Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• ( 2.ª l'dglna FOI-HA DO NORTE Domingo. 22 de junho de 1947 DIRETOR PAUL~ MARAHHÃ() RIO - Vão, aba1xo, aJgumas .>~as . copiadas do caderno de ' lanerg.es Lopes. A matéria é ária: A GRANDE C I DADE - A grande clidade tem ml4 meros ar– d!J.ooos de noo en,volver, p.ara d,epois IÍ9S triturai' devàgarin.ho, eomo a sw::ur!jfl à wa presa. Resistwmoo ao torvelinho, :Iro-– .,oqnos ao fl~ das coisas o 1lQSSO rk:mo, -recu=o-nos quan– to posslvél, à cidade - els o q_u,e é preciso para não decair– moo da condiçp.o de ser ~– t'e a não nos deixarmos ll!!Tas– tar, OO<DlO uni destrôço, pela vo- DO CADERNO DE BOANERGES encherie .a u·n1 tipo tnascul.no oerto tra'9() de oaráte,r obser-va• do numa mwb.~. OU ~ que se 3(pl!que a wxí. m~lo vivo aqui• lo que se tiit'OIJ. de um tipo de· fi,oçíi:o. PM"a o romancista, nlí~ tiá frontel:ras entre a realidade circtµtdante e à realidade de sua fantasia. Mallm-mé .~u bem isto, \ie:l;tn,Jndo-se como ffum homme que l-e$ reailtés du monde af• feoten,j)e comme des vislons et settlemenlt comme vtsions". -- Cyro dos ANJOS - • ORIENTAÇÃG {Ccppxg4t E.S.I., com excluslvtdade para a FO:LRA. DO NORTE, neste E.sf~ o) NECE$SIDAD11; DE FUGA - Preconiza-se, hoje, U'ma arte de partlic:IPacão, em oon-trário e uma DE 'JfAROLDO MARANHÃO COLABORAI>ôBES: - Alvaro Lf.ns, Almel-Q;i ,Fischer. ~uretio BuaTQ.Ue dx, i:loll'llnda, Benedito Nunes;"'Bruno de Menezes, Carlos Drummond de Andrade. Cécll Meira, Cléo Bemaíidó, Cyro dos Andos, Carloa Eduardo, F. Paulo 'Men– des, llaroldo :Maranhão, J oão Condé, Marques Rebel-0, Ma. nuel Bandeira, Max Martins, Muri:Io l\,1endes. Otto Maria Ca:r,peaux, Paulo Pllnro Abreu, R. de Sousa Moua.-a, Roger B~e, Ruy Guilherme Barata, Serglo Milliet e Wilson Ma -rtl.ns. --- --·------ .Caderno De Viagem Marques REB:€LO (Copyright E.S.I., com exclusividade para a FOLHA DO N()RTE, neste Estado) 1:,ágem. plbcandio.--se ll!U•ma apa.rente di- Que o esp1rLto se oonserve -sô• versfdade, a obra d',e um autor bre as águias. dá""l];()6 .a.pen.as variações sôbre ENSAlSTAS - Os ensalstas, alguns temas fundaan~ta1S. que em g-ei:a,I, n-oe dão uma ver&!,,, a nutrem. de "d:lrl.g'l.(fil". ' A propósito, Proust no,s diz, Com soléroia, va~-se de nos- em linguagem poética.. que tl>do sa passividaJde, para · nos condu- arli.sba é cç,mo o ctdadão de '1fflª zi:r-em a certos 1ugaros. astucio- pát,:1,a desconhecidll, que J)el'deu sarnente cscol:b.kl .<>s. Depol$, -não e d<e qu,e não se recl>l'Cla, mas poderemos sadr senão pelo ca,- com a qual perm:anece bwon– mlnho qué ad.rede prep11rar~m. ciente!P:ente af!n,ad«>. em unts- Não procuram a veJXlade; pos- sono. E qu,e o l!rlf~a só exulta, i,uem-na 8!1/tiec.q !adamen.te, -e seu vêl'ldàdeirámente, quando can'ta trabalho é apenas demonstrati- segundo essa pátria interior. 