Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
• • .Ooiningo, 22 de junho de 1947 CRONICA Raquel Queiroz 1 E Uma Crônica Sôbre De - Belém -- Perí AUGUSTO -- Tenho gran<ie a,dmn,ação pela escritora Raquel de Queiiroz. Admiração que começou em Fortaleza, qu.ando eJ,a escandaliza.va a sociedade provmcia.na , com as suas atitudes .de moça sempre– concettoo, que conversava asi.untos pesados e fumaiv,a nos "baa:s" e "cafés". N:a,quela época, há Ulll! 15 anos, a futura roma.ncista lia se lliOtablilizalndo pelas suas polêmicas QOm as ewmdades in• ~ da 'ten-a, que se ~UJnham. ao ;i:i<iioulo e à modlá, quallldo se m~iam com ela. T,ambem não andava em boas re- . Oiações com o clero, que proibia, a leitura. dos seus esc.r:ltos, como ' obra per.nicio,sa e Jmprópria par,a menores. Porém o que mai6 ane impressionava, na futura f.lccionista de '"O Qulalze", eq:a o seu desas.sombl1o quando fa;Iava, trepada num caixão de (l\lero– se,ne, aos operà,rios d9 bairro industrial de Jacarecmga. Foi, m:aqueles tempos herolicos, que sucederam ao fechamento da 1 ,11,)j,ança Nac~ Li'bertadio,ra, que Raquel d-, Queiroz levou o pedaço malB agi,tado die sua vti.a e, consequentemente, o (Ne Jna<ior aómiração insptra'Va. FOLHA DO NORTE NOTAS PARA UMA CONF'EB,ÊNCIA SOBRE A POESIA CON'rEMPORANEA (Continuação da 1.ª pág.) ilnconscieilte obscuro e flutu• ante, abismaa.,-~-ão no silen– cio, c<>mo oonfess,a,ram aJ.me– E, h oje, não basta, como ou- j ar alguns surrealistas, o que trOl'a, a a,pl:icação ao pensa- já se ~ prever depois da– inenito de eaI1tas formulas con: quela. "pa.g,e blmche" de Mel– sa,gra,das. e estabeli!ci<las páo:a larmé. Este silencio é, dlesgra. éa1iar o poema.. A poesia não 98damente, uma das aiflrações m,ais se surbmete a 11ma liabi- mortais da 1trte contem.pt> râ– lidosa :fabricação de versos. A nea. Her-ança dos impr.essio– ireJP~ãio dla essência e da nistas e dos simbolista& De– ~rma não cons~ p,a,iri SJl· bussy havia d!Jw: "Sachez donc ~r a primeira. _à segunda e bien qu'une veridique impres.– exige pan1, a poesie a eJq>res- sion de beauté ne powrrai4 ~ que ela reclama Para tra- avoir d 'autr.es effets que le dJuzitr-se perfeiitll.lnente. Nela, siJ.ence... ?" a matei-ia comanda a forma. Mas, há outro perigo ainda. Ássian, "on demande au poe- LÊbelltasndo-se da tol'tura. da me, ~ Henry ,Derieux:, d'of- e:xipr,essão, poetas hã q,ue re- 1irk un cert:a.iin ~aétere die n;un,ói,a,m reallza.r a forma néoessi.té ; en tous , cas un ra,p- ~ropri,ad>a e reduzem o poema po.t,- une co-ncordooce étroite II uma Pl'\OIS8 sobreoan-egada entre conitenanrt. ét conitenu". de qualidiades poéticas, que os ~~e:s~~ :~pta"ã~':tor~ a,,rtiftcios tig;>o!Wáficos misitifi- ..,. ,,. ca-m emprestando uma apa,,- lnas -m-as, mumificadas, onde, rên,cia menitio:osa e uma fa,lsía meviitavelmente, se e~ingui- es1Jrúitl.U'8 de verso, c<>mo se ria o elan poéjic<>. \l'erifil,c,a, mu iita vez, nas poe– .Pela .C-O!rldlçã9 &ingw/lil' da sias die Bl;a(Se ·Oend.Tars, d~ essência poética, vagamen-te Drieu de la. Roche1le, de Paul peroebd;da pelo intélecto não Morand e de aJ.