Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

"DeeorrLdos mais de trinta anos õe sua morte, êsse homem que !Parecia distante e isola<io na inossa história literáTia, mosti·ou– se 1nais próximo de nós do que todos quan los procurara.m, inten– cionalme.n te, fazer obra repre– s entatlv-á da nossa nacionaJida– .d•e". É com esta c<>cnsideração que o sr. Barreto Filho prin-cl p1a o seu ensaio SlÕbre Ma,c.hado de Assis, no qual, sob o titulo mo– d esto de •·Introdu,ãp a Macha– ., ..s "' · " ,, '!e nos o!e 110 <1@ .,,.§§1§ ; O Q\h, ll ~ ·~- -·-- :r-ece na verdade é tôda uma f i- 6 'iono.mi a literária e moral do . criador de Brás Cul>as, ao rnes– mo tompo que o magniílco espe– Jtáculo de uma aventura do pen- . sarnento crit-ico, lançado ém pro.– fuooLdade para a compteen,são e ia revelação (los ·traços mais ca– ira,cteristicos do que 'já podemos ch,a~nar o espírito machadia– no ll). E não que o !l.r. Barre– to Filho tenha tratlido a obra .de l\1achado de Assis como a dé • DOMÍNGO, 22 de junho de 194.7 mances exploram no adultério. O livro não tem semelhante vul– ~ridade. É uma falha ma is r a– dical, -uma traição à infância, wma neg·aião da poesia d,a vida, tanto mais oora, quanto se ten1 a impressão de que tinha de ser assim. :É essa a eonclusãq do es– crito;:, a moralidade da histórra, se assim podemos dizer, pois tu– do bem conside1-ado, a Capitú de agora já est<!IVà.fmt inteira na doce com,panheffli)~ija me.n:l,;: ' . ~ n1oe, que nscav>a a carvao, p,ara entrt}}a,çá•los eternamente, os nomes de ambos no muro. do quin tal." E por que se conduzira Machado de Assis c'orn uma tão ,,. inn,pla<;ável crueldade em face •on· 1'1à.T ªL DE 1"1Rl,..,ICA dos j>el'SOna,gens dêsse roman.ce , o . '. .r,a .t\11.. '-' .' Jl' ~r;f~rfi1:.n~o ~tf~ ~~~r° ct! . . . . . infância? Porque "a reaJi-dadie u DeAssis da vida lhe parecia tão absui·da e deoepciori,i1-nte, qu'e o homem não tem o d ireito de colocar e1n , ,u,m es,pirito desencarha'do,, liber– to .d.as co'lltin'gências soc•i:àis e das c tr-cunstâncias humanas. Pê 1 ô i contrário: uma das préocupações do cr·ítico é a de caractêrizaí: essa figura n o que ·ela ti!l'ha' d~ o:>articuil,ar e es,pecific'ada,mente ih.um -ana, íixa11/do-a, assim, isoH1dâ Alvaro LINS (Exclusividade da FOLHA DO NORTE, neste Estado) ," e$pfritq" , êl;e expl'imiu co,mo n~– n hum outro:- €scriJtor dcaq\te•• tempo . Transmitiu -nos o eS!l)iri• to, a sub<Stância intima e .secre• t,a de u,ma, éppea, ·com uma for– ma de artista, s€m se deter no epjsodl.$lYlO o))j,etlvo, que e.s t 'it ao oebe-s-e q~~ esta é u,ina oJ:>ra lon– al,cance do talen-to fotogrático o•.1 ga,m€11Jte pensada e sent'ída, des· descrttivo de qualquer literato se z sen ir mai 0 ;co de Bz:ás Cubas que o sr. B arre– ness~ época, a~asta-o_ um !',ia-o . t-o FNho co1neça -a dar tôda a da 1tnha ... doa mfâncioa, de". medida ·de sua · f&-ça e dos seus d aquela zoon,a cobert_a de magoa, recursos como ensaísta e criti- sC>lnbras e ressent1n1en,tos. O · . · · . - . bom êxito das suas p1·imeiras co. Ne st e sentiodo, vao _Juntos, t t , · lite ·árias O em"'~êgo pum ~re_scendo, o romancista e, o en ª"'':'ª.s 1 , . • ,, se'U intérprete. Para·m, ambos, • e na ·manei-r·a como ·ela se colocaC" va e1n . .face dos seus semellian; it€s, s.ituando-1'1 não só na órdem de un1a tradição literária uni– v ersal, mas ta;m))em d€ntro <:lá socie<laode brasileira do ségunrlo '.Reins:do, que ref letiu nõs s,eus !l'omances, contos e crônica.s, de: pois de ter s1d-o vastame11te m– f1uenclado por ela ao ponto de :tornar-~ uiin dos produtos mais ot!p,oos e e;,,.,>ressivos da estrutu– ra menta:! e moral do Impér\o. Mais de ,1.ma vez, o e'(lsáísta vol– lta a lembrar o sentido social, di– ga rn.os , do espírito de l\'1.ichado d-e Assis: "&se homem que passa por não ter se interessado pela vi,à.a p,olítlca e .social do p,aís co– im-entou-a honestan1cnte .dur-ant€ Jt.ôda a sua vida e as $U3s c.rô • .!llicas constituem um $ ltbsi-dió.in– odwpens_ável pára a reeon~ituição rla época .em que viveu" . O q.ue aconteceu é q;.e .ele, es, cr:tor orig'inaÍ por excelenc,i-a na sua é.p.óca, OCUJpou-se da v i,d,a so– cial de modo diferente de to– dos os seus contem;porâneo-s, com os oL'1os Lm,pcerturbáveis de um E<SJOect&dor e não com o; senti– onêntos <1paixonados de um parti– c',JJ)ante. E na consequência J!elíz cue obfeve Mach'-ado ·de A.ssis ;há ,.im.a lição par a o:s artistas de ho– je: q,uanto menos se ap1tixon,ava e quant o menos partic1pava di• :retamerite • d os acontecimaitos, :mais se 1m:p~av,a do eent~ú– do proju,pdo dê1€S é mais ap,to ii- 02.v.a 9.:ira e"-"!>l"imí-los na sua for– m a mais substancial e dura<lou– ,-a. Nos seus liv ros, não encon– tramos rep!)rtaieris. sens,icionàis, nem 1?,ãrtildansrnos ideolpgico; não !iintroduzi u nas suas oQras de fic– ,cã.o o relato d.e movtmentos po– Sí t.!cos como a Abolição e a ~– públléa, nem cogitou demagõgi– cam-ente de colocar os se•us es– c ritos a serviço de caus.as po– puLares ou de causas de ·qqal– ,quer e9!)€<:ie; n5o ·o.bstaonte, mais at n<la r>ôs seus livros de ficção do que 1.1 as suas crôn ic.as, êle ~resenta uma . verdadeira im?• g<m1 da socleqa<le do Segu~o '.Re\na,do, que o íoo;mou e Ç'lljO --·---- º _pro-blem•a ceB.tra,l da p~- t ic.a contempo:i;ãnea e$t'â n·a verificação • d.!;! essenci'á d•a poesia, ou mel hor; pa\l',a qrar– m~ uma. lingu~gérn on,tol'ógi– ca, na d :efe.im 1 i;nação da sua aubsfância.. P.rocut1Í'-s.-e ~urpre- • ,en~er .a poesia em seu prhtci– pio vita,l, siaber qual a sua éonstitutção particular, no q.ue ela . consista essencfàlmente. / Essência poética 'da q.~ n'.ão ~ossuit~~,½ q~ú;ica, . n'íl v~a– <1'e, um conece:1to · claro e d1s– t;fnto. Em 't,ôdia poesia sq.,bsiste a fgo cl,e não, ,:aciGnfil. e ,ilógi,co que -~mposs1bíliJ;q. µm cor.heci– ni.en to certo e p ositi-v'o.' O que ,e]a 'õfe;re'Ce é 'por d:emàis in• q:efini•iel é i.!.n,pteci-s-Ô - e ine– fiveJ - , q\Íe provoca e m. l~ÓS - ó que ch~l!,mos d e esJa!l,o • ~<1éttcQ,_ _ estado a·normal .:>eme– :J,ha,nte aqu.eie ·q,ue exper1me11. tatr1 o,.s mis t ioos rio momen to d,e êxtasé, qüa!'l,d'o ·focados ~ – 'la g1:aça diviri:a. E, sempre foi 3$<:,i·m. · Ge9fg F-insl~r e$re- 1reu sôbre Hoimeró: "El s,ecret-0 p.or el 9ue H.ome.ro ha v.ivido . 