1t vo. um canto slngular, monótono. SOLIDÃO - · Duas no:MS ,de pois, quailquer que seja o tema. solfdão, cada d.l.a - quanto não o artista sempre se mostra idên• dan amos para consegui-las? tl:co a si mesmo. J!: preciso que as conqU:lste- Mas, eX>atamente essa monoto- mos do próp.rio ar que nos en- nia é que patenteia a fixidez volve, no bullcio d-a ;fiamilta,. oos el.earientos componentes de :l!i preciso que ~rendauios, rua a.lroa. com Duha111el, a segreg,ar, nós SOFRIMENTO E ARTE-O ar- prÓl];>rl os, a nossa solidão. tista pa,ga oa.ro os prazer-es que O CANTO SINGUL:AR-Abor• a a.rte lhe pro,P<_?rcion,a. recem-se os cr!ti-cos qwmdo um Por natureza.. é ma.Is senslvel escnt o;r se repete, seja nos te• que o comum dos homens. E a mas, seja nos personagens. sensibilidade. que o faz gerar Entretanto, a veroade é que obras que comovem. os outros. n,e,m mesmo os grandes escrito- é, ao mesmo tempo, fonte de res dei:x:a-ram (lei repetir-se. E humano sófrlmen<to pa,r.a ê!e. pocl:er-se-ia afmm.ar que, multi- Nem se dJi,ga que multas de sat.e d,e evasão. i: 6UM <liores provêm de ca_usaa Não me Cll);)Onho d.e :modo ãl• :lma,glnárlas, · 11,r-ando o es,p#'ito guan aos particlq>antes, pareçl;'ll• do nada temas de SC'frlanento. do-me que o &rti.6t-a deve ser :i:n• Os sOlfrlmentos imaglnárioo são tetramen& ·11vr e. inclusive p,aa-a os ína,ts angu.stJ,osos e os de mais ·se desfyuir. pungente realldl!,de. Bntiretanto, não vejo como os PEP.SONAGENS - Multas vê- evangel1Stas da parli:ci;pação po– ze.s, depois de criado um perao- de.riam eliminar êste anta,gonis• na,g,wn, o aµtor dei;com:e em sua mo: ação é vida q,ue vive; arte é crla.tura traçoo moriris de certa vlida tepresenta<;ta, tm-a,gin~ ~Qa de suas retàções. traeos tra~. físlcos d:e outra. . . Em certo sentido, a·rte é, pois, S6 o percebe, assJ.m. a poste- econ:omi.a de ação. Arte de pM• rlo~<j.e . A cri-ação é, em sua tlci.pàção serla uma "contradJtio maior parte, produto de elabora- l.iJ:t:entniln1s". Detxarla de ser aT• ção, mconsciente. te pama ee tor:ttar a,pena" JY<l.,rtici,- 0 romance à elef, planejado a pação. trio. seria u.ma auto-limitação Qúanto m a 1s dra,mâtico é o sibsu~te imposta pelo ar• mundo, mal!; o artista se vê ten– t!stâ a si mesmo. l!noventaT é o tooo a fugir-lhe e a substitu!•la que lhe CO?Xld)J"az. pelo ~ mundo. S em d:õ:vld,a., os personagens E. pm-a muitas '!IW~. a arte tão ttrados da vida rea-1, mas no é o fulico refrj.gério. "U•n· s~ sen;tido em · que da vidà -real bea,u vera" dizia o velho Ana• vem, em bruto. a melhor parle to-le - "a fait plus de,. bien à do ,materiai pl& tl.co de q_u,e se l'hu.ma.n~to qtie tous les éhefs sei:?e o r.omanclsta. · d'OC11V1re de la metallur gle"... De ordinário, o personagem é Uma boutade?