~ doo mo– ca,ptável de maneiira fãcll, ne- d'er.nos poétas nollte-am.erica– ~~se ela· a todJa e qualquer nos e dós nro.ssos. • 3.ª Página REAÇÃO POÉTICA _.:....~io MILLIET -- (Coppight E.S. I.; com exclusividade para a FOLHA DO NORTE, neste Estado) S. PAULO - A produção poé<U-0a de,stes llltlmos anos reve. la uma reação, .neni sempre consci-ente,. contra a poesia descab e– lada de 192.2. Não me refiro a êsse pequeno g,rupo ' de novos que, como Périeles Silva Ramoo, Dantas Mota, Cabrail de Melo Neto e DOIJÚll80!S Carva,lho e Silva. assume 'francamente a ofensiva, .ln.· sistln'lio na realização de u,ma poe.sia feita de sobriedad e, de n<>breza; <kt decan t açã<> volunt ária . Refiro-me aQ!i outros, ·a06 que, embora acompanhando ainda as inovações e l!beNades dos pianeiros, já se arriscam à rima e ao metro, e pesquisam no 9e111tW.o construtivo de ritmos sever os e unagen.s pur as, incenti– V'aidos t.alvez peJ,iu, liçõe6 die a18uns m odernistas, como :r.1anue1 Bandieira e Guilher,me de Almeida. que nunca desprezaram a téc– nica d,o verso, que nwica se esquecer am de que a poesia não é ~ emoção bruta, mas ta-mbem euri tlnia, mistica, trans;posí– çâo para· o p lano Literário, arte. Mas arte foi o que f izeram 03 pimuistanos e os clã,ssicos, dirão, por que fugir, então, de ,sells padrões? E' que os epígonos se im.pressionaram principalmente COlll oa estilos e perder~ o sentido da essência do cont eúdo. Era ,riniasiano, Vivia em;pol,gado coan os iideais doe liberda– de e ·sentia verdadeiro ilascimo pela :àeirolução ~ e seus berol.s·. Por tsto cre6icia, dia a dia, a minha siml!)atia por aque– la nómloallista afOOlQ que o.s reverendos padres chamavam desé– illei:a<trlemante de "(ij,abo de saia". Depoia daquelas ,agit,a,daz lu– ltas J)Olitic.as, a .jovem Raquel sumiu-se, embareando para o sul ;clio pais. Dela vim ter COllhecimento mals tarde, quando pubM– oou o seu :primêiro iromence, que maxcoil .. 'llm sucesso de lwra- 1r1a e fixou. ' o ~ma óa seca em tódJa a BÚia brutad realid~. como até então nenhum outr-9prosador Óusara fazer. Vieram, em segul:d,a, outros itwos da inqui<eta .Raquel, ,entre os ctu..i)s "João ~•. "Calrnhlll,o de Pedra" e "As 'lll& Marlias", que contribui:. 