Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• • • LON'J)ll.'ES ~ ~esati;1ndo · e.s p rognósticos de :falêucia· ceJ1.à, três ~.nãos se abalançaram em 1935 à empresa dé reeditar li– v1·os mundialmente famosos, p elo jrrii;ório preço de alguns shil– lJp.gs. fl.ctu11l}nente o âmbito d.e sua expansão coincide qom o dó GRANDES LIVROS .A PREÇOS BARATíSSIMOS . . ~~ursõe!t' pelo continente euro– peu, com o brilhante colortdo As Fa:mosissimas Edições Inglesas ' 'Penguin' ' dai; capas- dasº edições "•Pi)l•gúin''· àlaranja<lo, para as novelas, ver: de para as histórias de dete– tive~, azul p.ua as biografias. ~ ~ . . . . ir.undo. A editora· que se· iniciou Curiosa história de seus primórdios e de seu ê:x.n.o Atualmente, são apenas vlnte por cento as- ob.1sas em reedição 'I'.tat a-;e , d-os "Kb:rg Peilgui:Ós": ricamente apresentados, com· as suas gravuras coloridas, os ·"Púf– íin Plc-tu1:es Books'.' (Livros Alca com gravuras)·, os "Pta·rmmgan Books" (uma série de livros de enigmas), clássicas :fJ:anceses e Qntros. Uma terça parte da pro– dução destina-se ao ultramar. Companhias su-bsidiáriàs éncar– regam0se da distribuição d os "Penguin" nos Estados Unidos; Canadá, Amelica do Sui \ertl es- com o capital de 100 libr,a,; es– terlln:is; vendeu· bem mais de 100.000 .000 de livros, em sua maior parte ediçõ.es já agora ot:iginais. E entre as ree<lições, ·co:-1seguiu, por exe1ri'.l)lo, vender com êxito ,5ensacional, a "Odls– sé/a" de Homero. ni,ada com a idéia. Assim, .por– ta'lltO, _se con~égu)a colocar mais exemplares. A pri,meira edição 'salu numa sexta-feira do mês de agosto de 1935. Na segunda– feira seguinte, "Woolwo.rth'! pe– dia m.ais 68.000 exem'.l)lares. O êxito ae "F'ingufm.' ' estava asse– gurado. Rushworth FOGG ção ·. oluntária. Os "Penguin", . cuja empresa se haviam recusa– do a pattocinar 18 meses antes ~ravam como os seus maiores credores. A casa eclitora "Pen– guin" já publicava nessa ocasião as obras de Aldous Huxley, Jo– s _e p h Conr-ad; Edgã1: Wàllaée, > ·AJexander Wooll-cott e muitos outros nomes f amosos, E o tu– rista inglês deleitavasse em suas Dentro em poucos minutos vai realizar-se uma reunião ·ao conre!Jho· de Administração des– sa Empresa, cujos· produtos se· en– con1ram por tódo o mundo ci vr- lizado . Um deis di retor es encon- tra-se nú, tal coino nasceu; não que seja um excêntrico, ot1 coi- sa semelhant'e:· é homem que, simplesmente, como t"odos os de- mais, despe-,se quando vai tomar. banho. E o outro di,,:etor esJ;á-se 'l(estindo. E isso, afirmam os dii•etares A'lJen e Richard Lane, acóntece ))OUCO mais ou menos cada vez que o Conselho dé . Adn\ini-stra– ção da Editora ·:Pe_.vgu in" (Pin– gulm), resolve realizar uma das suas reuniões regulamefitares. Os eo-cliretores vivem juntos em SilNerbeck, eucanta;dora resi- dênci.a. .de oampo que data do século XVII e se ergue às mar- ge.ns do Rio Colne, a qu'a-tro e ~io qui)çme<t.,ros dós- ésbritó~ rios e 9ficinas 1;ipogl'áficas <i,e ''Harmonsds\.vor'tli", eJl) Miõdle- sex, Inglaterra·. Os irmãos corr-· trair.am o hábito ·de tratar dos negócios enquant o se entregam às prá_ti,cas· _matJnais . de a~eiq. Os livro~ ··Penku.in", dos q.uai, em. onze anos se venderam, ... .. 