ,ras e viris. Havia n'O am-bien– pelo homem -em' :Circunstân'.cias filhas a _um_homem que, sen• le alguma coisa de feminino mais dramáticas do. que as re- do seu u-mao, multo lhe me• que não lhe agradava. Ao ve-e fletidas pór muitoZ ingêntto .1:-ecia. O viúv~ montou :a ca• diante dás vitrinas, hpmens arau~ 'da arte dir1glda. O me• va}o, dJ;pl:>re&u~o e foi fazer a côml>oiados dociltnente pelas ridi-àno geográfico já é pó1' s1 _~ita de praxe. Esco.Theu a suas<j tni;isivas e depiladas se• pertµrba·dor, em alguns l(iga,.-·mais velha, pal'a não criar nas nhoras, ' comentou francamen• res refletindo a pureza iflr a outras nenhwn cQinplexo de te para sua esp.ôsa e sobri• aválanche do prinç_Ipio do inferioridade. e com. ~la se nha{ mundo.; o elemento humano casou, levando-a na garupa -Raça de moleirões-! Apos• sera/ um enigma muito _mais do seu cavalo para uma de to como ,lavam até os prat~!- denso e inguietante. suas propriedades. Era um dõmingo de sol. :-1!1 D~se, notte cálido e miste• No dia seguinte ao casório, filhas falaram . em· ir .assistj.e riosci, d~ sol e de chuva, de despertando .feliz, calçou as ao. banho de mar em Copâ• fazenda e plantação, chegou, .botas -e foi apreciar a estréia e.abana. 'l:!rajado· num linho hã alguns meses, um fazendei• da sua jovem espôsa nos afa- branco engomado, lá se foi! ro decidíà.o a morar no Rio. zeres domésticos. Esta, que êle até a praia. N'ãO se imp1ces• Inicialmente, recusou-se a re- preparava o café, ao vê-lo, - sionou com a beleza do mar l! sidir em uma "caixa de fós• saudou-o como ele hábito: a mancha densa de banhistas foro,. - apartamento, em lin- -Bênção, meu· tio. q,ué SQ movimentavam n a ex- guagem carioca - e perma• 1:le ~orrJu, malicioso: . . ' tensão da àreia, Apenas, em neceu num hotel, à espera dos -Deixa de ser b~sta, .men1~ -um momento. seus olhos !!e intermed-iários que se com- na! Onde já se vi11 tomares a arrep,;alaram. D.iante dêle e de -pro.meteram a arranjar-lhe b ênção a teu marido. sua fa1nília, passaram al<1vns •uma casa cercada de árvores, Assim era êle. Vint e anos j á rapa7es vestidc>s nesses ;aiôs com terr.eno para horta e olt• se tinha, p~ssado sobre. isse f19ridos oue, adotados em tras vantagens. quadro matinal, -mas êle co'n- Miami. estão fazendo . fur•Ji' El!'a um v:e1ho rijo. que sem- tinuava o mesmo amigo de éntre a m·ocidade elegante da pre àespe1:tara cedo e fôr.J !etts campos e seus gados. só Avenida Atlântica. buscar o leite no curral como JUStao d o contas de seus atos O fazendei ro olhou lone;a- quem coÍhe. oaia sustento, o ª si ir.esmo. mente os ra·pazes Cjue s-e afa~- órvalho de Deus. Poderemos No Rio, passeou mulher e tavam, com seus cal~ões flo, adiantar que se casara em se, filhas. pois os rapa.zes tinham ri?'o,s. de ~ores dif-eventes. De gundas 11 .úpcias c-om saa pró• ficado em suas fazendas · do sub1~0. v1ra!'ldo-se decisi-va– p,ria sobrinha. A história, norte. sl!nhores da terra e dos mente para a sua companhel– alrás. é ·oom simples. Tend,;i homens. Foi a cinemas e a ra, file disse: enviuvado cedo. e se11do mui- teatros. atravessou ruas e _prA• -Mulher, o diabo- é oue to rico. decidiu equilibrar a ças. Muitas coisas o perturb::i.