11an il1destr-U,Ct iblérne Q1te en la admh-ación dés los hótn,tres, essca.pa en uLtimó caso ;; !,as p&la~. Es in.fim,ito. lo q4e p.e ~'l)":y de ve'r,dadero han di- , ~ ého ' aeeréa de él poetas y sa– b ioo ,de t od<>i los_ ti,~i.n_p.os, Y, sem émbargo, la 1ntim.a eS"en– ci,a d'e su enca.nt.o está i ooavia J),IY.r ex~licar". Acontece, po– rém, c:'tde não :,;om.e~ nós ri.ão podle-nios ex,p,)!car essia i'aji– :ix)a essencia da poesi,a 0011110, ~ que é :inais espantoso, <• pró- . ~rio poetà é ~ ca,pa_z, tam'béiri. · éi~ "esclar.ecê-la. E, no entan- ,. • • • .. ~ ➔ primário. Lembra . 0 s r. Barreto pojaolla, ppr conseq.uê.ncia, de to– Fhlho, marcando-lhe a evolução, dos os elementos acessórios e su• oérfiluos. Em vez d€ u-ma "In– que Mlu:hado de Assis, nas- pri- trod,ução", o ensaio do sr. Bar– meiras crônicas, tambem se in- eUnou para êsse objetivismo, reto Filho, pelas SUàs linhas de "'ara o co1nent(lrio di r e-to, .:re, v_·e- direção e análise, ~i em cheio .., - no cent ro da obra de Jl;Lachado l a.nido-se algumas vezes =~to de Assis, ilu1ninanch,-a com as ()$)inativo . e interessapo. Com O suas interpretações, desde que d,ec.orrer do tempo, l?º entanto, a<lqu,iriu O completo aon1inlo de muitas d e 1 a s se dirigem aos si mesmo, n.otando-se que se ex- pontos mais sec-retos, o))scuros teriorl7:ava me.nos -em opiniões na ou controve·rtidos das in.tenç_,ões mesma proporção em que se e)l- e propósitos do artista, t;\o dis– r iqueeia em idéjas e O seu pensa• farç·ados às vezes com os r ecur– n~ento se libertava do contin- sos de -uma tstétic,a extrema– gente para p roj€tar-se t odo nas mente requintada e <!Is complica– n,edit-ações sôbre O sentido , trã- çôe~ de u.m temperamento ex• gi.co do d-estino humano. Já nos CeoJ?Cionali:i;iente 01•igina l. Além romances, a sua linha foi sem- d.iss-o, como acenh1a o sr . Bar, ~re. Ull'liforune l).p. determtnaça_·o reto Fi,lho, "l\'1achsdo nos quís " dizer um .segrêdo, n1as o f.ez ,. cp,n \le -não colocar: a arte ª $'erv,ç 9 tanta reser va que não o pôde de qualquer consid eraçã_o for 3 , do formu),a r talvez, nem para si se.u e-xcl'llsivo f im esté'ti-co. R~- . vel ou-.se incerto, t alvez vacil<1'll • me:;.ipo". Então, se abre a!, .mais te, nos primeiros uvros. ~e fie- livre do que nunca, o ca,minho ção, f.ã.o il)ferjore,s literptjp•men- da: critica. O sr. Barreto Fi– te aos da s.egu:nda fase, . ,fnas lho, como já o h-aviam feito -an– semore íiel à doutrina de que a tes outros i n-\êrp?"et€S de Macha– a:r:te· é a única. co\sa, que tem O dl), ,Procura r evela;· êsse segi·êdo, seu objeti',lo em si mesma. P<:>; o qu_e lhe pa rece, pelo menos, ítm, aol1 qu~,r ~nta anps, já e.stá q,ue seja o sentido mais au.tên– lih~rto de tôdas as contingêa- üco e pr_of un.