100.000.000 de vóluines relativos a m'ais de l.00~ ' obras, alcal'lça"– ram o mais . estupen.do ºêxito ja~ mais olitido . por ·uma .editóra ; ,,A.llen L:i,ne cop;tava :ia anos e e:ra , -di.retor-ger.en.te · d•a. fa·milia de editores . da fain,_osà en1presa editorial ··aoa1e_y Head'.', ..quan::; do iniciou a nova en1presa dos "Pinguins". O Conselho de Adº ministração da · Edit ora êm que trabalihàva, .riu-se peJXl.idamente an>re a estranha.'. idéia de se Jan– l:ar novas edições .de livro~ .-no- j'lerno~ . pela irri.só.ri ;i s~ma , de àpenas seis . pence, e assim · recu– sou~se . a inverter quàlquer . ·im– )?Ol'f.l\tt{?la ·nà aventura : E'ra · un1 ' absúrdo do · ponto: ele .vista ·eco– nômico; deélar aram: unâni-mes os dir.etores-. Além d is~o, o p~blico britânico não .gostaya 'de · rever _ ~~AWc~º~6~ri?1f 6<g~iZ~DA ., - N~ .TÚMULO . · Asslm, ' p ois, .Àlleri' ·e ~seus·• 1r– mã.os Ri<lihard e ·,tor1n res"olve• ram aventu~ar-llC sozinh os à téa- , liz<l<;âo da i.<\~a,. ·•CoJ!í~.éa:,11os com 11ro libras d E! cap1tal, ii'llcial, amor.tizarr.os a~ nossas quo-tas e atualmente o J!ap,ital cj.e reserva c-qntín'Íta a ser de 100. libras" Assim se ezj')Í-imé ·R-icha'i<f ·La 0 ne : Câlcularam que JJrecisar!am vend'er 17'. 50Ó e1:emp)ares de ca-da livro para pagar os gastos e os ímpostos.-, E con1-e.çarairl p.or or_denàr a ím.pressão, c\e 20.. 000 exemplares de c a d? tima ~as obras · i.niciais e r.ee -clitar. entre as quais á primeira ioi "Ariel": de An.d, é Maurois. ou seja: a bi(>grafia d-e · Shelley. Nos dias iniciais o local para ' depósito e empacotamento dos liv:ros "Penguin;,_ de onde par– tiam para todo o muru:lo, estava sHuado ria cript,1 da Igreja da Santissuna Trindàde, à rua Eus– ton, ·em Londres . Em , tôriio , as lápides de mármore, por detrás , das quais descansavam os ossos .. POEMAS - ~ .__... • A·LT • • • ·HITMAN .. --=\ • . . . I Eu sou o qu<e camin}l.a s,}b a I doçu;ra. dos 6·epw;c~los . _ Lançand.o º· S'eU apê1o à t-el':ra e ao mar sernii--envO'Itos de [smnbra. A.peTta-n1e nos 1:ê-us ~r aços, noite de seios nús - ciin,gete [be1n a mim,-"-noite magnética e nutríente ! . . . ~ . .. N 0-1-te d-0-s venitôs fr 10.s, n-o-~te .d'os · gran<les astros ! . Noite' silenciosa que me acenas, noite estiY;a:l, ,louc.a e [desnuda! Sorrí, ó terra voluptuosa com teu-hálite fresco ! . ' ·Terra <las árvores son-olentàs e -diluídas _na ·sombra ! e as cinzas dos mon~s