Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
/ . • ' •.- -- • • ~✓...cr~O'"✓~✓..o'"✓.r..o"..»-~;- ' • -PASS~ADO E .FUTURO O , Poeta E A J • --Lúcia Miguel PEREIRA_....., (Copyright .E.S.l. .c,om exelusivroa'.de .para a FOLHA DO ·NORTE, neste ~dó) .-- Carlos '1::>.RUMMOND DE ANDRADE -- (Copyrigllit E.S1. com ex-clusivkiade para a FOLHA DO NORTE, neste Estado) • --- · . ~ C'lJRl'l'~BA, j_ulh,o - 1'Jaçhado de "Assis..ganhá no• sr. l ;lafre.to F t.l:ho (Introdução a Mach'il$io de Assia- - Agir, 1'947), um dos .seu'S máis l\icl<t9s e ma(s in te)igentes -:intêrpre11es; e pãi> ~ o mais lú– c ido · e máis inteligente simples– mente porque l)ie. parecé díí\ci1 concjliar a ségur'¼nça (las· a,tü·– :in§:çoes absolutas com telaefãQ. l) 'll!U rQ{l'l.a'ncista que. adm1~e ~ão ae-senc6n:lrraidas, mas ap mesmo ·~mpÓ. . ju$1,1!icaveis. i,nterp.reta– !;ões -ao. redq_r. çte -sua obr;1. O .qlfe 1:e,n -acont-éc1do com .o autor de l>.. Casmurro e a singularidade de cada um ti;,;,s• seus melbo~es intérpi.:eles ou . biógra:fos ter al– cançad,o uma parte dffereiite da verdade a seu ·rei;pei:fo; e a f.un – ção dos qué se s,11c.eden1 é' justa– mente a de , pree-ncher oS: cl atos dei;,;:a,dos p elos· o.utros. ·o livro do sr.. Bai;teto. ·Fíl.Jí'o teve uma a'iµb.içâo ma'is ampla, , quase totalmênt.e satj:sfeita•: re– c:luzindo-a; einbora. n um m!-111- mo de considetaç.ões biográficas, p,q_rql)e. é o mo 9b.serva. muito ,a(feitadamente, "s.u a vida- .riâo z;e <J)as.S'Ott ' nas su3,5 mai,ifestações exterJ,;ires", téntou e realizou e1n €r.ande ·p3rt,e utl?a completa i,l· teli>'t 'et.aç· a o em ,,profundiâa<l·e, d.i qual o ,entgi:náfloo r oroanelst,1 ~-qs– is,al g:,andémente estjJ1_reelqo ,!tn aJ,:,;•"tl~s 4AS~J.UIS i1íficimlJl,g:..s • f-m1I$"" l ~r,tt,rnt@l;. :C .,.., ..,; · (l\le .if&m ;odas as .ifi·• , ----------~ • Diretor: PAULO MARANJ;IAO Nl;JM,. 36 - --· . RIO - Julho Poeta ig- n-0rado do grandé público, e ignora,do, dest.i v1tz. nào por oulpa do público. é o sr! $yl• vio da Cunha: de !;eU. t)rimeí-· ro ,livto tirou l25 exeµi-pla:res, no segundo 80; ·e· ambos fota do· cometcfo. 0 poéta nãó -se most.ra . nos lugares ditos lite– rários, qu.e são os luga!l'es me. nos literáriós do mundo: o café e a ti1rraria. E' .,esquivo. s~m se; difi-cil. delicado. anti– rad~fôniJco, interiorizado, sen, sive'T: e pó~ p qeta. Natural ql;],e o '.não .,con,h.eça:~ ~ 1.~!~ tores de s~le~en-to. Sem Clppl. q u•er. desdem por esses. clte_n-_ tes que· se .'ab.as.t~cem d-e no,$• sos _p,ródutos aos d.omingos, não raro pa;ra denegri.los du• rà,nte a semao;i., , ele _pi:efete compor .é ~a;i;d;.