11arm ;para :fortalecer, mals attlda, a ml!lliha simpatia pela jovem es- oond~ão. J'i,gi.dmne-nte im- 'X X X • posta, no corpo die um verso R-esu1ta de tudo isso que previamenie regulado. Dai o uma nova aTte poéti,ca está desd'€11Xl que se nota pre$ente- sendo criada. ~-se ao mente pela met.rifiC!l,Ção e p,e- apair.ecimento mi um número los recursos màódicos dessa v~iad<> çle f<lrmas esp,onitâ– cousa. feita que é um verso tra- n:eas e inédiitas e de uma Iin-. dici,on,al. E' cór!Seque~ dilJ;So giu,ag~ q.ué apresenita ca,raê,: a .ne,pu,ts,a às cmwenções rilk teiisticas revolucion'à.riias e mi,oas, às regiras do manual d'e originais. Uma concepção me– ver.sifica~, ,e$péci,e de .gra- tafistca dia anaJ,ogia e«:!Jtire 0 matica amortalhante da P~ mUlil,do Qerri.or e o mundo sla E, 11-e&\ie aband-O.IJ.o do a~- exitlerior lev,a o poeta a retfu:aa.– tigo méto® ® fuzer v~. ~ na4it.M-eza os mclos adeqoo– ooordam~ DIUm i~ e&for- d'06 de ex,proessão. Co;n,cepção ço de orla9ão de uma nova que timl sms raizes d.1"--'--f...., Na reação a cru.e aludo, n ão se trata em absoluto de uma volta ao parnasiarusmo, nem ao classicismo, o que fõra um ab– i;uroo t entar, porqua•nt o d.a tentativa só pQdia surgir u.ma ..forma á.rliific ial de inútaçã-0 pobr e e não de criação. Cada tempo tem i;ua confl,gutação cult ural. e querer re~plant ar em no$$a ·era o padrão de ó'Ultra éP'OCa, de um tempo morto, seria fugir à , "fu.n– ção ,natural da aírtê, a qual deve exp1·ún1r, na fo:-ma que ille é ,peculiar, as emoções vivas, ~~' lhan.do assim o momento so– ·riaJ. CQil!teimiporâneo. Ora, a, 'ten®,ncia qüe· vimos oooervando as– si:nala exatamente isso, wn a,jusiamerito. da expressão à realida– de. E1a maroa o d~éjo d,e reconstruir, .31Pós a derruba<la de uni convencianalismo pobre, mais e:xigente de ~bilidade ~ue de gênio. cr~a. ' Conservo, sem arrependimento, essa admiração pela lln1!el,tgente Raquel de Queiroz, Ela nunca me d:ecepcio– aou., assi'IQ como o w. Ertco Verkls!mo, que depois da publl,cação .d'é "Sa,ga" e "Olhal os lirios ,do CaJn!PO", 8$– illl'a,gou todos os seus pex,sonagens, tão .caprichosamente .humani,. U(ioe ein ''Clarlsse", ~ ao Longe'', "Um lugar ao soa" e "'Caminhos ~a.clos"'· E, dado. êsse aJ;\êgo que tenho pela Ra– quel, sem,pré qoo 'me deparo com qualquer produção de wa auto– ria, leio-a avidamente. Sempre aipresenta qu~uer coisa dlfe– r.ente~ ~eia de Oll'Jginalldade e fan~. mas &elXI fu:g:!r. ã reali– cia'de. 1: mesmo "um encanto a Raquel! Caiu-ane às mãos, outTo dia, um exemplu atrasado da Ho Cruzeiro'', EitU que Raquel de QueirOI! fala: de Belém. Ela, se– l!'lJ!DlOO revela nessa en&mca; andou JJOl' ~ bandas af:ndia quan- . . t . do ,crianÇI!, ~ compimlüa d'OS eeus eentto:res, que foram certa.. ~ J)?'EICUTS.Ol'es' dos ''arl(lós''. de boje. Recorda, então, a e!• cbade de outrora, reproduzindo ilmagens que f.le~ gra:l"aooa em sua retlina. Que colorido adml!Nwel dA aio Ver-o-Peso, o~ :a fartura era "mato", com ~u.s, cachos de a~!, man,gas, Jru-~ão, bananas, taperebã, abacaxis, anm:iàff, abl!Cates, enfim, tudo c ;i.ue a dad!l.