ali en– terrad-os. Numa a.as t-u:m!:las va– sias alojavam-se os livros de es– crituração; e em outra , a pcque– ·na "caixa-forte". PEDIDO· REAL t Em janeiro· de 1947 a firma Bodley Head ent.,ou em l-iqtJJ.da- ó; o meu 'indizível, apaixonado amor. II panhol) e Austrál'iia. O lill'.l)era• dor d.a Ettópiâ escr eveu. recente– mente encomendando 200 volu– mes do "Dicionário de Assua1íos P\'.lblicos", com o objetivo die distribui-los ent,re os membros da Cá'sa Imperlàl. A caS'a matpiz dos livros "Pin• guin" 1 frontetrli aq a~oporto , londrino de Heathrow, é wn mo– derno ·e<;11f1cio de tijoJo, de um único' pavimento, COMO SE ESCOLHEM OS LIVROS Allen Láne - de com;pleição fo~e, baixo e prematuramente grisalho - é wn home'm de 44 an?S. Trabalha num gabjneté CU)as paredes se acham revesti– das. de livros, eínbo1·a, cb m-0· costuma dizer, ~eJlte-sÉ! de cos– tas para_êles, . det:>Gando que · ou– tros fa~am o t~aballio-. Não obs--. ta-nte, to d,:, s quantos c'o1n : êlie m3~têm rel.ações asseguram qtie a , r,go,r trabaliha sem ·medida e sem- desc·anso· e que representa.– a mola p i,in9ipal e a fonte de' energias do estabel~lmento. 'Em oll!tro loc;il do-mesmo pavtq1énto trabalha Richard, o ó\fh•o ' il·n,ão; • a,:J;to e moren.o; qe cabelos ·11e~, gr<}s, que a1n.d•a con.serva n:ã pele· os vestlgios do bronzeado tau.:.i s~o. P.elo. mar, -lembYa'ó~á ' tle ·seti~ ,re-c,ente serv-iço _m_Hi.tlÍr dur'anfe al guerra._ como oficial de 1',,Iarinha· ! O lrmaô ·mais m-oço. J Ôhn, tam:1 bém serviu na Marinhà, mas não volitou. Allén e Richard Lanc e os ou– tros três membró_s da empre~a:i reunem-se uma vez por semana• para <teliberá'r .a respeito d.e umà• ve'Jidade.ira nuv~m ·<té bb'ras a '. editar . . Pres.entemente não lóes : é. J?Ossivel con:segmr '.lucro cõm~ n~1J::nu:n; -livro, i ' Jll.(!nos que pós- '' sam vender uns 100.. 000 exein- · i,Jares do mesmo. Mas Álleh,I' Lane diz às vezes: "Bom J{v~o- · , é claro .que·nã_o ·venderemos m;~-~ do que 30. 000 e)(em')'.>1.ares: 'Ma~ • vale a pena publicá-lo'.' . · ·· · Os Irmãos Lane ja"í'il;lis -rece- 11 e:r _a. m quai$que~ dividendos. Des:tinan;i a si próprl'os aaJáí'jos e. gcra,tifica,;õés. e o l',esta1fte dos 4:1,cros empr.egam tle moqo. •· a " -pro~. egu.tr. e .inc1•,emen tar · a pro-~ du<;ao. , Dural)~e a guerra, os nazistas ,:iegaram-se a péi'1n.1tir q_ue se 1 envia$Se_m ectições "Pin,g(íin" a'.os : pr1sJone1ros J>r,1tânlc9s de guer•J ra. proy,aveltnente p-ol'Qii_e a em- ..J. S b 'lt' 1 · • f .., d · · e ~r,e;;a- editaí·a mu1tos livi, 9 s an.ti. -~ o em, mu 1p a,s, o·o u-n'-'-0 • e mim mesmo, as vozes qu h.iHeristas, .G~bhels lat!~'ou: êfn :'J [emudeceram há n1ilê.l;i.ios, . cert;i 9casião, destinado ·aos ,p.