Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

de 1922, silenciavam. t. verdade que durante êssc periOQO surgi- ' ram ou coinpletaram- sua perso- · nalidade alguns dos n1aiores poe– t as brasileiros de todos os tem– p\);$: um Manuel Ba-ndeii!a, um Carlos Drw11'll1ond de AndEade, \JJln Vinicius de Morais.; Mas era(!ll três ou quatro sômen-te, e o fato de ser exce:p;:ional a qua– li,dad.é d>e sua arte, nao ( podia e.scocnder, antes ressaltava ainda oeta Wilson MARTINS (CQpyright E .S,l . , com exclusividade para neste Estado) a FOLHA DO NORTE, m-ais, a pobreza da poesi.a b rasl- ração. Estamo;; caaninhàn.do das leira em todo ê~ ten ;l.po . . . ttpici,d;a,des de pensamento esté- Agora, os ;poetas lentamente ti-e.o- para a harmonização mú'tua se apreter)ta·m para ocupar o J,u- ,- .do~ gêneros que marca as litera– gar que 1:hes compete numa lite- turas de importância universal. ratura em plena fase d-e matu- E neste - limiar de un1 momento • utro decisivo pa:ra a literatura bra– sil-eir<1, o peq-qeno liVTo do sr. Jacques do Prado Brandão deve ser .1, onsidera.do como um dos docu1ne-ntos mais significativos. São. pouca~ páginas, 78, de uma clensa p todusão poética on– de u.ma sensibilidade finlss!-rna e delica~a constitúi o pri.meíro si• nal a ,notar. Nem se-mpre o mes– mo niwel ·de elevada pureza que cara.cteriza Por e.,emplo "Ode inicial!' "Retõrno". "Adágio" e • "Amarga elegia" é mantido em tôda a sua ext.raor'Ciinárià es– pontaneidade. Tenno, 1nesmo, a impressão de que por vei.es o autor de Vocabulário Noturno forçou a inspiração pela von ta– de de "fa:;ier um poenla" que é o maior perigç para os poetas, v-e1hos ou moços. Ou, ainda. que se deixo-u impresslonar por cer– tos exercicjos sintáticE>s a que a poesia modema, ou antes, al– guns poetas modernos se entre• garam em detrimento da Poesia. Mas tudo isso, se nilo se justifi– ca, pelo menos se e)<;plica, e um poeta como o que podemos fa– ci1m.e.nte identificar ,:m Voca– bulário Noturno saberá <:orr)gir seus defeitos e des.cobrir o ca1ni,. n40 da própria personalidade. CURITIBA - N-u:ma das suas ~ri..Ltta extràordmárias pi-Oip-OSi– çõ~ sobre a Poesia (Horror va- • cu1 - Homa, sld, -Leonardo Si– nisgel!i obs-ervlÍ que "la poesia na$ée de una grand-e volon,tá di coniSerV'azione". É a irni!>ressão p rimeka que me deixou este jo– vem poeta Jacques do Prado Brandão, cujo· Voca.bulá%io No– turno (Edifici-0 - Belo Horizonte, 1947), OS<lila com trágica sereni– dade entre êsses dois polos opo,s.. íoo da perpetuidade, o amor e o tempo., D-qas entid·ades que se cO'mf)letam e que se interdepen– dem, ma,s assim mesn10 irree-0:n– cilia-veis inimigas, pois é jusia– mertte nos seus gennes contra- · ~iló:rios que se oóulta o s-e,grê– do da própria destruição . E o poeta, "ped·ra q\le o mar-tempo gaGta devagar", não póde escon– <Wr sua inquietação perante êsse wtranho comp anheir-0, sem,pre preseo,te, atuante e invisivel : ''milili-a