<lo da obra ma-c~a,– cias e compromissos socia.is . ' É q <:J iana, .e .º pen,sa_mehto do cn11- . oo a es.te respeito, es11a,ndo no mol;'~ÍO e,:n _q1:1e cheg~ _ao st u d ecorrer de to;:lo o . 't'.OJume, PÓ· <leún1hvo estado de egp_i r ito: que. d:e c.ontud9 ser ;;i,presentado. co– o, SJ'• ~ arrE!tO. F,lh.o assun.ea~ a<:: .n1-o e;i.:emnlo nest-a sua frase: ter1zou excel enten1ente : '.'Ele vai .. • . · . ' . · . demolil: todo O social no homem, Nao e o cet.1co ou o hu1nor1.sta, para bµsc?,r sua essencia, 0 cs~ q,u,e mais 1nteTessaram 'l?º s,eu peci,fiea.m-ente bumaliç, e a Slfª· te·mpo, os aspectos domm,u, ,es Obl"a posterior s erá a •na·r raçao e durad~u:.ros da s~a .obra, ma~" o das suas descobertas nessa dh·e - s,eu. e$pinto_ t,á,gico no ~n.ti_o çãpº _ . . antigo~ _do)'ll1n_ado,,pelo ~nt1me '? •. serdo sintético contendo a,:,a- to do 1nexoravel . E . e atraves na"s ' ê::üzeritàs páginas que bên1 dêsse "eS1Pirit? trágico" que o p oder'r, 111 desdobrar-se em qua- s,:. Barreto FUho estuda ,a ob1 a troo61ta~, nem por isso deixa de de Machado de ~ 1s, pnnc1pal– ser cc·1n,pleio o ensaio do sr. B3r- mente a da segun<la fase, na reio Filho. Muito mais íntepPre- gual se defj nem, s,ob a for.ma da tati'.ro de:. q11e ln formativ,o, :-i,uito ficção, oo S'e'llS grandes temas: o ma is c:i:ft!Co do que b 'iográfi.co , o mistério da mo1't€, a irrev'ersíb jli-· se:i ;1vro apresenta, no entant 0, dade ,do tempo, a í ragilid>a,de e a tudo o qu,e é i.undamental· para i•ncerte:z,a do destino humano, a a ca.rocterização da vida e Ja n1elancolia do contraste entre a· obra de Machado de. Assis. Pe r- no-rsa ânsia de P~.t;Petu idade e a •. transitori«lade de tôd,as as coi- · bur<><:r~hc~, que lhe · vinha dar em Dom Ca:smurYo. E' verdade sas. est>ab1l1dade e segurança, o cas~- que com·o "per.feição última:•, P ara chegar a êsse plano, qu.e mento fehz, traze'!ldo-lhe o equ1- classifica O sr. Barreto Filho 0 já é o mais alto do pensamento hbr:io e um.a tlusao de. paz 1nte- tràbaiho éie Mabhado em Me– machad,i ano, o sr. Ban•eto Pin- r1or - tudo concorreu durante m'orial de. Aires, quando, ao seu to não J>TOÇur.a analisar-lhe ape- algum tempo. para ~olocar l\lla- ver, "êle já está operando c,om nas a obra, mas tambem· o ca- cpa<lo de Assis no n1vel mediano um mater ial imponder_ável , • sim– ráter, a constituição moral, a e nor1nal dos se:us sen~elhantes.- ples até O desnuda,melito, quase exist ência ordinária no.s epiSó· O sr. Ba.rreto _Fil~o acompa,nha, reduzido ao · puro elémen'to fpr– diO<S marcantes e caracteriza,do- através d~ _primeiros ro·mances, . n1al, ·ao estado de muslca!lroade". res. o· seu ensaio não é, aliás, contos, 0 cronicas. e ve!sos, a. su~ · Istio, q,ue seria talvez ,UJ'.J\a cón– uma biografia. Perc ebe-se 1nes- pro&uçao hterána n~•.se _perio<io. qui.sta na poesia, é na prosa; de -mo que êle .'