ài- t gerações• ·de prisioneiros e de · ses neutros, um volume "Pín-, Voz-es -de íliter;mináveis <· , ~ [,escravos, · ~iin" _<1.p(icrifo, cóm'. tôilas as ca-4 r;ic~r lsticas elí.t 'erior.es dos âu- 1 Vozes de enfermos e desesperados, de ladrões e decrépitos, té_nticos "PingitJn'-', como recúr•-1 Vozes dos ciclos de germinação e cr-esciinento, sg d.e propagand,a d,e difusão ra-_: Dos invisíveis l ian1es entre os astros, e .do seio das mães, pi<la e segura. f 4 Allen viajou· a fim de procurar livreiros que concordassem ern '(ender as iruas,. re.cdições. Mas Terra através de todo ,o .pais não cpn- Terra do sol ausenfe, terra das monta,nhas oé píncaros [perd'idos na .b:·un1,a ! <la ún1ida lactescência tenuente azuiaaa do [prenilúniÕ! dos raios e da,s sombras que transfigurarn a água [do Rio·! [e qo vigor dos pais, 200.ÇOO EXEMPLARES DA "l, E d,os dh-e1tos dos. que ,são nisadoo aos pés ·ooxsSÉI;!I.º' DE HOMEIJq_ 11 Dos . · 1 'nf . d _,:,.;f • • 'ld' . N,n~ém ·sabe, entre os l'll'llf·• . ,!;e_guiu coJoc~r .maJs do. gue. flU . T-erra total d-e 7. 000 exe.mp~ ares, Diri- giu-se, eritão, às gran-d'es~ l9jas "Wo(>lworth". de "tudô- â{é seis pene-e". O che.l'.e dá seéção ·• de con1pràs das· mesmas · âuvid•ava aue o púl>Hco- des11j'asse a'dq,.ti– rir• bons · liin'os. mcas pergµntou , . ~e~ _n1a 1 _,orma, os 1p ~l1res, hum1 es para semp!'e, t~imçs liv!/os e.d-itaâ4s po.i: "Pin-• Neblina vaga no ar,. escaravelhof rolan,do no p6 do chao. . gum", , qul!l o que bateu o reçor•• à e.Sl!,o$a-. o . que pensava .. E por sorte, ela se mostrou ef\tustas• PARIS - ·A moda · se apossou .. •' . ,. ' copi tal furor de "J'~an-~au1 S;ir– ire _e do seu:' e~tenci_alismo, que ~ necessárió gra,nde esforço p 'ára nós decidirmos . a fallll" sôbre ambos. Ou.ando u mulheres e os "'snobs." se apaixonam por uma doutrina de que náda' entendem, o P,rime_iro unpulso d~ qualq!ler espíritO ~rio é evit.ar um a.$SU11- :to de conversa . que ó obrigàrla a OU~ll um cho;rilh,o de c.o1"'i• 1 der.açoes incoer.entes, um élilúvio 'de enfusiaslicos elogios ou de condenaçi,es pe,:emptórias. ~ã;o se~ei eu quem afil'-me que Jean– Pa1,1l Sartre e seus• amigos não se lelilh8:Jll con1prazldo em expio• ia:, o pasmo dos inocentes, que tanto prazer sent~m em papa– guear. Talvez mesmo tenham ·eles e ncontr,ado, no interêsse glutão do "grande" público, o com que ali– me.r..,tar seus in•teresses mais ma– iérla'.i/l. A frase não é nossa, mas tomada .de empréstimo ao sumo. sacerdote do exist'encialismo. In– terro.gacÍo n9s Eslados Unidos sô– bre o existenc:iallsmo por um desses raportcrés papalvos, cujo proteliP,? por direüo pertence aos Estados Unidos, . Jean-Paul Sartr,e teria respondido: UÉ ~ o que garanii, a mi_nha subslstên-. Cia.,. Por- fuaior que se.ja o -c-ré– dito que nos -mereça a resposta, colocar-nos-iamos entre as nu)i.. ilades de cil!