casa está cheia de f antas- - ------ ------ ----------------~------- ----– • O sr. Jacques do Prado B ran– dão Já possúi um aos sjn.ais dis• -t!.ntivos de todos o,s graríôes poe• ta-s: a sua "atm01;fera". É uma pequéll-a obra da qual não se pO<;le, sem mutilaçã.q, cita:: tr_e~ chos de poemas. É preciso mer• gulhar no uvro, r esp irar no seu elí-ma, para se identificar real– mente c o m a grande~a inc9- n1urn de algun$ poemas àefiniti• vos. :f:sse timbre de personalida– de é uma d·as coisas que mais me agradam no jovem P.Oeta mi¾1~i– ro. Por êle é que me tranqui,1.i- 2>0 quanto à sua p·róxima inde– pendência· de · tu-cio o que não tem relação ,com a sua senslbili– d-ade, mas apenas com as s1,1as lei'.turas. Libertando-se dês.se 1às– tro <ie in:ip-ure;z:a. ·su a poe$ia serã contada entre as maiores de no~ sa literatura. rnas'' . A. poesia br11silei'ra ~tá come– Ç<i· n.do a viver agora- um momen– tá es,plêndido na sensibilid ade dos seus jovens poetas: há um ano, Ledo Ivo nos entregava o seu Ode e E-legia, tão rico de uma poesia exuberante e leglti-ma; fora_m poetas jove_p,s, cujas 'pro– duçoes de resto nao conheço, os esco~c;; para ó Prê1n1o · Fábio ,,, ltt~ & ago~a, da · cidã,de . dos ~ t-ag ~e~ e poderosos, d es– ,a ter.ra do pudor e da sensibili– d,ide q,tle é l\-1inàs _Ge:qüs: J"aéqµes do Prado Branda<:> ·estréia•. com um dos mais substanciosos li– vros dã m-oderna poe.;ia brasi- . leira. Esta•m05, portanto. assis– t indo a uma silenciosa r evõlu-· ção em nOISSa Utex:atura; ou, an– tes, a uma substituição de cri– térios e_stéticos, éom o 1enío éa – m inhar das gerações. Não sei se .me deix<> levar de- · masiado pela comodidade de u,m pen~amento siméfr1c·1;1, ma,s · jUilgo verificar um pre.d•omlnio de poe– sia entre os jovens escriWres brasileiros. s11sbs-ti>tuindo o pre– dom•lnio da cr-lti,ca que .atual– mente caract<:riza a literatura brasileira, como êssee críticos- de 1940 substituíram os -r9manc1stas de 1930. O movim~to penduJar vem 0001-ren:do · com regµl-arida– de not&vel n estes úJtimÓs . trin– ta anos . Depois da estranha re- · vol-qçãó estética. p-ratica,menté Item · fN ría .ma:s tr.ém.end:àn1e·nte tritica qqe foi o. Mode1,1lsmo, • dílcndO como resultado , u1na an' • pia abertura de ca;roinbos, para Viaja-ntes · d;esorientaoos, o ro– mance brásileiro apreeeritoú si– nais de uma vitalidade que pa– recia definitiva co-m oo escritores d•oo anos ~o. • ~ .....••~ ~. !'.V-'- 0 ••:,;.x.-..~•••-:,;«(•••••~A._, ••• . . . ~-::»::-:-.. ,''')~•. ::«,.:«(,❖ •• ""'"'' w=.. [% ·-»~v.o-·o ....,. • . "'<*~':Si:: ~ ·,:,::-.:~··<'¼=$ ·->'°:>: ·n ..· .=;.; ~:l'.:,::_S:-:-:,.~~.Jx&;< '=-' ,..... . <«»~$;(>.W.< . . ·.-,. @m· . :.:<W=~~::-.::-..--:::-::m. ;'if:,: :,: ... <-,» ,w!-'<;•-= • •> ~ :-: .. • -~-.. -o;_~~~(-: ~~ ,:ú:@ * ..... . :...~ nx, ~- . íl!J1~ .. -t)ü\\,;~ . ;, ..W..· -· ~=~<<.-. ::: :f.fj~ :...~ -~~- <•~.J?&w.~» (.... . ,.. . . ,. . .,. . •.-,•,c.~~~w. ~=w.