· Sim. nws quan•· assim como um mosaico . Forma- ta v~e dentro dela ..• se dte partes justadoras colhidas BOMBA ATôMlCA - U m a, mconscienteme-nt.e Dll6 mais (li- da bomba atôlllica: a música <le ve-t!!as e i1n;-prevlstae fontes. As- coisa nos co.nsola da e0,u,pide:rl sim, ~ ooon1ecer que se Mozan::t. • WNTRAS Conversiinha: --Morreu Zé lragunt'.res. --Quem ma.tou~ :vn.A BRASfLIA Conveminba.: .,,,. A PROPÓSITO DE VAN GOGH --Qwue tal a estrada-f --Boa P3ll'a avião. -- André LHOTE -- JANU.AR ~ J'an'Uárla fi-ca enco1hida sôbre o ba:l'raa1co. trtsre e ári'da, coono wma m09a sem amor. Dian.te d'el:a o São Fran.cisoo rem um qul:lômetr.o, pontu,arlo <te c<>rQas amwelas, ondle d/e nowe se recolhem as aves aquáticas. Mas, quaa:ido vem a cheia, o rio se este!lide, põe seis a sete léguas de mM"gem a margem, pro1b~o pl.amaç~ regulares, ameaçando o ge.do , roendo 08 bairrancos como uma doença de mau ca.tlrteir-, d.e. \1'8Stando povoações ribeirimas, e, ao descer dias águas, vêm 'OS mosquàws, o anofél.ee , primcipa,lmeinte, e tudo treme e s,s oemi-té-:rwp se eoohem. RIO - A admi:rá.vel exposição retrospectiva de Van Gogh, no Museu de l'Orangerie, há pouco tempo encerrada. Jmpre&sionou fortemente !od.o8 011 que se inte- (Copyright E.S.t., cant exclusJvtdad& P8%ll. a FOLHA DO NORTE, resAAm pela arte . de exprimir u uesie Dfado) sensaçõe.- pela c&r. Oa pintorea modemoa aula eru:onna:ram a c<mfiima.ção de aua predileção pelo prisxna e pelo desenho ex– presal.vo enquanto os aclil.d.êmi– c:os e os amassado:rea ~ preto lléJúiam. algum remorso óm face da evolução. dêsse pintor, ·qv.e começou no domínio dali soni.– l>ra.s e alcan.çou a mala 6Ubllme luminosidade da paleta, :a• s e remorso tugu vara: algJI.ZIII de- 1e,, para oa melllorea 116 poderá 114 tOJ:nar lancinante-. I>uiame. a exposição, o grande público afi– J18.l desc:obrlu, 11&:m tevolia. a vir– tude emôllvà ci.a detonnaçiio-, a nobr.eza <lo qv;e c:bamarel de- aio– rll:aliua wpltada e a · mw;t~ da Côr . XXX Com. a. pequena renda d'o m~fo não se póidle fa.zer ni~ e a ci<tâde nã-o tem as:il'O die órfãos n1em de ~i– gos_. não ·tem obras d-e proteção à :m.:aite~d~ e à infâ.nclà nem abrigos, pa1"8 a vel!h.ioe, t11em casa. die oegoo, mim reftigio para os 'wt,eri!w:~, não tem ao menos um.~ médioo ~ servir ·aoe pobres;, porqt1e um~ que Hawi a Saúde Pública ~ ~ tr,a.ooferi-lo Pl!ft Pira.por,a, que fica. a •lris dias de vàpor, wando hã vàpoo:es. Se dá a sêca. e levas de reti-rantes fnV'ild-em. as ruas, a morte sente~ feliz, pois é com diifiew.d'ade que a efdade. P')bre socorre os in.felliles qu.e vão a • O senhor· bispo coadâ \lt.ot - de Montes C1'a<ros· teve ho-je um ~~- q-ue càlou ~~o nos c~ç5es jainua~es. 