ê se compõe a maio– :ria de, pübfico "em (ii;f', se ela :s,.os tatisfizesse. O. existencialis– mo é um& forma de p~n5a.mer1- to qu_e ulirapassa de muito a de .Jean-Paul Sartr·e. É êle um es• crúor de real válor filosófico e de gTande talento; silua•se, po– J'ém; l)efosa doutrina sem apro– fundá-la e ""m esgotã-la. · F,oi por tal ~a:zão qUe aludi -ao :"seu." existencialismo, .p a ·r a lembli!l!,r aos ignorames de bôa voJl'tade .(à elite .do púl;>~ico) que há ou- 1to,s ex.il! tencjhli~mos alé.m lio exlstênclaiismo cio ~- ~azne. Depois de:iju EC'xphc:aç~es, pen– so que conv'6Jll v.«Iicer . .a repug- 11Anl::ia que ~niimos em tatar Terra da c_inza límpida das,nuven~, mais bri11ru1nt~s e Ína"is ',. ,1- ~ Sobem: do fu:ndo de mim mesmo as ·voze~ pr~ibi•das de de :vcnd.a. Os, primeir'dlí" li-' V d · • · · l ,d ' vros. com.o ''Ariel", de M,aurou; [cl~1,a po·rqu~ a conte4nplo ! Terra curva, perdida na- dis,târieia, terrl'! f P.rtil, coberta de [florentes-pomares ! ozes e se-xos e con,cup1scen.c1as, voze~ ve a as que eu foram reedítado's • mài.s de umlt' [d€Sven:<lo, vez, e ta1vez tenham . sido ·êlíes os que alcançaram mais álta– venda. Mas di,versbs roonances Vvzes tôrpes que e:u clarifiço e transfiguro. • • • . (Tradução de TA.SW DA SILVEIRA) ·• . ., 1 - . , I , - E A LITERATURA INTERESSADA nas c_olsas que a ~oda desfigu– ra, por vaidade ~.u .por esJupi• dez. o que no fii:n é a mesma coisa. ·Nâo seria aconselhavel guudar silêncio · a reSJ>'!ÜO de assuntos i.inportan.tes, sob o pre– text,o de que 1.odo o mundo se julga autorizado a falar sôbre os mesmos, sem saber de' que se trai<1. Isso não séria_ aconse– lll~vel, mesmo porque. Jean-Pauf Sartre é um autêntico filósofo, . _, ' e alem disso um ·escritor que honrá a lingua .franê·esa. Nao ignoro que se poderia citu mui– ta;, pá.giuas de Sarfre. · escritas cm Jíoi'roros;o calão fUosótico, completamente esfranho à cla– rEC'za tradicional da França. Mas pode:Diap1os citar ;ouU.as. mais numerosas. em qu;e à mais pene– trante ànálise se alia uma lin– guagem rica, cheia de vivacida– de 'e prpdigi> em recursos lin– guísticos. Sem falllr ,das aná,Jises d.ialét~cas :de "L'Etre ,et ·1e ·Né– snt", seria suficiente citar o ul– timo artigo de J~a!'.i•Paul Sar– tre, publicado em NLo,s Temps ·Modernes". Seu título é muito ,simples: "Que é lifera.tura?". A resposta do autor, elTiden·temen– te dentro da sua doutrina, -não exige, pal'a ser c-ompreendi,;la, .conhecimento profu11do da ·d l a– lé~ica éle Sartre. ,Julgo, portan– to, que- poderemos dizer a:i~– mas 1>.