.Pa-rte_do pressuposto em que ainda tTans1g1a,. em cer- ficção um ernü)obrecimen,to. Esaií de que o seu lei,tor já deve co- to<S pontos, com os mo'()elO;S <ltn e J'acó iá representa,' St'!'m dú– nhecer suficientemente a vida voga, com~ os do romantismo, vi,ct;a, u,m estado de decHnio; 0 de Ma-chado de Assis, o que é ve-n,ct_o as co,sas com as .suas apa- Mem 9 rial, éntão, exibe um ar• n:;itura-1 desde que há dez anos ~nc1as, _p~rque o feu_lnstrumel) • tista· qua~e esvazia<lo de substân• está à d_isrppsição do público, to de visa.o a~n?a nao se. acha- eia dramática, embora eonservãn• além de vários outros posterio• v~ ,b as~nte _lucJ.do e t>Ur1füçad:> do a beleza de forma e de têc– :res, 'ilm,li'lro co-mo o da sr<J. Lµ- p.a~a -~ontemplar através das ex- . nio_a, s.em a qual ê ste últimp ííO• eia J),Iig•ueI Pereira, tantas · vezes t>enot 1dade;i a S'llbstâncsa eSS€n• mance de Machado de Assis _ lembrado e cit<j,(io . pelo sr. B ar- c!al. :,'~r flm,. ~.oo qu, :1ren.ta ~nos, como ,A · cidade e u · serras; , de reto Filho. Cc,nlf.udo; a . vld,a de a P~xhr q11s l\-1e1;!1orias pos>t~-. Eça de Queiroz - seria de tõdo Machado de Assis se acha pre- mas ?e Bras_Cuba.s , a1g:uma co1-. uma obra fa~ada. Nã,o é · só n-es– sente no decorrer d-e tod<:> o en• sa mele :;e tr,a.nsforma co1n0 n.u- te ,pontç, que me acho .em d isqor• sajo, que estamos c~.tando, ma .1;).áquina emqu,e fossem sübs- dâm:ia com o sr. Ba;rreto FiU1'i'• arti.culada exceJentemen(e à saa btu,a;as. ~mas pE:ças..:C~ndamen- - e co.m·~u,l!lar(f.!rel. "lICT>se<tt - U– obra. Sempre que um· pro'blema · ~ais. _Dai, _por diante e que êle vro vári,as afit .mações e i.n•terpre– dessa obra n.ece,sslta de uma ·ex- à.presen tara. 0 •espetáculg de taçóes, qu,e . pr.eten<Ma discutir , de p~caçã- 0 . bu~ana, o critico ex•. ,.up1a obra de f1cçao ~m que a .r~- um· ponto de vista diferente . 11,~as, poe a srtuaçao pessoa_l que lhe zao e _o pen.samen19 prectom-1- q:ua.ndo estamoi; no terreno ma• co.rrespor-i,ae. E' um metodo mu1- nam absolut.imente sobr.e. os sen- c.hadia·no, ac-ai!1amos por sen~ir to sútH e compJex-o, c·om ma·gpl- tí.ment(>s _e as i>aixões. A qualld,a.• · ra,mbem u,m pouco__ da9_fele $2U f1cos i;es-ulltados, quan<lQ . nas de Hterar ia torn;i-se cada vez 'tédro da controvêreJa . J\.1-&rn mão-s <lie um ens-ais¼ doa su- me1hor n a 1neS}ll'a pi op9rção em diseo, a,s divergê11oias · são bem pe'i'i or ca-ticgdrla do sr. Barreto que sé torna mais pessoal e pro• pequenas ante o oon<t.imento -ge– Filho. Na ordem dos \lapltulos :f,uoi,dà à su-a çoncepção da vida. r al de aceitação e ad.nuraçãa •e ~o dese~vplvimel'\1.-0 do ensaio, Ê a grande- época do 111:Hna,n-ista, com que li a !nirodµção a ~a– ea«a fase llterãna de Macbado de , do mor-a-Usta, · do filósofo -€1n · es- chado de Alss1s. ?