'Apr_ovel• teooo· o ln.vemo, quani'llo-o ~o do impail.udsnó• é, infi11ita– ~ menor, sua reverendilJsima ~io fazer a sua anua:l a.r– ~ção. Segundo os rela~ ·- como a .er.ise- anda f~ ...;. 8/pUrou ~nas pouco qia.is de d-ez- contos, em crismas. mas em todo o muni.'cfpio sem;pre ~gudu uns ~ o que não 6 d'es,prerlvel dado OI! tempos herétreos que 00!.Teln .e t84\to mais 'porq.ue o mtmi-cípio não coo.segue ainda na sua receita ~ mais que duzentos ~ VÍl!J,te contos. Más aó bén:i;et"" pela ~ vez as profanas obras do h-o&– pitail , p bi quallro ani?s vên;l se ,à-l'r85tando e que _talvez dàqul a ~rze ainda não est,eia.m ~in-adas PM'él 8Jtend:er a.os, ~ o &eJlbo,r bbpo oo,adj~ lanÇO'll na $8cola, Qtre com-,e.u pelos l)llésentes, uma bonlitià n,'Ota dle dez ~ll réis. M.as queixou-sa d'os . tempos poi: diecfu'o pessoai, DG que f-Oi oomproond !i.do pe,los fiéi.,. JC. .X X C.inoo in<eses aern chuva, o r.io vai m.uUo seco/ e . bA olto d~ nea,n. sombm ~ navlo. A$·· merey,d_?Fi~ ~ estr'a• ga(1" troe- ami,a,,ens. Os .pa.ssa,geliros em trall,91,to moi'Qm nos ho– téis. ~ oaixe~~vi,a,ja--ntes ,divertem-se pelos bo'l'del$ ca~. O so.1 · despenca 00010 um. castigo. E mà.fs um dla, outro dia, ma& <>\!firo dia. . • Doze &às já fat.em e navt<> não chega. Eâson ~hães está danaoo por causa d:uns remédios ur– gentes que ~u parn a fámiácia: ''lst,o é J'anuâria•• m~ amigo!" I-tal>a-i'ilna também se queixa. de que tem dois mil c,ouros ~ _depôsl:to. E navi:O não passa. E não a-cont,ece !)ade. ~ dia imenso~ E a soli:dã<i peoo. como um chumbo. XXX P-aoamão,. OU1rVilla, sur-ulbi, cur.rm.atá, o d:ouraoo, a traira, que tem mui.ta espmha, o paclí, o piã!l - os ~i:'es d~ tuas águas São :F\rancisco, são um co.nsolo para °"~ viaJantes. PeJxe com farinha, peixe com arroz, peixe com limão, sopa de peixe, bolo de peixe. . . E muiita pimenta, porque estamos perto da Bahla. E tíi.Jagadas da fa~osa J'ia.nuârÍ';l, cachaça que nãp: tem Os edilore11, sempre- ávidos de novtdade, ~aram fel>J:ilmente all>uns 116bre a obra <lo grande hoWM!h. ~a de aparecec um desses albuua. 011 clBa ~– tions du Chêne"', J)l'.efaciado, com 111ul!o brilho, pelo , flll . Franc:k Elgar, ~ ae e11força sobretu– do para ~tecer a glória da.!! obi'as p~&4u e~ 1881 • l~SO, cU.zendo-nos abrutamante &erem u únicas de vaJ.Qr. São, qom efeUo, aa mala tiuala, do ponto d.a :i'1a1a da e,c""]taçii.l) ela ~r;_ mas as elo período de Paria DaO emoclf'nND menos clada a ma• -lia por ~ m :os.tr~ ! pbit.or em '9iaa de ll1lbsfitulr, nao c-len– tliicamenl4, 111aa a golpes ele uma Intuição fldguzanle, OI cc ,n.au – lH ele "valor" {116bre os quals - bit.