âl!l~ràs s~b~e ·o .referido artlqo, com cerlo proveito. Els em resuµ'io a tese de S.ar– tre. Enquanto' as artes pÍâsticu - toma11-do eeta elgSrêssão· el)l ·sentido -wnplo, co.mpreé~dendo • Paul Arbousse. BASTIDE . Tal- questão - do mesmo -~o– do 'que o existencialismo - vem já' d& longe . Não foi o sr. S àt– tre quem a suscitou. . Mas cons- 1Copyright E .S . l., com exclusividade para neste Estado) a FOLHA DO ·NORTE, ,. tatar que um problema 11ão é de hoje não equivale a aimplifi– cá:-10.. nem. muito menos a re:sol– pintura, a escultura, a arquUe– tu:ra, a inú&ica e a poesia - cria objetos- suficientes em si mesmos, a literatura (é princi– pal~nte o romance e o ensaioj, (, um apelo que só adquire seu sentido completo gra_ças à ma– n·e1ra. como é compreendida: e antes de mais nada, à maneira como é iida. É nesse· senÍido que a lüeraiu.ra (com ex~usão da poesia) é , por sua natureza, "interessàda". O escritor escre– ve para alguém a quem êle qJier dizer algurt-.a• coisa, Sua liberda– Q.e, ê.xpressa na ·sua obrâ,' dlri– ge~se a outras liberdades, à dos seus leliores. 'Uma Jiíeratura destinada a escravos não ter-ia senfido. Dísso se deduz que a tarefa do escritor só é posliivel em uma ,;,.ação re9:ida pélo -prin– cipio da liberdade, isto é, ;nas democracias. "A arte de escre– \rer ó 11:olidária com o único re– gim'e em que a · prosa tem- sen– tido: a democracia. Quando Úma delas esJá ameaç_ada, à ouüa o está lambem; E não é l>a.st_ante ,def~J.ldê-la,; ~om a pena. chéga o dia . eJX.l ~e a pena é obriVa.d.a a . caJ,µ.;-se .e o eacril.or .., vê. for- 1;ado a ~gar em armas. ~lm, de, qualquer ma_nelra que nos ie– .Dhamoa env.olvida a,.ela, ,eJam quais forem as opiniões profes- vê-lo. Sem precisar remontar ao sa.das por nós, a lüeratura nos dilúvio, pode-se perfeüamente atira à luta; escre:ve:r é um as-- reconhecer a Julien Benda 0 peéto determlnad<;> de tqtseio de mérito de ler sido . 0 pri.ineiro liberdade; se começamos, p<>r a apresentar· a questão, há cerca bem ou por mal, ficamos ·"com- . de vinte anos. O termo "com– prometidos". promissp", aP.licado às. o,bras de E assim eslá . lançadci o g,,ande arfe e da inteligência, foi ein– termo "de cc;mpromis~o". Po~e- prega~o ,Pelo grUJ'O da revista mos ~rjeitame-Y¼1e -·dizer ~e éle "'Esp~it''.; de .Emmanuel Mounier, c_ara.éter1za u'.m <ios pontos fun- àe insph'ação espiritualista e , ca– damentais da inquieta11ão fran• tólica. Com a guerra e a resis– cesa contemporane·a. Será nece'S- têncla, o compromisso do escri– sa:i;io que o artfsta. o homem de tor pas~ou do plano teórico pBJ'a lj!tru, o p_ensád.o:r, lon; i.em par- o plano concr'.éto. A ))OéSia, prin– Jido, ou mais claramente, tomem ' cipahuente, (basta Iembr.ar "I:' partido po,itrcamente? O princi- lionneúr des poetes"), conheceu pal não é sabtjr 11<>, éomo ,n~vi- "Uma fase de heroismo "interessa– _d)lo ou cidãdão, o artista, o -li- db", ch<>gaildo até. à priosão e à teralo, têm_ o dir,elto ou mesmo JJJ.l)l'te. Cónte11tanéJ!) à poesiã o o dever de se filiarem a um direüo 19.