- região arnazõmca odle.rect. Escttve, a~, coan Dluita beleza., as riquezas da basilica, a t!Mdiçâ-0 do povo pelo Olrio, as ma.ravmias do Bosque e do Museu, que nós não .damns o v .al~r que elas reaJm.ente JileN!Celll. Um sent.tmei:>to de tristeza, POlém. inWl<le-nos ,após a• lei– .tu.a óa crônica. :t q(le, OOIXIIPatrendo a Belém de õutror.a com a de hôje, c>u mclhor, a Belém descnia pela !l"Ottlam.ísta oeairen– JSe oom. a Belém <i;ue .Maga.Jhães ~ta tran&formov. sentimos um contraste desolad,or. Sé Raquel 8lldllBBe por aqui, famn.:. -=-o :mna v.isitiw;ln;b", deoo,onbecer!a a swituosa cldade que Vlra JDa ~- Todas as lma,gens, qu,e oonseirva em 1111a memma. lert&m dlss! pad.as. E, Mante do que visse. e obser.va.sse, teria essunio pal,pit~ie. para ~ crônicas e mrus cr6n!cas, ou eté m!!l!lmO um romance, sôbre tllllll!I .população e uma cidade, que vão ~ergindo soli o tacão implaeavel <le um m!stáfte,a.. d'!>r, que lllidU'iriou o sentimento da genbe pob:Nl e hu– mldd,e, tomando-se um dessEfS .falsoe lideres-, que &OllDEilliJe. muna 1,1evolução ~tra um fim merecido. étiica não somente 08 "cbas-- ""''' 11 '•ç., pose __ ,.- '·d,,,. q· w·flll;essence" dia no idealismo filos6!ico <10$ pri- =<> .... .metr-OS român'bfuos alemã!ejj - poesia: pUll'8i e os aliwcinados um~ Novalis, um Tieck e um proif~as e visiiooários. elo iies- Holde:rljn - paa-a oe quiis conb,ecido e d'<> sonho, 06 ar- Q esptr:iio era a verdiadeira tistas e os videntes, como, ta,m- realidade e o tiniiveroo se,nsi– bém, os ~tas d~. real~~ ver &imples;rnente "aparencia tera-ena cuja poesia. é mspi- e s1nilboio". T.a® n~ vida ob-~va, no si· Há, n-ão ob$tatnite o dualis– Dialllismo da materi&, na ª~ªº mo eu. - Universo, uma p-ro– social e politi~ e ll8 intençã!O tmida e estreita a,finãdadie ,e;n.. do\1-triná'rla. Todos 1}e c,ongre- ti:e o espír.i,t,o e _a naw.reza. E' gia.m oontre a poeldea mO!'lm. atmvés · das cousas, que se ~. por ou,n paa,te, out~ tom~ represen1/ações sensl• ,ao poe!la OOJJ!temporân~ uma vei1I do seu próprio se-r, que o OO!Il(t>leta iml:epep.~MI., qtre .,.,,.,.... ....._'- b i · •;,-~ ~ ......t . ... d1Jrig1r-se paira on.- ..,.,.,... . &ie """""º re a s roes– ,.,.~ .v=••u..:: ...__.,d mo. E,__e&ta a fonn,a situai de Stias excepci<>múl .,,_,':"' a- do sentimento da natureza na .A ldquidação de 22 s ucede um período -construtivo . Ao jôgo de palavras, ao ma.la •b arismo verbal e r ifimico, de que us.aram e abusaram os revol'UCionârios, a tim de destruir, de uma vez, a exiprossão llnco!or e modura doe poetas post --parnasianos, sucede a revalorização das palawas, a revi.são d'OS ritmos, a criaçã o