•r, e <1s, éü.i· ~ções limitll,da:s qüe · fe~ .de ~i:'. P.Q?m.a~ sã9 .. <1ut.riis tantas f.'()il'"' I11as d.e e,scie\1.ê-1.,os, ~ãp de di– 'tUlgji.f~.. E '· pajneavél à~' su– gest&es d,o ,t~xt9 ' Wl.P!:e':S$O, sa-. be, o q-ge -~ tipQ,g·l'afia, como. ~o ooso-de Un. coup de dés ja- ~ • .. to m~is n'abolira ~ . basard. acrescenta à .i?~i.a, e dj!Sp.ôs:- se a.. faze.r ele ·pró~.rio. o S$!U: volu;mezinho. d•e· trinta éxe-m– ~lares, tra,balhanjiO,tO à t mão E>m . peqtterr,11 - oficina. , do,1nesti- . ea. Ess~ flFtezana:\o !ícr-j,eo ~ t – f ora pi:átí,cad,o e~ e:xi~o no, Recife, .p~lo sr. . .V.ice:~te do R-e– go J14onteJ ro, e ç tenta<l9 ª'[{?· ra; em .Barcelona. .pelo sr. ,T-oao Cabral -d-e M~Jo .Neto. Aílv1rfa• ~e~ as eqi'!:.Ões (lo sr. $yI'lti,o da Q!.uhli~, •rião · são êd~õ&.: d e .luxo, e que ele nªq -ceJ1s2iler11 . a . poesia COJll oltios de gr;in. fl,no sen;ão de poeta. Que não é. nenhum inim.i'go da contli– ção h1J,1Pana, e rente eID se-u coraçã--0 • a , ma·ré as,oaidente ll es– ipti.n:\-O:Sa de itlqui-el1Jd<1s d-0res esperan_ças,dos ho– mens.d'o tneu tempo Que é im:licyidl.!J(). pf€Q<lupaq;-o com. o desenvolviment o. da pesquisa · cientiiiéa, ama á:s ex.pexién-ci,is de , labora,tõrio e fá .há anos tinha -a i.n;tuJção R,oêtl,ca da b~mba a,!;ômiéa. nootes vexso,i; 1~ir,a4-os, em , • um po&tula~o de físif !!,: Cada hompgêneo é .em -sI fwn . heterogêi;teo qtt~ {,pode ter a coP. tinJJi<la– [<le~<!a <;Iivisão 1nfipjta •.. Minha f<>tma física s~ di– Clata inauditaín:i'en,.t,e e so [r'efr:iz. ' , E: Jina-1~,enre, ~ue a . g,uan– dt co1~a huma>na de-s:ua ,.p'l,,e. · sii\,,':~i:n-dà .a .m11js C9J:1,ll ~1.tr .,q,.C1a" e ••ai~~if'l 1 e; a mol'te die,; ,u.ma criança, ,sua filh~. Ell:! $le1i n:o. me a seu pritn-el:r-0,Ii1v,i,o> •Cons– tàntJI., . e pair-.a :Si~ô.a sobre o , • t~1:r!H1'9 minimo~ po:r~m ,tão lr)ú1fiP.,Io, D'Ji< sua flui~z, des– sa pla.gu ,e,tte: ----- ... ____ _;_...;_ ___ ....;.. _ _;_;__ ____ .;.;..._;_ __ ....;.. _____ - _______ ..,.... ...... ____ ---- ,de ·,m-enospr.ezar. too:~ a, it:11,,01\,t• da luta, qne ;M•acl;al:t~ 1 certap:ten-, t e' .t eve ,de' :suKtentai; · 11ª.,l'S/i cheg~ onde cllWPU, ,talvez wn po~o ínospj!raâlu.nente para ' êle -mi!s– m,c,, ' om tr,oca de unla es,pêcie de ro!.'eixo iué' o m;mino M;;,.cJ1a- • UM ·,INTÉRPRETE DÊ MACHADO . . . m·ações do sr. Barr,eto Filho oo- ---Wils'on M/i;RT!NS.___ que , ·lha: pe.rfll:hassem sem mais d o .teria traçado r 'Qll)O' à g1oi:1ii d.em ~er a-dmitidàs, pelo meno.s estudo. -~ , de ;i;>rimeir-0 esc,r1toll, l;?ra.~é~ro sem uma demoi:_ada dlsêus.5âo . , .