<? coroprpmi"sao, Jean– pµtido ·ou. de se.J"em sectários e Paul Sartre vtsá evidentemente militantes; tr.ia -se dé sál)er se Arago,i e seus amigcs . O caso a própria natureza da a11•idade se complica ainda mais se nos artística çu lileráría , implica em · 1.em~ r~mM de _que iná.meros poé– "compromisso", em uma óbriga- ·tas "interessados" na resistência, ção de loma:r pa:rt~ 110s confU- i,ão comunista·s militantes : Para tos concretos que afligem· o mu'n- os comulilstas o compromiiSo do comemporâneo, ~m resumo; ,c~myorta a~l)as uma ínterp:e– p~a. ~mpreg!'J' o v,oc~wário ~~ taç_ao: ~ lnscriçíjo n_o partido. ~ndji: o ''cl,:!i:igQ_:' . deve. Jra.Jr? . TQd:os.. sabem que e)f•ste vi<;>_len– ou s~r,á uma tral1;ao o 10,,nar.-se to confl~o entre 011. l!-xístencla– o clerlgo em ccimba~enie?,o mon- lidas da escola de Sartre • oa U!;>•~oldadó-do-e11pÜ-ito, c:om. me. comun~a~. Não é utaa. <!.'a" .S~r– trallladora t jl'(llJl&l;JW tre he{lji à p()4)sla o direUo de 1....- Continua na 7.ª pá~.) j -"c:omprometer~-se", e vê na de•• mocri;,cia o único regime em qúJ a prosa tem sentido : Aliás, oii.-.' t_ro.s escritores protestam. en_er-1 gicamente contra qualquer idéia de compromisso lit1>rário. Como .prova, basta c:ilu .um artigo pú-· blicado esta sémana no uLe Fl- 1 garo L1ttêraire", · por Leon-;Paú!; Farge. sob o ií1.ulc, de "A polf,;,' tica obriga o escritor a dar UDl salto mortal·'. O segundo plano dessa dilf• çussão nâo ~os -deve fa:cer ~l'..' der de vista a argúmentaç;ãó sutUís_sima de Jea~-Paul Sartre! ; Seu. volumoso artigo "Tempos mÕdernos" (ainda não cõnclui– do) po~aúi pâgínas sugestivas e ' finas sôbre a essência da ob-ra d.e arte, sôbre a orítica e . a lei~ 1 t ,l.ra. Todas.elas têm o seu ' valor~, ~ee.mo 8-hstraidos os "escorre• , gqes". a que não pode deixar de levar a lr-ajeÍ6ria dos argunuin• , los do auJor. Por mais convin• j çente que seja ~ análise de Sar◄ ' í re,.. ·a.s objeções saltam aute q ' e,sp1rUo e estabelece-Se um •diá- 1 logo con!raditório q~e é , aliás, o 1 que Sartre deseja do seu leitor .;l :fiá objeções fáceis e ' superfi◄i cials: sômen:te numa demqcracia! serão . passiveis os escrito.r·es? H~, objeções mais embaraçosas: qg o pensa o sr. Sarue ~ literatura russ!l contemporâne~ há ob.;.J j-'lções mais ,4Iosóíicas: po4~-s.e·1 g1ssocia,r a tal ponl.o n e~étlca 1 da poo.sia e a da prosa?-: ou, co~ l mó concilia:r a "generosidadeN J do apêlo do escritor com o ni◄ , ilismo latenl!l das premissas do ; S_artre? A literatura comprome- l. :te na medidá em que não M t afast'!- dêsse Hespírito de ~rie◄, I dade"• .do qual nos fazem algu• 1 ,n,_as vezes duvidar os ml\!abà~.J rís.mos dfalé-llc:os do· seu e_Joquen~'1 ,ie pali;,dlno'. Conclúi-se. _que. l;ean..:{ Pàu.l Sartre, uma ,vez _que (; -ca◄ { paz de ptõvocar as nossas re.Pe- 1 ~ xões. merece maia do 911é os1ilúi•..1 ples f;i.vorei; dos "m<1b:.''. _

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