Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• • L·ª Página a. - . I>IEIETOB PAULO MARANHÃO J ART e ., SUPLEMENTO [uT~uTuRA} \ OBIEN'l'AÇÃO l>J:. f HAROLDO MARANHÃO ----·----- COLA:SORAl)OBES: - Alvaro Ltns, Alme1da Fischer. Aurelio Buarque ~ Hollanda, Benedito Nunes, Bruno de Menezes. Carl011 Drummoru:t de Andrade. CécU Melra, €iéo Bernai:-do, Cyro dos A.njoe, carlos Eduardo, F. Paulo Men• des, HarQ!do Maranhão, J:oão Condé. Marques Rebelo, Ma. i:wel Bandeira, Max Martins, Murilo Mendes Otto Maria Ca.rpeaux, Paulo :f?l!nio Abreu, R. de Sousa Mouira, Roger Bastlde, RU7 Guilhenne Barata. Serglo Mtlliet e "'1'.ilson Mal'tlns. Movim.ento Literário RIO - Via â.&ea (A. U.) - O NOVO LIVRO DE GIL– BERTO FREYRE "Inter.preta,éão do Brasil 0 novo li:v~ó de. Gllperto Fresre qu~ a Livraria J'osé . Olympjo Editora acaba de apresentar 11a spa Coleção Documentos Bra– sileiros, foi assim julgado pe– lo crítico Olivio Montenegro que o t r!tduziu do ingl_ês e Ó Pt:~~a.ciou; "Poupos. livros bra– ,newos de uma leitura mais excitante, pelos. ·muitos pro– blemas_ qu~ agita - proble– mas nao só lig,ados a um{l mais lucida ~orripreensão do nosso passado como a um sentido mais iaitgo .do nosso ~turo - do que "Interpreta• Ç.ao . do Brãsil". A nova obra dp ilustre Sóciólo_go. escrihl di– reta.mente em inglês, tendo por ba~ um curso professa.do M: Universidade de Indiana, fot lançada nos Estados Uni– dos _pela grande Editora Kn<>i', de New York e lmediat!lttlen– te traduzida e publieàda no MQi.co pela Fond:o d·e Cultu– ra E<:<>nômica, edições essas rec,eb1d,as calorosamente. DUAS OBR~$ D;E OLIVEmA VIANA Oliveira Vfana, um dos mals llJ.Wbres pensadores e sociólo– gos brasileiros da atualidade, acàba de contn.tar com a Li– vraria JO$é ·Oly:mpio Editora .o lançamento de dois grandes llyros de sua autoria, conside– radÇ>S -pelos entendidos como os mais importantes, talvez. de toda sua obrà. Intitulam– ·se os volumes: "'E'.und.~mentoo Sociais do Estado" (Cultura e D'lrei~), e "Metodologia d<J Direito Público" (Os proble– mas brasileiros da elencia po– lítica). RACHEL J;>E QUElttOZ. ES• CREVE SOBRE ~RACILIA• NO RAMOS "O tàmanho da glória do l'Ollllaru:ista de "AI).gustia,", não está mais nas mãoe de nin– gué,m. E se por um acaso, por -Qpra de uma catástrofe MtU- ,,ral ou ppliti~ sumisse- num lmendio fuda a literatura bra– slleii.'a e ,s6 so~m do fbgo os livros de ·Gra:ciliano Ramos. - basta'liiam êsses romances para justificâ-la: sQzinhos eles afirmariam que nos seus três sé<iwos. de v;da a l?ssa !itera– tura nao .exmfra ll'm vao. - "0 Crw;e-i;ro.. - 7-6-47. 1TM LIVRO DE LUIZ :ft\R– .l)IM EDITAD.O N()S ESTÁ• DOS UNID.OS mos, está assim consagrado num ~ís em que os livros pa– ra. C!;lartças são edits<los a-OS m1lhoes. .JANE AUSTEN E A 'OIWI'ICA (?bservou-se na In~áterra, ult1n;1amente, um expressivo movimento de critica em tor– no de Jane- Austen, como·se os leit?res inglese.s se tivessem apaixonado de repente pela grande romancista de "Mans– flelâ .