·;s:?t/¼%%% ❖ ···f®,·.:. -~¼~w---·. ~~f.ffü;,-.:>;~~ . ;:": .éX~,W-~X-2 1$:,:: ·. •❖-~.,:<-~1,_.~❖ ;.:-:-:,• «-:~~--~-:'$:$ •. · «: :-»:< U®:'ii? ~ ~- -· :<=~~--::~t,:~,-«~:-.~~- -·~-m.. · · @~i.l,1f.' .. .f .)~f&\°*-í.\RL~~~t.1~1 .=-?.:$:<~--~=.. .:-,·w.. .,,.r.~w-»· .. =~~w. .,_.,::.;--..::f.lX:'' ,· &::I=~~. -tj,%$«~-:~,!Jffe-.• JL«,.. ~%.\@i".J.%M/,w--W4-fJg&,J;~w ;;,::.).:•Y.""'"&,;'-'<.-..-..:-'• :<-. 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Digo isso, não, l:}atruwa)Jl'><),nte, P,e· los mesmos motivos que leva.• raro o grande· c.tltico a deelara,r que o ·autoí: não lhe o.íerece_ra "~º que hoje se pede a u•n1 poe– tà" porque acredito que () p ro– blema e:stéticó pode ser julga.ão -em st m-esmo, independente d'as . _posições ontológ[cl!S- d .os auto- res; mas po-rque , in~~n:t-c> den~ro das . el(igências de uma _p_oesia puramente.:. poétjca, - digarnos a,ssLn1, o sr. ·WU!m-n de F'igueire- • do, nao che.ga a _pesp,ertar as eJ!IO• çõe-s que :procuramos na Poesia . As cómpósíções d-este · o.u t f o con1,ponente do "grúpo de E<Jj. flcio" párecéra,m-me -prósa, , a'Tru– mada de uma fqrtna capddiosa nas páginas do livro. e. nestas condições, sômente um pensa• m-ento muito forte poderia sa-1- vá-las da mediocridade en1 qi.te . ~ ' _oo Y§l'.9e1ll, t :,~-g p,en1,werü o ta m b é-m inexiste n·as pá<i-ip~s de Mecânica de:> A%ul - e chet'O a cO?Jtragi>sfõ à conclusão de que êste pequenp livro de poemas não tndlcou nada mais que a e..'<ls– tênci-a de uma pessõa indiE-etiti– velmente inteli.g-ente e sen$íVel, mas cuja linguagem não é. ou pelo menos ainda não é. a da po~ r.ia, Mas .a · literatura rto Br3sil vi– via desprovida 'das 1 0, tes Jums con~1.1toJ:?S de um pensiment~ (:rit1C<> ÍéC'ltnd·o: se1n a ·pés.quisa sobre os p-roplem.a-s •estéticos e-in cuja c.a:tênci;:1 n:5ç 1><~.do c»U~ti,... n.onhuima m a t u r i d a d e Uterâ– ria. Foi a tarefa dà geração· se– ,p1i:nte a dos anos 40. formada prlncipaJmer11t,e por críticos, mui– tos del es ostenta11do- orientações coi!ll\.o~tame'llte di vergentes e-n– tre si, n.as tO'd (jS eonc orren,oo com a sna pare.ela p á,rà a gran– de ob·r a 'de uma 11.ec ~sá;rla e de- - 1nora-da meditação s-õbre a n -a– t u_reza da obra:..àe-a1·te literária entre nós. (DescuJpad o, c~rta– in,:n-te,. o esquematismo em que me ve)o constr ani/i,do a redu zir a questão). . Enquanto lst-0, os p-oetas. que - t 1nl)am sido os- gr andes crítico- 5 Pintura Bt_asíleira C.ont emporânea: - "Negra 1 ', - de Orlando Teru:z - Museu de Belas Artes do Rio Dia,nte dessa questão verdadei– ra1n-c'1:lte pre;judicl{'I com relação a qualquer pessoa que escreve poemas. qe nada adi.ah_tarão õu– tras reflexões a: respeito de sua t écnica, dos- cohcéhos poé-tiêoo qu,: d>emonstra atra-vés de súas c,omposiç.