<láo é o sr. Assis é estudada dentrp da fase tado natur.al. Sendo esta a s-ua Barre1lo Filho 'llm '(lOme que pr e• da vidá ordinária· que The é ' co::-- fa',e .demáxima ,abé.dol'ia e mat u- cio$e ser tratado com muitO;S Jou– .re$I)on,õente. Assiln, o sr. Bâr- • ri<lade, tarnbem ·significa ela um vores. Agrad·a-nw, cor\t11$10, ey!;a reto Filho vai buscar a origem - retôrno ·às correntes d-a infáncia. o,p-ortu;nicl, a.de de di7..er qu~ êle é do pensa;o.ento e da direção do Na opinião d o • sr. Ba-~reto. FUho, u,m3. aas :po1,1~~s figuras da n·os– es,pirito d'-O r omancista na sua ali:ãs, o sentido dp romapce "I;>.om sa yilc'la llteraria que. est.!-ffio; e própriá . i.nfânci,a .' U,m_a infância · Casmurro, é . um~ ex$eriéncia . a,d,rnvro de m~o absoluto,_ ~l;l o n~rcada com à sens·açao da mor- proustia.na , eom a qu,ál Jl;lacha~ ineu gôSJto mais pessoa-1 e mt1mo. t'e das tfês ,Pessôas que li\e eram ·do · de Assis · realizou "un1 eSfor- •natur almet)te ma•is quer\'oa~: a ço interíoT de restaul.'ação da in– ir.mã , a mã•e € o pai . Es,t;ava pre- fância e do passado remoto'.' e da dh,posto para se .fhrar na :ititu- ínfHl.elicfade de Ca,pitú dá-nos o de es:piri-tual i;o,m que passou à crjtico uma élas' s'l.!ás mais âigtitas pósterildade: a de um solitáiJo, e ad,miráveis lnteppretações : "Vê– d esen.cantado, reservado, .muito · ~ afina l a substância mesma cjo 11) ~ arreto :filho - Intrpdu~ão a 1'4nchado de Assis - Livraria Agir Edi,to1·a · _;; Rio - 194'7. sensível ao mistério do t>empp e livro que é a in.fiô.eli<!.ad·e die , &a n1orte. Na a,élolesc'ência e n~ Capitú. '•Essa i.rif-idelida,de excê- P ara re1nessa de 1~~ mocidade, o im,pulso ·vital. c,ue de · o _<x>nfilito ' moral ·:que os ró- d-e ·Botafiógo, 48. · ~' ---- ------...C::.---- -------- ' PIª'ª - '""- - ------------~- ---··- No;tos S,ôbr·e Poro Uma Co.nf-erêncio q•evem àquelas t~r.Jas, c~10 uan Clau,d-el, um Rilke e um Stef:a,n G·ootge. , x ·:x X . . A -Poesia II ' Contef:npÓrô ne·a I¾1S1S~o~. ag:ora. à w-áti.~ da pq.es1a, no 'trabalho; o.u ofi– cio d-0 pÔoetà. A p Ôes1a, p}.ra s-er á,p1,eeM.id'a .em sua ·tSS-en– cia, e p r.cod,u;ir o· inefavel, ' ,re– quer um processo novo, u1na i~e pr_ç!p rem!!'nrt .~tiquê à la pres~rce, ilÚ rayo-runemént, ;à -).'aeti on t ransfó.I)ll;).al;.l;t>~ et un1- fi ante d'un.e réalitê m~te·r i'eus se que r,..,oi,s appelens poé.s$e .J?úre", cabe, J>()I>-, co-nseguin.te , ao po~a , ca;1>tar e;ssa reàlida– çle mjs,t~,riQs-~, que é. a, p'oesi,a despida de tud'o que llre i su– p,erf).uo. que se ad'€-r-e a ela su– pérfici-àlJ'.f)en-t-e e qu,e a oculta ou a 'pr,~ u,gi~a com-0 'uma róu– pagem· 1,nuh l ou um oi-rni– me-nto vão. Ra1>0s, niui,t o ra- ram a e}~ e que, taJ .v.ez , sejam . tkcnica Especial, u,ma poética conv:ertiveis à sua essencia, e di:fei,ente. A aPte do poeta - - -F. Paulo· MENDES·--- ·a. su,pressão do qu.e d,e peT:tur- transfoi,ro:a,se m ima felm~aria ' , 'tfa!'ior-aiménte húm,,ano ela pu- die pailav l"a6 e d~ }n:ia-g~ns-, ou - . .. . ros, sao os versos em q.ue a. poe,si,a mooti:a-se límpida e silnplesmen.