~rk;" "Orgulho e Pre– conceito" e "Razão e Senti– mento". Evidentemente, a no– ta.vel. escritora nunca foi es– quecida pel'os britanicos. En· tretanto, parece ter bavido uma ~descencia da sua po– pularidade, como se pode ob– servar pelo;i n~erosos estq– d-os .que a imprensa da ve1ha Albion lhe tem dedroa.'do De um estudo do critico A11~ Muti-, por exempl1>, ·quifa -nos– sa imprensa traduziu e publi– cou, "destacamos o seguinte trecho: "E' extraordinario que o seu ta.lento tenha desabi:o– chado tão cedo. Antes de chegar aos 24 anos de idade; Jane Austen havia prodµ_zido três dos seus seis gra~•es romanees que cons– ti:.iµrlll!l a sua notavel reputa– ça-0 até os nossos dias. Na ver. dade, seu me1hor ti:abalho co– nhe-cl1o - ''Orgulho e Pre– con~tto" - foi coti.cluido e env1a1do 1> a.ra o prelo, em Lon– dres,_ _quando a r01mancista contáva a•penas 22 anos de ida– de. A obra foi rejeitada e so– mente déZe$Seis anos mO:is tai-. de é que foi R4blicMa. "Ra– zão e Sentimento", foi outro romance escrito naqueles dias da primeir!l mocidade da es– critora, e.-nbora só muito de– pois vies~ -à luz da publícida,. de; e o terceiro dessê grupo, "Northa.n-ger Abbey" não che– gou a. set: entregµe ao públl• co em vida d~ 11.ú,tora. Depois dessas ob'ras, segue-se um lon– go perio.do durante o qual Ja– ne Auste-n nll4a pr!)duzlu. Foi o sucesso de "R<a21ão e Senti– mento''. em 1811, que a indu• ziu a retomar sua pena, para E!SIOl'ever "Mansfield Park" e "Ema.. - e, deppis, seu ulti– m<> romance, "P•ersuàsion". ''Mais adianté, escreve ainda A1,1gu.Sto Muir, coricluihdo o seu tnbal~o: "O çerto é que nel;lhuma escritora inglesa nos deu romanc~ em cujas ·pági– nas se sinta com ·mais inten– si4ade a atmosfera da vida na Ingla.ten-a de sua proipria épo. oa - com mai's fidelidade e graça cativante". ' PROXIMA:S EDIÇOES "Es,t.ràhgeftos... , ma•gnifioo~ estudos critico1f sobre g,:;indes O escritor Luiz J.ar 1in.t, o escritores univel'!i'&i.s p,M Agrí– admirável autor de "?vla.rial'e- pino Grieco, em prossegui– rl.g915a", quando esteve nos E.s- mento à publicação doe ,suas ta.dos Unl<lôs, em 1941. a con- "Obras Co!ll'pletas". "Anteu e a vlté do Depi;trtamento de Es- orltica... ensaios criticos por tãdo, ci»l,trat-0u ' com a firma R>0berto AJ,v-,iln Correa, cuja 'toward.:M.c Cann a P:Iblioàção pa,ssagein pela crftiea litera– do seu · nv.ro l.nfg,nh,l - "0 ria de um dos nossos matuti• Tatú e o Maéaco" - 2. 0 prê- nos const'ituiu maID1i!iCà re- mio no coneu-rso de tit ~tatura vel!,19ão. , iti;fantil promovid'õ, n,) Brasil, "A Sucessora", 4.ª edi:ção d,o p.elo J.1,,Iinistétio da Educação. ~celente , rom.an< !e de Ca,roli– Esgotada a primeira edição na . na Nabncó. "Cantos da A:ngus– América do Nort-e, o esm:it~ tia", poemas de Adalgisa Nery. brasileiro vê agora apatecer ••o. Galo Branc-o", memórias à segun,da, moo:ü:ieada nas co- de Augusto frederico Sebin.idt, :tes ,e com o titulo pl!