ões, ou -mesmo da e$~é– cie de psi.cose sexual que o P"..T• segue em quase t~as as pági• nas. Serlam consid-e_.rações se=– dá:rias, depois de uma resp~t.a - ' Num ensãi_o publicado há anos; procurei mostrar a im– port_anci_a dos sonto.s. na v-ido portuguesa de fumilio - e de com-po e também na brosifei– ra, princi,palmente durante os grandes dia's - pilNiarcais. Essa i'"f)Ortonc'ia nvnc:a impórtou em ser~- os" s,a11tôs . conside- . ~ados fi9!!'ª~. êiúroittente - ma. fes-tosos_. mas,_ ao contrário verdadeiros medi~dores - e:nt,: ~us e os home!'s agric:ul to– res; ou entre Deus e as fami– lias. O ass11n·to é rer,Jado em en– saio publicado depois do meu que é " de· 1933, ~r um pe;. · ~uisódor ·inglês eriàmoràdo dos . coiSalf· PQrtugjJesas: 'o. sr. Rod– . ney ~àí!<>P, . n~ s e':! ·Portugà l, a Book. ~I Folk-Ways (Cambri– dge, 1.936); Tratà- sé de um livro escrito com a maior das simpafiÔs p ela gente · portugue– sa ; mas com essa · simpatia que não exc:h,r_i o crj,tério· cientifi– co - no caso o do foléJoris– ta - numa · ciom6ina,ção que é. o encdnto· de ~tantos ·ensaios ilé ingle'ses sôbre a vidó, a ar– te ou a c ultilra ·d-e ô útros po• vos. Recordá o .sr• • Rodney Gol- 109 que no p.eninsula lberica dos dias pagãos, as popul_a– ções de:dicaya m particular, dev, oç.ão ô Terra Mãe, através cfe um ritual, e1't es~ênc:ia fá. lico, "que to·mou a · f orma de eultô de pedros e ri>chec!,os. Dêsse c:11lto elí'cont"ram;se h o'je numerosos v:es.tigios ou· remi– niscê nci a t ruos ·ou sob, formas ou aparências êristãs, consti– tu ,ndo então casos'· d e "tiar..s– cultu,ação" , c:oi:np airia o pr,o– f essor F ernondo Ortix ou " aéul– t urcção", como diriam os an– tropologi stas s,oc:lais norte– amerícanos. Doi as muitas Nossas Senhoras da Rocha, da Penha, do Penedo, da Serra , 4e ~ª• ordinori•me te ado- rodas em algum rochedo ou p l_g~mo grutá, outrora ha– bitada, en-tre os portugueses, po·r -Moura ou por Mo11r.as En– cantadas. O sr. Rodney G.alJ9p iló especiol importancía oos cultos ' portugueses da N. S. da -!',aude, da Penha Longo,' do_ Senhor de Belas, de N". S. do Socorro, de Nosso Senhora ' de Castelo - tôdas ligados ao culto de pedras ou penhascos, enqµll'nto a imagem de Nossa Senhora, em Fafe, no Minho - cuja romaria é c:o-nheeid ·a como a da " Senhora do Sol" - não é senáo uma pedra a que foi rudement e dada ·f or– mo humana (p. ·128, nota). No Brasil são igualmente .. numerosas a s N·ossas -. Senhoras ' ligadas a pedras, . a pel\hascos ou , grutas espa lhadas ·pelo pa'ís inteiro. Num-erosas são tam– bém no Brcrsil, 'como em Por– tugal, a s Nossas Senhor1>s as– sociadas a fontes e poços ...:... _outrora habitados, segundo a crença popular, por espiritos tutelares, mouros enc:anfadas ou mõe,s-dcígua • - como as portuguesas, d e Atc,laia_, no Ribatejo, 'e -da P~edade, per-to de Lamego, cita.das pelo. ob– s.ervador ingl·ês no seµ i nte re s– sante erÍs oío (p. 128) e a b ra– -s ileiro da Nossa Sê nhora da Soude do Poço do Panela !Perna mbuco), desde o séc:ulo XVUI adorada eat lugÓ1' ' cé- 1 ebre pelas suos jJglia-s. Agúos que paJsarorn c:i ser procuradas para banhos por ,doentes e --pessoas fracas do velha -:Capi– tan ia , Com e tempo tornou~se o Poso da Panela lugàr ele– gante de pcjasamento ele fea- de Ja_neíro · Gilberto FREYRE ('l' !specl.al para a FOLHA DO NORTil') tos acompanhado de biJnhos 'dos vários sontos em Portu– de .