Ílll&vil a pbdma, at6 o lmpr--. alonhsmo-) por contraste-. pmoa de · "tlntau, chegando· 'por ·f1m à di!mlndção' total 40 claro-e~, a um n!,velamento absoluto dOIJ vastos e clo'tJ chei:óli. D811cle 1881, a revolução vivida por !odos ~ó• - Mattsse., Picasso, e , em prl• melro Ia:gar; <lloiaaU·- realizou~sa, maa como 4 emocionante '96-111 em. vta.s'· de reallzaçiio-. O ar. F,nnck EllV'lf. é Wll. d!Nl m.als ara. clentéa e lúcldps d.éfensorea cl8 arte dé ~- C01Dpreen:– de-se <N•• tendo os olhos che~ d<MI tons pu.ros d,a plntura ~al (e ,,,.... de -repeme- o austeo Bra:que deixar u- veses explôclir o anuszelo d~ girauo& ent auaa tetas de fundo clnsa e - negro,) eafoi,,;ou;.116 para apresentar~nos um album comP,asto 'exclu_siv.a.– mente por reproduções elas -obras dos últimos t e m p o• do pobre Vincem . Vêem-sé nele O!J belos ret:ralos. da familfa R011lln. O' pai. com · doia. olhos e.sues, wna l!IU'~ifica .barba.. em. qu_e cada volufa se desenha com uma. pre– cisão de primlflvô e ·a mãe nwna fazem. pintura puza, reeo~endo ao truncamento da car realçada pelos orn.amentoe. pintura que reflete o amor a Di,us, ao ho– mem e às paisagens. Respeitan– do suas origens murais, ela cer– tamente 6 decorativa, "maa pol' adlçãoª. li: preciso dlser e red.l:zer que, - momentos ae •'ferme-ina~ ,;ão, DOll gttals uma ·arte mone {a chamada . arfe acadêmica) e gell:ffllna uma nov,i. arte, · lle' lm~ põo a oomulla às ~lgens e o gênio qae serve da bue:rmedlâ• rio en&e a lll'te cmgtnal e àqué-– Ja ~que ,se pt'e>euu. ÍGJlcl ~re-ltó . l admlraç!lo .e ~ao · reconhecimento de tôdÓII. Van.-~~. porllm, 1011: m,a!li i!o ~ fnh'oduzb:-nos no coraçíõ,o da pbttuft básica - facllltou– nos e: compreen.slio do de!lênho lh 'l.co de Í!.OSS09 grlm4es decora- dores r<>manos que, s&bre o mi,. vtniento Inicial da ualorta" que ~a Cristo no ~elo elas abo– badas, descfobt:am. • e u II laços, IIUais -,,oluhul, ueu1 feixes de tri– go ~ seua lequas como se o pró– piio r\tmo ela Criação f&sso a primel,ra cot.a a se cantar plá!I• Hcàmenfe. Há níul,!os ino9 Já con,rldei:lo p ar a 'tnlclar jovens p~orea nas leis dá cóí:JlpÓSlção, esforço-me por repetir a ·asses ■uldos e cégos, que se cham:am alunos ou dlsclpulos, 11111,& fra– set -tiro com3ço era o rltmo~. Coní ~ cleseJo mostrar-lhes que niml qua!fro fu4o di!ve ser Uga– do P.01' um m~ei;d<> r .eat, fn– cllnim4o 01 v6rlos elementos pJãst!coa una piúa eis outros, so– brepondo"'O!S, retor<:enc!o;.q9 eni. conJ~o com.o aa f!amas ae 'IUlla toeha. . 