\stie'l de a aparecer na "eoleção Me-mó– "Comm-0n Eclitton'' ?:lo '''.I;}le i;ia.s. Diáii;ios, Conf19l;ões". ·.ANna~,i:ll,.o a.l\d the .IVI.oukey". "Os Ho;tlll:lO)jllo.s na teprodu- i LWz J'al-ilim, que é 'considera- ção HIUI).ana." , po.r G'.eorge W. do pot Monteiro LoblllO como Corn~. l,}rof.essM de embdo~ wn â_-0ir maiores escritore.. de lo,gia na Univetsida.d,e de ~teràtura. infantil que posstú- J ohn.s H~kins. • FOLHA DO NORTE Domingo, 29 de Junho de 1947 VlSAO GERAL DE UM FICCIONISTA DE PARIS .. ,Conc_lusáo da 1.a página) ;;_, esta é sem dúw,da a forma superior da ficção tanto ma.is esti roãvel no Bi-asil quanto o nosso temperamento não se mostra muito propicio ao que ela e,dge de concentração es• piritual, densidade psicologioa e oom.plei:id~e literáriia. Com Sã.o Bernardo, o sr. Gracilla– n,o Ramos a.~tou a sua pr,.Lmeka ol)ra de análise psi– cológi<:a, de ilumine.ção inte– rior de. personagens, na linha lie mn processo que da.fria em seguida todos os seus resulta– dos em Angustb. Acompanhan– do os assuntos para êsse ter– reno subjetivo, o estilo do ro– ma.n~sta adquiriu, por sua v~. a propriedade, a elegân– cia e o vigor que fazem do sr. Gra-ciliãno Ramos um dos es– critores que melhor manejam atualmente a lingua portu– guês&. A's, vêzes. em certos trechos, êle me desagrade pe. la secura· e dureza. como pe– la ausência.de vi-bração e dina.. mlsm-0, mas· isto talvez decoo.-– ra· em grande parte dequela limita9ãode assun-tos .e de pro– blemas, acima sugerida. -O principal defeito de São Bernardo fá tem sido a.ponta– .d:o mais de uma vez: é a in– v-erossimiJ.ha.nça de 'Paulo Ho. nório com:o nan-ador, e o con– traste en•tre ·o livr-0 e seu 'ima– ginário erorttc-r. o que já se verilfica·ra em Cae~. De cer-– to modo, em tod·os 95 rQman– ~ esçrltQs na prime'ira pes– soa, concede-se uma mar~em pn:ra. a inverossimilh-an~. Con– tudo, em São B~marao ela ê excessiva e inaceitável. Uma novela de tanta densidade psi– cológl.Jca, ela,borada com tà-ntos requiint-es de airte Utei:ána, n.Jio suporta o artifici.p de ser apresentada como escritá p0r ure personagem prlmári,o. rús– tioo, ~osseiro, ordlnái-ió, da espécie de Paulo Honório. M~o oom um na,r,rador im– };lessool, aliás, ainda s~bslsti– ria alguma i :nveroosi.mil ,'hança, pois aquêle pers-0nagem, como a.parece- no romance .Alão ·po– d'ia ter. a vide inteTior que lhe amribue o romancista E' e. inverossim:U~nça, qué · s-e verifi~ará nitldam,e,nte em Vi– das sêcas. N,ota-se a pri-ncipio uma cer– ~ hesitação na. marcha do e111.rê 'do d-e Sã.o Bernardo. Os prlmeiiros ca.tiitulos 9e laçam em vária-s direções. como se o próprio romancista não és– tiv-esse ainda tio domln!o da 11-nha ceritral do d~envolvl• mento dramático. Há ~o a,lgtL'lS trechos oue parecem enxertados, pOdendo fi.gut'M' ou não, n,o cooj unito, ihd'ife– rentemente, como o capítulo VII, ~ a histórla indepen– dente de Seu Ribeiro. Como ti,cção, tjgorosam.ente, o livro só se afinna e define a par– ttr do casamento de Paulo Honório com Madalena. E o seu núcleo central, com éfef• to, é a ex.!stêricla dêsses dois seres, o P8,tético do não en- .saac a1 0-0-cJit ' 'La Coursé Des Rois'' Tragédia De Thierry Maulnier , Raymontl Lyon teiidtl:nento entre êles, o j-0-go p de contraste e separação da- :A.RIS - <Vi.a aérea) - O teatro do "Vieux..Colombie,:'" quclas duas cliatuns dentro é mal$ que um teatro: é um templo. Está à Dl81t'gem esquer– de uma mesma casa, Através da. do Sena, na rua do Vieux-Colombier, da gual tem O nome: dessas situações, 0 romsneis- é uma ruazinha tort~ooa, que vai da praça Saint-Sulpice ao ta, die.svenda e analisa o cará- enoruzamento. da Croi?'