• • , ApesaT de. tocl'o o fascínio qt1e qµe seria' um dia. . , µ>,. .sua caracter-ização de. :Ma- (Cop.yrigb.t E.S.I., cc:ím exclu~ividade, no .Pa~á, piµa ., uma . c;ira,c-te•r!zação ttá,gka de Den1;rp" c!~l;ac ot;entação, co.ie chádo como úm '"espif!to 'trâgico, a FOLHA Iio NORTE) :t,ia,clia,c;lo exel'ce sôJ)i;e ó J\0$$<>, se fi.I::r~iou, o, s1:. Barr.~to Fj.lh.o no :s,enti,do· ánUgo", ·,P9.r é'.xe1n~- . -~~fdt o, prin. ,çllpalr.ne ,nfe .por ~çir- n:ão pódeila ~n~o.nir~i,.pã-rã O· vi.• pJo, é d,as gué' •eu não posso \'C• •~ 1mperf11içí\o lnco,rrigivel ao ·abandonando gradualme11te o n .ecer µma iu.t e:r:prelaçaõ aipa- $1:V:el -ress~nbmento •ll'Hl~aéjea:%1 cebei:· ein toda .a sua pleni~!,ie, . a1'1imal humano. · p~ss'lmisrilo· j>ara se· tornar, JndRl• :í>en·t~m·ertte · fácil é .aé>va ~a?Ca óutfa !011.te ·seríã'o ·:'um~ qµêl x-a Porque me pai::ece muito di;ücil ;Não deixa o s;, Barretó Filho· gente 'e desalenta<!o (,pg, l!l3), s'e- alguns dps f .eu~ enigmas menos da vfff!l pe1à ~ú;i con.tJJtd~]io· J!i.. hJli'm9nizar um espiritó tr.ágiçl> de assinalar as i1npurezas que jam quaj.s. ío,'eln os motivos que tr.an ~paréntes, não possg aéom- tr·ln:$eica, p.elo gra.il .<le artro'r 'qi:re com o tempera1nento h_umoris,i- •vi,cil!,lll a obra de Macha~i'o quan• o, lev,arà_m a isso, in:xpru;~ib!Jita• panhar o sr·. Barreto FHbo nes- ela de-i,pertà sétn ·se.: êá-paz de co qu'ª o sl'. Ba.Prel.o· Filho tá:.)· do a qu,eremos encarar como a ria a :floração- · de· um genuino sa !}ame do S:ff tra,balb,o:.. . satu~~t, p :e.lo . S!i\l ~aiá~ei: ,efi!-1ne'- be·m recórihece em' Machado de de um espírito trágic'o . ~resmó ~pjr'lto trágico, tal -co,mo o cov- Tamõem nao pqsi;o acompa 7 ro" (p.g. 154)'. •rudo ··o . que sei Ass1s, e o m o uin;t "iµclinaç~o admitindo Oui11.c"!11 . Bor)>,a cQ.ljío ,,· te'jiuàn1<is em lit\?rat.url!. nhá-lo no ,se,ntido hnEiar e cons- dessa, atitude ou de.$Sá ~oe.i}ga inata" (pags. 132.-155), · e ainda ui:pa t rm,g~dla genui,n:a (pg . . 165)', • · Essa questã·o, que constit(}i , u1n ,elente· que at,tilnll a, vbcil, e ã. is- e,sp"l'itúal .cont<f.aria a ' in'te,lp~– ,c~m .o fato. 11_1 egav~lmen~e per• o que J!i;ÍO debta, dét>S(;lr arJ.'oj'ad'o, d<?S pÍ: ii.éi '[)aif· 'e,.w.ai.s :i;i:npo~- oon~ão social · de, ·lv.l'.achado. N•rr.r.r t1~ã·o. 4? .st. 'B.atr~to ' l{íH1'0 . O -turbador, de \?'Sse .pr-etenso trá:- d-esqe qQe a tragéQia em. sua tes P.'onto/; de vjsta ão sr. Bar- Jj~o tão 'inte-li-iienie como ês(f. 1 ·~'nt,hnen\-0\' i!b<iíVi<lti'a1'1nente 'glcç n ã.o tér escrito reà'lm.enfe. e~ata si.gnif!cação não admi;te reto "Filho, n ocessit;, ,ser -es.cla• é"cí~pl0;tavel en.coJ#rar ~m <tos cop,sj~er-aqo, 'não pddcé 'fer· outras nenhhma tragé_dia-'-nem a