- mora numa terra destas. Vou• sit.uacão financeira do mano vam, A Semana do 'rrãnsJto m-e einbo1·a amanhã .mesmo. mais v-elho: tin ha êste. ein sua . não O dominou. E. foi,- cótn as filhas. a mu– fazenda. a~l?tl!ilas moça·s cá• -Não ª nd º éncabres~o. lher. e uma raiva síleoc-io~a sadouras. Como os costumes Quem ma nd ª em minhas per~ dentró do peito. Et'a um hO• ela terra permitiam enlace nas sou eu. Ati'av:esso quan• mi:im áspero, resolu. to. Era ,,.,~ do quero. h d .._ que não saísse1n (!o ãmbito da ·omem- e palavra. li.<tas en1 face de um f,it~ es-• p~ntoso; mas os comentários na:o s_~riam im.possíveis. Exis– te. no fundo da "Sociolott1a d·' S b " " ,v • a er , uma contradição, . a mesn1a qiJ.e já se encontra n o fundo: da teoria baconiana dos idolo.s'. .seriai:i estas qualida– des ps.icológ,.cas do espfa·ito h.Umano, modificáveis poi·tan– to, ou, ~tão categorias epi:;– ten1olog1cás, imutaveis e in– superáveis? A m 2 sma di'.tvid-11 se aplica às categorias 1e :r.'.ta~i~h.;i:-.:: i;s suas "condições so_culls . seriarn· fatos ou fadps? At se v1slumbta a ROSSibilioa– de ?e reestabelecer-se. aléni ?? . 1dolo gue é um Fato. '"' 10 é 1 ~ q.ue é a 'letdade. Na re_ahdaae. o Fato .às v-e.zes trnin_fa sobre a Verciade. nias por 1s;,o o Fato .>inda não -•e torna V:e~cbde. Napoleão, 8 gr_an~e .;n11nigo dos "ldeolo– g';}eS • Ja o sab.ia bem: "Há uma luta permanente entre o sab1·e e o espírito; e enfim é sempre o sab.1,e q'Ue pe.rrle . batarha~. ' 1 Retrato dê .. (Co·nclusão da 3.• pag.) e que tanta.s vezes deses;,e• :ra-ra de alc-ançar. Lemb~-0- me de _uma n.oi -te, quase d~ iirverno, €m que caminhava– mos pelos Campos EHseos, conversando sobre cs -sere,, terras, e o destin,o; a m:Bha 1naturidade se re,povn,ndo r,o. calor daquela a.lma de poeH~. que adivinhava tudo, que pressentia, pela i.ntui.çã -o, tu– de o qtte a'inda désconheci;1 e não .e:s:p·el'iment-ara. ~ colherão, em Paris. essa poe– sia que é tão diferente da poesia em curso, da poesia que <>stã nii. moda, da poesia gons? Inquieta-me o destino desse poeta, o seu desti!lo nêss·e áTido, n€-..sse terrivel e • Que fará . o áspero Paris de hoje dêsse Elo! de Gran,1- mont, capaz dé encontrar, diante da ama.d.a adormecida um lirismo /. tão contido ~ v e r d a d e i r o, como nesse "Sommeil''; ' 'Tu do~. e .., omme un oiseau [en Jlem Dans Et le Falt un arbre vent tre1nbler d es sourires Centre tes levres. Uma Testemunha . .• · (Conclusão da 3ª .pag.): non p lus ne dure. Mêroe la douleur est pr.ivee de sens". confessa éle, ex-plicando a ra– zão de seus crimes. Para íazer vjb_rar essas cria• turas vazias, é precisa g,tre lhes s1:1ceda alguma coisa d'! terrível,. como aconteceu à ve; lha criminosa que m~.ta o próprio filhe sem o recon'he• ;re pars à lã poursuite àe ton cer. Ao deescobrir a verdade,- [rê.v.e-- ela ·s6 deseja a mórt.e, não Ioscl'it sur Ie plus frêle des que a u-iture o remorso, m~s (papiers porque se sente indigna ct_e · renaseer ao am-or pelo sofra- Tu aors envelop.