•Rouge, duas praças de provincia per– ter d.e Paulo Honório, 0 que didas em Pans. Sua unca travessa é a rua de Rennes, unica, oonstitue a m.aior atração de rua laTga cort&.da por Ha.ussmann entre o bouleva-~ Saint– São Bernaido. Tratado oom Gennain e º· su~ ,da. cidade. É o so~gado bairro dos vende– u.ma sobrie-dade, que às vêzes dores de a.ntigmdades e dso pequenos edi tores, os editores da atf.nge o esquematismo, o as- ~gual'lda; mas o 'teatro do "Vieux-Colombier" é um "teatro sunto se apresenta. no entanto. d-e vanguarda" . muito rico em sugestões, oa- Foi aí que Jacques Co,peau se fixou-hâ. quase t~inia anos bendo ao leitor compreender com sua companhia nômade, e provocou escândalo, fázendo e senti'!' o que está além das que o teatro se tornasse realmente teatro, isto é, reagindo pala,vras e dos episódios. Aliás. contra ,o falso verismo do c~nario e do jogo de cena. he-an– o va1,or do livro se engrande- <:~ do "teatro livre'". que nia verdade não se a<proxi~·ava. da ce tt.a pr()J)oircã-0 em qúe se vida rea;l, mas era apenas sua grosseira ca.rioatura. aproxlma_do final Ao m,eu Q~ndo, em 1923, o ' 1 Vieux..COL<>mbier", como muitos 0'11• ver, o seu pot1tô mais alto. é tr.~ teà<tros, se ~formou em cinema, 1$.so pM"a êle não sig- o ea,nftulo xx,q, o · suicidl-0 ni.f1<COu um rebaixamento, porque, sob a inteligente direçiià de M<1<lalena. A oerto re&l)eito. de Jean Tédesco, sua téla só exibia as óbras primas do cine– ~le slt1tetisa toda a novela: n~ ma francês e estrangeiro. princwio, uma breve d-escrl- Atual.mente, o publico do "Viel.l.1'-Colombier" comp.õe – çã,r, da fazenda naquele mo- se em sua maioria de uma elite intelectual e estudantina, que mento~. deools. u-r:na cena de assiste .nesse teatr-0 a espetá-çul:os sempre excepcionais. Obras c!um_e de P'<!ulo Hr,nórl.o e a- ma.gnl~ têm sido apresentadas, as quais, a,pós O êxito as– reacao de ~i:td,alPna . eni- (!lá- segura.do por esse público conheced.or e dificil, passam n.i,, l-oi?~ e 9lus<'~ oue r<>s'llT'Oet_n turalmente pa.ra os "grand-lls"' da margem direita. Será sem " d1·am,a d.P ª""b""· ""' se-~1- duvida o qestlne de "La Cour.se des Rois''. da. a morto ~ Ma""'let>!\. E O .autor fala d~ ·peça nos seguintes termos: aue rotilez:a . que <>riirtna.lida- "Pretendi apenas narrai' a,o público, em forma drat.náti- de. que senS?. e gõsto 1!terã- ca,. uma história dramática. O assun~ é o "~sassiruo do r!