~ s .e-m ser macúla– da por elem4~t<is albeios à sua n,a,tuTeza. Um poema d·e– i.nerá tra?'llzi;r a,penas aquilo que constitui o seu caTáte.r próp,ri-0. • Tem-se p~ten-dido atingir a impo-nd• erav.el e fu,gidi,a essên– ciia _poética por m-e-io de'. uma pui:ifioação: 'Elimina,r:.s,e-á da poesia t.udo e que d-ev,? se-r con5iderado com,p impU:ceza. O a~de Brem,ond, t>~ór.i,co ào puri&mo poétioeo, en.wnera os ,e-leme,ntos impu·ros de um poe– m'êl: "Est donc in:;wtIT - oh! d 'une impu,r.é'1:é n,011 pas. r~el,le, mais m etap,hysiqu~! - tCl'llt .e:e q_ui, dans un poeme, OCC1:l/pe ou peui 00euper immediate– r11~•rit nos activités de. suvfa{:e, r_aíson,)m1,1,gina,tion, semibilité; to<ut ce. que ·le. p0ête -n{lus &=lm.– ble avoir veulu ex.primer, a (Especi"l_ _para A FOLJ{A PC> NORTE) - -~'esse - contet, · 01:!en~ram-ha num ato }:nâg\<:~ g~e f~z ·:da · Pa<ra- uma oon~~ao r1go,i;osoa- p ~ioa uma ação sa.~d-a e do re: tout ee qµe l'anail~e qu ]?'OeS:ia tem sua O-l'i,gem na. e!!- · m:.e-n.t~ 1+.t)_;s,fit ,a.ta 4à oel~za e p,a- po,ema u,rn insti-'!imeníõ_ d'e,.p o– graimmaJ•r~en ·o.u du phHos~ tkti,ç;a_d;e. Ed·g.a-r .l!<>e, .n;a fam-o- . r:,é\ o i~ti.µ,g iyef id,eQl d.o ab:.. dei·. Q poema nao .é ma\S uma phe ciéga.ge de ce poeme;'tout· ~ Philosophy of Composition soluto. O próprio Váile:ry con- p r.odução .esté(ica. de el~vaâas ce 9~'une tradu•ction en con - que Baudelawe pôs em v'dg_a. . y enper-s ; ~~, meÍ'à"11coii.càmên- v,irtud•es eloquentes e ei:n,ocio– serve. Inipµx, c'est tr~ évi- E' ~1nd•a Valery. . que r~1,alt.a te 1 g}l,e '.·1~a d~ ~o pm·o go- ri', 1.fl, tes, o ;1re.rsç não. ~ ma.is :!,!~ dent, le. suj~t ou le som.maii:re mu1to be~1 , a 11}f)~êl;l,c1~ do d 1 e .coe:x;1$~1r ~O?P (lS con.,diç9es. e.:,çcitan ~e jôge.de ,.~al~v.ras gue éj,u -poeme; mais a1Jssi le s .etts gran® poeta norte-ame-r1cano . da v~~<a". Pó€~1a ,que atlqu4"e,, satis{az pela,. bel eza, da .for.n:ia de chague ph~se, la: sudté lo- na. poesia .m-0:d•e<M'!.a e a i;m,p~r- · tamb:e,rn, pe-la sua forçada sensiv,e:l .ou . dos ç~rucejtos, ;pe– gique,, des ideé,s, le p1·og-i;ê~ i:!.u tân.é:ia d•as suas te-orias .n,o ad- simpHfieação, tun 'tom he'rmé- là mús-icá óu .són 0:riclcà•de ' veT– recit, le déta:il des d~rJ.pti- vento do pwrisnJ.o· poé,tico: !).co e ~ faz, fteqü~.ri-temen-te, p ª l , pelo .enun.ciade ritmioo de on1, et jµsqu'aux é1notions di- •!Poe a comptj:s que la poêsié 1n.i.n1ieligiv~l. .l\cu.samo-lá in:es- · ilJin. pens·a,mento. N..e&te· senti do :reef,g,ment -~xcitées. En.seig.J;ler, m<:>clierne .d'ev-a'Íit Sce conf-0rrper n10 de . tuna qu,1&e in()omuniel!;- l)á m,esmo uina· ~nqência a ra-0onter , peiindr~. · do,ru1-er le à la tend ,an.ce -d' 1.me ' époque · biliílade."Poesiii g·ue é só para dJei;liojoera ttu;al5.z'a,r a p~i<.a., A f risson ou tirer d ·es la'l."n1es, à ql}i a vu se ~ parer d>e plus en po,etas e para ·uma pequena missão d•as pal.i;v:ras e das in,a– tout eela: s.U!ffi ra,it larg.ement la plus nettement . les cl.-0maines élif4:, d,e iriJrciados. ge11s é mui to mais pro:fülk.là e prose, dont c'est a:ussi b i:en l'ob-· de l'aêtivtté, et qu'eJie pou- E' preeiso, éontu-d-0, reconhe- séri a do' quê' a que d~o'tre' da jet natu,rel". ,t.