-io e depois; de residência gol; Santo Antão, por exem– de gente ;Justre, tendo aí exis- pio, é o patrc,no do godo, co– tido, entre sobrados e casa-rães mo Santo Antonio é o patrono r, inda de p~, o sobradão ha- dos porcos. Santo Antão é pa– b;tá-do por José Mirriano ·e sua trono de bois e · vacos. Tanto mulher d. Olega r iá Ca rne iro que, certo "ex, tendo um pa– do Cunha. - dre e uns bois caido num pre- 0 sr. Rodney Gallop refere- c ipicio pertó de· Tabuo, 0 son– se ao ciifto p.or tuguê•s de NQs• to salvou os bois, porém não so Senhorc, de Fátima , também o pcidre, lfaturalmente porque ossoc(ado à água, e ·que se- o · sacerdote escapava à sua gundo êle j á se t ornou O e9uí- e sf era d e influência. · São Fru– valente português do culto t.uoso e Sã o Romão protegem f,a n cês de Lourdes, tais a s os deyotos contra os cães da– cura s cons iderados milagrosas nados; .São Gil, dos noufragos ai ocorridas. Jesuitas po"rtu• e das cobras; Sáo Morçol, dos g ueses trouxeram ess_'e culto • , 1ncendios; São Dionís io, ·'aos para o Norte do Brasil, onde, terremotos; São Lourenço' e en.tretanto, parece t 'er N. S. Santa Barbara, dos ráios, tro– de FatiÍno perdido _sua ossacia- vões e t empestades (p. 132). · ção com aguos milogro-sos-, di- Deve-se nohlr que no Bro- :rendo os malicclosos a respeito sil é muito vivo o c;,lto de São dos mesmos jesuitas que se Ben-to - e não São Gil - tornoram devotos mai·s dos. c:011tra os cobras, hovendo, co– c hamos' do lnqu,siçõo do que mo em' Po~tugGI; a devoção. de das aguos de Fátima ou das Silnta Bárbara (contra a s tem– aguas de qualquer especie. ~ pestcicl-es ), a de Santa Luxia Pura ~alicia , já se yê. e São longuinhos h:egueira e . Escreve- o sr. Rodney Gollop doença dos olllosl, a de S. Ovi- ,que o homem do campo por- dio (ouvidos), a ·de São Brax tuguês é incapaz de conceber (gcu-ganto). Quanto a Santo seus santos sem as virtudes e Antonio e São Gonçalo têm no os defeitos humanos - o· que Brasil o mesmo p_re~tigip que se observa tám.bém no Bras il. em Portugal como santos ca– E' assim que São Pedra d e Ra- samenteiros, seildó -S_anto An– tes tem a reputaçêío d e ser to.ni.o cosamenteiro dÔs mosas vingativo no Minho: ninguém . e São Gonçalo (do Amarorítel deve trabalhar no seu. dia sob das velhas. Informa- o sr. Rod– peno de ser \'i-tima de .vingan- ney ·Gallop que em. Porlugal ças do santo (p. 132). as romarias de ~. Gonçalo em O folclorista britanjco des- jo1H1iro e junho Clffoem prin- toca 111 "ijJf~s d• infl'ui11eia" c/pálÍnente IIMilhet"es 11ue ~ . .. quirem, por essa ocas ião, do– ces chamados testicuJos de S. Gonçalo" (p . 