_os d-o e-scr1tiM' na_ preopnra- pai", de que trata.m o:.s psicanalistas. Numa sociedade a:o,..m\'S– <.'"t'\ e n,i a-J>T<>sent~.o ·do eol- mo tempo requuitada e báFbara u'a meça sofre o peso da sód!o tle nã:O com.eteu a ba· autoridade paterna, aumentada ~ agrava.da por uma paixão nal1-õside de l,an~r em cena. de oar,ít'et' quase lncffiuoso. Apaixona-se e, p!,ll'a salvar o 01:ii~vamente. o sulcld!o da hoxnem, que ama., entra. en:\ luta com essa autorídade, mas só mulner, mas t>Or iSS() mesmo. consegµe vencê~la cometendo um crime, cheio, P,.Ol' sua vez, pot'<11te o e-nvolv,eu numa at• d,e consequências. Os deuses trabalham maravilh~ament,e mosf"'l"a de mlmél'fo e õe ~im- no sentido d.e transviaT todo o mundo". • bra . P. r,,,1> ~.le cnm<W1> l.,t.,.-nsa. Sentimos a tentação de criticar Tbier.;y M'aulnier pela l""_-"'!ltP. F,~t-e ~,.,pltulo XX'5CT rle s~ definição d-0 drama e <;la tragédi.a; mas êle acrescenta: Sao BP.cnia.rd.o ê S'f'ITTI, di:ívlda "Mas na "Course des Rois" os criminosos não o são nor um~ ,oo.ouena obra-m,mn. aue vocação. São arrastados ao crime pela violência da cxise, pel,a. CQ'Tl;-";"~1a-nca os <lefe.lt~ e urgência da\! situações. A unidade de tempo, que só pemnitia .d·ef1c 1 Pnc!,as au,P -oorv~ntii-ra . à trag~ia uma ação que se desenvolvesse em poucas horas. po,..i;am ser a.nont.ad !as em to<fa -até o 5e1,1 d,e&fecho. era wna das regras do drama clássico. a ~ovela. i:>,,i,a Pn,cont.1'>111' pá- Essa ~gra rwresenta na p~ça a própria. essência do dr:a,ma.. 1dn~s Sl'1"' "1.ha, it~ na ~hn do É a "~lta de tempo" que arrasta os personagens: e represen– s!: Grrer.lU,<l"l<) R.3mos ~~ :ore- ~ b:"pa.pel qo destino". CJISI) b1J~i\-Jt>,,; "'1"11~ ,.,,,.,it:ulos l!'li;sa "tragédia clássica" é'· a primeira obra de. Thierry culroin3 ,nt.es d•e. A..,~stl_a.. romo Maulnier para (\ teatro. E obteve-imediata aceitação. A pro. v.eremos na próxlm0 cr&l.i-ca. gressão dramática, e dos sentilnentos des.envolve-se em cres– (1) Oh.'"'!~ d.e °"""lli-~nn R,a– m.os - (!a,1>t~.. - i:tiv. .Y\i,n,JJ.t'• d" - An.."'••tta - Vf,1,.., $ê– ":a8 - Jnoi.... ta - Ll""'!tria .Tn~é Olympio Editora - 'Rio - t94'1. cendo. O próprio rltll;lo da ação, inexistente durante a expo-. s_ição, aumenta. próFessiváménte:. para chegar ao.au~ e na C?I"· rida de carros, qµe só assistimos pelas reações apaixonadas dos guardas q:i~ a contemplam do alto--.das muralhas. Sua únice. fra.-queza reside, sem dúvkla, no est.llo, mais literário do que dramãtico. Todas as personagens se expri– mem como ,Thiêrry Maulnier, numa linguagem qlle se de.mo - Parn rPrn-1l c\.e l\vros: Praia ra de bom grado a burilar uma frase bonita. Os especta.do - <:l~ Bnfof~«~ An _____ res sur.p"reendem-se muitas vezes a ~ extasi.ar com a múti- M O ZA R T ca verbal, em detrh:nento da atenção dt&'Qática. Trata-se de uma obra que se gostará de· ler. depois de tê-la visto re- presen~. . Deve-se a essa procurl;l. de estilos alguns belos versos (& tra~dia é etn prosa), e sinto imenso só ter pensado em ano– . (Conclusã_,o ·da últ. pé.g,) indep~ndente, governado pelo arcebispo, 111n dáqueles pe– q~~nos Estados alemães do ~ulo ?CVIII em que a pai- 1'8:0. mau viva pela$ artes" não mitigou o despotismo, eh~ gando-se a vend~r suditos à Inglat~rra para lutarem na Amér 1 ca contra as colônias rev?ltadll$. Nas