de novas imagens e de novas soluções poéticas•. A recQDStrução ápe– la .pl!ll'a materiais novos, como ocorTeu na tooústria, ao passa,r- , ee do' vidro e do metal à matei;,ia plltstica. Postas coono Vintêius de Moraes, Ledo Ivo. Alphon"Sus de Guimarães Filho, paTailelamente a suas realizações liwes , exer– citam-se na composição de uma J)Oe$ía constrwda, severa :nesmo, um movmiento de re.ação _que muito se a56emelha, pelas inten• ç,6es e até . pelos resultados, ao movimento dos cubistas, de opo– sição, com sua eeoinetxúti, à deli,quescência do de&enbo impre&- 81onl&ta. Do que jâ se conse,guru entre .nós <!Entro dêsse esptriito, te~ mos a~ exemplos no .u>vro "Poesias", de Alphonsus de G\üm,a.. rees Filho (Lliwaria do Globo, ed. P«-to Alegre, 1946); Nem m.108. Nem risoo. Nem a cabeleira Negra de ·grltoe sufocando o vento.•• .................. ,. ..... ... .................. ·-· .... Dor não existe que não too SUQ)Qrte E 'emamos sós, terrtvelmente sós; •• ••......••.. ~················~·············· ···· Que o amor·,4ue vive em -imm :r.im !o e cantan,qo . :g um des-eJo ~ mar - auso ddzê.Jo. São ventos claros s6bre a dor <passando E as pra.taa d.oo.fo -lhando no cabelo••• dee ...,__m exeroer-se liw-e- ,_ F · i E ~~~ as mei~ de PoeS-.. oi O que O .Plill oo- u- :,. mwtoi; não IBfiKlm. o h~~9 g~ ~j;i il~ w __ ~ ~p-ressão que seu 1mstmibo gene- -Ca-rrl~ proclamou nu- !ntlnúsmo """"demais recata.d<>. Ela representa, em:retanto, inóls- sellld ma interessante conferência: ,,,... • poétioo sugere como O OS "L'imQ,g'J,nation de l'homme ~te, uma nova linguagem Póétl.ca, wna sensibilidade mais ClQl'lveniientel!,. cWlerente na eua cllooreção e lll06 seus ma,tJ.zes. Ao méSmo tem- Hã ®e notar ~ui, tam~ s!exadte au conta,ct de Ia Na- po q~ d.lfsclpMn,a a sua poesia,, pe111 ~ia· dias J.mia,gens, a in- o risco a que estão <e'&postos QS ture. Vis~o.o.nak-e du l'éel, il v-enção ~va, a co.ncWio slbtáxlca, o cuidado em llimpar • pOE!bas moo~os e que os ou- entre~ prentl S1l propre <fécou- ~ de ~tos o peeta :renova ~ ~as fonh,as de que se """" ~ .,,_ ...,,_.,.~ ...., i...... orª- verte". A naitúreza é para o . j .. L.-. f~---··•-- ...,,,..,,, ..,. "" -" q;,.u - poef:a, oom.o pa:ra, o artista, serve. Bastou'--lbe para t8Dito ogar .1.v,.., 1HS "''""""°• ranl - a posst"bili~ doe um aqtrêlie dicionálio de quie jã V~jo nessa reação dos ~ poetas o in1clo de uma .nova impasse. Plrocura.ndo sempre, fal ....... ._..,_ ,..._,_ • :fase ~ n01S68 lltetatu:ra, o que me convence, mais uma ve7., de . ,____.__.~,;~;,,, ...,,..,.,. f,---s,· alVla Ouow.O Pli•=r, .a.,e...,cromc. . e1 l ã , ~• .w.t<.vu.,.,,,, ., • ._.., ...,......, ,,,,.,..... A..;..;.,.,._,.__ el. • ..,_ de que 1,2 não foi inúti4, polS sem aqu a revo :uç o, ql.H! provocou - -• ,.,,,,.,..,,.._..,,_ um poema ~•=•wt a mn OOIIO'llnw de ·+- .