133). \._ O ol>serya,dor britan,ico re– corda também os castigos im• pos-tos a santos, em Port ugal, quando deixam de atender promessas: serem postos con• tra as paredes, do mesmo mo– do que as crianças desobe di– entes: -serem . de·ifàdo"S; em - lu– gares on-de suo - situaçáo seria desagrl'.!davel se foss em ho– mens e não imagens; sere,m insultados em público: serem apedrejados; serem merg_ulha– tlos em algum poso ou poça dágua (castigo aos santcs que deixam de fazer chover; Hes– f2ra de influência", em Por– tugal, principalmente . de São. Miguel, no Brasil, princip.al – mente de Santa · Cloral. Ent certos reg_roes de Portug'a.l (Aveiro) "escreve o sr. Rodney Gàllop qÚe a imagem d e São ~ai() é alegremente me rgulhÓ– da em v inho, em certa festa celebrada todos os anos. G vi– nho em que o santo é banhado 1,·ebem-no depois a s mulhe res (Continúa na 3,ª p·ãg.) " d h . povo o u trata um g~an e O• mem com f am,iliaridode, chg– mondo-o Tu, ou náo sob& quem êJe é" (p, 140) . E' o que fax a g cn t.e do povo, no Brasil , como em, Poj– tugal, com seus san·tos de es– t im-a!,ã-o: troto-o.s com fo,,Íi, li-aridode. Ljga-os qos se.us do• c:es, aos se.us namoros,; ôs suas comidas, às suas fes tas moi s alegres como a do vinho, ods seus bois1 oos s eus pÔl'ICos, às suas lavouras. ' ' Dêsse a e9eeto dos relações entrG homens e s11nt os em Poe'– tJJgal e no Brasil há anos que venho me ocuponjl~ e m ten• t a,tiyas dê interp~etoção ou d~ s inte.se sociológica dos fa.to_s ma is característicos da fo<• maçã o brasileirà. Fa tos qu e são, tantas vexes ·não os mo,s ostensivos porém os mais in·– timos, os mais. do~ésticos, o·s mais escondidos _do vista d~s observad~~es. De modo que é 11m p ra zer encor:itrar um · mó– derrio pesquisódor estrongeir,o • do importonc ia do sr. Rodney, Gallop que· se .volta para as ' - , rel a cões entre homens e san- - . . tos e_m Por tugal , com um ca.: (p. 135). rinho especial e proc11ra inte r:– pretá-los com verdacíeiro crllh– tério s~iológico. Aliás prece• . d e ram-no, co~ relaçiio às oi,.' • Como ·•,diz Luiz d'Olàveira sen:ações de "devoções" no Guimarãé-s, citado pelo sr. Brasil, é, norte-amer icano Ew\ Rodney GaHop a propósito bank, a.qui esteve no mec;.í d_essa c:onfrat errú~oção d ~s ho- dó do século passado, e e'1j mens com os santos em Por• Po r-tugal o autor (A.P.D.GJ d• tu,.901 (c.onfrat>er-ni zação que Slcetches oi Portuguese Li le~ mois de u1t1a vez tem sido Monners, etc. (1826). Mas ês– opontàda , como more.a do c,is. tes apenas ·· coJ°heram . 011 jun,;. tianismo l irico, doml!Stic:o, fes. toram fatos inte ressantes. A: tivo, já observado por Unq- tent ativa ·de intel'preta~ão dês– m11no e outros estrangei-ros em ses fàtós é recente e vem ilu– Portugal e que se desen'i'.olveu mtnÔndo muito aspecto curio!I no Brasil, de trad i • ou es- de caráter lusitano e do éthoi tilos po_rtugu!)SN). • • ~o• brasileiro. . ' .

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