pr,imeiras fra. gédi_as l' e v o l uciónárias de ~hiller reflete-sé- a indigna– çao da cooisciência cívica. M<>– zart também encontrou a oportunidade para responder ao seu soberano.: "Um artis.ta; Rt:V~~endfssimo, não é um la– caio . E foi logo demitido. Se. rá· a-caso a escolha da peça de Bea.umarchais, desse "cride ralbement de la Révolutio~?" Depois, Mozart encontrou Don Giovanni. De tirso de Molin11 até o l\la.n ãnd Superman de Shaw a história de Dom João é a dé um mito sêxual; apenas o "Burlador de Sevilla" se transformou com o tempo em Burlado de Londre11 - •a emanctpação feminina venceu o mito. A exceção é o ;Don Juan de Moliére aristocrata frívolo, ateu cujo' livre-pensa– mento está em contradição com os privllégfos sociais aos quais não pretende renunciar· protótipo do · ru-istoci,ata, -v.ol ~ ta.iriano do século . XVIII ao qual a Revolução dirá: "Cha– maste. Cheguei". O libreto de Da P:onte define essa atitude; a música do último banquete de l:>on Giovanni, a citação das á.rias mais quer.idas de ,._M-ar– tin, Sarti e do próprio Mozart resume uma éROCa, ·o libreto do veneziano é mesmo bri• lhante, ~S.P!ritu~so, frívolo, uma autentica o~ra buffa. "Mas na composição musical modificaram-se os acentos. O v,eneedo.r Don Gio:va•nni vjrou da-iota.do. Colocou-se no cen– tro o persenagem, o.fenpi<!.a., 111.tmilhada e no entanto vito- rLosa, na qual $é reflete em tudo, · na fraqueza e na indig– na,ção, à psicoioiia do próprio Moza-rt~ Donna Anna. tá-lcs no último ato. Eis um ex~mplo: Le sangue n'a pas finl de sécher sur IM dalles , ou: Xe rejolndral ton cllar à lomb"' ~ murames As árias da Donna Anna e os aoordes de trombone que acompanham o Commendato– re, introduzem um elen1ento novo na música européia. O resto é "Rococó, belíssimo Ro- A interpretação, sem contar com &rtistas exoepciot\af.s, cocó; mas são arabescos que tem pe1o menos o mérito da hóànogeneld~e. Pi~e Morin., não caracterizam O gênio de no pa,pe! de pai, é de uma nobreza trágl.cl ', e Tanfa. Balacho– Mozatrt. Contudo, revelam até vdea r01>r~enta, eomo grande artista dram~tica.. um papel cheio que ponto o mestre estava li- em~ado: contWa. - . . gado ao seu mundo aristocrá- Que izer <l;o autor? Fora da. Fcança êle é ~a1s conheci• tico. E com efeito de ·do c~o jornabsta do que como escritor. Efet1v.a~. sua di,a vi,ver se nã • esc que ndpo- ca,rre1ra começou _no jornalismo, a.os vinte e um anos. em . 0 reve O 1931. Tem. p(l('tanto, "menos de qtµi.renta anos". Pbi~;mp.E eradpaorraes, nãoondde:i e Seu primeiro livro fol uma coletânea de artig~, publicada -....v..,. - o e1xar l""º ..-r _ • t --ª .... A--e' ' A •-- d dúvidas quanto à 1lncer,idadê ~ ...-: .._ ~ es .......... L"""' u.ui ·, ?