__ bo l va .,.. .,.,_,.....,..~:V ,.,,_ sinais que, ™ vez ime.ripre- iras õOII acad&n.lcos e o d-esgooto m,µ,.. gen.., a que e • ~ ~riê...,..a,_como v.....,..,., tados, . tom>,ecem a chave dio m anos çreooffldo as regras da ~tioa (na certeza ~e que ou, então,, impoten.tbes p_an ti:a- n'OBSO eu e dlecifram O segre- a erudição fazia o talento)., .não teriamO,!l a bela Soração dos úliti- dtuzl,r &$ was im,po,essões vio- do do Uflli1verso. mos anos. lentas ..e rá,p!d,as, 08 ev~ Existe, pois, uma analog;i,,a ~ 22, pe;la prlmelra v~ ua 11\Ja lúBtóa'1a literária, o Bra~t¼ . tes Eetados dia alma, os pres- univeraal. 'l:ludo se rel,aicl,o,na. ~rta o ps;sso. ~ .agora deDltro do m\ll'ldo e ,., livro .de .A:1• eent.imentos e 11.i! s,emknâscen- E · ._,_. n'te .....,,..,SUII de Guimar~ Filho consti,t(u, como mui.tos ou.tr- .os apre• .,;A~, ..... ..,..__-.,__ .;.;i..,.__ e 08 _ sur,ge, na poesia, 'J.<W\;lllla .,.....,.. t ..,_,,__ 171"14'7 ......., ..., =.,...,,....., v..o.:,..,..,. lileff. tad- oo 3·un do Prêmio "Fàblo Prado", wna prova do qu.e • __ ..,..,._.,,..._ .___ ..._.____-:;;;;::;;·Miiiiu------=de=lirios=· ::::·=._m:·:.:v.:mM: · =órios,=·=· :..:.tôd=º=-º=--~(C:::o~n~t~iD~úa:._n=:a._:6:::·•~p:ágma~·::~> --~e;~fl~l~'ll~,O~·:--______ --:---:-:------.-:----.::=""'"'.':";:-;::: -sli.~ I ,. ,,..__ _,a• CADA UM SUA Ql.JIMERA çu do domingo, em que at., N ve......,. c.....-1~ S O~ um grRJlde céu de etnza, n- gran– el& planlcie poel:renta, . ffm caminhos, Mm relva, aem um cardo, Mm 11ma u:rtlga, . e:ncont:rel vários h~ns que ma:rcba~ ~ados. Cada um deles t:razla àa costas uma enorme Qu.ímera, tão pesada como um saco de fvlnha ou, de .carvão, ou o equipamento de um fntentto IOman'>. Pó:rém ,Q monstruoso MfmnJ :não era um peso ~e:rte; ao co.nlriulo, envolvia o homem, e op:rl• çla-o, com aeua músculos elásticos e !POJSR.nles1 -Ílegu:rava......Jbe ao peito Cl)m IUll.l duaa guru lúutmas; e sua c:ebega 1iü>ulosa elevava-Jle por 16- ~ • cabeça do homem, como um desses hom• ,rela capacetes com que oa anffgos guenet:os FO– .wravam agravar o lenw do Smmlgo. Interroguei um daquelea viaJantu, . Indaguei• lhe aonde ♦lei lam assim, Respondeu-me que 11ão sabia de nada, nem êle, nem oa out:ro1; mu ' . que evidentemente iam a alguma parte, pói8 eram .Impelidos po,r uma invencivel necessidade de ca- &nlllhar. " CUl'ioao: :D"nbn~ deles ae mostrava lnilado confia o anlm"1 ~e:ro:1 que i.ru: ia pendw:ado ao :pescoçc, e il.gllfl'ado às costas; di:r-se-la .com!de:rá• lo parte lmegrarue de· sl D1esmo. Nenhuma da-– .