'Uma tocha! Quetnmelhor do que -------'----------=---------- Tua estranha beJeza embriagou-me e perdj.do de alegria pus-me a cantar: Oh Helena! Oh'Helena! Bela e pur.a como os anjos1 Bela e pura tomo ós anjos! E enquanto em ouro e violeta a imensa. f~de Caía.para uma noite quente e p~rfumada Eu tomava tua beleza! ' ' . Eu :tomava tua beleza! Tudo se abri.a então aos ineus sentidos: . ' • A vida a morte o bem o mal! Minha voz purificou-se outra por ê9tes gram,d~ bràsis. . Depois d-a,s reíeiç~ viem wna pr~nça doida, u~ von– fil<l!e de fi-cat esticado na ~deira de d<éooal'l®,, ii.em um movi- cãde.tra. que essa criança fão pouco mimada peli> vida que foi VBl\ Gogh, chamava d.e "La Ber– C'euse", como para cantar as do– çuras e as deHc".as que lhe- _fo– •,:am recusadaa. Essas almas, ll1m- 1;>les que consenJi~m em ·teceber 0 pintor malt~do ~presentam-se aôbre um fundo \f.e papel. (lori– do, bem próvlnci;m,o, cujos º:na– menios. p_arecem dar •ia ascala de todos os pormenores do quadro·, aprendi o se~edo do canto de Israfel e cantei aos quatro ventos no cair da noite: menbo, sem um pensam.Mtp cômo mnn sanG,tório. ·· !)&rmitlndo a certos -ciftlcos, pri- 11lonei:tos . d,as antigas .fórwutaa. XXX 111.zer que a pintura moderna. • · d'O • a casa nascida dessa, não passa de uma -sA.quella. ali, apontou o ctoer-0ue improvisa · , .e , pimu:ra decorativa, USàndo-se e$- ®de nasceu Cairl-os Ch.ia,cc)li'.o. sa última l)alavra no ·Séu 5'8nli• Pa,r,ei: cto pejorafivo e slgnüicando arte E .,.,.._,..,. À;._ ...,,. eoeim O que Chi.aoobio te1n feito? humor. t:sse• stmpl6rios ~nca -- •=.,_ ~ • m.editar;im diante de uma· pm,tu- - -Assim por altt·o. Poeta, não é 'l ra bizantina ou siamesa. nem Sorri: 1;1erceberam <JU"" t odas as ve;ze 9 --Ninrtné,m é sa,nto na sua ter:ra.• • que en tra e:m iogo UJllnha cQ&r, o ,,,_ · · f' · ·=,.,<ti.""""' ~..m'>nto a .acompa a . nem E ante o silêncio respertoso do Cl~~rone _i.qu-e 1 t .......,.....-- ousa.ria afirmar 5 ,.r clecot ;úi.va a li() a tntânci<J. -te Chí:aehi.o qJ:te, .J,!D1 d~, 9a_rtm p.3\1\à sempre, ..JI~" d0& ~tore• do ."quatro- Oh Helena! Oh Helena! Bela e pura como os anjos! Bela e pura com9 os anjos! -- CAlIBY CR1JZ, . ·• Van Gogh soube rel.UÚ% as er– vas, as nuvens, os rochedos e ç,a r&lJl0$ li.um rede:inol.uho , nu:na. vaga con.U.11u11., como acontec:9 nas paisagens provl.nciais agi:la,. das pelo mistral,? Vemos repro– duzida nesse preciosó album em côre&. a estrada de cipresie de Saint - Remy-de-Provence . ~ssea ciprestes, que os pintores àéa• dêmicos nos apresentaram mor– nos e pesados c;omo lágrimas de chumbo, qúeixriam- e fiEl tors:em, formando ilamaa alucinantes a · nada na paisagem fica insensí• vel a essa•. 4Çãn tncaun!'sc'en• fe. A esir onde desceíxr: algumas ~s · · ll>D\811,!:"-l'.