-= a ~~ era artistica até dos seus a.rabes,. oolab<>~or do Jorn8;! ,~on9;r4utsta ~Ation .França~e . de éos - em que outra atm06fera onde passou pai:a o F1garo . ~ o q,.ial escreveu dur~nte podi& Mozart respliràr se não a ~çãõ (< }ej.ro cha;n:l,ar a. a.tençao doo leitores 6$tl-a ~e1r.os naquela d;i aristocracia· do s·eu pa.ra o fa:to de 9-u~ o jom~ er& publicado em zona ~-0 ocu– tem1>0:? Dai o estllo Rócoc4, fn- pada, e •foi . proibido pelos a.,1-ema~ em novembro de 1942). cl>nfundivel, do mestre. Sejam Seu ~~1onalismo e cer;ta ln~im1çao,. a conslder!l-1' os metod~ mesmo arabesc~. mutt3. vez autoritários um dos meios eficazes ~ a.lca.n~ a -oro~ nao tastante impessoais, lT,as uio o !e.varam com.o a outros escr.itores da mesma forma~ao. ir. deixam de expritnlr de m~- esquecer a pátr..ta:. Pelo contrário, foi d,o,s turbulentos jorna– neira permanente a agvei·tén- listas que, pelas t,ribu~s da imprensa não-ocupada, der.am eia que um poeta ing-lês · for- mui:tQ (iue fazer à .censu~a d~ Vichy. . mulou no comêç<f deste séco.Jo ~ 1934 publicou um r1vro sobre "N1etsche", e e!Jl 193S d,emocrático: "O W orld b.e no- sua -obta ''Racine". Em i938. to! a vez da "Introd.uction ·á la, bler! ...••. Anjo não, mas rio- .P<Xí,Sle fra.nçaise.". Dur~nte a ocupação, numa coletânea~ ar– bre. A música de Mozart é a t,i:gos: ""La Fx ,an.ce, la Guerre et la Pa'ix", procuro.u com sin• expressão mais perfeita da ceri<fu;de confrontàr a situação de antes -da gue,:,ra com os verdad,eira nobre2la. ac0nteclmentos, o que, i'.ntelizmente, era nesse momento uma O gênio "ópera'' é mesmo e, ~a de. dois guines: a censura não proLbiu o liVTO . Mas ou• produto maü,• consum.ado di tra obrs., escrita em 1942 e 43, "Vi ,olence.et concience", ~rma. çiyilizaç~o a'l'istocrática, e Don n-eeeu cl~destina, e sfi foi realmente publi,ca<ia depois da Lt,– (}1C?vann1 é, . neste. s~ntido, a btmação. ul_tima, 6p~~ aut'ênt1ca., tam- :A.tual:mente Thioo-ry Maulnier é critico dT.amático. Isso bem ~?r 1~0 _"a *pera . das não (trtpediu qÚe P~. pa.ra ó rol qas ..s?as vit.i~as,. e~e– óperas • ~ nao só pot tsSo: vendo "La oourse des ~ois". Par~ dec1~ido a iiao ficar só• ~ai~bém porque send:o a obra nisso, a avaliar p(}Í11. s~ primeira trà.gédia. que para êle é •Uru.ca na qual se reunem Oii um m<>tivo de feUcltações e para nós de pra=. elementos tipícos da ópera sé- ' ----– ria e da ópera buffa, ássim prime~ro plano: Donna Anna, to dos trombones qu-e anun– cO"mo se teunem os elementos o grito da alma, humana. No ciam o Commendatore, é a: trágicos e os elementos cômi- fim: abre-se o abismo do "re- Matselheza. Foi um Fim do cos nas pecas de., Shakespéa-re. gno d'el. pianto" do qual sairá Mundo, fim do mundo de Mo,. Foi isso o _que não compréen• o vitigadoi,- - ~Chamast-e. Che- za•rt; mas a êle mesm-0 aque– de.u o pú:.blico italiano moder• guel". Assim coroo- na Missa les mesm-os tro]Jµ>.ones . os qo no. • Sollemnis de Beethoven uma Be(J'we.m, a,1:u~~i.9:mn a fucn''~ E ' uma opra cempleta. Ne> m:arreha bélico. acoinpa.nha. co- e a res.SUI'!'etc:.io, P!ll'~ sem-pre•• fundo: a vidl!- desp,;eocupada mo de Longe, a reza no "AE!nús "Lux aetr--:,~ l•rc~at f'i. f' ~n-,i . do Rococó e de todos os- tem- D~, dona. nobis pacem"~ as- ne: e;tsm Sanc6is tu.is in aeter.- pbs pre-~olucionários. :b,T◊ sirn o acompanhamento secre- num''. r

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