-zelu fhlonomias extenuadas e g:ravea dava lni– cdo do mínlm(, deseJpko; 110b a ledlosa cúpula aó c:éu. com os pés mergulhados na poeira de li. solo ião ck110lado como o c:éu, eles mucha– ftlil com o a:r :rellig:nado d!l,qllelu que ião eon- . ' ~os li espera:r .eteJ.'DRDlente. !I o cort.io J)lllllJOU a.o 111eu lado e •~- • D011 longes do horizonte, no pomo em que a tedoncl'llllluperficle elo planeta ae furta à cm'lo– JddáA do olhar humano. " E ,dmam.e algum momemoa obstlnet-m.t em qire:re:r comp:reende:r esie mts16:rlo1 mas Jogo a lnesllllfvel IJMilfAll'en.ç.a éafu aôb.re mlm. • - fl• qu~i mala rudeme.nle abaildo do que o estavam aqueles homens • PQI' suaa esmagadoru Qul• --· ~ BELA l)OROTt:tA . O Scil c:aaliga a Gidade çom &ua luz vertical e • Três Poemas Prosa . I • De Baudelaire Tradução de Aurelio Buarque de· Hollanda (<i:opyri6hi ·É. S, i., com exclusividade para a F()~ ® HORTE, ne,ste Estado) · tenlvel; a uei.a está ofuscam.e e o ma:r eapelha. l:morpecido o m.UJl.do esmorece molememe • faa a aell111J - lléSta que 6 nma espécle de mol'le 118• bo:rosa em que o .adormecido, melo despe.rio. goa u volúpia.a do .seu amqollamemo• Ent.rtitanto, l>ó:roteia, forfe e orgulhosa como o Sol, "amh>ba na :rua . ,delier.ta . '6nleo 511:r vlvo JMNda llora aob o Smemõ azul. pozido &Qbr.e a luz uma bnliiame :m.ancha negra. Gamlnba, balançando lndolen.temen.ta o torSc> ião fino sôh.re u ancas ião largas. Seu vestido de sida colante, de um tom .róseo. cla?o, contra.a– ia Vivamente .com aa trevaa de aua pela • mol– da-lhe com prec:Wo o 1albe esbelto, o dono c611- cavo • o cólo Alieme, Se~ gue.tda-àol vermelho, .1iilrmi.do a lm, pro– jeià-lhe l&>re o :roeto 10:aihrto o a.rrebique 111111- grani& dos ll!IUI nflexo1. O peso da en°'me cahelel.ra ·quase. azul verga. lhe para t:rãl a ~ça delieed.a, dando.lhe um a:r .triumame e ~ÇOIIO, Pesados brincos au.saur– :rlUZl aec.relameJ'.lte em aµaa :m1n;úsculas orelhas. De quando em quando a brisa muUima lhe ergue a &«la tlu.tuante e mo&t:ra~lhe a perna :iret• plandesceme e aobe:rba: . e o pé. lgual aos pés elas de- ·ele mâzmo:re, que a .Europa encena nos museu■, lmprlme flebnente o seu molde na areia fina. Pois Doroféia é tão pr \ldfglosamen.te ta– ceuil. que llela o prue:r de aer admir ada é ~l\lo.r do que o orgulho de não se.r eiw::rava, •• emboi'!'a seja liv.re , rsamlnha deKalça. • E ela p:ro$segue aaslm, ha.rmonlosameme, con– teme da vida. i;orrlndo com um branco sorriso, como 11& d!~asse ao longe: no eápaço, 1UJl espe– llio a :re.aeür~lhe o andar e a :beleza. À hora em que os PJ'Óprlos-'CÍãe11 .ui'fam de dOr aol> o Sol, que os mo:rde, que pode.raso mol,lvo faa udar ~sim a pri!guigosa Do:roléia, bela • fzia como o bronze ? Po:r qu. deixou sua casillha São galantemente arranjada. de que as flô:res e os coxins :fazem. com :Ião pouca de&pesa, um pe;ríeüo '"bQUdoS:r"'J onde e1a sente ts:nto pra1:er em. pintàr-ee, em lu– ma.r, em fazer-se ah,anar ou em mira:r-ae no ·e.,. pelho de, i;ew; grandes leques de pt11rne11, enquan– to o .mat, que :rola ~ j,raia a cem passos .dali, ·fu àá suas yagas fantaslu um podo:roso • J!l<?