•iola. corre como se fôsse .la:va. e~ó . cé,i. Íl.o qu.al aa ejlU~Q crepitaw élllá intelrameiite ocupado pela elliefra fosforesc:erúe de um eira• irão n ê>~urno .cusp~. cen.ti, lhas. ~•. teniápuloll _desenvolvidoa em todos os sentidos • que .. furidem num ~ntq· úiue:r– ilal, l&mbram ln'aslalivetmente o drapefamen10 «tu roupagens d.os personágenll r<>man.011, Daa quaiJI <MI cotoveloe, o ventre e oa . ,joe.. lho■ 11âo o po~o de particlà dd pregu que por aua • vea c.,e~ IISIOCÜmdo-te- elltreltament& aos si:é111oa curvoii dos 1'raçoa, à dan• ça du pel'DU ,e~éabrln!fo rou.. ' pu • capotes amplos. Toda ess. coreogr8'la 6 pontuâda pilas au.. réolas clOII INUllOI. Do UleSD!,0-C,. do, a dím~ dAsaes unlveHOS fe,o diado■; 'Ili.li são as paisagens ele van G<!iJb, te111 • a ,a pontuaçã<J 11a auréola daa em61aa. Enquúto ci::uiume noa tntro– du:riti. no paralio da plniura IDQ• 111<:4 V'1111 ~ IUbtc:revendo o •deal de "tt hdét•dot, acrescea.• sá.v~ às ·laveaç&ts deilfe ú.Ulmo. a aoçio de ritmo Wlffenal. c:Jla,. ve de toc!e. a composl!)io dlnà-- 1:Diéa. ~. ■ublliUuta, Dl&t/ fil.~ji.i, . dê '. irefeüm:laa hlató:rtca-. w lfallaaos !la Renascença, ~ ddoa de C.■aJiM, P.JtlOI grande• decorádoffs fran,cesee 4011 s6cu• ·toa XI • xn. multo mais próxl... 111011 de nouo COl'llçio, lnahil'lll.. clo-ae ll■llhn 110 centro • da mai• pura tn(Uçã.o de aoao pais. Dlle --~o não foi e,çpreua– menft :m!irc8dQ pelas "EdltloQ clu Chllne•, maa ~la- ~e~ •~- cle11eoberta delld;e 'fl'Ue • :re. c»rra aOII" élOtJ a1húna. a.pareci• doa DO aru; puaado. um doí qilafa reprodus os a f:resc011 de Tavant e _outro a majelliosa d.é• coração da abóbada de Salm• ,savtne~ Gartempe, que 6 a C\lo'" p,ela Si.xtlna da a Í.' t e romana. Diante deuas ptntura.- movimen– ·tadas, nu qualll. oa orname~011 :mullipllcados 4ot8Dl uma cõl' modesta de lilítgútar poder, cp:m~ preende-~ a teoria, tão CIIJ'a a Van, Gogh, aegundo a qual 8.9 pinceladu IUperl)osfas rUinlc;a,– menfe aumentam a Intensidade cromática. 't: essa uma- teoria in– teiramenJe· opOl!ia . à de Gauguin. que desejava fâl1sem os. .tons co– locados a ll90 sem modulações Interiores . Nas fantosas · carias a seu irmão Téo, o pdl!ll,e Vln• cem: fala frequentemente ~br• essa preeminêlfcia eterna do de– •e~ô sôbre · à 'ifír. Não se poda encontrar nada de mais e,cplí• . " . clfo sôbre lS$0 do que •,a segulft• te fórmula tão razoável e sôbra a qual ~odos os pintores dev..,. rtam meditar, escrita por êle em Arles. um poué"o antejl de mor• rer: "E'm relação à pintura:, há dois modos de raciocinar: "How not to do U and . how to do J.t. How lo do it" com muUo de• Ílenho e pou<;a côr. "ho,w to do UH eoµ, mui!a côr e pouco de~ senho". F.stá al todo o segrêdo da pin– tura: mas, como sempr e , umll co'-:a ~ sabe;· t> que é p11eçi~o f~er e . ou.ira fazê-la ~ ~ com W1·111fvii.n, • #

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