tràns- -nenh.umà intromissão do menor •'.reeidà com· certo · cúidado,, pelos mais' comuns .dcefeito.s do!, bió- !optes·qve as de beg:a·ç:õll'S ou de .criçâo x:omanesc;;t é!e u1ná 1;rag_é- x~squici.o de )1umo~. sendo· com.o pe.Jilgo$ a que uma- geJ'.lél'alíza-· gra.f(Js medi_oe.rei; gu•e é o de, vis• *usti:ações i,a ·prói?,:i;.là P.eí' sorm– dia, gµe lhe çaberia »o '"stiu· ·gê- é um ,gênero de. esplrito pJ'<ifunc ç'ão · cfesa idéia pooeria acarre- -1:wmbtana'o a vida do herói pa- naaõe; nenhuma ·l'etâ5ão tei'ã ne);o predjleto. o sent'ído trági- àamenté religioso, seria ilnpossi- iar as. :tutu)'as in~rpretàções d~ nora-mreamen'ie e d·o seu moais com ll'rna 1,ciei-a ?..SSWl t11Q •'-"Íllt11 e co· d·~ vi.da que _e?'-iste .e~ Maeha- v;el ~n,con~ar elêmentos purQs J\fa~a<lo., _ja de s1 tão .dif1cei~ e a)tp vértice. supor.Jhe ,, uín~ gal- ~<ira1í~~<l:á como eSl[a _,.df! t;Jrtla: do 11110 é o de UJ'(l "trágico anti- -de trágéd!a ;na obra matha-dea- çlei-iutonahzadas. o.-, est1l(ios · cri- gaõa -retilinei\ .ne~,i mo:nta:ill;la it).satistaçao pele;, in~ompleto éla go", :revestido daqµele solene fa. na. :O. casmurro, reconheei!~o o tj:c-os _nt> Brasil ressentem-se j1is- tã-0 ··mêetta e •b.'a1çóeir.a . Fráses v_!d.;1. A ,!.dmitãr 'i;,ssa futerp;pata– taU.sme p_etante !) oostmo, mas sr. Barret-0 Fil,ho, po'd~da se1 tamen,t,: d,e uma acentua.da f;!J, 'ó(íroo esta: Q'\\_e en:Col\tfo .à ~· -~a-0; to!!,(!,,<:" õ .s h.ómetnS' rto,:maii;; ánies o de um l\Um:!),•islá .mq- um' tra,e,édla _ se Jiã•g lhe bar•· t:i, •!le fi>::~cisão, "ço)iceitiaai: ê iit- 1·2: •~ssa obshria~íío vJt'!)flé'ss1, ~ . ;e.r~am <1·essei,t)dos, ó g?e é um • ~tno. em qu ll.!11 ,1~aimen~e -r,?s~ a .3:scensao à gra-n<)ez~.J,rá• wlnóllóg1ca, e s.e o sr. _B ~xr.et ? das primei'l!as ro•~nj.f~t'aç.ões ctu~ \1'1;/ s it,:,jiõ; al~m <l,!,&SP, , in:(tnwros com»arece -o ".""llt1m.eitõ él'O f,ne- .19c~, tu'Cl.-0 o que a f a:z: fugir do Ftlho tàl vez poss11 . "tánt mal .que se có·r..hece l$Jél ·de s1,1a h\f'~"lif l\.orn~'risi d'üe m~til'f~sta,-ra.m t oil• ~- -~---• , ~ -- ~ -- ~- n"~~--~ •-,,,, ,a- v1~1t.o do. subll, ir.te e ç1a E1Xé'm!pta- J,j-e<1;1.", .dEl.Í-€!!1-d~r •s1.1as ~dé'ral! a vel ·maPi,h4 n,i•a d f:,m ~,i.~-- ~ 1 .f.-fi:,.ª •·,.,;..,. stta• qu•'x.a~ mà1- T.á>-1.,.-u~l.J&,Q..,,..~~-i osa- :i;lôa<l'..e _(JJ:g. 1~4/; e, de. nsto, a . /,ss.e re~t'õ. •o m E::S mo não..que se: pr'opuie-r;i'! 1 jtt·d;ica i_e~§tl 1,,';"u~,. , com,~ u1r.;1 ePn~ ncl.à curva do espinto -de Maobado, a,conie<:erla, ·c~r~rtte; C'Oln os tenô,êz:r.clà dil s.r:1 ~ Bai'.têto- 'iF-iiho Conitiiüía na 3ª. pa:g.)
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0