- 116tono acompanhamenfo, e a marmita de feno, onde se pl'epa:ra um guisado de lagostas CO:n;l ar– roz e açafrão, lhe envia, do ftulclo da cozinha. ~us per.fumes excllantes? Talvez tenlia um encont:ro com algum Jovem oflclal que, em plagaa lo.nginqy.a.s,' ouviu falar, po.r se~ camaradu, da célebre Do:roléla. Infallvel• mente ela lhe pedirá, a 1lmples criatura, que lhe descreva o baile da ópera, e lhe pergun tará 11e é pol!llívitl lá ir de péa t1.e&ça1.ços, como llB.11 à1m- fl.c:am 6b:rlu e fluiOUs de alegria; e- depois lil'll• da lhe ·1n.da ~6.. J1& u J>elas l:lanias de Par~s lliiO tadaá mal• boillt~ elo que ela. · Do:rot61a 6 admirada e Jnini,ada po:r todos, • ~:ria pafehlUlleiµe fell& ae n119 fósSI! óbl'igada a Junt~ ri~a ppr plill;tf• ~ :re~l\tu &ua lr– :inã:dnh"' que tem preclsame:nte om:e ano, e jã está emadu:rec!da, e tio bela l Ela o conseguirá lelJl cblvtda. a bela J)O:rotéla; o 11&Dh~ da meni– lllll 6 tão avarento, ava:reDto demais para com– preender 11utra beleza ·que não seJa a dos es– cudos ! • O '"CONFlTEOR~ DO A,1'TISTA ! . Como J pe"8irante o , cah- . das l~es de 0\1';', toilo 1 Ah l pene,b'álltes ~ à d:&r I Pois há cer~ tu sema9Õff, CA&. por serem vagas ~.ão são me– nos Úúensaa: e não há l!<>'Dt~ mallÍ acer~da que • do Infinito. Grande p:raze.r o de mergulhaz os oihos na imensidade de c4u e ma.r ! Solidão, silêncio, in• • • l comparáv~l cmi.ded.e. do anl-1 Uma pequeru,. vela a fíemi:I no horho~e, velâ (llle, peque~na • iilolada, 'lembra a mlnba l:rrfitmediável exll;tln~ eia; 1neloclla mon6t,o~ das mareias - l6das &S• ias col.saa pensam pen- mim, o~ eu peru!() por elas (na g:ran.deza do aonho, o - ràpld~ente " pe.rde): elas P.9naam. porém, musli:alme.t,.ie, pUo-– reacamente, sem a:rgucia:.s, sem tllogbmos, sem deduções. N~ entanto, esses pen.samen:toa, ql'le:r Alam de mim ou llG élename;m dllS coisu, logo 8e taniam– exage:r~ameme viyos • l,Dtensos. Á energia Jla• ,rolúpia gera um mal-eilta:r e um aofl'bnemo po:. aDivo. Meu11 nervos, tenso.e ao e>dtemo, só pi:o,, d~zem vibrações · agudas • 4oi~. E agora a p~oiündeza do céll me COJLSterne; exaspera-me a sua limpidez. A. insenail>Uidade do m.a:r. a . imutabilidade do ~eté;culo, :revollanl• me.. . . Ah l terei de sofrer e,1:ernamente, ou eteP namente Jui,1.r ao Mlo? Natu%esa, felliceira des– buman~ :rival II e m p r e vitoriosa, deixa-me 1 Deixa de tentar os meus desejos e o meu J?rc:N,o lho I o• e&'!udo an beleza é um ~ueio em q\l,t 1 arilata IJ.tillil d.e pavor aniea ~ 11er ~.
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