\.po<lera-se da vairt pr.éte-nd'l'e à réaJiser son cer os apreciav,eis beneficio5 s.i,mpl'es ca:paoeiâadê (ie ~:icprt;;s– p'o~s,i.a a.qu- .ela ''id'Õ(l@.,tria do es- objet proP.t>e et à se pl'O•d'llire, desse :purismo. ·veio salvar a sar a1zym-a: cousa cl_é'1eitán"d<;>, tado puro'\ a,tJ:ae11ite e peri- en ql}elque s,orte, à' l'etat- poesia do exagera,ç{o sentime1.1- ~omovendo ou entwsJ-aSJ!lla1_1do. gosa, que Camille Mau,olai-r pure". _ taµsim~, d~,el09uen,oia a\;n;sivíl- As palavras obtiêm. piwi;i for ça. aipontou coo10 um dos desviós Tóda poesia conitemip0<rânea mente patética e do exil?i:cio- s i¾creta e :UJJ{l si.gni:fi~l!do par_• pem,iicrosos da a.a-te modem-a. está: mareáda deSS>a p.re -ocu,pa- nismo ;~ ra.mà, ti.co dos r.or ,jàn'ti- tic.11.ar , repr.esem4;an,<lo e t n'ÍI. to, e dela, exate.mente, qµe parte . aquele e,;,traordinárie t10l'ti-lêgi,o qu,e faz a gra,n dem , a e'tewnldad-e· de um p~ma. 0.r,i, se, -e iv id e-EJtem:ente. ' ":>~e doit ,s,on cara.é- e-:xipriIDé. en ~ouit ce que nous ffiso -'<";us sugge• .1;,.· poesja pura di,s,Ji)'enoo to- ção de p.ur ,e~, e até os poetas co,s,. ¾51m co,mo da for~a ar- ca'\l'n•andô a o mesmo íem,po os d,as as mo<la:Ji'dad,es estrita• que se a<fa:...<:itai'á1n dos princf- tifici•al_ e v.az ½i, das inte.n~õ?s . as,pec-~ do n1ün<lo ~:ic ,teri.or e mente li1>õxá,rias. E ;i.el.ui , ,pois, pkos <Yrl,od-0xoo de · Poe, .de f1losófr-=. ~ d1<la,t-Lcas, ~o pen- · os do muniç, 0 interior do -poeta. a eloquência;, a dieserição, a MaJlanm,é, de Voalery e de dor . d~at1v:o e n~ra tivo (:los As i:magen~ tra,zern, .em.si u~ a. na;rrn;ção, a disse,rtação. Rea- Bremond, não conseguiram ~- parnas1~,no~. E, nao esqueça- energia criad0:ra, Elas .1.1!1º ge , de.992 m.odo, a cert-as so,bre- capar in-t.ei.I;amente à setlução rnos, p r1nc1pa,lmenite. as gran~ pel)mi-tem s<>:rnente un)a• v1~ao vivências român tiioas e parna- dJe s'l.llas itléia5. Mas ,. que ·àe des e ;&elas vo21es _que., i11;~9 '. ra• ]>lªsti-c-a e .~stét,ic~ do V,rri,rerso, si-ad1Jas. V'alery dela nos dá en,gaanos, d,e equívocos e de d~ po,r e,s.,.,e _ct!J~ da· p u ~e.za m-a,s poos,uem, ta'!Ilb~m·, u tna: um-a d~íini.ção adlmil·â:val de- erros nessa obeessã-0 de pure- sa,o vo21es defirnt1vas do , h:cis, vida inte:1'na p;ropr1:a,, - .:nelas ,PTecisão .e, de finura: "La. poé-· za e na l:>usca in,oonsa;vel da mo mcd·e?.'110, 09mo a .. d,e u1'l!l bâ um.~- v•el'4ade :que, $'· -e!;.– sie n',est que la littéra,ture r,é- éSG>encia poot,i,ca.! A exue~ _Ma.Uainmé. a de · llry:l. v,1-ery cu r:,c,n,d,e d,~ire de u,m _sí,mbolo. d:uJte à l'~&en,tioe-1 d-e san prin- :ooref',i.ção 'da · p~ta, a cut'Cla- a .de um -T. S, Eh.e•t•. e, ai _<:ta.- T-0itr-a .imagem é um:m1-to. ci,op.e aotif''. , da eH.mi,n,açáo de algt11n1S ele~ qu-eloes ou1J:~ aue, die, liínfia- • • A gotutrioo da .()ureul. na, ,me,nt06 ~Uf ~ $8:~~ ~ nné-t1.::m di~ni>c.. ""'1'.Hn ...-4- .,__,_ ~ · .,.,, .....;.~ ' . •

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