-pé de t-On vt- mento.. rsage de mistêre P01·que não conhecem a dor, Et ile sais que t-('s yeux, queJ- n-ão conàec~m também a ale• [que -part, gria, as figuras .I5etrificadas Smit ouverts sur un monde que se mov~ num univer so Ou j'ai perdu pled". .a que nada as liga, a não se• Será que os Jetradoo, os rem os sentidos; e mesmo ê,;– críticos, t9do êsse mundo que tes só d-ão ~· c1c11-tos momentos se a,git.'!\ , e rode. em tô.'rno da. de gôzo. se1n repercussii.o, ce.isa Lite11ár.ia, tôdas essas perdidos na ba_ça monotonia t>iXperi~ncias que tantas .ve.zes de uma existência automáti• ca. Assirn, ao na;r,rador de se enga.naram di~·~te d.e grandes natu·reza,s e,. de fJ'\ttos L'Etra;nger · é tão indi-f-erente n~vos, não se1ifirão Cllle êsse à mãe que abancilot,a como a namorada que c-orteja, assas• poeta é ·diferente. rJue o au- shia sem sab.er porque e se vê , tor dêsse· poe1,1a "La nuit": condenado sem perceber o "Son1meU en pas {tragi!es, Sommeil sen1'blable au. j_eune [animal, de ' 1·ingúié– [tude. \ lncroya.ble miroh· ~( Vivekient tu a·slaissé t-0mber [les murs Et les bras en flettrs t'em,– [portent Au cour d'un pays on l'eau (et le soleil Se regardent ~u fond dés [sources que fizera de 1nal. Não há contratos reais, não há ap_roximacções fecundas en– tre a gente de Camus; todos permanecem alheios a.os QUe os cercam, mu1·ados nas rea• ções. elementares, as únicas que exper-in1enta.m. Os ~'Jari– vic!~ntes, os revoltnsos, tê1n doítí.o ideal "a estúpida felici• dade das pedras". eles~ IIl:l1IÍd0 literl1io So.trune-11 dés fr.ancês, · que at1•aiu o can,\– dénse, com uni~ fôrça trre• si~tivel. Que farão dêsse jo– ve·m sério, grave. capaz d:é resistir à 'PObreza, que fa rã Vl}:raires, deir E nãe será esse, embora es– c.ondido sob fórmulas senti– mentais, caducas e gastas, soo gestos de uma c.ordiàlidadà iateir-amente formal, o idea! de nossos dias?, Esca.par. aos cuidádos, evitar a inquietação, f-0rta-lece:r--se- co.ílti·a a ternu– ra, elidi-r enfim a capacfdae.~ dé se1ttic, de como:ver-se, ·de dar de si, que sempre foi :t" maior n obreza d'o homem. é o que' faz a grande maioria dos que povoam a terra, pensan• do que vivem. a viela literária de Paris dês• · [paradi~ Et des joues müres. Sommeil de l'abànâon Somm:eil, Derriier bra.s sorti Dans la :oui étoilée cruel, se poeta., cuja voz é tão· p 1 r– :ra? .,Que farão dêsse cana- ., ' : de l'ln• [con11u•>. densÍl ainda impregnado, nos E' uma voz verdadeira, seus pl·imeitos versos, do uma presença ·· nova, algo de seu mundo .m-aterno: - -a-utêRUco, numa lto:i:e. em !.'-Le-.soieiI sonne aux portes que a jove-ni· ipoésia francesa Et dan.s de gr.a'ndes chamb't'E!s .pârece mortalmente ferida, S'éveillent. les bras bla.ne & pela s~cura e pe1a ati:oz: aa.- De celle que l'en .aimé", sê11cia lia in~ncla,, Ter denunciado tudo isso . . eontêl'e rar.a _§i..~if~c.t1~º à obra dé Albert Camus êiüe, mais do que gra11de escritor, é uma testêm.Un-ha, unia tel'ri– vel test.e1nunha.

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